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domingo, 30 de outubro de 2022

Sábado XXXI do Tempo Comum

Beata Francisca de Amboise, viúva e religiosa

1ª Leitura (Flp 4,10-19): Irmãos: Muito me alegrei no Senhor, por ter finalmente reflorescido o vosso interesse por mim. Ele estava vivo entre vós, mas não tínheis tido ocasião de o manifestar. Não é por causa das minhas privações que o digo, pois aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei viver na pobreza e sei viver na abundância. Em todo o tempo e em todas as circunstâncias, tenho aprendido a ter fartura e a passar fome, a viver desafogadamente e a padecer necessidade. Tudo posso n’Aquele que me conforta. No entanto, fizestes bem em tomar parte na minha aflição. Vós bem sabeis, filipenses, que no início da pregação do Evangelho, quando saí da Macedónia, nenhuma Igreja abriu uma conta corrente a meu favor, senão vós. Já quando estava em Tessalônica, me enviastes por duas vezes o que me era necessário. Não é que eu procure dádivas; o que eu procuro é que tireis delas muito fruto. Agora tenho tudo o que me é necessário; e até tenho de sobra. Fiquei bem provido, ao receber de Epafrodito o que me enviastes: é perfume de suave fragrância, sacrifício aceite, agradável a Deus. O meu Deus proverá com abundância a todas as vossas necessidades, segundo a sua riqueza e magnificência, em Cristo Jesus.

Salmo Responsorial: 111
R. Felizes os que esperam no Senhor.

Feliz o homem que teme o Senhor e ama ardentemente os seus preceitos. A sua descendência será poderosa sobre a terra, será abençoada a geração dos justos.

Ditoso o homem que se compadece e empresta e dispõe das suas coisas com justiça. Este jamais será abalado, o justo deixará memória eterna.

O seu coração é inabalável e nada teme, reparte com largueza pelos pobres; a sua generosidade permanece para sempre e pode levantar a sua fronte com dignidade.

Aleluia. Jesus Cristo, sendo rico, fez-Se pobre, para nos enriquecer na sua pobreza. Aleluia.

Evangelho (Lc 16,9-15): Naquele tempo, diz Jesus aos discípulos: «Eu vos digo: usai o Dinheiro, embora iníquo, para fazer amigos. Quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas. Quem é fiel nas pequenas coisas será fiel também nas grandes, e quem é injusto nas pequenas será injusto também nas grandes. Por isso, se não sois fiéis no uso do Dinheiro iníquo, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores. Pois vai odiar a um e amar o outro, ou se apegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro». Os fariseus, amigos do dinheiro, ouviam tudo isso e zombavam de Jesus. Então, ele lhes disse: «Vós gostais de parecer justos diante dos outros, mas Deus conhece vossos corações. Com efeito, o que as pessoas exaltam é detestável para Deus».

«Quem é fiel nas pequenas coisas será fiel também nas grandes»

Rev. D. Joaquim FORTUNY i Vizcarro (Cunit, Tarragona, Espanha)

Hoje Jesus fala outra vez com autoridade: usa «Eu vos digo», que tem força peculiar, de doutrina nova. «Ele quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» (cf. Tim 2,4). Deus quer um povo santo e nos mostra as dicas necessárias para alcançar a santidade e possuir o verdadeiro: a fidelidade nas coisas pequenas, a autenticidade e lembrar que Deus conhece nossos corações.

A fidelidade está ao nosso alcance. Em geral nossos dias transcorrem no que chamamos de normalidade: o mesmo trabalho, as mesmas pessoas, algumas práticas de piedade, a mesma família. Nessas realidades ordinárias devemos crescer como pessoas e em santidade. «Quem é fiel nas pequenas coisas será fiel também nas grandes» (Lc 16,10). É preciso fazer bem as coisas, com boa intenção, com desejo de agradar a Deus, nosso Pai; fazer as coisas com amor, tem muito valor e prepara nos para receber o verdadeiro. São Josemaria expressava: «Viste como ergueram aquele edifício de grandeza imponente? - Um tijolo, e outro. Milhares. Mas um a um. - E sacos de cimento, um a um. E blocos de pedra, que pouco representam na mole do conjunto. - E pedaços de ferro. - E operários que trabalham, dia a dia, as mesmas horas. . . Viste como levantaram aquele edifício de grandeza imponente?... À força de pequenas coisas!»

