São
Pedro Claver, presbítero
1ª
Leitura (Col 1,21-23): Irmãos: Outrora éreis estranhos a Deus e na vossa
mente seus inimigos pelas vossas más ações. Mas agora Deus reconciliou-vos
consigo pela morte de Cristo no seu corpo de carne, para vos apresentar diante
d’Ele santos, puros e irrepreensíveis. Portanto, permanecei firmemente
consolidados na fé e inabaláveis na esperança prometida pelo Evangelho que
ouvistes e que foi anunciado a toda a criatura que há debaixo do céu. Eu,
Paulo, fui constituído ministro deste Evangelho.
Salmo
Responsorial: 53
R. Deus vem em meu auxílio.
Senhor, salvai-me pelo vosso
nome, pelo vosso poder fazei-me justiça. Senhor, ouvi a minha oração, atendei
às palavras da minha boca.
Deus vem em meu auxílio, o Senhor
sustenta a minha vida. De bom grado oferecerei sacrifícios, cantarei a glória
do vosso nome, Senhor.
Aleluia. Eu sou o caminho, a
verdade e a vida, diz o Senhor; ninguém vai ao Pai senão por Mim. Aleluia.
Evangelho
(Lc 6,1-5): Num sábado, Jesus estava passando pelas plantações de trigo,
e os discípulos arrancavam as espigas, debulhavam e comiam. Alguns fariseus
disseram: «Por que fazeis o que não é permitido em dia de sábado?». Jesus
respondeu-lhes: «Nunca lestes o que fez Davi, quando ele teve fome, e seus
companheiros também? Ele entrou na casa de Deus, pegou os pães da oferenda,
comeu e ainda deu aos seus companheiros esses pães, que só aos sacerdotes era
permitido comer». E acrescentou: «O Filho do Homem é Senhor também do sábado».
«O Filho do Homem é Senhor
também do sábado»
Fr. Austin Chukwuemeka IHEKWEME (Ikenanzizi,
Nigéria)
Hoje, frente à acusação dos
fariseus, Jesus explica o sentido correto do descanso sabático, invocando um
exemplo de Antigo Testamento (cf. Dt 23,26): «Nunca lestes o que fez Davi (...)
pegou os pães da oferenda, comeu e ainda deu aos seus companheiros esses pães,
que só aos sacerdotes era permitido comer» (Lc 6,3-4).
A conduta de Davi antecipou a
doutrina que Cristo ensina nesta passagem. Já no Antigo Testamento, Deus tinha
estabelecido uma ordem nos preceitos da Lei, de forma que os de menor
hierarquia cedem frente aos principais.
À luz disto, explica-se que um
preceito cerimonial (como o que comentamos) cedesse ante um preceito de lei
natural. Igualmente, o preceito do sábado não está por cima das necessidades
elementares de subsistência.
Nesta passagem, Cristo ensina
qual era o sentido da instituição divina do sábado: Deus o tinha instituído no
bem do homem, para que pudesse descansar e se dedicar com paz e alegria ao
culto divino. A interpretação dos fariseus tinha convertido esse dia em ocasião
de angústia e preocupação a causa da quantia das prescrições e proibições.
O sábado tinha sido feito não só
para que o homem descansasse, mas também para que desse glória a Deus: este é o
autêntico sentido da expressão «o sábado foi feito para o homem» (Mc 2,27).
Adicionalmente, ao declarar-se
senhor também do sábado (cf. Lc 6,5), manifesta abertamente que Ele é o mesmo
Deus que deu o preceito ao povo de Israel, afirmando assim a sua divindade e o
seu poder universal. Por essa razão, pode estabelecer outras leis, ao igual que
Javé no Antigo Testamento. Jesus bem pode chamar-se senhor do sábado, porque é
Deus.
Peçamos ajuda à Virgem para
acreditar e entender que o sábado pertence a Deus e é uma forma —adaptado à
natureza humana— de render glória e honra ao Todo-Poderoso. Como tem escrito
São João Paulo II, «o descanso é uma coisa sagrada» e ocasião para «tomar
consciência de que tudo é obra de Deus».
