Sta Catarina de Alexandria, Virgem e Mártir
1ª
Leitura (Ap 20,1-4.11-15): Eu, João, vi descer do Céu um Anjo, que tinha
na mão a chave do abismo e uma grande cadeia. Agarrou o Dragão, a antiga
Serpente, que é o Diabo e Satanás, e acorrentou-o pelo espaço de mil anos.
Precipitou-o no abismo, que fechou e selou, para que não seduzisse mais as
nações, até se completarem os mil anos. Depois disto, tem de ser posto em
liberdade por pouco tempo. Vi então uns tronos, sobre os quais estavam sentados
aqueles a quem foi dado o poder de julgar. Vi também as almas dos que tinham
sido decapitados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus, assim
como aqueles que não se tinham prostrado diante do Monstro e da sua imagem, nem
tinham recebido o seu sinal na fronte ou na mão. Eles voltaram à vida e
reinaram com Cristo durante mil anos. Vi depois um grande trono branco e Aquele
que estava nele sentado. Da sua presença fugiram a terra e o céu, sem deixarem
vestígios. Vi também os mortos, grandes e pequenos, de pé diante do trono. E
abriram-se os livros. Abriu-se também um livro, que era o livro da vida. Os
mortos foram julgados segundo as suas obras, conforme o que estava escrito nos
livros. O mar restituiu os mortos que nele estavam, a morte e a sua morada
devolveram os mortos que tinham; e cada um foi julgado segundo as suas obras. A
morte e a sua morada foram lançadas no lago de fogo. Esta é a segunda morte: o
lago de fogo. E quem não estava escrito no livro da vida foi lançado no lago de
fogo. Vi então um novo céu e uma nova terra, porque o primeiro céu e a primeira
terra tinham desaparecido e o mar já não existia. E vi a cidade santa, a nova
Jerusalém, que descia do Céu, da presença de Deus, bela como noiva adornada
para o seu esposo.
Salmo Responsorial: 83
R. Eis a morada de Deus com os homens!
A minha alma suspira ansiosamente pelos átrios do Senhor. O meu ser e a minha carne exultam no Deus vivo.
Até as aves do céu encontram abrigo e as andorinhas um ninho para os seus filhos, junto dos vossos altares, Senhor dos Exércitos, meu Rei e meu Deus.
Felizes os que moram em vossa casa: podem louvar-Vos continuamente. Felizes os que em Vós encontram a sua força, os que caminham para ver a Deus em Sião.
Aleluia. Erguei-vos e levantai
a cabeça, porque a vossa libertação está próxima. Aleluia.
Evangelho (Lc 21,29-33): E Jesus contou-lhes uma parábola: «Olhai a figueira e todas as árvores. Quando começam a brotar, basta olhá-las para saber que o verão está perto. Vós, do mesmo modo, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto. Em verdade vos digo: esta geração não passará antes que tudo aconteça. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão».
«Quando virdes acontecer essas
coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto»
Diácono D. Evaldo PINA FILHO (Brasília,
Brasil)
Hoje nós somos convidados por
Jesus a ver os sinais que se descortinam no nosso tempo e época e a reconhecer
nestes sinais a aproximação do Reino de Deus. O convite é para que repousemos o
nosso olhar na figueira e nas outras árvores— «Olhai a figueira e todas as
árvores» (Lc 21,29)— e para que fixemos nossa atenção naquilo que percebemos
estar acontecendo nelas: «basta olhá-las para saber que o verão está perto» (Lc
21,30). As figueiras começavam a brotar. Os botões começavam a surgir. Não era
apenas a expectativa das flores ou dos frutos viriam a surgir, mas sobretudo o
prenúncio do verão, em que todas as árvores “começam a brotar”.
