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segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Quarta-feira da 18ª semana do Tempo Comum

Sta Teresa Benedita da Cruz, virgem e mártir de nossa Ordem
 
1ª Leitura (Num 13,1-2.25—14,1.26-30.34-35):
Naqueles dias, o Senhor disse a Moisés, no deserto de Parã: «Manda alguns homens observar a terra de Canaã, que Eu vou dar aos filhos de Israel. Envia um homem por cada uma das vossas tribos paternas e todos sejam dos principais entre eles». Passados quarenta dias, os homens regressaram, depois de terem observado a terra. Vieram ter com Moisés, Aarão e toda a comunidade dos filhos de Israel, ao deserto de Parã, em Cades. Fizeram-lhes então o seu relato, a eles e a toda a comunidade, e mostraram-lhes os frutos da terra. Eis o que eles contaram: «Entrámos no país ao qual nos enviaste; é de facto uma terra onde corre leite e mel e aqui estão os seus frutos. Mas o povo que o habita é poderoso, as cidades são muito grandes e fortificadas e até lá vimos descendentes de Anac. Os amalecitas ocupam a região do Negueb; os hititas, os jebuseus e os amorreus vivem na serra; e os cananeus habitam junto ao mar e à beira do Jordão». Caleb procurou acalmar o povo, que começava a sublevar-se contra Moisés, e disse: «Subamos e conquistemos aquele país, porque certamente sairemos vencedores». Mas os homens que tinham ido com ele disseram: «Não podemos avançar contra aquele povo, porque é mais forte do que nós». E começaram a dizer mal da terra que tinham ido observar, dizendo aos filhos de Israel: «A terra que fomos observar é um país que devora os seus habitantes e toda a gente que ali vimos são homens de grande estatura. Vimos lá os gigantes os filhos de Anac, descendentes de gigantes. Ao seu lado nós parecíamos gafanhotos e era assim que eles também nos olhavam». Então toda a comunidade de Israel levantou a voz em altos brados e o povo passou aquela noite a chorar. O Senhor falou a Moisés e a Aarão, dizendo: «Até quando esta comunidade perversa continuará a murmurar contra Mim? Eu ouvi as murmurações dos filhos de Israel contra Mim. Vai dizer-lhes: ‘Por minha vida - oráculo do Senhor - Eu vos tratarei segundo as próprias palavras que pronunciastes aos meus ouvidos. Neste deserto cairão os cadáveres de todos vós que fostes recenseados de vinte anos para cima e murmurastes contra Mim. Vós observastes aquela terra durante quarenta dias. A cada dia corresponderá um ano. Pois bem: durante quarenta anos suportareis o peso das vossas faltas e sabereis quanto custa provocar a minha indignação. Fui Eu, o Senhor, que falei. É assim que tratarei esta comunidade perversa, que se amotinou contra Mim. Serão consumidos neste deserto e nele morrerão’».
 
Salmo Responsorial: 105
R. Lembrai-Vos de nós, Senhor, por amor do vosso povo.
 
Pecámos como os nossos pais, fizemos o mal e praticámos a iniquidade. Nossos pais na terra do Egipto não entenderam os vossos prodígios.
 
Depressa esqueceram os seus feitos grandiosos e não confiaram nos seus desígnios. E entregaram-se à orgia no deserto e tentaram a Deus no descampado.
 
Esqueceram a Deus que os salvara, que realizara prodígios no Egipto, maravilhas na terra de Cam, feitos gloriosos no Mar Vermelho.
 
E pensava já em exterminá-los, se Moisés, o seu eleito, não intercedesse junto d’Ele e aplacasse a sua ira para não os destruir.
 
Aleluia. Apareceu entre nós um grande profeta: Deus visitou o seu povo. Aleluia.
 
Evangelho (Mt 15,21-28): Naquele tempo, Jesus foi para a região de Tiro e Sidônia. Uma mulher Cananéia, vinda daquela região, pôs-se a gritar: «Senhor, filho de Davi, tem compaixão de mim: minha filha é cruelmente atormentada por um demônio!». Ele não lhe respondeu palavra alguma. Seus discípulos aproximaram-se e lhe pediram: «Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós». Ele tomou a palavra: «Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel». Mas a mulher veio prostrar-se diante de Jesus e começou a implorar: «Senhor, socorre-me!». Ele lhe disse: «Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos». Ela insistiu: «É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!». Diante disso, Jesus respondeu: «Mulher, grande é tua fé! Como queres, te seja feito!». E a partir daquela hora, sua filha ficou curada.
 
«Mulher, grande é tua fé»
 
Rev. D. Jordi CASTELLET i Sala (Vic, Barcelona, Espanha)
 
Hoje, frequentemente, escutamos expressões como já não existe mais fé, e o dizem pessoas que pedem às nossas comunidades o batismo de seus filhos ou a catequese das crianças ou o sacramento do matrimônio. Essas palavras refletem uma visão negativa do mundo, mostra o convencimento de que em qualquer tempo passado as coisas eram melhores do que agora e que estamos no fim de uma etapa em que não há nada novo a dizer, nem tampouco nada de novo a fazer. Evidentemente são pessoas jovens que, em sua maioria, veem com certa tristeza que o mundo mudou muito, desde o tempo de seus pais, que talvez vivessem uma fé mais popular, a qual eles não se souberam ajustar. Esta experiência os deixa insatisfeitos e sem capacidade de reação quando, na verdade, quem sabe, não estão às portas de uma nova etapa que deveriam aproveitar.
 