Examinar nossa consciência cada noite, nos ajudará a viver com retitude de intenção e não esquecer que Deus vê tudo, até os pensamentos mais ocultos, como temos aprendido no catecismo, e que o importante é agradar em todo momento a Deus, nosso Pai, a quem servimos com amor, sabendo que «Ninguém pode servir a dois senhores. Pois vai odiar a um e amar o outro, ou se apegar a um e desprezar o outro» (Lc 16,13). Nunca o esqueçamos: «Só Deus é Deus» (Bento XVI).

«Eu vos digo: usai o Dinheiro, embora iníquo, para fazer amigos»

Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje, rodeados como estamos de um ambiente consumista, Jesus volta a acariciar a nossa consciência para nos persuadir das falsas felicidades. E, não o faz carregando-nos com proibições, porque o caminho da santidade é —primeiro que nada— um convite à felicidade: «Se queres entrar na vida…» (Mt 19,17). O Senhor nos anima a trabalhar, a gerir o "dinheiro" deste mundo com retidão de intenção e afã de serviço.

Somos chamados ao mais alto (à caridade) tratando das coisas da terra em um sentido construtivo. O Criador mandou “dominar a terra”, mas não de qualquer jeito nem a qualquer preço, pois, também, nos pediu, “nos multiplicar” e “encher” a terra (cf. Gn 1,28). Só o amor (o dar-se aos demais) é a verdadeira medida dessa plenitude que Deus nos pede já nesta vida.

Com a expressão «dinheiro injusto» (Lc 16,9) Jesus Cristo se refere as coisas da terra que em si mesmas, sem ser más, não nos fazem justos nem nos preparam para a felicidade eterna. O Mestre nos convida a amar aos demais («fazer amigos») não só através da oração, senão também no dia a dia, com um reto e servicial manejo dos bens terrenais.

A eternidade é longa demais aos “entretenimentos”: quem se diverte neste mundo, sofrerá de tédio na eternidade. Porém, o amor — que sempre aspira a crescer — goza na eternidade. Por isso, devemos de evitar o “encolhimento do coração” ocasionado pelo divertimento com o dinheiro “injusto”.

Hoje como antanho, não faltam pessoas que ouvindo essas coisas seguem se burlando de Jesus (cf. Lc 16,14). Assim, ao Vicário de Cristo o tacham de intransigente, ao mesmo tempo em que se riem dos católicos vendo-nos como ingênuos manipulados por um “ditador”. O serviço do Sucessor de Pedro é uma caricia a nossa consciência para nos defender da ditadura do "führer" de plantão: Chame-se "relativismo”, ou “politicamente correto”... «De Newman aprendemos a compreender o primado do Papa: 'A defesa da lei moral e da consciência é sua ração de ser'» (Bento XVI).

Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Faz muito caso das coisas pequenas» (Beato Pedro Poveda)

«Como toda técnica, o dinheiro não tem um valor neutro, mas que adquire valor segundo a finalidade e as circunstâncias em que se usa» (Francisco)

«Uma teoria que faca do lucro a regra exclusiva e o fim último da atividade económica, é moralmente inaceitável. O apetite desordenado do dinheiro não deixa de produzir os seus efeitos perversos e é uma das causas dos numerosos conflitos que perturbam a ordem social. Um sistema que “sacrifique os direitos fundamentais das pessoas e dos grupos à organização coletiva da produção”, é contrário à dignidade humana. Toda a prática que reduza as pessoas a não serem mais que simples meios com vista ao lucro, escraviza o homem, conduz à idolatria do dinheiro» (Catecismo da Igreja Católica, n° 2.424)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje traz mais algumas palavras de Jesus em torno do usa dos bens. São palavras e frases soltas, das quais não conhecemos o contexto exato em que foram pronunciadas. Foram colocadas aqui por Lucas para formar uma pequena unidade em torno do uso correto dos bens desta vida e para ajudar a entender melhor o sentido da parábola do administrador desonesto (Lc 16,1-8).