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Neste tempo de graça, o cristão
observa um sábado perpétuo se fizer todas as boas obras com a esperança do
descanso futuro» (Santo Agostinho)
«Viver segundo o domingo
significa viver consciente da libertação trazida por Cristo e desenvolver a
própria vida como oferenda de si mesmo a Deus» (Bento XVI)
«A celebração do domingo é o
cumprimento da prescrição moral, naturalmente inscrita no coração do homem, de
prestar a Deus um culto exterior, visível, público e regular, sob o signo da
sua bondade universal para com os homens (…)» (Catecismo da Igreja Católica, nº
2.176)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje traz o
conflito em torno da observância do sábado. A observância do sábado era uma
lei central, um dos Dez Mandamentos. Lei muito antiga que foi revalorizada na
época do cativeiro. No cativeiro, o povo devia trabalhar sete dias por semana
de sol a sol, sem condições de se reunir para ouvir e meditar a Palavra de
Deus, para rezar juntos e para partilhar sua fé, seus problemas e sua
esperança. Daí apareceu a necessidade urgente de parar ao menos um dia por
semana para reunir e animar-se mutuamente naquela condição tão dura do
cativeiro. Do contrário, perderiam a fé. Foi aí que renasceu e foi
restabelecida com vigor a observância do sábado.
* Lucas 6,1-2: A causa do
conflito. Num dia de sábado, os discípulos passam pelas plantações e abrem
caminho arrancando espigas. Mateus 12,1 diz que eles estavam com fome (Mt
12,1). Os fariseus invocam a Bíblia para dizer que isto é transgressão da lei
do Sábado: "Por que vocês estão fazendo o que não é permitido em dia de
sábado?" (cf Ex 20,8-11).
* Lucas 6,3-4: A resposta de Jesus. Imediatamente,
Jesus responde lembrando que o próprio Davi também fez coisas proibidas, pois
tirou os pães sagrados do templo e os deu de comer aos soldados que estavam com
fome (1 Sm 21,2-7). Jesus conhecia a Bíblia e a invocava para mostrar que os
argumentos dos outros não tinham fundamento. Em Mateus, a resposta de Jesus é
mais completa. Ele não só invoca a história de Davi, mas cita também a
Legislação que permitia aos sacerdotes de trabalhar no sábado e cita ainda a
frase do profeta Oséias: “Quero misericórdia e não sacrifício”. Citou um texto
histórico, um texto legislativo e um texto profético (cf. Mt 12,1-18). Naquele
tempo, não havia Bíblias impressas como temos hoje em dia. Em cada comunidade
só havia uma única Bíblia, escrita a mão, que ficava na sinagoga. Se Jesus
conhecia tão bem a Bíblia, é sinal de que ele, durante os 30 anos da sua vida
em Nazaré, deve ter participado intensamente da vida da comunidade, onde todo
sábado se liam as escrituras. Ainda falta muito para nós termos a mesma familiaridade
com a Bíblia e a mesma participação na comunidade.
* Lucas 6,5: A conclusão para todos nós. E
Jesus termina com esta frase: O Filho do Homem é dono até do sábado! Jesus , como Filho do Homem que vive na
intimidade com Deus, descobre o sentido da Bíblia não de fora para dentro, mas
de dentro para fora, isto, ele descobre o sentido a partir da raiz, a partir da
sua intimidade com o autor da Bíblia que é o próprio Deus. Por isso, ele se diz
dono do sábado. No evangelho de Marcos, Jesus relativiza a lei do sábado
dizendo: “O ser humano não existe para o sábado, mas o sábado existe para o ser
humano” (Mc 2,27).
Para um confronto pessoal
1) Como você passa o
Domingo, nosso “Sábado”? Você vai à missa por obrigação para evitar pecado ou
para poder estar com Deus?
2) Jesus conhecia a Bíblia
quase de memória. E eu, o que a Bíblia representa para mim?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO