Santo
Alonso Rodríguez, viúvo e religioso jesuíta
1ª
Leitura (Rom 8,18-25): Irmãos: Eu penso que os sofrimentos do tempo
presente não têm comparação com a glória que se há-de manifestar em nós. Na
verdade, as criaturas esperam ansiosamente a revelação dos filhos de Deus. Elas
estão sujeitas à vã situação do mundo, não por sua vontade, mas por vontade
d’Aquele que as submeteu, com a esperança de que as mesmas criaturas sejam
também libertadas da corrupção que escraviza, para receberem a gloriosa
liberdade dos filhos de Deus. Sabemos que toda a criatura geme ainda agora e
sofre as dores da maternidade. E não só ela, mas também nós, que possuímos as
primícias do Espírito, gememos interiormente, esperando a adopção filial e a
libertação do nosso corpo. É em esperança que estamos salvos, pois ver o que se
espera não é esperança: quem espera o que já vê? Mas esperar o que não vemos é
esperá-lo com perseverança.
Salmo
Responsorial: 125
R. O Senhor fez maravilhas em
favor do seu povo.
Quando o Senhor fez regressar os
cativos de Sião, parecia-nos viver um sonho. Da nossa boca brotavam expressões
de alegria e de nossos lábios cânticos de júbilo.
Diziam então os pagãos: «O Senhor
fez por eles grandes coisas». Sim, grandes coisas fez por nós o Senhor, estamos
exultantes de alegria.
Fazei regressar, Senhor, os
nossos cativos, como as torrentes do deserto. Os que semeiam em lágrimas
recolhem com alegria.
À ida, vão a chorar, levando as
sementes; à volta, vêm a cantar, trazendo os molhos de espigas.
Aleluia. Bendito sejais, ó
Pai, Senhor do céu e da terra, porque revelastes aos pequeninos os mistérios do
reino.
Evangelho
(Lc 13,18-21): Naquele tempo, Jesus dizia: A que é semelhante o Reino de
Deus, e com que poderei compará-lo? É como um grão de mostarda que alguém pegou
e semeou no seu jardim: cresceu, tornou-se um arbusto, e os pássaros do céu
foram fazer ninhos nos seus ramos. Jesus disse ainda: Com que mais poderei
comparar o Reino de Deus? É como o fermento que uma mulher pegou e escondeu em
três porções de farinha, até tudo ficar fermentado.
«A que é semelhante o Reino de
Deus»
Rev. D. Francisco Lucas MATEO
Seco (Pamplona, Navarra, Espanha)
Hoje, os textos da liturgia,
mediante duas parábolas, põem diante de nossos olhos uma das características
próprias do Reino de Deus: é algo que cresce lentamente - como um grão de
mostarda - mas que chega a ser grande ao ponto de oferecer refúgio às aves do
céu. Assim o manifestava Tertuliano: Somos de ontem e enchemos tudo! Com essa
parábola, Nosso Senhor exorta à paciência, à fortaleza e à esperança. Essas
virtudes são particularmente necessárias a aqueles que se dedicam à propagação
do Reino de Deus. É necessário saber esperar a que a semente plantada, com a
graça de Deus e com a cooperação humana, vá crescendo, aprofundando suas raízes
na boa terra y elevando-se pouco a pouco até converter-se em árvore. Faz falta,
em primeiro lugar, ter fé na virtualidade -fecundidade-contida na semente do
Reino de Deus. Essa semente é a Palavra; é também a Eucaristia, que se semeia
em nós mediante a comunhão. Nosso Senhor Jesus Cristo se comparou a si mesmo
com : verdade, em verdade vos digo; se o grão de trigo, caído na terra, não
morrer, fica só; se morrer produz muito fruto;(Jo 12,24).
O Reino de Deus prossegue Nosso
Senhor, é semelhante, é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou
em três medidas de farinha e toda a massa ficou levedada (Lc 13,21). Também
aqui se fala da capacidade que tem a levedura de fazer fermentar toda a massa.
Assim sucede com : o resto de Israel, de que se fala no Antigo Testamento: o
resto salvará e fermentará a todo o povo. Seguindo com a parábola, só é
necessário que o fermento esteja dentro da massa, que chegue ao povo, que seja
como o sal capaz de preservar da corrupção e de dar bom sabor a todo alimento
(cf. Mt 5,13). Também é necessário dar tempo para que a levedura realize seu
labor.
