Sta. Isabel da Trindade, Virgem de nossa Ordem
Bto João Duns Scotus, Presbítero
1ª
Leitura (Tit 2,1-8.11-14): Caríssimo: Ensina o que é conforme à sã
doutrina. Os homens idosos devem ser sóbrios, dignos, ponderados, fortes na fé,
na caridade e na perseverança. De maneira semelhante, as mulheres idosas devem
ter um procedimento digno de pessoas santas: Não devem ser maldizentes nem
dadas ao vinho; pelo contrário, sejam capazes de dar bons conselhos, ensinando
as jovens a amar os seus maridos e filhos e a serem prudentes e honestas,
bondosas, dóceis aos maridos, para que a palavra de Deus não seja
desacreditada. Aconselha igualmente os jovens a serem ponderados em tudo. E
apresenta-te a ti mesmo como exemplo de boas obras, na pureza de doutrina,
dignidade, linguagem sã e irrepreensível, para que os nossos adversários fiquem
confundidos, não tendo nenhum mal a dizer de vós. Na verdade, manifestou-se a
graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens. Ela nos ensina a
renunciar à impiedade e aos desejos mundanos para vivermos, no tempo presente,
com temperança, justiça e piedade, aguardando a ditosa esperança e a
manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo, que se entregou por nós, para nos resgatar de toda a iniquidade e preparar para Si
mesmo um povo purificado, zeloso das boas obras.
Salmo
Responsorial: 36
R. A salvação dos justos vem
do Senhor.
Confia no Senhor e pratica o bem,
possuirás a terra e viverás tranquilo. Põe no Senhor as tuas delícias e Ele
satisfará os anseios do teu coração.
O Senhor conhece os dias dos bons
e a herança deles será eterna. O Senhor consolida os passos do homem e aprova
os seus caminhos.
Afasta-te do mal e pratica o bem
e permanecerás para sempre. Os justos possuirão a terra e nela habitarão para
sempre.
Aleluia. Se alguém Me ama,
guardará a minha palavra, diz o Senhor; meu Pai o amará e faremos nele a nossa
morada. Aleluia.
Evangelho
(Lc 17,7-10): Naquele tempo, o Senhor disse: «Se alguém de vós tem um
servo que trabalha a terra ou cuida dos animais, quando ele volta da roça, lhe
dirá: Vem depressa para a mesa. Não dirá antes: Prepara-me o jantar, arruma-te
e serve-me, enquanto eu como e bebo. Depois disso, tu poderás comer e beber.
Será que o senhor vai agradecer o servo porque fez o que lhe havia mandado.
Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: Somos
simples servos; fizemos o que devíamos fazer».
«Fizemos o que devíamos fazer»
Rev. D. Jaume AYMAR i Ragolta(Badalona,
Barcelona, Espanha)
Hoje, a atenção do Evangelho não
se dirige à atitude do senhor, mas à dos servos. Jesus convida os seus
apóstolos, através do exemplo de uma parábola a considerar a atitude de
serviço: o servo tem que cumprir o seu dever sem esperar recompensa: «Será que
o senhor vai agradecer o servo porque fez o que lhe havia mandado?» (Lc 17,9).
Não obstante, esta não é a única lição do Mestre acerca do serviço. Jesus dirá
mais adiante aos seus discípulos: «Já não vos chamo servos, porque o servo não
sabe o que faz o seu Senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer
tudo o que ouvi de meu Pai.» (Jo 15,15). Os amigos não passam contas. Se os
servos têm que cumprir o seu dever, muito mais os apóstolos de Jesus, seus
amigos, devemos cumprir com a missão encomendada por Deus, sabendo que o nosso
trabalho não merece nenhuma recompensa, porque o fazemos por gosto e porque
tudo quanto temos e somos é um dom de Deus.
Para o crente tudo é sinal, para
o que ama tudo é dom. Trabalhar para o Reino de Deus é a nossa recompensa; por
isso não devemos dizer com tristeza nem desânimo: «Somos simples servos;
fizemos o que devíamos fazer» (Lc 17,19), mas com a alegria daquele que foi
chamado a transmitir o Evangelho.
Nestes dias temos também presente
a festa de um grande santo, de um grande amigo de Jesus, muito popular na
Catalunha, São Martinho de Tours, que dedicou a sua vida ao serviço do
Evangelho de Cristo. Dele escreveu Suplicio Severo: «Homem extraordinário, que
não foi dobrado pelo trabalho nem vencido pela própria morte, não teve
preferência por nenhuma das partes, não temeu a morte, não recusou a vida!
