1ª
Leitura (Heb 7,1-3.15-17): Irmãos: Melquisedec, rei de Salém, sacerdote
do Deus Altíssimo, foi ao encontro de Abraão, quando este regressava vitorioso
do combate contra os reis; ele abençoou Abraão e Abraão deu-lhe o dízimo de
todos os despojos. O seu nome significa em primeiro lugar «rei de justiça», mas
também «rei de Salém», isto é, «rei de paz». Aparece sem pai, nem mãe, nem
genealogia, sem princípio de seus dias, nem fim da sua vida; semelhante ao
Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre. Assim se torna bem evidente que
a perfeição não veio por meio do sacerdócio levítico, uma vez que, à semelhança
de Melquisedec, surge outro sacerdote instituído, não em virtude de uma lei
humana, mas por força de uma vida imortal. É d’Ele que se dá este testemunho:
«Tu és sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedec».
R. O Senhor é sacerdote para sempre.
Disse o Senhor ao meu Senhor: «Senta-te à minha direita, até que Eu faça de teus inimigos escabelo de teus pés.
O Senhor estenderá de Sião o ceptro do teu poder e tu dominarás no meio dos teus inimigos.
A ti pertence a realeza desde o dia em que nasceste nos esplendores da santidade, antes da aurora, como orvalho, Eu te gerei».
O Senhor jurou e não Se arrependerá: «Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec».
Aleluia. Jesus proclamava o
Evangelho do reino e curava todas as doenças entre o povo. Aleluia.
«Em dia de sábado, o que é
permitido: fazer o bem ou fazer o mal, salvar uma vida ou matar?»
Rev. D. Joaquim MESEGUER García (Rubí,
Barcelona, Espanha)
Hoje, Jesus ensina-nos que há de
obrar o bem o tempo todo: não há um tempo para fazer o bem e outro para
descuidar o amor aos demais. O amor que vem de Deus conduz-nos à Lei suprema
que nos deixou Jesus no novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos
amei» Jesus não derroga nem critica a Lei de Moisés, já que Ele mesmo cumpre
seus preceitos e acode à sinagoga o sábado; o que Jesus critica é a interpretação
estreita da Lei que fizeram os mestres e os fariseus, uma interpretação que
deixa pouco lugar à misericórdia.
Jesus Cristo veio proclamar o
Evangelho da salvação, mas seus adversários, longe de deixar-se persuadir,
procuram pretextos contra Ele; «Outra vez, Jesus entrou na sinagoga, e lá
estava um homem com a mão seca. Eles observavam se o curaria num dia de sábado,
a fim de acusá-lo» (Mc 3,1). Ao mesmo tempo que vemos a ação da graça,
constatamos a dureza do coração de uns homens orgulhosos que acreditam ter a
verdade do seu lado. Experimentaram alegria os fariseus ao ver aquele pobre
homem com a saúde restabelecida? Não, pelo contrário, obcecaram-se ainda mais,
até o ponto de fazer acordos com o herodianos —seus inimigos naturais— para ver
perder a Jesus, curiosa aliança!
Com sua ação, Jesus libera também o sábado das cadeias com as que o tinham amarrado os mestres da Lei e os fariseus e, lhe restituem seu verdadeiro sentido: dia de comunhão entre Deus e o homem, dia de liberação da escravidão, dia da salvação das forças do mal. Santo Agostinho disse: «Quem tem a consciência em paz, está tranquilo e, essa mesma tranquilidade é o sábado do coração». Em Jesus Cristo, o sábado abre-se já o dom do domingo.
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Porque a verdade é que n´Ele, que tinha verdadeiro corpo e verdadeira alma de homem, essa afeição [entristecido] não era falsa. Por isso diz-se a verdade quando se afirma que Ele se indignou com ira perante a dureza de coração dos judeus» (Santo Agostinho)
«Outro motivo pelo qual se endurece o coração é o fechar-se sobre si mesmo; construir um mundo sobre si próprio. Estes “narcisistas religiosos”, que têm o coração duro, procuram defender-se com os muros que constroem ao seu redor» (Francisco)
«O Evangelho relata numerosos incidentes em que Jesus é acusado de violar a lei do sábado. Mas Jesus nunca viola a santidade deste dia (cf. Mc 1,21; Jo 9,16). É com autoridade que Ele dá a sua interpretação autêntica desta lei: «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado» (Mc 2, 27) (...)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.173).
