São
Josafat Kuntsevych, bispo e mártir
S. Diego de Acalá, religioso
1ª
Leitura (Sab 6,12-16): A Sabedoria é luminosa e o seu brilho é
inalterável; deixa-se ver facilmente àqueles que a amam e faz-se encontrar aos
que a procuram. Antecipa-se e dá-se a conhecer aos que a desejam. Quem a busca
desde a aurora não se fatigará, porque há-de encontrá-la já sentada à sua
porta. Meditar sobre ela é prudência consumada e quem lhe consagra as vigílias
depressa ficará sem cuidados. Procura por toda a parte os que são dignos dela:
aparece-lhes nos caminhos, cheia de benevolência, e vem ao seu encontro em todos
os seus pensamentos.
Salmo
Responsorial: 62
R. A minha alma tem sede de
Vós, meu Deus.
Senhor, sois o meu Deus: desde a
aurora Vos procuro. A minha alma tem sede de Vós. Por Vós suspiro, como terra
árida, sequiosa, sem água.
Quero contemplar-Vos no
santuário, para ver o vosso poder e a vossa glória. A vossa graça vale mais que
a vida; por isso, os meus lábios hão de cantar-Vos louvores.
Assim Vos bendirei toda a minha
vida e em vosso louvor levantarei as mãos. Serei saciado com saborosos manjares
e com vozes de júbilo Vos louvarei.
Quando no leito Vos recordo,
passo a noite a pensar em Vós. Porque Vos tornastes o meu refúgio, exulto à
sombra das vossas asas.
2ª
Leitura (1Tes 4,13-17): Não queremos, irmãos, deixar-vos na ignorância a
respeito dos defuntos, para não vos contristardes como os outros, que não têm
esperança. Se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, do mesmo modo, Deus
levará com Jesus os que em Jesus tiverem morrido. Eis o que temos para vos
dizer, segundo uma palavra do Senhor: Nós, os vivos, os que ficarmos para a
vinda do Senhor, não precederemos os que tiverem morrido. Ao sinal dado, à voz
do Arcanjo e ao som da trombeta divina, o próprio Senhor descerá do Céu e os
mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Em seguida, nós, os vivos, os que
tivermos ficado, seremos arrebatados juntamente com eles sobre as nuvens, para
irmos ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.
Consolai-vos uns aos outros com estas palavras.
Aleluia. Vigiai e estai
preparados, porque, na hora em que não pensais, virá o Filho do homem. Aleluia.
Evangelho
(Mt 25,1-13): Naquele tempo, disse Jesus aos discípulos esta parábola:
«O Reino dos Céus pode ser comparado a dez moças que, levando suas lamparinas,
saíram para formarem o séquito do noivo. Cinco delas eram descuidadas e as
outras cinco eram previdentes. As descuidadas pegaram suas lâmpadas, mas não
levaram óleo consigo. As previdentes, porém, levaram jarros com óleo junto com
as lâmpadas. Como o noivo demorasse, todas acabaram cochilando e dormindo. No
meio da noite, ouviu-se um alvoroço: O noivo está chegando. Ide acolhê-lo!
Então todas se levantaram e prepararam as lâmpadas. As descuidadas disseram às
previdentes: Dai-nos um pouco de óleo, porque nossas lâmpadas estão se
apagando. As previdentes responderam: De modo algum, pois o óleo pode ser
insuficiente para nós e para vós. É melhor irdes comprar dos vendedores.
Enquanto elas foram comprar óleo, o noivo chegou, e as que estavam preparadas
entraram com ele para a festa do casamento. E a porta se fechou. Por fim,
chegaram também as outras e disseram: Senhor! Senhor! Abre-nos a porta! Ele,
porém, respondeu: Em verdade vos digo: não vos conheço! Portanto, vigiai, pois
não sabeis o dia, nem a hora».
«O noivo está chegando. Ide
acolhê-lo»
Rev. P. Anastasio URQUIZA
Fernández MCIU (Monterrey, México)
Hoje somos convidados a refletir
sobre o fim da existência; trata-se de uma advertência do Bom Deus ao respeito
do nosso fim último; não brinquemos, portanto, com nossa vida. «O Reino dos
Céus pode ser comparado a dez moças que, levando suas lamparinas, saíram para
formarem o séquito do noivo» (Mt 25,1). O Fim de cada pessoa, dependerá do
caminho que escolha; a morte é uma consequência da vida -prudente ou
descuidada- que tenha levado neste mundo. As moças descuidadas são as que têm
escutado a mensagem de Jesus, mas não a praticaram. As moças previdentes, são
as que têm traduzido a mensagem em sua vida, por isso entraram ao banquete do
Reino.