* Lucas 16,9: Usar bem o dinheiro injusto. "E eu lhes declaro: Usem o dinheiro injusto para fazer amigos, e assim, quando o dinheiro faltar, os amigos receberão vocês nas moradas eternas”. Outros traduzem “riqueza iníqua”. Para Lucas, dinheiro não é neutro, é injusto, iníquo. No Antigo Testamento, a palavra mais antiga para indicar o pobre (ani) significa empobrecido. Vem do verbo ana, oprimir, rebaixar. Esta afirmação evoca a parábola do administrador desonesto, cuja riqueza era iníqua, injusta. Aqui transparece o contexto das comunidades do tempo de Lucas, isto é, dos anos 80 depois de Cristo. Inicialmente, as comunidades cristãs surgiram entre os pobres (cf. 1Cor 1,26; Gal 2,10). Aos poucos, pessoas mais ricas foram entrando. A entrada dos ricos trouxe consigo problemas que estão registrados nos conselhos dados na carta de Tiago (Tg 2,1-6;5,1-6), na carta de Paulo aos Coríntios (1Cor 11,20-21) e no próprio evangelho de Lucas (Lc 6,24). Estes problemas foram se agravando no fim do primeiro século, como atesta o Apocalipse na sua carta à comunidade de Laodiceia (Ap 3,17-18). As frases de Jesus que Lucas conservou são uma ajuda para clarear e resolver este problema.

* Lucas 16,10-12: Ser fiel no pequeno e no grande. “Quem é fiel nas pequenas coisas, também é fiel nas grandes; e quem é injusto nas pequenas, também é injusto nas grandes. Por isso, se vocês não são fiéis no uso do dinheiro injusto, quem lhes confiará o verdadeiro bem? E se não são fiéis no que é dos outros, quem lhes dará aquilo que é de vocês?” Esta frase clareia a parábola do administrador desonesto. Ele não foi fiel. Por isso, ele foi tirado da administração. Esta palavra de Jesus também traz uma sugestão de como realizar o conselho de fazer amigos com o dinheiro injusto. Hoje acontece algo semelhante. Há pessoas que falam bonito sobre a libertação, mas em casa oprimem a mulher e os filhos. São infiéis nas coisas pequenas. A libertação no macro começa é no micro do pequeno mundo da família, do relacionamento diário entre as pessoas.

* Lucas 16,13: Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro. Jesus é muito claro na sua afirmação: “Ninguém pode servir a dois senhores. Porque, ou odiará a um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro". Cada um, cada uma, terá que fazer uma escolha. Terá que se perguntar: “Quem eu coloco em primeiro lugar na minha vida: Deus ou o dinheiro?” No lugar da palavra dinheiro cada um pode colocar uma outra palavra: carro, emprego, prestígio, bens, casa, imagem, etc. Desta escolha dependerá a compreensão dos conselhos que seguem sobre a Providência Divina (Mt 6,25-34). Não se trata de uma escolha feita só com a cabeça, mas de uma escolha bem concreta de vida que envolve as atitudes.

*  Lucas 16,14-15: Crítica aos fariseus que gostam de dinheiro. “Os fariseus, que são amigos do dinheiro, ouviam tudo isso, e caçoavam de Jesus. Então Jesus disse para eles: Vocês gostam de parecer justos diante dos homens, mas Deus conhece os corações de vocês. De fato, o que é importante para os homens, é detestável para Deus”. Em outra ocasião Jesus mencionou o amor de alguns fariseus ao dinheiro: “Vocês exploram as viúvas, e roubam suas casas e, para disfarçar, fazem longas orações” (Mt 23,14: Lc 20,47; Mc 12,40). Eles se deixavam levar pela sabedoria do mundo, da qual Paulo diz: “Irmãos, vocês que receberam o chamado de Deus, vejam bem quem são vocês. Entre vocês não há muitos intelectuais, nem muitos poderosos, nem muitos de alta sociedade. Mas, Deus escolheu o que é loucura no mundo, para confundir os sábios; e Deus escolheu o que é fraqueza no mundo, para confundir o que é forte. E aquilo que o mundo despreza, acha vil e diz que não tem valor, isso Deus escolheu para destruir o que o mundo pensa que é importante” (1Cor 1,26-28). Alguns fariseus gostavam de dinheiro, como hoje alguns sacerdotes gostam de dinheiro. Vale para eles a advertência de Jesus e de Paulo.

Para um confronto pessoal
1) Você e o dinheiro? Qual a escolha?
2) Fiel no pequeno? Como você fala sobre o evangelho e como vive o evangelho?
 

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