Bto
Alano da Bretanha, 5º Prior Geral da nossa Ordem
1ª Leitura (Si 15,16-21): Se quiseres, guardarás os mandamentos: ser fiel depende da tua vontade. Deus pôs diante de ti o fogo e a água: estenderás a mão para o que desejares. Diante do homem estão a vida e a morte: o que ele escolher, isso lhe será dado. Porque é grande a sabedoria do Senhor, Ele é forte e poderoso e vê todas as coisas. Seus olhos estão sobre aqueles que O temem, Ele conhece todas as coisas do homem. Não mandou a ninguém fazer o mal, nem deu licença a ninguém de cometer o pecado.
Salmo Responsorial: 118
R. Ditoso o que anda na lei do Senhor.
Felizes os que seguem o caminho perfeito e andam na lei do Senhor. Felizes os que observam as suas ordens e O procuram de todo o coração.
Promulgastes os vossos preceitos para se cumprirem fielmente. Oxalá meus caminhos sejam firmes na observância dos vossos decretos.
Fazei bem ao vosso servo: viverei e cumprirei a vossa palavra. Abri, Senhor, os meus olhos para ver as maravilhas da vossa lei.
Ensinai-me, Senhor, o caminho dos vossos decretos, para ser fiel até ao fim. Dai-me entendimento para guardar a vossa lei e para a cumprir de todo o coração.
2ª Leitura (1Cor 2,6-10): Irmãos: Nós falamos de sabedoria entre os perfeitos, mas de uma sabedoria que não é deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que vão ser destruídos. Falamos da sabedoria de Deus, misteriosa e oculta, que já antes dos séculos Deus tinha destinado para a nossa glória. Nenhum dos príncipes deste mundo a conheceu; porque se a tivessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória. Mas, como está escrito, «nem os olhos viram, nem os ouvidos escutaram, nem jamais passou pelo pensamento do homem o que Deus preparou para aqueles que O amam». Mas a nós Deus o revelou por meio do Espírito Santo, porque o Espírito Santo penetra todas as coisas, até o que há de mais profundo em Deus.
Aleluia. Bendito sejais, ó
Pai, Senhor do céu e da terra, porque revelastes aos pequeninos os mistérios do
reino. Aleluia.
Evangelho (Mt 5,17-37): Naquele tempo, Jesus disse aos discípulos: «Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para cumprir. Em verdade, eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo aconteça. Portanto, quem desobedecer a um só destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar os outros, será considerado o menor no Reino dos Céus. Porém, quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus. Eu vos digo: Se vossa justiça não for maior que a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus. Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Não matarás! Quem matar deverá responder no tribunal’. Ora, eu vos digo: todo aquele que tratar seu irmão com raiva deverá responder no tribunal; quem disser ao seu irmão ‘imbecil’ deverá responder perante o sinédrio; quem chamar seu irmão de ‘louco’ poderá ser condenado ao fogo do inferno. Portanto, quando estiveres levando a tua oferenda ao altar e ali te lembrares que teu irmão tem algo contra ti, deixa a tua oferenda diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão. Só então, vai apresentar a tua oferenda. Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto ele caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. Em verdade, te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo. Ouvistes que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Ora, eu vos digo: todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela em seu coração. Se teu olho direito te leva à queda, arranca-o e joga para longe de ti! De fato, é melhor perderes um de teus membros do que todo o corpo ser lançado ao inferno. Se a tua mão direita te leva à queda, corta-a e joga-a para longe de ti! De fato, é melhor perderes um de teus membros do que todo o corpo ir para o inferno. “Foi dito também: ‘Quem despedir sua mulher dê-lhe um atestado de divórcio’. Ora, eu vos digo: todo aquele que despedir sua mulher —fora o caso de união ilícita— faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher que foi despedida comete adultério». Ouvistes também que foi dito aos antigos: ‘Não jurarás falso’, mas ‘cumprirás os teus juramentos feitos ao Senhor’. Ora, eu vos digo: não jureis de modo algum, nem pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o apoio dos seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do Grande Rei. Também não jures pela tua cabeça, porque não podes tornar branco ou preto um só fio de cabelo. Seja o vosso sim, sim, e o vosso não, não. O que passa disso vem do Maligno.
«Não penseis que vim abolir a
Lei e os Profetas»
Pe. Givanildo dos SANTOS Ferreira
(Brasília, Brasil)
Hoje, Jesus nos diz: «Vim para
cumprir a Lei» (Mt 5, 17). O que é a Lei? O que são os Profetas? Por Lei e
Profetas, entendem-se dois conjuntos distintos de livros do Antigo Testamento.
A Lei refere-se aos escritos atribuídos a Moisés; os Profetas, como o próprio
nome o indica, são os escritos dos profetas e os livros sapienciais.
No Evangelho de hoje, Jesus
refere-se àquilo que consideramos o resumo do código moral do Antigo
Testamento: os mandamentos da lei de Deus. Segundo o pensamento de Jesus, a Lei
não consiste em princípios meramente externos. Não. A Lei não é uma imposição
vinda de fora. Muito pelo contrário. Na verdade, a Lei de Deus corresponde ao
ideal de perfeição que está radicado no coração de cada homem. Esta é a razão
pela qual o cumpridor dos mandamentos não somente torna-se realizado em suas
aspirações humanas, mas também atinge a perfeição do cristianismo, ou, nas
palavras de Jesus, atinge a perfeição do reino de Deus: «Quem os praticar e
ensinar, será considerado grande no reino dos céus» (Mt 5, 19).
O exemplo de Jesus convida-nos àquela perfeição da vida cristã que realiza com ações o que se prega com palavras.
