São
Bartolomeu dos Mártires, Bispo
São
Francisco Solano, Presbítero
1ª
Leitura (Miq 6:1-4.6-8): Escutai o que diz o Senhor: «Levanta-te, abre
um processo diante das montanhas, ouçam as colinas a tua voz». Escutai,
montanhas, o processo do Senhor; prestai atenção, fundamentos da terra, porque
o Senhor tem um processo contra o seu povo, está em demanda contra Israel: «Meu
povo, que te fiz Eu? Em que te ofendi? Responde-Me. Tirei-te da terra do Egito,
livrei-te da casa de escravidão e enviei à tua frente Moisés, Aarão e Maria». –
Com que me apresentarei diante do Senhor e me inclinarei diante do Deus das
alturas? – Apresentar-me-ei com holocaustos, com novilhos de um ano? Agradarão
ao Senhor milhares de carneiros ou rios de azeite? Oferecerei o meu primogénito
para expiar a minha culpa, o fruto das minhas entranhas para expiar o meu
pecado? Já te foi indicado, ó homem, o que deves fazer, o que o Senhor exige de
ti: praticar a justiça e amar a misericórdia e ser humilde diante do teu Deus.
Salmo Responsorial: 49
R. A quem segue o caminho reto darei a salvação de Deus.
Diz o Senhor: «Reuni os meus fiéis, que selaram a minha aliança com um sacrifício». Os céus proclamam a sua justiça: o próprio Deus vem julgar.
Não é pelos sacrifícios que Eu te repreendo: os teus holocaustos estão sempre na minha presença. Não aceito os novilhos da tua casa nem os cabritos do teu rebanho.
Como falas tanto na minha lei e trazes na boca a minha aliança, tu que detestas os meus ensinamentos e desprezas as minhas palavras.
Fizeste isto e Eu calei-me; pensaste que Eu era como tu. Hei de acusar-te e lançar-te tudo em rosto. Honra-Me quem Me oferece um sacrifício de louvor, a quem segue o caminho reto darei a salvação de Deus.
Aleluia. Se hoje ouvirdes a
voz do Senhor, não fecheis os vossos corações. Aleluia.
Evangelho (Mt 12,38-42): Naquele tempo, alguns escribas e fariseus disseram a Jesus: «Mestre, queremos ver um sinal da tua parte». Ele respondeu-lhes: «Uma geração perversa e adúltera busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal do profeta Jonas. De fato, assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem estará três dias e três noites no seio da terra. No dia do Juízo, os habitantes de Nínive se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão, pois eles mostraram arrependimento com a pregação de Jonas, e aqui está quem é mais do que Jonas. No dia do Juízo, a rainha do Sul se levantará juntamente com esta geração e a condenará; pois ela veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão, e aqui está quem é mais do que Salomão».
«Mestre, queremos ver um sinal
da tua parte»
Pe. Joel PIRES Teixeira (Faro,
Portugal)
Hoje, Jesus é colocado à prova,
por «alguns escribas e fariseus» (Mt 12,38; cf. Mc 10,12), estes sentem-se
ameaçados pela pessoa de Jesus, não por razões de fé, mas sim de poder. Com
medo de perder o seu poder, procuram descredibilizar Jesus, provocando-O. Estes
“alguns”, somos muitas vezes nós, quando procuramos seguir os nossos egoísmos e
interesses individuais; quando olhamos para a Igreja como uma realidade
meramente humana e não como projeto de amor de Deus por e para cada um de nós.
A resposta de Jesus é clara:
«Nenhum sinal lhe será dado» (cf. Mt 12,39), não por ter medo, mas para centrar
e recordar que os “sinais” são relação de comunhão e amor entre Deus e a
humanidade e não de interesses e poderes individuais. Jesus recorda que há
muitos sinais dados por Deus, não é provocando ou chantageando Deus, que se
consegue chegar a Ele.