A parábola, é uma chamada de
atenção muito importante. «Vigiai, pois não sabeis o dia, nem a hora» (Mt
25,13). Não deixem nunca a lâmpada da fé se apagar, porque qualquer momento
pode ser o último. O Reino já está aqui. Acendam as lâmpadas com o óleo da fé,
da fraternidade, e da caridade mútua. Nossos corações, cheios de luz, nos
permitirão viver na autêntica alegria aqui e agora. Os que moram ao nosso redor
ver-se-ão também iluminados e conhecerão o gozo da presença do Noivo esperado.
Jesus nos pede que nunca nos falte esse óleo em nossas lâmpadas.
Por isso, quando o Concílio
Vaticano II, que escolhe na Bíblia as imagens da Igreja, refere-se a esta
comparação do noivo e da noiva, e pronuncia estas palavras: «A Igreja, também é
descrita como esposa imaculada do Cordeiro imaculado, a quem Cristo amou e
entregou-se por ela para santificá-la, a uniu com Ele num pacto eterno, e
incessantemente alimenta e cuida dela. Livre de toda mácula, quis ela unida a
Ele e submissa pelo amor e a fidelidade».
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«A alma tem a sua porta à qual
Cristo vem e bate. Abre-a, ela quer entrar, quer encontrar a sua Esposa
acordada» (Santo Ambrósio)
« A verdadeira sabedoria é
aproveitar a vida mortal para fazer obras de misericórdia, porque após a morte
isso já não será possível» (Bento XVI)
«Pois todos os bens da dignidade
humana, da comunhão fraterna e da liberdade, ou seja, todos os frutos
excelentes da natureza e do nosso esforço, depois de os termos propagado pela
terra, no Espírito do Senhor e segundo o seu mandato, voltaremos de novo a
encontrá-los, mas então purificados de qualquer mancha, iluminados e
transfigurados, quando Cristo entregar ao Pai o Reino eterno e universal»
(Concilio Vaticano II). Então, Deus será `tudo em todos´ (1 Cor 15, 28), na
vida eterna» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1.050)
“Vigiai, porque não sabeis o
dia nem a hora.”
Do site Presbíteros.org.br
Nos capítulos 24 e 25 do seu
Evangelho, Mateus apresenta um quinto e último discurso de Jesus. Para
compô-lo, Mateus reelaborou o chamado “discurso escatológico” de Marcos (cf. Mc
13) e ampliou-o com três parábolas e uma impressionante descrição do juízo
final.
Enquanto em Marcos, o “discurso
escatológico” se refere, especialmente, aos sinais que precederão a destruição
do Templo de Jerusalém, em Mateus o mesmo discurso aborda, sobretudo, o tema da
segunda vinda de Jesus e a atitude com que os discípulos devem preparar essa
vinda. Esta mudança de perspectiva tem a ver com as necessidades da comunidade
de Mateus…
Estamos nos finais do séc. I
(década de 80)… Já tinha passado a “febre escatológica” e os cristãos já não
esperavam a vinda iminente de Jesus. Passado o entusiasmo inicial, a vida de fé
dos crentes tinha arrefecido e a comunidade tinha-se instalado na rotina, no
comodismo, na facilidade… Era preciso algo que abanasse os discípulos e os
despertasse de novo para o compromisso com o Evangelho.
Neste contexto, Mateus descobre
que as palavras do “discurso escatológico” de Jesus encerram uma poderosa
interpelação; então compõe, com elas, uma exortação dirigida aos cristãos.
Fundamentalmente, lembra-lhes que a segunda vinda do Senhor está no horizonte
final da história humana; mas enquanto esse acontecimento não se realiza, os
crentes são chamados a viver com coerência e entusiasmo a sua fé, fiéis aos
ensinamentos de Jesus e comprometidos com a construção do Reino. A isto, a
catequese primitiva chama “estar vigilantes, à espera do Senhor que vem”.
