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domingo, 19 de novembro de 2023

21 de novembro: Apresentação de Nossa Senhora

1ª Leitura (Zc 2,14-17):
“Rejubila, alegra-te, cidade de Sião, eis que venho para habitar no meio de ti, diz o Senhor. Muitas nações se aproximarão do Senhor, naquele dia, e serão o seu povo. Habitarei no meio de ti, e saberás que o Senhor dos exércitos me enviou a ti. O Senhor entrará em posse de Judá, como sua porção na terra santa, e escolherá de novo Jerusalém. Emudeça todo mortal diante do Senhor, ele acaba de levantar-se de sua santa habitação.”
 
Responsório Lc 1,46-47.48-49.50-51.52-53.54-55
R. O Poderoso fez por mim maravilhas, e Santo é o seu nome.
 
— A minh’alma engrandece ao Senhor, e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador,
 
— Pois ele viu a pequenez de sua serva, desde agora as gerações hão de chamar-me de bendita. O Poderoso fez por mim maravilhas e Santo é o seu nome.
 
— Seu amor, de geração em geração, chega a todos que o respeitam. Demonstrou o poder de seu braço, dispersou os orgulhosos.
 
— Derrubou os poderosos de seus tronos e os humildes exaltou. De bens saciou os famintos e despediu, sem nada, os ricos.
 
— Acolheu Israel, seu servidor, fiel ao seu amor, como havia prometido aos nossos pais, em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre.
 
Aleluia. Feliz quem ouve e observa a Palavra de Deus! Aleluia
 
Evangelho (Mt 12,46-50): Naquele tempo, Jesus falava ainda à multidão, quando veio sua mãe e seus irmãos e esperavam do lado de fora a ocasião de lhe falar. Disse-lhe alguém: «Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te». Jesus respondeu-lhe: «Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?» E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: «Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe».
 
«Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe»
 
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
 
Hoje, a Igreja recorda aquele momento em que a jovem Maria entregou totalmente o seu coração ao Altíssimo. A Virgem Santa Maria foi cheia de graça e sem mancha de pecado já desde o primeiro instante da sua concepção no seio de sua mãe, Santa Ana. Evidentemente, Ela não tinha consciência deste situação, porém era plenamente consequente com ela.
 
A tradição cristã está convencida de que Maria - sendo muito nova - decidiu dedicar-se plenamente de alma e corpo a Deus. Na realidade, este foi o motivo pelo qual num dia como hoje, mas no ano 543, em Jerusalém, foi feita a dedicação da igreja de Santa Maria a Nova.
 
O que são os caminhos de Deus! frequentemente discretos e sempre eficazes. Na antiguidade era totalmente impensável que uma rapariga não fosse dada em casamento. Uma rapariga “solteira”, estava sujeita a que dela se suspeitasse o contrário do que Maria pretendia. Porém assim, coisas do Espírito Santo, a jovem Maria foi desposada por José. Sem dúvida, a Divina Providência tinha preparado um homem santo - também o imaginamos jovem - capaz de cuidar de Maria tal “como Deus manda”.
 
Não sabemos como, mas podemos pensar que Maria e José tinham acordado entregar-se completamente a Deus partilhando um “matrimónio virginal” (algo também impensável). Se não fosse através deste caminho peculiar, como se podia proteger a virgindade de Santa Maria? Seguramente S. José era o único rapaz judeu capaz de aceitar a missão de proteger a virgindade de Maria através de um matrimónio também virginal. Os dois, como irmãos dedicados plenamente ao querer de Deus.
 
Finalmente, aconteceu que esse matrimónio tão característico – virginal – fosse o instrumento necessário que Deus preparou para o seu Filho “entrar” na terra, «nascido de uma mulher, e submetido a uma lei» (Gal 4,4). «Maria concebeu Cristo no seu coração pela fé antes de O conceber fisicamente no seu corpo» (Santo Agostinho). Também nós, imitando a Virgem Santa Maria, podemos conceber Jesus no nosso coração através da fé e da obediência a Deus, uma vez que «Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha mãe» (Mt 12,50).
 
Reflexão de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
 
A família de Jesus. Os parentes chegam à casa onde Jesus está. Provavelmente chegavam de Nazaré. De lá para Cafarnaum são uns 40 km. Sua mãe estava com eles. Não entram, mas enviam um recado: "Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te”. A reação Jesus é firme: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” Para entender bem o significado desta resposta deve-se olhar para a situação da família no tempo de Jesus.
 
• No antigo Israel, o clã, ou seja, a grande família (a comunidade) era a base da convivência social. Era a proteção das famílias e das pessoas, a garantia da posse da terra, o fluxo principal da tradição, a defesa da identidade. Era a maneira concreta de que as pessoas da época tinham a encarnar o amor de Deus no amor ao próximo. Defender o clã era o mesmo que defender a Aliança.
 
• Na Galileia no tempo de Jesus, por causa do sistema implantado durante o longo governo de Herodes, o Grande (37 aC a 4 aC) e seu filho Herodes Antipas (4 aC a 39 dC), o clã (a comunidade) estava se enfraquecendo. Devia-se pagar impostos tanto para o governo como para o Templo, a dívida pública crescia, dominava a mentalidade individualista da ideologia helenista, havia frequentes ameaças de repressão violenta da parte dos romanos, a obrigação de acolher os soldados e dar-lhes hospitalidade, os problemas cada vez maiores da sobrevivência, tudo isto levava as famílias fecharem-se em suas próprias necessidades. Este fechamento era reforçado pela religião da época. Por exemplo, quem dava a sua herança para o Templo, eles poderiam deixar seus pais sem ajuda. Isso enfraqueceu o quarto mandamento, que era a dobradiça do clã (Mc 7,8-13). Além disso, a observância das normas de pureza era fator de marginalização de muitas pessoas: mulheres, crianças, samaritanos, estrangeiros, leprosos, endemoniados, publicanos, doentes, aleijados, paralíticos.
 
E assim, a preocupação com os problemas da própria família impedia que as pessoas se unissem em comunidade. Então, para que o Reino de Deus pudesse manifestar-se na vida comunitária do povo, as pessoas tinham de ir além dos limites estreitos da pequena família e abrir-se novamente para a grande família, para a Comunidade. Jesus nos dá o exemplo. Quando sua família tentou agarrá-lo, reagiu e alargou o sentido da família: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" E, estendendo a mão para os seus discípulos, disse: "Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Pois quem faz a vontade de meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe ". Criou comunidade.
 
Jesus pedia o mesmo para todos os que queiram segui-lo. As famílias não poderiam fechar-se em si mesmas. Os excluídos e marginalizados deviam ser recebidos dentro da convivência e, assim, se sentir acolhidos por Deus (cf. Lc 14,12-14). Este era o caminho para alcançar o objetivo da Lei que dizia: "Não deve haver pobres entre vós" (Dt 15,4). Como os grandes profetas do passado, Jesus procurava fortalecer a vida comunitária nas aldeias da Galileia. Ele retoma o sentido mais profundo do clã, família, da comunidade, como expressão da encarnação do amor de Deus no amor ao próximo.
 
Para um confronto pessoal
• Viver a fé em comunidade. Qual é o lugar e a influência das comunidades em minha maneira de viver a fé?
• Hoje, em grandes cidades, a massificação promove o individualismo que é contrário da vida em comunidade. O que estou fazendo para combater este mal?

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