Santa
Maria Rainha
1ª
Leitura (2Tes 1,1-5.11b-12): Paulo, Silvano e Timóteo à Igreja dos
Tessalonicenses, que está em Deus, nosso Pai, e no Senhor Jesus Cristo: A graça
e a paz vos sejam dadas da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo. Devemos
dar contínuas graças a Deus por vós, irmãos, como é justo, porque a vossa fé
faz grandes progressos e o amor de uns pelos outros vai aumentando em todos
vós. Assim nós mesmos nos gloriamos de vós nas Igrejas de Deus, por causa da
vossa perseverança e da vossa fé, no meio de todas as perseguições e
tribulações que suportais. Elas são um sinal do justo juízo de Deus, que quer
tornar-vos dignos do seu reino, pelo qual sofreis. O nosso Deus vos considere
dignos do seu chamamento e, pelo seu poder, se realizem todos os vossos bons
propósitos e se confirme o trabalho da vossa fé. Assim o nome de Nosso Senhor
Jesus Cristo será glorificado em vós, e vós n’Ele, segundo a graça do nosso
Deus e do Senhor Jesus Cristo.
R. Anunciai em todos os povos as maravilhas do Senhor.
Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor, terra inteira, cantai ao Senhor, bendizei o seu nome.
Anunciai dia a dia a sua salvação, publicai entre as nações a sua glória, em todos os povos as suas maravilhas.
O Senhor é grande e digno de louvor, os deuses dos gentios não passam de ídolos, foi o Senhor quem fez os céus.
Aleluia. As minhas ovelhas
escutam a minha voz, diz o Senhor; Eu conheço as minhas ovelhas e elas
seguem-Me. Aleluia.
«Ai de vós, escribas e
fariseus hipócritas! Fechais aos outros o Reino dos Céus»
P. Marc VAILLOT (Paris, França)
Hoje, uma vez mais, o Evangelho
mostra como a bondade de Deus que vela por nossa felicidade se transforma.
Indica-nos claramente quais são as fontes: a verdade, o bem, a retidão, a
justiça, o amor… e todas as virtudes. Avisa-nos também para que não caiamos nas
armadilhas —excessos, luxúrias, decepções, em uma palavra, pecados - isso nos
impediria de alcançar tal felicidade.
Jesus utiliza sua divina
autoridade para nos mostrar claramente o carácter absoluto do bem, que devemos
perseguir, e o do mal, que devemos evitar a todo custo. Daí, sua viva e amável
exortação a respeitar a carta magna da vida cristã: as boas-venturanças, vias
que dão o acesso à Felicidade. Paralelamente, encontramos o tom ameaçador
utilizado no Evangelho de hoje: as Maldições daqueles atos destruidores que
sempre devem ser evitados. O mesmo Coração sagrado, o mesmo Amor é o que dita
as Boas aventuranças (cf. Mt 5,1 ss) e as Maldições.
É muito importante entender que são tão importantes tanto uns como outros para quem quiser se salvar: «Bem-aventurados» os pobres; os corações sedentos de justiças; as almas misericordiosas… «Ai de vocês!»… quando escandaliza aos outros; quando ensina e não o põe em prática; quando corrompe a doutrina sã; quando desvia aos outros do caminho reto…
Jesus completa com firmeza: quanto maior seja sua responsabilidade ante os outros, mais forte será a maldição que recairá sobre vocês. Nosso Senhor, nesta passagem está se dirigindo aos notáveis: «Ai de vocês, escribas e fariseus hipócritas!» (Mt 23,13 ss).
Apliquemos a nossas vidas este ensinamento divino. Nossas boas e nossas más ações têm sempre um duplo impacto: um, que recai sobre nós mesmos, pois cada ação nos melhora ou nos assola.; o outro, considerando nossa situação de adultos, pais, mestres, responsáveis sob qualquer aspecto, cada um de nossos atos pode ter repercussões, boas ou más, insuspeitáveis: «A vida não é tempo que passa, senão tempo de encontro» (Francisco).