A parábola que hoje nos é
proposta alude aos rituais típicos dos casamentos judaicos. De acordo com os
costumes, a cerimónia do casamento começava com a ida do noivo a casa da noiva,
para levá-la para a sua nova casa. Normalmente, o noivo chegava atrasado, pois
devia, antes, discutir com os familiares da noiva os presentes que ofereceria à
família da sua amada. As negociações entre as duas partes eram demoradas e
tinham uma importante função social… Os parentes da noiva deviam mostrar-se
exigentes, sugerindo dessa forma que a família perdia algo de muito precioso ao
entregar a menina a outra família; por outro lado, o noivo e os seus familiares
ficavam contentes com as exigências, pois dessa forma mostravam aos vizinhos e
conhecidos o valor e a importância dessa mulher que entrava na sua família. Os
que testemunhavam o acordo, estavam prontos para ir avisar a noiva de que as
negociações estavam concluídas e o noivo ia chegar… Enquanto isso, a noiva,
vestida a preceito, esperava em casa do seu pai que o noivo viesse ao seu
encontro. As amigas da noiva esperavam também, com as lâmpadas acesas, para
acompanhar a noiva, entre danças e cânticos, à sua nova casa. Era aí que tinha
lugar a festa do casamento. É este pano de fundo que a nossa parábola supõe.
A “parábola das dez virgens”, tal
como saiu da boca de Jesus, era uma “parábola do Reino” (vers. 1: “o Reino dos
céus pode comparar-se…”). O Reino de Deus é, aqui, comparado com uma das
celebrações mais alegres e mais festivas que os israelitas conheciam: o
banquete de casamento. As dez jovens, representam a totalidade do Povo de Deus,
que espera ansiosamente a chegada do messias (o noivo)… Uma parte desse Povo
(as jovens previdentes) está preparada e, quando o messias finalmente aparece,
pode entrar a fazer parte da comunidade do Reino; outra parte (as jovens
descuidadas) não está preparada e não pode entrar na comunidade do Reino.
A parábola original constituía,
pois, um apelo aos israelitas no sentido de não perderem a oportunidade de
participar na grande festa do Reino.
Algumas dezenas de anos depois,
Mateus retomou a mesma parábola, adaptando-a às necessidades da comunidade. A
parábola foi, então, convertida numa exortação a estar preparado para a vinda
do Senhor, a qual pode acontecer no momento menos esperado. A festa é, neste
novo contexto, a segunda vinda de Jesus. O noivo que está para chegar é Jesus.
As dez jovens representam a Igreja que, experimentando na história as
dificuldades e as perseguições, anseia pela chegada da libertação definitiva.
Uma parte da Igreja (as jovens previdentes) está preparada, vigilante, atenta
e, quando o “noivo” chega, pode entrar no banquete da vida eterna; a outra
parte (as jovens descuidadas) não está preparada, porque apostou nos valores do
mundo, guiou a sua vida por eles e esqueceu os valores do Reino.
O que é que significa, na
perspectiva de Mateus, “estar preparado para acolher a vinda do Senhor”?
Significa, escutar as palavras de Jesus, acolhê-las no coração e viver de forma
coerente com os valores do Evangelho… “Estar preparado” significa, fundamentalmente,
viver na fidelidade aos projetos do Pai e amar os irmãos até ao dom da vida, em
todos os instantes da nossa existência.
A mensagem que Mateus pretende
transmitir com esta parábola aos cristãos da sua comunidade (e, no fundo, aos
cristãos de todas as comunidades cristãs de todos os tempos e lugares) é esta:
nós os crentes, não podemos afrouxar a vigilância e enfraquecer o nosso
compromisso com os valores do Reino. Com o passar do tempo, as nossas
comunidades têm tendência para se instalar no comodismo, no adormecimento, no
descuido, numa vida de fé que não compromete, numa religião de “meias tintas” e
de facilidade, num testemunho pouco empenhado e pouco coerente… É preciso, no
entanto, que o nosso compromisso com Jesus se renove cada dia. A certeza de que
Ele vem outra vez, deve impulsionar-nos a um compromisso ativo com os valores
do Evangelho, na fidelidade aos ensinamentos de Jesus e ao compromisso com o
Reino.
