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sexta-feira, 17 de novembro de 2023

XXXIII Domingo do Tempo Comum

 S. Rafael de São José (Kalinowski), Presbítero de nossa Ordem

S.Marcos Ji Tianxiang. leigo e mártir

Santa Matilde de Helfta, virgem

 
1ª Leitura (Prov 31,10-13.19-20.30-31):
Quem poderá encontrar uma mulher virtuosa? O seu valor é maior que o das pérolas. Nela confia o coração do marido e jamais lhe falta coisa alguma. Ela dá-lhe bem-estar e não desventura, em todos os dias da sua vida. Procura obter lã e linho e põe mãos ao trabalho alegremente. Toma a roca em suas mãos, seus dedos manejam o fuso. Abre as mãos ao pobre e estende os braços ao indigente. A graça é enganadora e vã a beleza; a mulher que teme o Senhor é que será louvada. Dai-lhe o fruto das suas mãos e suas obras a louvem às portas da cidade.
 
Salmo Responsorial: 127
R. Ditoso o que segue o caminho do Senhor.
 
Feliz de ti que temes o Senhor e andas nos seus caminhos. Comerás do trabalho das tuas mãos, serás feliz e tudo te correrá bem.
 
Tua esposa será como videira fecunda, no íntimo do teu lar; teus filhos serão como ramos de oliveira, ao redor da tua mesa.
 
Assim será abençoado o homem que teme o Senhor. De Sião te abençoe o Senhor: vejas a prosperidade de Jerusalém todos os dias da tua vida.
 
2ª Leitura (1Tes 5,1-6): Irmãos: Sobre o tempo e a ocasião, não precisais que vos escreva, pois vós próprios sabeis perfeitamente que o dia do Senhor vem como um ladrão noturno. E quando disserem: «Paz e segurança», é então que subitamente cairá sobre eles a ruína, como as dores da mulher que está para ser mãe, e não poderão escapar. Mas vós, irmãos, não andais nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão, porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia: nós não somos da noite nem das trevas. Por isso, não durmamos como os outros, mas permaneçamos vigilantes e sóbrios.
 
Aleluia. Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós, diz o Senhor. Quem permanece em Mim dá fruto abundante. Aleluia.
 
Evangelho (Mt 25,14-30): Naquele tempo, Jesus disse aos discípulos: “O Reino dos Céus é também como um homem que ia viajar para o estrangeiro. Chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens: a um, cinco talentos, a outro, dois e ao terceiro, um -a cada qual de acordo com sua capacidade. Em seguida viajou. O servo que havia recebido cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles e lucrou outros cinco. Do mesmo modo, o que havia recebido dois lucrou outros dois. Mas aquele que havia recebido um só, foi cavar um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo, o senhor voltou e foi ajustar contas com os servos. Aquele que havia recebido cinco talentos entregou-lhe mais cinco, dizendo: Senhor, tu me entregaste cinco talentos. Aqui estão mais cinco que lucrei. O senhor lhe disse: Parabéns, servo bom e fiel! Como te mostraste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da alegria do teu senhor! Chegou também o que havia recebido dois talentos e disse: Senhor, tu me entregaste dois talentos. Aqui estão mais dois que lucrei. O senhor lhe disse: Parabéns, servo bom e fiel! Como te mostraste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da alegria do teu senhor! Por fim, chegou aquele que havia recebido um só talento, e disse: Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ajuntas onde não semeaste. Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence. O senhor lhe respondeu: Servo mau e preguiçoso! Sabias que eu colho onde não plantei e que ajunto onde não semeei. Então devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence. Em seguida, o senhor ordenou: Tirai dele o talento e dai àquele que tem dez! Pois a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado. E quanto a este servo inútil, lançai-o fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes!».
 
«A todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância»
 
P. Antoni POU OSB Monge de Montserrat (Montserrat, Barcelona, Espanha)
 
Hoje, Jesus narra-nos outra parábola do juízo. Aproximamo-nos da festa do Advento e, portanto, está próximo o fim do ano litúrgico.
 
Deus, ao dar-nos a vida, entregou-nos também umas possibilidades -maiores ou mais pequenas- de desenvolvimento pessoal, ético e religioso. Não importa se cada um tem muito ou pouco, o importante é que temos de fazer render o que recebemos. O homem da nossa parábola, que esconde o seu talento por medo do seu senhor, não soube arriscar: «Aquele que havia recebido um só, foi cavar um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor» (Mt 25,18). Talvez seja este o núcleo da parábola: temos que ter a percepção de um Deus que nos faz sair de nós próprios, que nos anima a viver a liberdade pelo Reino de Deus.
 
