Sta. Teresa de Jesus, virgem e doutora da Igreja
1ª
Leitura (Ef 1,15-23): Irmãos: Tendo ouvido falar da vossa fé no Senhor
Jesus e da vossa caridade para com todos os cristãos, não cesso de dar graças
por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações. O Deus de Nosso Senhor Jesus
Cristo, o Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de revelação
para O conhecerdes plenamente. Ele ilumine os olhos do vosso coração, para
compreenderdes a esperança a que fostes chamados, os tesouros de glória da sua
herança entre os santos e a incomensurável grandeza do seu poder para nós os
crentes. Assim o mostra a eficácia da poderosa força que exerceu em Cristo, que
Ele ressuscitou dos mortos e colocou à sua direita nos Céus, acima de todo o
Principado, Poder, Virtude e Soberania, acima de todo o nome que é pronunciado,
não só neste mundo, mas também no mundo que há de vir. Tudo submeteu aos seus
pés e pô-lo acima de todas as coisas como Cabeça de toda a Igreja, que é o seu
Corpo, a plenitude d’Aquele que preenche tudo em todos.
R. Destes poder ao vosso Filho sobre a obra das vossas mãos.
Como é admirável, Senhor, o vosso nome em toda a terra! A vossa majestade está acima dos céus. Da boca das crianças e meninos de peito sai um louvor que confunde os vossos adversários.
Quando contemplo os céus, obra das vossas mãos, a lua e as estrelas que lá colocastes, que é o homem para que Vos lembreis dele, o filho do homem para dele Vos ocupardes?
Fizestes dele quase um ser divino, de honra e glória o coroastes; destes-lhe poder sobre a obra das vossas mãos, tudo submetestes a seus pés.
Aleluia. O Espírito da verdade dará testemunho de Mim, diz o Senhor, e vós também dareis testemunho. Aleluia.
Evangelho (Lc 12,8-12): Naquele tempo, o Senhor disse aos seus discípulos: Eu vos digo: todo aquele que se declarar por mim diante do povo, o Filho do Homem também se declarará a favor dele diante dos anjos de Deus. Aquele, porém, que me renegar diante do povo será renegado diante dos anjos de Deus. Todo aquele que falar uma palavra contra o Filho do Homem será perdoado. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado. Quando vos conduzirem diante das sinagogas, magistrados e autoridades, não vos preocupeis com os argumentos para vos defender, nem com o que dizer. Pois nessa hora o Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer.
«Aquele que se declarar por
mim diante do povo, o Filho do Homem também se declarará a favor»
P. Alexis MANIRAGABA (Ruhengeri,
Ruanda)
Hoje, o Senhor desperta nossa fé
e esperança nele. Jesus nos antecipa que teremos que comparecer ante o exército
celestial para sermos examinados. E aquele tenha se declarado a favor de Jesus
aderindo à sua missão «também o Filho do homem se declarará por Ele» (Lc 12,8).
Tal confissão pública se realizará em palavras, em atos e durante toda a vida.
Esta interpelação à confissão é
ainda mais necessária e urgente em nossos tempos, nos que há pessoas que não
querem escutar a voz de Deus nem seguir seu caminho de vida. No entanto, a
confissão de nossa fé terá a um forte seguimento. Portanto, não sejamos
confessores nem por medo de um castigo, que será mais severo para os apóstatas,
nem pela abundante recompensa reservada aos fiéis. Nosso testemunho é
necessário e urgente para a vida do mundo, Deus mesmo nos pede, tal como disse
São Juan Crisóstomo: «Deus não se contenta com a fé interior; Ele pede a
confissão exterior e pública, e nos move assim a uma confiança e a um amor
maior».
Nossa confissão é sustentada pela força e pela garantia de seu Espírito que está ativo dentro de nós e que nos defende. O reconhecimento de Jesus Cristo ante seus anjos é de vital importância já que este feito nos permitirá vê-lo cara a cara, viver com Ele e ser inundados de sua luz. Ao mesmo tempo, o contrário não será outra coisa que sofrer e perder a vida, ficar privado da luz e despojado de todos os bens. Peçamos, pois, a graça de evitar toda negação nem que seja por medo ao suplício ou por ignorância; pelas heresias, pela fé estéril e pela falta de responsabilidade, ou porque queremos evitar o martírio. Sejamos fortes, o Espírito Santo está conosco! E «com o Espírito Santo está sempre Maria (…) e Ela tem feito possível a explosão missionária produzida em Pentecostes» (Papa Francisco).