Esta passagem do Evangelho chama a nossa atenção para aquela mãe Cananéia que pede uma graça para sua filha, reconhecendo em Jesus o Filho de Davi: «Senhor, filho de Davi, tem compaixão de mim: minha filha é cruelmente atormentada por um demônio!» (Mt 15,22). O Mestre é surpreso: «Mulher, grande é tua fé!», e não pode fazer outra coisa senão atuar em favor daquelas pessoas: «Como queres, te seja feito!» (Mt 15,28), ainda que isto não pareça estar em seus planos. Apesar da realidade humana, a graça de Deus sempre se manifesta.
 
A fé não é patrimônio de uns quantos, nem tampouco é propriedade dos que se creem bons ou dos que o foram, ou de quem tem esta etiqueta social ou eclesial. A ação de Deus precede a ação da Igreja e, o Espírito Santo está atuando já em pessoas que não havíamos suspeitado que nos trouxessem uma mensagem de parte de Deus, uma solicitação em favor dos mais necessitados. Diz São Leão: «Amados meus, a virtude e a sabedoria da fé cristã são o amor a Deus e ao próximo: nada falta a nenhuma obrigação de piedade a quem procura dar culto a Deus e a ajudar a seu irmão».
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«É certo que a verdade foge sempre das mentes que não são humildes» (Santo Agostinho)
 
«O Ser de Deus é o que há de mais verdadeiro: é o eterno, a origem e o fundamento de tudo. E Cristo é a imagem encarnada dessa Verdade» (Bento XVI)
 
«Muitíssimas vezes, nos evangelhos, aparecem pessoas que se dirigem a Jesus chamando-lhe «Senhor». Este título exprime o respeito e a confiança dos que se aproximam de Jesus (...) `É o Senhor!´ (Jo 21, 7)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 448)
 
Reflexão
 
Contexto. O pão dos filhos e a grande fé de uma mulher cananeia é a questão apresentada por esta passagem do capítulo 15 de Mateus, que propõe ao leitor do seu Evangelho um posterior aprofundamento da fé em Cristo. O episódio é precedido por uma iniciativa dos escribas e fariseus chegados de Jerusalém, que causam um encontro de curta duração com Jesus, até que ele se afastou com os seus discípulos para se retirar à região de Tiro e Sidônia.

Enquanto ia pelo caminho, é alcançado por uma mulher que vem de lugares pagãos. Mateus apresenta esta mulher com o nome de "cananeia", que aparece no Antigo Testamento com toda a sua dureza. No livro do Deuteronômio, os habitantes de Canaã são vistos como um povo cheio de pecado e por consequência um povo mau e idólatra.
 
Dinâmica da história. Enquanto Jesus desenvolvia sua atividade na Galileia e está a caminho de Tiro e de Sidônia, uma mulher se aproxima dele e começa a incomodá-lo com um pedido de ajuda para sua filha doente. A mulher aborda Jesus com o título de "filho de Davi", um título que soa estranho na boca de um pagão e poderia se justificar pela extrema necessidade em que vivia aquela mulher. Poderia se pensar que esta mulher já acreditava de alguma forma na pessoa de Jesus como o salvador final, mas se exclui visto que só no v. 28 aparece reconhecido seu ato de fé, precisamente por Jesus.
 
No diálogo com a mulher, parece que Jesus mostra a mesma distância e desconfiança que existia entre o povo de Israel e os pagãos. Por um lado, Jesus manifesta à mulher a prioridade de Israel em relação à salvação, e diante do insistente pedido de sua interlocutora, Jesus parece tomar distância, uma atitude incompreensível para o leitor, mas na intenção de Jesus expressa um alto valor pedagógico. A primeira súplica "Tem misericórdia de mim, Senhor, Filho de Davi", Jesus não responde. À segunda intervenção, desta vez pelos discípulos que o convidam para atender a mulher, apenas expressa uma rejeição que sublinha a distância secular entre o povo escolhido e os povos pagãos (vv. 23b-24). Mas, devido a insistência da mulher que se prostra ante Jesus, segue uma resposta difícil e misteriosa: "Não convém jogar aos cachorrinhos o pão dos filhos" (v. 26). Ela vai além da dureza das palavras de Jesus e apega a um pequeno sinal de esperança: a mulher reconhece que o plano de Deus que Jesus realiza inicialmente afeta o povo escolhido e Jesus pede a observância deste prioridade; a mulher explora esta prioridade, a fim de apresentar um motivo forte para o milagre: “os cachorrinhos ao menos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos” (v. 27). A mulher superou a prova de fé: "Ó mulher, grande é tua fé!" (v. 28); na verdade, à humilde insistência de sua fé, Jesus responde com um gesto de salvação.
 
Este episódio dirige a todo leitor do Evangelho um convite para ter uma atitude de "abertura" para todos, crentes ou não, ou seja, disponibilidade e aceitação sem reserva para qualquer pessoa.
 
Para um confronto pessoal
1. A palavra Deus convida-o a romper seu fechamento e seus esquemas pequenos. Você é capaz de acolher todos os irmãos que vêm até você?
2, Você está ciente de sua pobreza para ser capaz, como a cananeia, de confiar na palavra salvadora de Jesus?

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