Levantados os seus olhos e as suas mãos para o céu, seu espírito invicto não
deixava de orar». Na oração, no diálogo com o Amigo, encontramos, efetivamente,
o segredo e a força do nosso serviço.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Quando recordarmos a Consagração
de um templo, pensemos no que São Paulo disse: "Cada um de nós é um templo
do Espírito Santo". Oxalá conservemos a nossa alma bela e limpa, como Lhe
agrada a Deus que sejam os seus templos santos» (Santo Agostinho)
«Hoje, festa da Dedicação da
Basílica de São João de Latrão, recordemos como o Senhor deseja habitar em cada
coração. Mesmo se por acaso nos afastemos Dele, a Nosso Senhor bastão apenas
três dias para reconstruir o Seu templo dentro de nós» (Francisco)
«As Igrejas particulares são
plenamente católicas pela comunhão com uma de entre elas: a Igreja Romana, «que
preside à caridade (...). 0 Senhor fez de Pedro o fundamento visível da sua
Igreja. Deu-lhe as chaves dela. O bispo da Igreja de Roma, sucessor de S.
Pedro, é «a cabeça do colégio dos bispos, vigário de Cristo e pastor da Igreja
universal neste mundo» (Catecismo da Igreja Católica, nº 834 e 936)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje traz
uma parábola que só se encontra no evangelho de Lucas, sem paralelo nos outros
evangelhos. A parábola quer ensinar que nossa vida deve caracterizar-se pela
atitude de serviço. Ela começa com três perguntas e, no fim, Jesus mesmo dá a
resposta.
* Lucas 17,7-9: As três
perguntas de Jesus. Trata-se de três perguntas tiradas da vida de cada dia,
para as quais os ouvintes já adivinhavam a resposta. As perguntas são
formuladas de tal maneira que elas reenviam cada ouvinte a consultar sua
própria experiência e, a partir dela, dar a sua resposta. A primeira pergunta:
“Se alguém de vocês tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais,
por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: Venha depressa para a
mesa?” Todo mundo responderá: “Não!” Segunda pergunta: “Pelo contrário, não vai
dizer ao empregado: Prepare-me o jantar, cinja-se e sirva-me, enquanto eu como
e bebo; depois disso você vai comer e beber?” Todo mundo responderá: “Sim!
Claro!” Terceira pergunta: “Será que vai agradecer ao empregado, porque este
fez o que lhe havia mandado?” Todo mundo responderá: “Não!” Pela maneira de Jesus fazer as perguntas, a
gente já percebe em que direção ele quer orientar nosso pensamento. Ele quer
que sejamos servidores uns dos outros.
* Lucas 17,10: A resposta de
Jesus. No fim, Jesus mesmo tira a conclusão que já estava implícita nas
perguntas: “Assim também vocês: quando tiverem cumprido tudo o que lhes
mandarem fazer, digam: Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos
fazer". Jesus, ele mesmo, deu o exemplo quando disse: “O Filho do homem
não veio para ser servido, mas para servir” (Mc 10,45). O serviço é um tema do
agrado de Lucas. O serviço representa a forma como os pobres do tempo de Jesus,
os anawim, esperavam o Messias: não como Messias glorioso rei, sumo sacerdote
ou juiz, mas como o Servo de Javé, anunciado por Isaías (Is 42,1-9). Maria, a
mãe de Jesus, se apresentou ao anjo: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em
mim segundo a tua palavra!” (Lc 1,38). Em Nazaré, Jesus se apresenta como o
Servo, descrito por Isaías (Lc 4,18-19 e Is 61,1-2). No batismo e no
transfiguração, ele foi confirmado pelo Pai que cita as palavras dirigidas por
Deus ao mesmo Servo (Lc 3,22; 9,35 e Is 42,1). Aos seus seguidores Jesus pede:
“Quem quer ser o primeiro seja o servo de todos” (Mt 20,27). Servos inúteis! É
a definição do cristão. Paulo fala disso aos membros da comunidade de Corinto
quando escreve: “Eu plantei, Apolo regou, mas era Deus que fazia crescer.
Assim, aquele que planta não é nada, e aquele que rega também não é nada: só
Deus é que conta, pois é ele quem faz crescer” (1Cor 1,6-7). Paulo e Apolo nada
são; são apenas instrumentos, “servidores”. O que vale é o próprio Deus, só
Ele! (1Cor 3,7).
* Servir e ser servido.
Aqui, neste texto, o servo serve ao senhor, e não, o senhor ao servo. Mas em
outro texto de Jesus se diz o contrário: “Felizes dos empregados que o senhor
encontra acordados quando chega. Eu garanto a vocês: ele mesmo se cingirá, os
fará sentar à mesa, e, passando, os servirá” (Lc 12,37). Neste texto, é o
senhor que serve ao servo, e não o servo ao senhor. No primeiro texto, Jesus
falava do presente. No segundo texto, Jesus estava falando do futuro. Este
contraste é uma outra maneira para dizer: ganha a vida que está disposto a
perdê-la por amor a Jesus e ao Evangelho (Mt 10,39; 16,25. Quem serve a Deus
nesta vida presente, Deus servirá a ele na vida futura!
Para um confronto pessoal
1) Como defino minha vida?
2) Faça para você as
mesmas três perguntas de Jesus? Será que vivo como um servo inútil?
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