«O Espírito Santo vos ensinará
o que deveis dizer»
+ Rev. D. Albert TAULÉ i Viñas (Barcelona,
Espanha)
Hoje ressoam outra vez as
palavras de Jesus convidando-nos a reconhecê-lo diante dos homens. Todo aquele
que se declarar por mim diante do povo, o Filho do Homem também se declarará a
favor dele diante dos anjos de Deus (Lc 12,8). Estamos num tempo, em que na
vida pública reivindica-se a laicidade, obrigando os crentes a manifestar sua
fé somente no âmbito privado. Quando um cristã, um presbítero, um bispo, o
Papa..., diz alguma coisa publicamente, porém seja cheia de sentido comum,
incomoda, somente porque vem de quem vem, como se nós, não tivéssemos direito -
como todo o mundo! - a dizer o que pensamos. Por mais que lhes incomode, não
podemos deixar de anunciar o Evangelho. Igualmente, o Espírito Santo vos
ensinará o que deveis dizer (Lc 12,12). São Cirilo de Jerusalém, afirmava que o
Espírito Santo, que habita em aqueles que estão bem-dispostos, inspira-lhes
como doutor aquilo que vão dizer.
As agressões que fazem aos cristãs, têm uma gravidade diferente, já que não é o mesmo falar mal de um membro da Igreja (às vezes com razão, por causa de nossas deficiências), que agredir a Jesus Cristo (se o veem somente em sua dimensão humana), ou injuriar ao Espírito Santo, já seja blasfemando, já seja negando a existência e os atributos de Deus.
Também se refere ao perdão da ofensa, até mesmo quando o pecado é leve, é preciso uma atitude prévia que é o arrependimento. Se não houver arrependimento, o perdão é inviável, já que a ponte está quebrada por um lado. Por isso, Jesus diz que existem pecados que nem Deus perdoará, se não existe por parte do pecador a atitude humilde de reconhecer seu pecado (cf. Lc 12,10).
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«A impenitência é blasfêmia contra o Espírito, que não se perdoa neste mundo nem no outro, porque a penitência alcança o perdão nesta vida, que vale para a outra» (Santo Agostinho)
«A Igreja precisa dos santos de cada dia, os da vida ordinária. Eles são as testemunhas que levam a Igreja adiante, e o demonstram com a coerência de vida e com a força do Espírito Santo que receberam como dom” (Francisco)
«(…) Não há limites para a misericórdia de Deus, mas quem recusa deliberadamente receber a misericórdia de Deus, pelo arrependimento, rejeita o perdão dos seus pecados e a salvação oferecida pelo Espírito Santo. Tal endurecimento pode levar à impenitência final e à perdição eterna» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1864)
Reflexão
• O contexto. No capítulo
11, que precede a nossa história, Lucas, no caminho de Jesus para Jerusalém,
mostra a sua intenção de revelar as profundezas do agir misericordioso de Deus
e, ao mesmo tempo, a profunda miséria que se encontra no coração do homem, e
particularmente nos que têm a missão de ser testemunhas da Palavra e da ação do
Espírito Santo no mundo. Jesus apresenta esses fatos com uma série de reflexões
que surtem efeito no leitor: ser atraído pela força da sua Palavra até o ponto
de sentir-se julgado e despojado dentro das pretensões de grandeza que
perturbam o homem (9,46 ). Além disso o leitor se identifica com várias
atitudes que o ensinamento de Jesus suscita: antes de tudo se reconhece no
discípulo no seguimento a Jesus e no envio diante dele como mensageiro do
reino; no que tem dúvidas para segui-lo; no fariseu ou o doutor da lei,
escravos de suas próprias interpretações e estilo de vida. Em síntese, o
percurso do leitor pelo capítulo 11 é caracterizado deste encontro com o
ensinamento de Jesus que revela a intimidade de Deus, o coração misericordioso
de Deus, mas também a verdade do seu ser como homem. No entanto, no capítulo 12
Jesus contrapõe ao juízo pervertido do homem a benevolência de Deus, que dá
sempre de modo superabundante. Está em jogo a vida do homem. Deve-se prestar
atenção à perversão do julgamento humano, ou melhor, à hipocrisia que distorce
os valores para promover apenas o seu próprio interesse e vantagens, em vez de
ter um interesse na vida, aquela que é recebida de graça. A palavra de Jesus
lança ao leitor um apelo sobre como lidar com a questão da vida: o homem será
julgado por seu comportamento diante das ameaças. É necessário preocupar-se não
tanto com os homens que podem "matar o corpo", mas ter no coração o
temor de Deus que julga e corrige. Jesus não promete a seus discípulos que
serão protegidos das ameaças e perseguições, mas lhes assegura a ajuda de Deus
nos momentos de dificuldade.