E teremos que prestar contas disso ao amor de Deus!
«Ai de vós, escribas e
fariseus hipócritas! Fechais aos outros o Reino dos Céus»
P. Raimondo M. SORGIA Mannai OP (San
Domenico de Fiesole, Florença, Itália)
Hoje, o Senhor nos quer iluminar
sobre um conceito que em si mesmo é elementar, mas que poucos chegam
aprofundar: guiar para o desastre não é guiar à vida, senão à morte. Quem
ensina morrer ou matar aos demais não é um mestre da vida, senão um
“assassino”.
O Senhor hoje está —diríamos— de
mau-humor, está justamente enfadado com os guias que extraviam ao próximo e lhe
tiram o gosto de viver e, finalmente, a vida: «Ai de vós, escribas e fariseus
hipócritas! Percorreis o mar e a terra para converter alguém, e quando o
conseguis, o tornais merecedor do inferno, duas vezes mais do que vós» (Mt
23,15).
Há gente que tenta de verdade
entrar no Reino dos Céus, e tirar esta ilusão é uma culpa verdadeiramente
grave. Têm se apoderado das chaves da entrada, mas para eles representam um
“brinquedo”, algo chamativo para ter pendurado no cinturão e nada mais. Os
fariseus perseguem os indivíduos, e “andam a caça” para levá-los a sua própria
convicção religiosa; não à de Deus, senão à própria; com o fim convertê-los não
em filhos de Deus, senão do inferno. O seu orgulho não eleva ao céu, não conduz
à vida, senão à perdição. Que erro tão grave!
«Guias —diz-lhes Jesus— cegos! Filtrais um mosquito e engolis um camelo» (Mt 23,24). Todo está trocado, revolvido; o Senhor repetidamente há tentado destampar as orelhas e desvendar os olhos dos fariseus, mas diz o profeta Zacarias: «Eles, porém, não quiseram escutar: voltaram-me as costas, revoltados, e taparam os ouvidos para nada ouvir» (Zc 7,11). Então, no momento do juízo, o juiz emitirá uma sentença severa: «Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus!» (Mt 7,23). Não é suficiente saber mais: faz falta saber a verdade e ensiná-la com humilde fidelidade. Lembremo-nos do que disse um autêntico mestre da sabedoria, Santo Tomás de Aquino: «Enquanto louvam a sua própria bravura, os soberbos envilecem a excelência da verdade!».
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Formamos um só corpo em Cristo, ricos e pobres, escravos e livres, sãos e doentes; e há apenas uma cabeça da qual tudo deriva: Jesus Cristo. E como acontece com os membros de um único corpo, cada um deve cuidar dos outros e de todos» (São Gregório Nazianzeno)
«Deus —como dom— revelou-nos o seu Santo Nome: devemos guardá-lo na memória, num silêncio de adoração amorosa. No entanto, nenhuma palavra foi tão abusada quanto a palavra "Deus"» (Bento XVI)
«A superstição é o desvio do sentimento religioso e das práticas que ele impõe. Também pode afetar o culto que prestamos ao verdadeiro Deus, por exemplo, quando se atribui uma certa importância mágica a certas práticas, de outra forma, legítimas ou necessárias (...)» (Catecismo da Igreja Católica, n. 2.111)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* Nestes próximos três dias vamos meditar o
discurso que Jesus pronunciou criticando os doutores da lei e os fariseus,
chamando-os de hipócritas. No evangelho de hoje (Mt 23,13-22), Jesus pronuncia
contra eles quatro Ais ou pragas. No de amanhã, mais duas pragas (Mt 23,23-26),
e no evangelho de depois de amanhã, outras duas pragas (Mt 23,27-32). Ao todo
oito Ais ou pragas contra os líderes religiosos da época. São palavras muito
duras. Ao meditá-las, devo pensar não só nos doutores e fariseus do tempo de Jesus,
mas também e sobretudo no hipócrita que existe em mim, em nós, na nossa
família, na comunidade, na nossa igreja, na sociedade de hoje. Vamos olhar no espelho
do texto para descobrir o que existe de errado em nós mesmos.