Segundo o Papa Bento XVI, «a
Palavra de Deus impele-nos a mudar o nosso conceito de realismo». Efetivamente,
«realista é quem conhece o fundamento de tudo no Verbo de Deus». Essa Palavra
viva que nos indica o verão como sinal de proximidade e de exuberância da
luminosidade é a própria Luz: «quando virdes acontecer essas coisas, ficai
sabendo que o Reino de Deus está perto» (Lc 21,31). Neste sentido, «a Palavra
já não é apenas audível, não possui apenas uma voz, agora a Palavra tem um
rosto (...) que podemos ver: Jesus de Nazaré” (Bento XVI).
«O Reino de Deus está perto»
+ Rev. D. Albert TAULÉ i Viñas (Barcelona,
Espanha)
Hoje, Jesus convida-nos a ver
como brota a figueira, símbolo da Igreja que se renova periodicamente graças
àquela força interior que Deus lhe comunica (recordemos a alegoria da videira e
dos ramos, cf. Jo 15): «Olhai a figueira e todas as árvores. Quando começam a
brotar, basta olhá-las para saber que o verão está perto» (Lc 21, 29-30).
O discurso escatológico que lemos
nestes dias, segue um estilo profético que distorce deliberadamente a
cronologia, de maneira que põe no mesmo plano acontecimentos que hão de
acontecer em momentos diversos. O fato de que no fragmento escolhido para a
leitura de hoje tenhamos um âmbito muito reduzido, dá-nos pé para pensar que teríamos
que entender o que se nos diz como algo dirigido a nós, aqui e agora: «esta
geração não passará antes que tudo aconteça» (Lc 21,32). De fato, Origenes
comenta: «Tudo isto pode suceder em cada um de nós; em nós pode ficar destruída
a morte, definitiva inimiga nossa».
O Papa João Paulo II dizia-nos no início do terceiro milênio: «Duc in altum» (cf. Lc 5,4). Às vezes temos a sensação de não fazer nada proveitoso, ou inclusive de retroceder. Mas estas impressões pessimistas procedem de cálculos excessivamente humanos, ou da má imagem que malevolamente difundem de nós alguns meios de comunicação. A realidade escondida, que não faz ruído, é o trabalho constante realizado por todos com a força que nos dá o Espírito Santo.
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje traz as recomendações
finais do Discurso Apocalíptico. Jesus insiste em dois pontos: (1) na
atenção a ser dada aos sinais dos tempos (Lc 21,29-31) e (2) na
esperança, fundada na firmeza da palavra de Jesus, que expulsa o medo e o desespero (Lc
21,32-33).
* Lucas 21,29-31: Olhem a figueira e todas as
árvores. Jesus manda olhar a natureza: "Olhem a figueira e todas as
árvores. Vendo que elas estão dando brotos, vocês logo sabem que o verão está
perto. Vocês também, quando virem acontecer essas coisas, fiquem sabendo que o
Reino de Deus está perto”. Jesus pede
para a gente contemplar os fenômenos da natureza para aprender deles como ler e
interpretar as coisas que estão acontecendo no mundo. O aparecimento de brotos
na figueira é um sinal evidente de que o verão está chegando. Assim, o aparecimento
daqueles sete sinais é uma prova de “que o Reino de Deus está perto!” Fazer
este discernimento não é fácil. Uma pessoa sozinha não dá conta do recado. É
refletindo juntos em comunidade que a luz aparece. E a luz é esta: experimentar
em tudo que acontece um apelo para a gente nunca se fechar no momento presente,
mas manter o horizonte aberto e perceber em tudo que acontece uma seta que
aponta para além dela mesma em direção ao futuro. Mas a hora exata da chegada
do Reino, porém, ninguém sabe. No evangelho de Marcos, Jesus chega a dizer:
"Quanto a esse dia e essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos, nem o
Filho, mas somente o Pai!" (Mc 13,32).