• Saber reconhecer Jesus. O compromisso corajoso em reconhecer publicamente a amizade com Jesus comporta como consequência a comunhão pessoal com ele quando ele vier para julgar o mundo. Ao mesmo tempo, "aquele que me nega", o que tem medo de confessar e reconhecer publicamente a Jesus, se condena sozinho. O leitor é convidado a refletir sobre a importância crucial de Jesus na história da salvação: é preciso se decidir estar com Jesus ou contra ele e sua palavra de graça; desta decisão, reconhecer ou negar a Jesus depende a nossa salvação. Lucas evidencia que a comunhão oferecida por Jesus no tempo presente aos seus discípulos será confirmada e alcançará a perfeição no momento de sua vinda na glória (“quando vier na sua glória, na do Pai e dos santos anjos”: 9,26) . O apelo às comunidades cristãs é muito evidente: mas se se é exposto às hostilidades do mundo, é indispensável dar um testemunho corajoso de Jesus, de comunhão com Ele e não se envergonhar de ser e se mostrar cristão.
• A blasfêmia contra o Espírito Santo. Blasfemar é aqui entendido por Lucas como o falar ofensivo ou falar contra. Este verbo foi aplicado a Jesus quando em 5,21 ele tinha perdoado os pecados. A questão levantada nesta passagem pode apresentar alguma dificuldade para o leitor: é menos grave blasfêmia contra o Filho do homem do que a contra o Espírito Santo? A linguagem de Jesus pode parecer um pouco forte para o leitor do Evangelho de Lucas: ao longo do evangelho vê-se Jesus mostrando a atitude de Deus que vai em busca do pecador, que é exigente, mas que sabe esperar o momento do retorno a Ele ou o amadurecimento do pecador. Em Marcos e Mateus, a blasfêmia contra o Espírito Santo é a falta de reconhecimento do poder de Deus nos exorcismos de Jesus. Mas em Lucas mais precisamente significa a rejeição consciente e livre de Espírito profético que atua nas obras e ensinamento de Jesus, ou seja, a rejeição ao encontro com o agir misericordioso e salvífico do Pai. A falta de reconhecimento da origem divina da missão de Jesus, a ofensa direta à pessoa de Jesus, podem ser perdoadas, mas aquele que nega o Espírito Santo trabalhando na missão de Jesus não será perdoado. Não se trata da oposição entre a pessoa de Jesus e do Espírito Santo, ou dum contraste ou símbolo de dois períodos distintos da história, o de Jesus e da comunidade pós-pascal, mas em última análise, o evangelista trata de demonstrar que negar a pessoa de Cristo equivale a blasfemar contra o Espírito Santo.
Para um confronto pessoal
1) Você está ciente de que de ser cristão comporta dificuldades, perigos e riscos, a ponto de arriscar a própria vida para testemunhar a amizade pessoal com Jesus?
2) Você se vergonha de ser cristão? Você prefere o julgamento dos homens, sua aprovação, ou o fato de não perder sua amizade com Cristo?
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