* Mateus 23,13: O primeiro Ai contra os que
fecham a porta do Reino. “Vocês fecham o Reino do Céu para os homens. Nem
vocês entram, nem deixam entrar aqueles que desejam”. Fecham o Reino como?
Apresentando Deus apenas como juiz severo, deixando pouco espaço para a
misericórdia. Impondo em nome de Deus leis e normas que não têm nada a ver com
os mandamentos de Deus, falsificam a imagem do Reino e matam nos outros o
desejo de servir a Deus e ao Reino. Uma comunidade que se organiza ao redor
deste falso deus “não entra no Reino”, nem é expressão do Reino, e impede que
seus membros entrem no Reino.
* Mateus 23,14: O segundo Ai contra os que usam a religião para se enriquecer. “Vocês exploram as viúvas, e roubam suas casas e, para disfarçar, fazem longas orações! Por isso, vocês vão receber uma condenação mais severa”. Jesus permite aos discípulos viver do evangelho, pois diz que o operário digno do seu salário (Lc 10,7; cf. 1Cor 9,13-14), mas usar a oração e a religião como meio para enriquecer-se, isto é hipocrisia e não revela a Boa Nova de Deus. Transforma a religião num mercado. Jesus expulsou os comerciantes do Templo (Mc 11,15-19) citando os profetas Isaías e Jeremias: “Minha casa é casa de oração para todos os povos e vocês a transformaram num covil de ladrões” (Mc 11,17; cf Is 56,7; Jr 7,11)). Quando o mago Simão quis comprar o dom do Espírito Santo, Pedro o amaldiçoou (At 8,18-24). Simão recebeu a “condenação mais severa” de que Jesus fala no evangelho de hoje.
* Mateus 23,15: O terceiro Ai contra os que fazem proselitismo. “Vocês percorrem o mar e a terra para converter alguém, e quando conseguem, o tornam merecedor do inferno duas vezes mais do que vocês”. Há pessoas que se fazem missionários e anunciam o evangelho não para irradiar a Boa Nova do amor de Deus, mas para atrair as pessoas para o seu grupo ou sua igreja. Certa vez, João proibiu uma pessoa de usar o nome de Jesus porque ela não fazia parte do grupo dele. Jesus respondeu: “Não proíba, pois quem não é contra, é a favor” (Mc 9,39). O documento da Assembleia Plenária dos bispos da América Latina, realizada no mês de maio de 2008, em Aparecida, Brasil, tem como título: “Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida!” Ou seja, o objetivo da missão não é para que os povos se tornem católicos, nem para fazer proselitismo, mas sim para que os povos tenham vida, e vida em abundância.
* Mateus 23,16-22: O quarto Ai contra os que vivem fazendo juramento. “Vocês dizem: 'Se alguém jura pelo Templo, não fica obrigado, mas se alguém jura pelo ouro do Templo, fica obrigado'”. Jesus faz um longo raciocínio para mostrar a incoerência de tantos juramentos que o povo fazia ou que a religião oficial mandava fazer: juramentos pelo ouro do templo ou pela oferenda que está no altar. O ensinamento de Jesus, dado no Sermão da Montanha, é o melhor comentário da mensagem do evangelho de hoje: “Eu, porém, lhes digo: não jurem de modo algum: nem pelo Céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o suporte onde ele apoia os pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. Não jure nem mesmo pela sua própria cabeça, porque você não pode fazer um só fio de cabelo ficar branco ou preto. Diga apenas 'sim', quando é 'sim'; e 'não', quando é 'não'. O que você disser além disso, vem do Maligno." (Mt 5,34-37)
Para um confronto pessoal
1) São quatro Ais ou quatro pragas, quatro motivos para receber uma crítica severa da parte de Jesus. Qual das quatro críticas cabe em mim?
2) Nossa Igreja hoje merece estes Ais da parte de Jesus?
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