A palavra talento desta parábola -que não é mais do que uma medida de peso que representa 30 kg de prata- fez tanto sucesso, que até já se emprega na linguagem popular para designar as qualidades duma pessoa. Porém, a parábola não exclui que os talentos que Deus nos deu não sejam somente as nossas possibilidades, mas também as nossas limitações. O que somos e o que temos, esse é o material com que Deus quer fazer de nós uma nova realidade.
 
A frase «a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado» (Mt 25,29), não é, naturalmente, uma máxima para animar ao consumo, antes só se pode entender em relação ao amor e a generosidade. Efetivamente, se correspondemos aos dons de Deus, confiando na sua ajuda, então experimentaremos que Ele é que dá o incremento: «As histórias de tantas pessoas simples, bondosas, a quem a fé fez boas, demonstram que a fé produz efeitos muito positivos (...). E, pelo contrário, também temos de constatar que a sociedade, com a evaporação da fé, se tornou mais dura... » (Bento XVI).
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«É necessário, meus irmãos, que tenhais o maior cuidado na guarda da caridade, em cada uma das ações que tenhais que realizar» (S. Gregório Magno)
 
«Vivamos para o Senhor e baseemos a nossa vida no seu amor, como o fez o próprio Jesus: poderemos saborear a verdadeira alegria, e a nossa vida não será estéril, mas fecunda» (Francisco)
 
«As testemunhas que nos precederam no Reino (...) Elas contemplam a Deus, louvam-no e não cessam de tomar a seu cuidado os que deixaram na terra. Tendo entrado «na alegria» do seu Senhor, foram «estabelecidas à frente de muita coisa» (31). A sua intercessão é o mais alto serviço que prestam ao desígnio de Deus. Podemos e devemos pedir-lhes que intercedam por nós e por todo o mundo» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.683)
 
"Servos bons e fiéis"
 
Bento XVI, Angelus, Novembro 2008
 
A Palavra de Deus deste domingo, o penúltimo do ano litúrgico, convida-nos a ser vigilantes e empreendedores, à espera da volta do Senhor Jesus no fim dos tempos. A página evangélica narra a célebre parábola dos talentos, citada por São Mateus (cf. 25, 14-30). O "talento" era uma antiga moeda romana, de grande valor, e precisamente por causa da popularidade desta parábola tornou-se sinónimo de dote pessoal, que cada um é chamado a fazer frutificar. 
 
Na realidade, o texto fala de "um homem que, ao partir para uma viagem, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens" (Mt 25, 14). O homem da parábola representa o próprio Cristo, os servos são os discípulos e os talentos são os dons que Jesus lhes confia. Por isso tais dons, mais do que as qualidades naturais, representam as riquezas que o Senhor Jesus nos deixou em herança, para que as fecundemos: a sua Palavra, depositada no Santo Evangelho; o Baptismo, que nos renova no Espírito Santo; a oração do "Pai-Nosso" que elevamos a Deus como filhos unidos no Filho; o seu perdão, que Ele ordenou de levar a todos; o sacramento do seu Corpo imolado e do seu Sangue derramado. Em síntese: o Reino de Deus, que é Ele mesmo, presente e vivo no meio de nós.
 
Este é o tesouro que Jesus confiou aos seus amigos, no final da sua breve existência terrena. A parábola insiste na atitude interior com que acolher e valorizar este dom.
 
A atitude errada é a do receio: o servo que tem medo do seu senhor e teme o seu retorno, esconde a moeda debaixo da terra e ela não produz qualquer fruto. Isto acontece por exemplo com quem, tendo recebido o Baptismo, a Comunhão e a Crisma, depois enterra tais dons debaixo de uma camada de preconceitos, sob uma falsa imagem de Deus que paralisa a fé e as obras, a ponto de atraiçoar as expectativas do Senhor. 
 
Mas a parábola põe em maior evidência os bons frutos produzidos pelos discípulos que, felizes pelo dom recebido, não o conservaram escondido, com receio e inveja, mas fizeram-no frutificar, compartilhando-o, comunicando-o. Sim, o que Cristo nos concedeu multiplica-se quando é doado! É um tesouro feito para ser despendido, investido, compartilhado com todos, como nos ensina aquele grande administrador dos talentos de Jesus, que é o Apóstolo Paulo.
 
O ensinamento evangélico, que hoje a liturgia nos oferece, incidiu também no plano histórico-social, promovendo nas populações cristãs uma mentalidade ativa e empreendedora. No entanto, a mensagem central diz respeito ao espírito de responsabilidade com que acolher o Reino de Deus: responsabilidade em relação a Deus e à humanidade.
 
Encarna perfeitamente esta atitude do coração a Virgem Maria que, recebendo o mais precioso dos dons, o próprio Jesus, ofereceu-O ao mundo com imenso amor. A Ela peçamos-lhe que nos ajude a ser "servos bons e fiéis", para que possamos um dia participar "na alegria do nosso Senhor". 

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