* A vinda do Messias e o fim do mundo. Hoje, muita gente vive preocupado com o fim do mundo. Alguns, baseando-se numa leitura errada e fundamentalista do Apocalipse de João, chegam a calcular a data exata do fim do mundo. No passado, a partir dos “mil anos”, mencionados no Apocalipse (Ap 20,7), se costumava repetir: “De 1000 passou, mas de 2000 não passará!” Por isso, na medida em que o ano 2000 chegava mais perto, muitos ficavam preocupados. Teve até gente que, angustiada com a chegada do fim do mundo, chegou a cometer suicídio. Mas o ano 2000 passou e nada aconteceu. O fim não chegou! A mesma problemática havia nas comunidades cristãs dos primeiros séculos. Elas viviam na expectativa da vinda iminente de Jesus. Jesus viria realizar o Juízo Final para encerrar a história injusta do mundo cá de baixo e inaugurar a nova fase da história, a fase definitiva do Novo Céu e da Nova Terra. Achavam que isto aconteceria dentro de uma ou duas gerações. Muita gente ainda estaria viva quando Jesus fosse aparecer glorioso no céu (1Ts 4,16-17; Mc 9,1). Havia até pessoas que já nem trabalhavam mais, porque achavam que a vinda fosse coisa de poucos dias ou semanas (2Tes 2,1-3; 3,11). Assim pensavam. Mas até hoje, a vinda de Jesus ainda não aconteceu! Como entender esta demora? Nas ruas das cidades, a gente vê pintado nas paredes Jesus voltará! Vem ou não vem? E como será a vinda? Muitas vezes, a afirmação “Jesus voltará” é usada para meter medo nas pessoas e obrigá-las a frequentar uma determinada igreja!
No Novo Testamento a volta de Jesus sempre é motivo de alegria e de paz! Para os explorados e oprimidos, a vinda de Jesus é uma Boa Notícia! Quando vai acontecer esta vinda? Entre os judeus, as opiniões eram variadas. Os saduceus e os herodianos diziam: “Os tempos messiânicos já chegaram!” Achavam que o bem-estar deles durante o governo de Herodes fosse expressão do Reino de Deus. Por isso, não queriam mudança e combatiam a pregação de Jesus que convocava o povo a mudar e a converter-se. Os fariseus diziam: “A chegada do Reino vai depender do nosso esforço na observância da lei!” Os essênios diziam: “O Reino prometido só chegará quando tivermos purificado o país de todas as impurezas”. Entre os cristãos havia a mesma variedade de opiniões. Alguns da comunidade de Tessalônica na Grécia, apoiando-se na pregação de Paulo, diziam: “Jesus vai voltar logo!” (1 Tes 4,13-18; 2 Tes 2,2). Paulo responde que não era tão simples como eles imaginavam. E aos que já não trabalhavam avisa: “Quem não quiser trabalhar não tem direito de comer!” (2Tes 3,10). Provavelmente, eram uns preguiçosos que, na hora do almoço, iam mendigar a comida na casa do vizinho. Outros cristãos eram de opinião que Jesus só voltaria depois que o evangelho fosse anunciado no mundo inteiro (At 1,6-11). E achavam que, quanto maior o esforço de evangelizar, mais rápido viria o fim do mundo. Outros, cansados de esperar, diziam: “Ele não vai voltar nunca! (2 Pd 3,4). Outros, baseando-se em palavras do próprio Jesus, diziam acertadamente: “Ele já está no meio de nós!” (Mt 25,40).
Hoje acontece o mesmo. Tem gente que diz: “Do jeito que está, está bem, tanto na Igreja como na sociedade”. Eles não querem mudança. Outros esperam pela volta imediata de Jesus. Outros acham que Jesus só voltará através do nosso trabalho e anúncio. Para nós, Jesus já está no nosso meio (Mt 28,20). Ele já está do nosso lado na luta pela justiça, pela paz, pela vida. Mas a plenitude ainda não chegou. Por isso, aguardamos com firme esperança a libertação plena da humanidade e da natureza (Rm 8,22-25).
Para um confronto pessoal
1) Jesus pede para olhar a figueira, para contemplar os fenômenos da natureza. Na minha vida já aprendi alguma coisa contemplando a natureza?
2) Jesus disse: “O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras não desaparecerão”. Como encarno estas palavras de Jesus em minha vida?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO