S.
Nuno de Santa Maria (Álvares Pereira), viúvo e religioso de nossa Ordem
1ª
Leitura (Rom 11,29-36): Irmãos: Os dons e o chamamento de Deus são
irrevogáveis. Na verdade, vós fostes outrora desobedientes a Deus e agora
alcançastes misericórdia, devido à desobediência dos judeus. Assim também eles
desobedeceram agora, de modo que, devido à misericórdia obtida por vós, também
eles alcancem agora misericórdia. Efectivamente, Deus encerrou a todos na
desobediência, para usar de misericórdia para com todos. Como é profunda a
riqueza, a sabedoria e a ciência de Deus! Como são insondáveis os seus
desígnios e incompreensíveis os seus caminhos! Quem conheceu o pensamento do
Senhor? Quem foi o seu conselheiro? Quem Lhe deu primeiro, para que tenha de
receber retribuição? dele, por Ele e para Ele são todas as coisas. Glória a
Deus para sempre. Amém.
Salmo
Responsorial: 68
R. Pela vossa bondade,
ouvi-me, Senhor.
Eu sou pobre e miserável:
defendei-me com a vossa proteção. Louvarei com cânticos o nome de Deus e em ação
de graças O glorificarei.
Vós, humildes, olhai e
alegrai-vos, buscai o Senhor e o vosso coração se reanimará. O Senhor ouve os
pobres e não despreza os cativos.
Deus protegerá Sião, reconstruirá
as cidades de Judá e voltarão a ocupá-la os cativos. Os seus servos a receberão
em herança e nela hão de morar os que amam o seu nome.
Aleluia. Se permanecerdes na
minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade,
diz o Senhor. Aleluia.
Evangelho
(Lc 14,12-14): E disse também a quem o tinha convidado: «Quando
ofereceres um almoço ou jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem
teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes podem te convidar por sua
vez, e isto já será a tua recompensa. Pelo contrário, quando deres um banquete,
convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos! Então serás feliz, pois
estes não têm como te retribuir! Receberás a recompensa na ressurreição dos
justos».
«Quando deres um banquete,
convida os pobres, (...), pois estes não têm como te retribuir! Receberás a
recompensa na ressurreição dos justos»
Fr. Austin Chukwuemeka IHEKWEME (Ikenanzizi,
Nigéria)
Hoje, o Senhor ensina-nos o
verdadeiro sentido da generosidade cristã: o dar-se aos demais. «Quando
ofereceres um almoço ou jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem
teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes podem te convidar por sua
vez, e isto já será a tua recompensa» (Lc 14,12).
O cristão move-se no mundo como
uma pessoa comum; mas o fundamento do trato com os seus semelhantes não pode
ser nem a recompensa humana nem a vanglória; deve procurar ante tudo a glória
de Deus, sem pretender outra recompensa que a do Céu. «Pelo contrário, quando
deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos! Então
serás feliz, pois estes não têm como te retribuir! Receberás a recompensa na
ressurreição dos justos» (Lc 14, 13-14).
O Senhor convida-nos a dar-nos
incondicionalmente a todos os homens, movidos somente pelo amor a Deus e ao
próximo pelo Senhor. «Se emprestais àqueles de quem esperais receber, que
recompensa mereceis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem
outro tanto» (Lc 6,34).
Isto é assim porque o Senhor
ajuda-nos a entender que se nos damos generosamente, sem esperar nada em troca,
Deus nos pagará com uma grande recompensa e nos fará seus filhos prediletos.
Por isto, Jesus nos diz: «Pelo contrário, amai os vossos inimigos, fazei bem e
emprestai sem daí esperar nada. E grande será a vossa recompensa e sereis
filhos do Altíssimo» (Lc 6-35).
Peçamos à Virgem a generosidade
de saber fugir de qualquer tendência ao egoísmo, como seu Filho. «Egoísta!— Tu,
sempre tu, sempre o que é "teu".— Pareces incapaz de sentir a
fraternidade de Cristo: nos outros, não vês irmãos; vês degraus (...)» (São
Josemaria).
