Santa
Teresa de Calcutá, virgem
1ª
Leitura (1Tes 5,1-6.9-11): Irmãos: Sobre o tempo e a ocasião da vinda do
Senhor, não precisais que vos escreva, pois vós próprios sabeis perfeitamente
que o dia do Senhor vem como um ladrão noturno. E quando disserem: «Paz e
segurança», é então que subitamente cairá sobre eles a ruína, como as dores da
mulher que está para ser mãe, e não poderão escapar. Mas vós, irmãos, não
andais nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão, porque
todos vós sois filhos da luz e filhos do dia: nós não somos da noite nem das
trevas. Por isso, não durmamos como os outros, mas permaneçamos vigilantes e sóbrios.
Deus não nos destinou para sofrermos a sua ira, mas para alcançarmos a salvação
por Nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós, a fim de que, velando ou
dormindo, vivamos em união com Ele. Por isso, animai-vos mutuamente e
edificai-vos uns aos outros, como já fazeis.
Salmo
Responsorial: 26
R. Espero contemplar a bondade
do Senhor na terra dos vivos.
O Senhor é minha luz e salvação:
a quem hei de temer? O Senhor é a defesa da minha vida: de quem hei de ter
medo?
Uma coisa peço ao Senhor, por ela
anseio: habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para gozar da
suavidade do Senhor e visitar o seu santuário.
Espero vir a contemplar a bondade
do Senhor na terra dos vivos. Confia no Senhor, sê forte. Tem confiança e
confia no Senhor.
Aleluia. Apareceu no meio de
nós um grande profeta: Deus visitou o seu povo. Aleluia.
Evangelho (Lc 4,31-37):
Naquele tempo, Jesus desceu para Cafarnaum, cidade da Galileia, e lá os
ensinava, aos sábados. Eles ficavam maravilhados com os seus ensinamentos, pois
sua palavra tinha autoridade. Na sinagoga estava um homem que tinha um espírito
impuro, e ele gritou em alta voz: «Que queres de nós, Jesus de Nazaré? Vieste
para nos destruir? Eu sei quem tu és: o Santo de Deus!». Jesus o repreendeu:
«Cala-te, sai dele!». O demônio então lançou o homem no chão e saiu dele, sem
lhe fazer mal algum. Todos ficaram espantados e comentavam: «Que palavra é
essa? Ele dá ordens aos espíritos impuros, com autoridade e poder, e eles
saem». E sua fama se espalhava por todos os lugares da redondeza.
«Eles ficavam maravilhados com
os seus ensinamentos, pois sua palavra tinha autoridade»
Rev. D. Joan BLADÉ i Piñol (Barcelona,
Espanha)
Hoje vemos como a atividade de
ensinar foi, para Jesus, a missão central de sua vida pública. Porém a pregação
de Jesus era muito diferente da dos outros mestres e isso fazia com que as
pessoas se espantassem e se admirassem. Certamente, ainda que o Senhor não
tivesse estudado (cf. Jo 7,15), desconcertava a todos com sua doutrina, porque
«falava com autoridade» (Lc 4,32). Seu estilo possuía a autoridade de quem se
sabia o “Santo de Deus”.
Precisamente aquela autoridade no
seu falar era o que dava força a sua linguagem. Utilizava imagens vivas e
concretas, sem silogismos nem definições; palavras e imagens que extraía da
própria natureza quando não das Sagradas Escrituras. Não há dúvida de que Jesus
era um bom observador, homem próximo das situações humanas: ao mesmo tempo em
que o vemos ensinando, também o contemplamos perto das pessoas fazendo-lhes o
bem (curando as doenças e expulsando demônios etc.). Lia no livro da vida
diária as experiências que depois lhe serviriam para ensinar. Ainda que fosse
um material tão simples e “rudimentar”, a palavra do Senhor era sempre
profunda, inquietante, radicalmente nova, definitiva.