Parábolas que animam a paciência
e a esperança; parábolas que se referem ao Reino de Deus e à Igreja, e que se
aplicam também ao crescimento deste mesmo Reino em cada um de nós.
Pensamentos para o Evangelho de
hoje
«Confiança e fé viva guardam a
alma, pois quem acredita e espera alcançará todas as coisas» (Santa Teresinha
do Menino Jesus)
«A vitória do Senhor é certa, o
seu amor fará crescer cada semente do bem presente na terra» (Francisco)
«(...) É justo e bom orar para
que a vinda do Reino da justiça e da paz influencie a marcha da história; mas
também é importante levedar pela oração a massa das humildes situações
quotidianas (...)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.660)
Reflexão
(Portal Dehonianos)
Depois de se ter manifestado como
senhor do tempo, ao curar a mulher curvada em dia de sábado, Jesus manifesta-se
como o «hoje» da salvação que se realiza no amor. O reino de Deus está no meio
de nós. As duas parábolas do texto evangélico que escutamos hoje revelam-nos
duas características desse reino: a sua grande expansão e a sua força
transformadora.
Entre as várias narrativas
parabólicas que Lucas coloca ao narrar a caminhada de Jesus para Jerusalém,
apenas estas duas se referem ao reino de Deus. Esse reino tem uma grande
expansão no mundo, graças à pregação dos discípulos. Os modestos começos do ministério
de Jesus têm um grande desenvolvimento: a sua palavra que ecoa no mundo inteiro
e da qual todos recebem vida, é comparável à árvore cósmica de Daniel (4,7a-9),
cuja imagem é evocada no crescimento do arbusto de mostarda (vv. 18s.).
Outra característica do reino de
Deus é a sua força intrínseca, que realiza um crescimento qualitativo no mundo.
Como um pouco de fermento escondido na massa inerte de farinha provoca o seu
crescimento, assim o reino de Deus, pela evangelização animada pelo poder do
Espírito Santo, transforma todo o mundo, sem qualquer discriminação.
As parábolas sobre o Reino
animam-nos à confiança e à paciência. À confiança, porque o Senhor nos revela
que o reino de Deus cresce em nós. É semelhante a uma pequena semente, mas tem
uma grande força, semelhante à de um pouco de fermento que faz levedar três
medidas de farinha. O fermento não se vê, mas atua em segredo, tal como a
semente está escondida na terra, mas está viva e pode dar origem a uma grande
árvore.
O Reino tem, pois, uma grande
força dinâmica. Ora, esta força está em nós, porque Deus está em nós, atua em
nós para transformar a nossa vida. Por enquanto não vemos o que faz: está
escondido, é segredo, mas certamente faz grandes coisas.
A única condição é misturar o
fermento em todas as medidas de farinha, como faz a mulher ao amassar. Fora de
comparações: devemos guardar em nós este fermento e misturá-lo na nossa vida na
oração, na reflexão, na decisão firme; devemos amassar sempre em nós o bom
trigo do Evangelho com a nossa vida, não separar a nossa vida da palavra do
Senhor, confrontar-nos em todas as situações com as propostas de Jesus, com a
sua presença em nós.
O fermento é, também, o pão
eucarístico que cada dia nos é oferecido. Recebendo o Corpo real de Cristo,
podemos deixar-nos transformar em cada vez mais, e mais profundamente, no Corpo
Místico de Cristo.
Acolhendo em nós o Palavra e o
Pão, podemos caminhar com confiança e paciência rumo à santidade e pôr-nos ao
serviço do Senhor, «contribuir para instaurar o reino da justiça e da caridade
cristã no mundo» (Cst. 32), para que, «a comunidade humana, santificada pelo
Espírito Santo, se torne uma oblação agradável a Deus (cf. Rm 15,16)» (Cst.
31). Assim seremos fermento, luz, sal, testemunhas da «presença de Cristo»
entre os homens e do «Reino de Deus que vem» (Cst. 50) ou, «com a graça de
Deus, pela nossa vida religiosa, dar um testemunho profético, empenhando-nos
sem reserva, no advento da nova humanidade em Jesus Cristo» (Cst n. 39).
Para um confronto pessoal
1) Estou ciente de que o
Reino de Deus está presente entre nós e que cresce misteriosamente e se espalha na história de
cada homem, na igreja?
2) Percebi das duas
parábolas que o Reino não pode ser vislumbrado por si se eu não tomar uma
atitude de escuta humilde e silenciosa?
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