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Uma palavra, um sorriso amigo,
muitas vezes bastam para animar uma alma triste» (Santa Teresa do Menino Jesus)
«A quem quer segui-lo, Jesus pede
para amar a quem não merece, sem esperar recompensa, para preencher as lacunas
de amor que existem nos corações, nas relações humanas, nas famílias, nas
comunidades, no mundo» (Francisco)
«A Eucaristia compromete-nos com
os pobres: Para receber, na verdade, o Corpo e o Sangue de Cristo entregue por
nós, temos de reconhecer Cristo nos mais pobres, seus irmãos» (Catecismo da
Igreja Católica, nº 1.397)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje dá continuidade ao
ensinamento que Jesus estava dando em torno de vários assuntos, todos ligados à
mesa e à refeição: uma cura durante a refeição (Lc 14,1-6); um conselho para
não ocupar logo os primeiros lugares (Lc 14,7-12); um conselho para convidar os
excluídos (Lc 14,12-14). Esta organização das palavras de Jesus em torno de uma
determinada palavra, como mesa ou refeição, ajuda a perceber o método usado
pelos primeiros cristãos para guardar na memória as palavras de Jesus.
* Lucas 14,12: Convite interesseiro. Jesus
está jantando na casa de um fariseu que o tinha convidado (Lc 14,1). O convite
para o jantar é o assunto do ensinamento do evangelho de hoje. Existem vários
tipos de convite: convites interesseiros em benefício de si mesmo e convites
desinteressados em benefício dos outros. Jesus diz: "Quando você der um
almoço ou jantar, não convide amigos, nem irmãos, nem parentes, nem vizinhos
ricos. Porque esses irão, em troca, convidar você. E isso será para você
recompensa”. O costume normal do povo era este: para almoçar ou jantar eles
convidavam amigos, irmãos e parentes. Pois se sentar à mesa com pessoas
desconhecidas ninguém fazia. Comunhão de mesa só com gente amiga! Este era o
costume entre os judeus. É este também o nosso costume até hoje. Jesus pensa
diferente e manda fazer convites desinteressados que ninguém costuma fazer.
* Lucas 14,13-14: Convite desinteressado. Jesus
diz: “Quando você der uma festa, convide pobres, aleijados, mancos e cegos”.
Jesus manda romper o círculo fechado e pede para convidar os excluídos: pobres,
aleijados, mancos, cegos. Este não era o costume e, até hoje, ninguém faz isso.
Mas Jesus insiste: “Convida esse pessoal!” Por que? Porque no convite
desinteressado, dirigido a pessoas excluídas e marginalizadas, existe uma fonte
de felicidade: “Então você será feliz! Porque eles não lhe podem retribuir”.
Felicidade estranha, diferente! Você será feliz porque eles não podem
retribuir. É a felicidade que nasce do fato de você ter feito um gesto de
gratuidade total. Um gesto de amor que quer o bem do outro e para o outro, sem
esperar nada em troca. É a felicidade de quem faz as coisas gratuitamente, sem
querer nenhuma retribuição. Jesus diz que esta felicidade é a semente da
felicidade que Deus vai dar na ressurreição. Ressurreição, não só no fim da
história, mas já desde agora. Agir assim já é uma ressurreição!
* É o Reino acontecendo. O conselho que
Jesus nos dá no evangelho de hoje evoca o envio dos setenta e dois discípulos
para a missão de anunciar o Reino (Lc 10,1-9). Entre as várias recomendações
dadas naquela ocasião como sinais da presença do Reino, estão (1) a comunhão de
mesa e (2) a acolhida aos excluídos: “Quando entrarem numa cidade, e forem bem
recebidos, comam o que servirem a vocês, curem os doentes que nela houver. E
digam ao povo: O Reino de Deus chegou!” (Lc 10,8-9) Aqui, nestas recomendações,
Jesus manda transgredir aquelas normas de pureza legal que impediam a
convivência fraterna.
Para um confronto pessoal
1) Convite interesseiro e
convite desinteressado: qual dos dois acontece mais na minha vida?
2) Se você fizesse só
convites desinteressados, isto lhe traria dificuldades? Quais?
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