O mais admirável da fala de Jesus
Cristo, era esse saber harmonizar a autoridade divina com a mais incrível
simplicidade humana. Autoridade e simplicidade eram possíveis em Jesus graças
ao conhecimento que possuía do Pai e de sua relação de amorosa obediência a Ele
(cf. Mt 11,25-27). Esta relação com o Pai é o que explica a harmonia única
entre a grandeza e a humildade. A autoridade de seu falar não se ajustava aos
parâmetros humanos; não havia disputa, nem interesses pessoais ou desejo de
sobressair. Era uma autoridade que se manifestava tanto na sublimidade da
palavra ou da ação como na humildade e simplicidade. Não houve nos seus lábios
nem louvor pessoal, nem soberba nem gritos. Mansidão, doçura, compreensão, paz,
serenidade, misericórdia, verdade, luz, justiça... Foi o aroma que rodeava a
autoridade de seus ensinos.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Tudo vem do amor, tudo está
ordenado para a salvação do homem, Deus não faz nada que não seja para este
fim» (Santa Catarina de Sena)
«O Evangelho é a palavra da vida:
não oprime as pessoas, pelo contrário, liberta aqueles que são escravos de
tantos espíritos malignos deste mundo: tanto o espírito de vaidade, o apego ao
dinheiro, o orgulho, a sensualidade» (Francisco)
«A permissão divina do mal físico
e do mal moral é um mistério, que Deus esclarece por seu Filho Jesus Cristo,
morto e ressuscitado para vencer o mal. A fé dá-nos a certeza de que Deus não
permitiria o mal, se do próprio mal não fizesse sair o bem, por caminhos que só
na vida eterna conheceremos plenamente» (Catecismo da Igreja Católica, nº 324)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* No evangelho de hoje, vamos
ver de perto dois assuntos: a admiração do povo pela maneira de Jesus ensinar e
a cura de um homem possuído por um demônio impuro. Nem todos os
evangelistas contam os fatos do mesmo jeito. Para Lucas, o primeiro milagre é a
calma com que Jesus se livrou da ameaça de morte da parte do povo de Nazaré (Lc
4,29-30) e a cura do homem possesso (Lc 4,33-35). Para Mateus, o primeiro
milagre é a cura de uma porção de doentes e endemoninhados (Mt 4,23) ou, mais
especificamente, a cura de um leproso (Mt 8,1-4). Para Marcos, foi a expulsão
de um demônio (Mc 1,23-26). Para João, o primeiro milagre foi em Caná, onde
Jesus transformou água em vinho (Jo 2,1-11). Assim, na maneira de contar as
coisas, cada evangelista mostra qual foi, segundo ele, a maior preocupação de
Jesus.
* Lucas 4,31:
A mudança de Jesus para Cafarnaum. “Jesus foi a Cafarnaum, cidade da
Galileia, e aí ensinava aos sábados”. Mateus diz que Jesus foi morar em
Cafarnaum (Mt 4,13). Mudou de residência. Cafarnaum era uma pequena cidade
junto ao entroncamento de duas estradas importantes: uma que vinha da Ásia
Menor e ia para Petra no sul da Transjordânia, e a outra que vinha da região
dos rios Eufrates e Tigre e descia para o Egito. A mudança para Cafarnaum
facilitava o contato com o povo e a divulgação da Boa Nova.
* Lucas 4,32:
Admiração do povo pelo ensino de Jesus A primeira coisa que o povo
percebe é o jeito diferente de Jesus ensinar. Não é tanto o conteúdo, mas sim o
jeito de ensinar, que impressiona. “Jesus falava com autoridade”. Marcos
acrescenta que, por este seu jeito diferente de ensinar, Jesus criava consciência
crítica no povo com relação às autoridades religiosas da época. O povo percebia
e comparava: Ele ensina com autoridade, diferente dos escribas” (Mc 1,22.27).
Os escribas da época ensinavam citando autoridades. Jesus não cita autoridade
nenhuma, mas fala a partir da sua experiência de Deus e da vida.
* Lucas 4,33-35: Jesus combate o poder do mal. O primeiro
milagre é a expulsão de um demônio. O poder do mal tomava conta das pessoas e
as alienava. Jesus devolve as pessoas a si mesmas. Devolve a consciência e a
liberdade. E ele o faz pelo poder da sua palavra: "Cale-se, e saia
dele!" Ele dizia em outra ocasião:
“Se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus
chegou para vocês” (Lc 11,20). Hoje também, muita gente vive alienada de si
mesma pelo poder dos meios de comunicação, da propaganda do governo e do
comércio. Vive escrava do consumismo, oprimida pelas prestações e ameaçada
pelos cobradores. Acha que não vive direito enquanto não comprar aquilo que a
propaganda anuncia. Não é fácil expulsar este poder que hoje aliena tanta
gente, e devolver as pessoas a si mesmas!
* Lucas 1,36-37: A reação do
povo: ele manda nos espíritos impuros primeiro impacto. Além do jeito
diferente de Jesus ensinar as coisas de Deus, o outro aspecto que causava
admiração no povo era o seu poder sobre os espíritos impuros: "Que palavra
é essa? Ele manda nos espíritos impuros com autoridade e poder, e eles
saem". Jesus abre um novo caminho para o povo poder conseguir a pureza
através do contato com ele. Naquele tempo, uma pessoa impura não podia
comparecer diante de Deus para rezar e receber a bênção prometida a Abraão.
Teria que purificar-se, primeiro. Havia muitas leis e normas que dificultavam a
vida do povo e marginalizavam muita gente como impura. Mas agora, purificadas
pela fé em Jesus, as pessoas podiam comparecer novamente na presença de Deus e
rezar a Ele, sem necessidade de recorrer àquelas complicadas e, muitas vezes,
dispendiosas normas de pureza.
Para um confronto pessoal
1) Jesus provocava a
admiração do povo. A atuação da nossa comunidade aqui no bairro provoca alguma
admiração no povo? Qual?
2) Jesus expulsava o poder
do mal e devolvia as pessoas a si mesmas. Hoje, muita gente vive alienada de si
mesma e de tudo. Como devolvê-las a si mesmas?
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