A Lei e os Profetas
Ir. Adelaide Gonçalves
* No Evangelho de hoje,
Jesus refere-se à lei do Antigo Testamento: os mandamentos de Deus. Segundo o
pensamento de Jesus, a Lei não consiste em princípios meramente externos.
Também não é uma imposição vinda de fora. Na verdade, a Lei de Deus corresponde
ao ideal de perfeição que está radicado no coração de cada homem. Esta é a
razão pela qual aquele que cumpre a lei de Deus se torna realizado nas suas
aspirações humanas e espirituais, assim como na perfeição do cristianismo, como
refere Jesus: «Aquele que os praticar e ensinar, esse será grande no reino dos
céus» (Mt 5, 19).
* A liturgia hodierna
apresenta-nos outra página do Sermão da montanha, que encontramos no Evangelho
de Mateus (cf. 5, 17-37). Neste trecho, Jesus quer ajudar os seus ouvintes a fazer
uma releitura da lei mosaica. O que foi dito na antiga aliança era verdadeiro,
mas não era tudo: Jesus veio para dar cumprimento e para promulgar de forma
definitiva a lei de Deus, até ao último jota (cf. v. 18). Ele manifesta as suas
finalidades originárias e cumpre os seus aspetos autênticos, e faz tudo isto
mediante a sua pregação e mais ainda com o dom de si mesmo na cruz. Assim Jesus
ensina como fazer plenamente a vontade de Deus e usa esta palavra: com uma
“justiça superior” em relação à dos escribas e dos fariseus (cf. v. 20). Uma
justiça animada pelo amor, pela caridade, pela misericórdia, e, portanto, capaz
de realizar a substância dos mandamentos, evitando o risco do formalismo. O
formalismo: isto posso, isto não posso; até aqui posso, até aqui não posso…
Não: mais, mais. (Papa Francisco, Angelus, 12.02.2017)
* Parafraseando o Papa Francisco meditemos com ele sobre os três aspetos espelhados no Evangelho de hoje: o homicídio, o adultério e o juramento.
Relativamente ao mandamento “não matar”, Ele afirma que foi violado não só pelo homicídio efetivo, mas também por aqueles comportamentos que ofendem a dignidade da pessoa humana, inclusive as palavras injuriosas (cf. v. 22). Certamente, estas palavras injuriosas não têm a mesma gravidade e culpabilidade do assassínio, mas no nosso dia a dia, vemos, escutamos e testemunhamos comportamentos abusivos, agressivos e de violência que não podemos mais calar, sejam de que tipos forem são reveladores do mal. Jesus convida-nos a não estabelecer uma classificação das ofensas, mas a considerá-las todas prejudiciais, pois são movidas pelo intento de fazer mal ao próximo. E Jesus dá o exemplo. Insultar: estamos acostumados a insultar, é como dizer “bom dia”. E isto está na mesma linha do homicídio. Quem insulta o irmão, mata no próprio coração o irmão. Por favor, não insulteis! Não ganhamos nada. Rivalizemos pelo amor.
Como é a minha relação com os outros: de respeito, apreço, valorização e amor ou de maledicência, desprezo, murmuração e inimizade?
* Outro cumprimento é relativo à lei matrimonial. O adultério era considerado uma violação do direito de propriedade do homem sobre a mulher. Ao contrário, Jesus vai à raiz do mal. Assim como se chega ao homicídio por meio de injúrias, ofensas e insultos, também se chega ao adultério mediante as intenções de posse em relação a uma mulher que não é a própria esposa. O adultério, como o furto, a corrupção e todos os outros pecados, são concebidos primeiro no nosso íntimo e, depois de o coração ter feito a escolha errada, ganham forma no comportamento concreto. E Jesus diz: quem olha para uma mulher que não é a própria com sentimentos de posse é um adúltero no seu coração, começou o caminho rumo ao adultério. Pensemos um pouco sobre isto: sobre os maus pensamentos que vêm nesta linha.
Como é o meu olhar e pensamento em relação à mulher ou ao homem: é puro ou malicioso? Que tipo de anedotas ou piadas aprecio: as com pimenta as que nos dão um riso honesto e positivo?
* Depois, Jesus diz aos seus discípulos para não jurar, pois o juramento é sinal da insegurança e da duplicidade mediante a qual se desenrolam as relações humanas. Instrumentaliza-se a autoridade de Deus para dar garantia às nossas vicissitudes humanas. Pelo contrário, fomos chamados para instaurar entre nós, nas nossas famílias e nas nossas comunidades um clima de clareza e de confiança recíproca, para que possamos ser considerados sinceros sem recorrer a intervenções superiores a fim de sermos credíveis. A desconfiança e a suspeita recíproca sempre ameaçam a serenidade!
Sou verdadeiro e nas minhas relações, posições e afirmações inspiro confiança? Tenho, por princípio, confiança nos outros e só a ponho em causa depois de os ouvir e conhecer?
* Que a Virgem Maria, mulher da dócil escuta e da obediência jubilosa, nos ajude a aproximar-nos cada vez mais do Evangelho, para sermos cristãos não “de fachada”, mas de substância! E isto é possível com a graça do Espírito Santo, que nos permite fazer tudo com amor, e assim realizar plenamente a vontade de Deus. (Papa Francisco, Angelus, 12.02.2017)
* Que ao longo desta semana cada um de nós releia o texto do Evangelho, e aponte no diário espiritual, o que já é vida, louvor e graça, e sublinhe aquele ponto mais frágil em que cai mais vezes, para, assim, reiniciar uma caminhada de toda uma vida, mas que não se quer descurada da nem descuidada.
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