Nós, os cristãos do séc. XXI, não
somos significativamente diferentes dos cristãos que integravam a comunidade de
Mateus… Também percorremos um caminho de altos e baixos, em que os momentos de
entusiasmo e de compromisso alternam com os momentos de instalação, de
comodismo, de adormecimento, de pouco empenho. As dificuldades da caminhada, os
apelos do mundo, a monotonia, a nossa fragilidade leva-nos, frequentemente, a
esquecer os valores do Reino e a correr atrás de valores efémeros, que parecem
garantir-nos a felicidade e só nos arrastam para caminhos de escravidão e de
frustração. O Evangelho deste domingo lembra-nos que a segunda vinda do Senhor
deve estar sempre no horizonte final da nossa existência e que não podemos
alienar os valores do Evangelho, pois só eles nos mantêm identificados com esse
Senhor Jesus que há-de voltar para nos oferecer a vida plena e definitiva.
Enquanto caminhamos nesta terra devemos, pois, manter-nos atentos e vigilantes,
fiéis aos ensinamentos de Jesus e comprometidos com esse Reino que Ele nos
mandou construir.
“Estar preparado” não significa,
contudo, ter a “alminha” limpa e sem mancha, para que, quando nos encontrarmos
com o Senhor, Ele não tenha nenhuma falta não confessada a apontar-nos e nos
leve para o céu… Mas significa, sobretudo, vivermos dia a dia, de forma
comprometida e entusiasta, o nosso compromisso baptismal. “Estar preparado”
passa por descobrirmos dia a dia os projetos de Deus para nós e para o mundo e
procurar concretizá-los, com alegria e entusiasmo; “estar preparado” passa por
fazermos da nossa vida, em cada instante, um dom aos irmãos, no serviço, na
partilha, no amor, ao jeito de Jesus.
Embora o nosso texto se refira,
primordialmente, ao nosso encontro final com Jesus, todos nós temos consciência
de que esse momento não será o nosso único encontro com o Senhor… Jesus vem ao
nosso encontro todos os dias e reclama o nosso empenho e o nosso compromisso na
construção de um mundo novo – o mundo do Reino. Ele faz ecoar o seu apelo na
Palavra de Deus que nos questiona, na miséria de um pobre que nos interpela, no
pedido de socorro de um homem escravizado, na solidão de um velho carente de
amor e de afeto, no sofrimento de um doente terminal abandonado por todos, no
grito aflito de quem sofre a injustiça e a violência, no olhar dolorido de um
imigrante, no corpo esquelético de uma criança com fome, nas lágrimas do
oprimido… O Evangelho deste domingo avisa-nos que não podemos instalar-nos no
nosso egoísmo e na nossa autossuficiência e recusar-nos a escutar os apelos do
Senhor.
A história das jovens
“insensatas” que se esqueceram do essencial faz-nos pensar na questão das
prioridades… É fácil irmos “na onda”, preocuparmo-nos com o imediato, o
visível, o efémero (o dinheiro, o poder, a influência, a imagem, o êxito, a
beleza, os triunfos humanos…) e negligenciarmos os valores autênticos. Mateus,
com algum dramatismo, avisa-nos que só os valores do Evangelho nos asseguram a
participação no banquete do Reino. O objetivo da catequese de Mateus não é
dizer-nos que, se não nos portarmos bem, Deus nos castiga com o inferno; mas é
alertar-nos para a seriedade com que devemos avaliar as nossas opções, de forma
a não perdermos oportunidades para nos realizarmos e para chegarmos à
felicidade plena e definitiva.
Acontece-nos sermos apanhados
pelo sono, quando a noite se prolonga ou quando a fadiga se faz sentir. Quem
pode recriminar-nos por isso? Assim, ninguém critica as jovens convidadas para
o banquete por terem adormecido: o esposo tardava em chegar. Ao contrário, o
que distingue estas jovens é que algumas eram insensatas, descuidadas,
imprevidentes, e as outras, sensatas, previdentes, prudentes. Com efeito, é
antes de adormecer que é preciso vigiar, prever, de maneira a estarmos prontos
para o encontro, e não sermos apanhados desprevenidos, sem nada preparado, e
sobretudo sem o essencial. Arriscamos faltar ao encontro…
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