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm
* No evangelho de hoje vamos
meditar o último dos cinco conflitos que Marcos colecionou no início do seu
evangelho (Mc 2,1 a 3,6). Os quatro conflitos anteriores foram provocados
pelos adversários de Jesus. Este último é provocado pelo próprio Jesus e revela
a gravidade do conflito entre ele e as autoridades religiosas do seu tempo. É
um conflito de vida e morte. Importa notar a categoria de adversários que
aparece neste último conflito. Trata-se dos fariseus e dos herodianos, ou seja,
das autoridades religiosas e civis. Quando Marcos escreve o seu evangelho nos
anos 70, muitos traziam na lembrança a terrível perseguição dos anos 60, que
Nero moveu contra as comunidades cristãs. Ouvindo agora como o próprio Jesus
tinha sido ameaçado de morte e como ele se comportava no meio destes conflitos
perigosos, os cristãos encontravam uma fonte de coragem e de orientação para
não desanimar na caminhada.
* Jesus na sinagoga em dia de sábado. Jesus entra na sinagoga. Ele tinha o costume de participar das celebrações do povo. Havia ali um homem com a mão atrofiada. Um deficiente físico não podia participar plenamente, pois era considerado impuro. Mesmo presente na comunidade, era marginalizado. Devia manter-se afastado.
* A preocupação dos adversários de Jesus. Os adversários observam para ver se Jesus faz curas em dia de sábado. Querem acusá-lo. O segundo mandamento da Lei de Deus mandava “santificar o sábado”. Era proibido trabalhar nesse dia (Ex 20,8-11). Os fariseus diziam que curar um doente era o mesmo que trabalhar. Por isso ensinavam: “É proibido curar em dia de sábado!” Colocavam a lei acima do bem-estar das pessoas. Jesus os incomodava, porque ele colocava o bem-estar das pessoas acima das normas e das leis. A preocupação dos fariseus e dos herodianos não era o zelo pela lei, mas sim a vontade de acusar e de eliminar Jesus.
* Levanta-te e vem aqui para o meio! Jesus pede duas coisas ao deficiente físico: Levanta-te e vem aqui para o meio! A palavra “levanta-te” é a mesma que as comunidades do tempo de Marcos usavam para dizer “ressuscitar”. O deficiente deve “ressuscitar”, levantar-se, vir para o meio e ocupar o seu lugar no centro da comunidade! Os marginalizados, os excluídos, devem vir para o meio! Não podem ser excluídos. Devem ser incluídos e acolhidos. Devem estar junto com todo mundo! Jesus chamou o excluído para ficar no meio.
* A pergunta de Jesus deixa os outros sem resposta. Jesus pergunta: Em dia de sábado é permitido fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou matá-la? Ele podia ter perguntado: ”Em dia de sábado é permitido curar: sim ou não?” Aí, todos teriam respondido: “Não é permitido!” Mas Jesus mudou a pergunta. Para ele, naquele caso concreto, “curar” era o mesmo que “fazer o bem” ou “salvar uma vida”, e “não curar” era o mesmo que “fazer o mal” ou “matar uma vida”! Com a sua pergunta Jesus colocou o dedo na ferida. Denunciou a proibição de curar em dia de sábado como sendo um sistema de morte. Pergunta sábia! Os adversários ficaram sem resposta.
* Jesus fica indignado diante do fechamento dos adversários. Jesus reage com indignação e tristeza diante da atitude dos fariseus e herodianos. Ele manda o homem estender a mão, e ela ficou curada. Curando o deficiente, Jesus mostrou que ele não estava de acordo com o sistema que colocava a lei acima da vida. Em resposta à ação de Jesus, os fariseus e os herodianos decidem matá-lo. Com esta decisão eles confirmam que são, de fato, defensores de um sistema de morte! Eles não têm medo de matar para defender o sistema contra Jesus que os ataca e critica em nome da vida.
Para um confronto pessoal
1) O deficiente foi chamado para estar no centro da comunidade. Na nossa comunidade, os pobres e os excluídos têm um lugar privilegiado?
2) Você já se confrontou alguma vez com pessoas que, como os herodianos e os fariseus, colocam a lei acima do bem-estar das pessoas? O que você sentiu naquele momento? Deu razão a eles ou os criticou?
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