Jesus é o sinal maior. Neste dia
a Palavra é um convite para que cada um de nós compreenda, com humildade, que
só um coração convertido, voltado para Deus, pode acolher, interpretar e viver
este sinal que é Jesus. A humildade é a realidade que nos aproxima não só de
Deus, mas também da humanidade. Pela humildade reconhecemos as nossas
limitações e virtudes, mas sobretudo vemos os outros como irmãos e Deus como
Pai.
«Mestre, queremos ver um sinal
da tua parte»
+ Rev. D. Lluís ROQUÉ i Roqué (Manresa,
Barcelona, Espanha)
Hoje, no Evangelho, contemplamos
alguns mestres da Lei e fariseus que pretendem que Jesus demonstre a sua origem
divina através de um sinal prodigioso (cf. Mt 12,38). Ele já havia realizado
muitos, mais do que os necessários para provar que não só vinha de Deus, mas
que Ele próprio era Deus. Porém, apesar de tantos milagres que realizara, tal
não fora suficiente: por mais que fizesse, não teriam acreditado.
Jesus, servindo-se de um sinal
prodigioso do Antigo Testamento, anuncia, em tom profético, a sua morte,
sepultura e ressurreição: «De fato, assim como Jonas esteve três dias e três
noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem estará três dias e
três noites no seio da terra» (Mt 12,40), e daí sairá cheio de vida.
O povo de Nínive recuperou a
amizade com Deus, mediante a conversão e a penitência. Também nós, através da
conversão, da penitência e do Batismo, fomos sepultados com Cristo e vivemos
com Ele e por Ele, agora e para sempre, tendo dado um verdadeiro passo pascal:
da morte para a vida, do pecado para a graça. Libertos da escravidão do
demônio, tornamo-nos filhos de Deus. É o grande prodígio, que ilumina a nossa
fé e a esperança de vivermos amando como Deus manda, possuindo Deus Amor em
plenitude.
Grandes prodígios, tanto o da Páscoa de Jesus, como o da nossa através do Batismo. Ninguém os viu, já que Jesus saiu do sepulcro, cheio de vida, e nós saímos do pecado, cheios de vida divina. Assim o cremos e vivemos evitando cair na incredulidade daqueles que querem ver para crer, ou dos que gostariam de ver a Igreja sem a opacidade dos homens que a formam. Que o mistério pascal de Cristo, que tão profundamente repercute em toda a humanidade e em toda a criação, nos baste, pois ele é a causa de tantos “milagres da graça”.
A Virgem Maria confiou na Palavra de Deus, e não teve que correr até ao sepulcro para embalsamar o corpo de seu Filho e para comprovar que o sepulcro estava vazio: ela simplesmente acreditou e “viu”.
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Deus não impediu que a morte separasse a alma do corpo do Filho, de acordo com a ordem necessária da natureza. Mas ele uniu-os novamente através da Ressurreição, para que o próprio Filho pudesse ser o ponto de encontro da morte e da vida» (São Gregório de Nicéia)
«O sinal que Jesus promete é o seu perdão através da Sua morte e da Sua ressurreição. O sinal que Jesus promete é a Sua misericórdia. Assim, o verdadeiro sinal de Jonas é o que nos dá a confiança de sermos salvos pelo sangue de Cristo"» (Francisco)
«O Batismo, cujo sinal original e pleno é a imersão, significa eficazmente a descida ao túmulo, por parte do cristão que morre para o pecado com Cristo, com vista a uma vida nova (...)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 628)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje traz
mais uma discussão entre Jesus e as autoridades religiosas da época. Desta vez
são os doutores da lei e os fariseus que pedem que Jesus faça um sinal para
eles. Jesus já tinha realizado muitos sinais: curou o leproso (Mt 8,1-4), curou
o empregado do centurião (Mt 8,5-13), a sogra de Pedro (Mt 8,14-15), os doentes
e possessos da cidade (Mt 8,16), acalmou a tempestade (Mt 8,23-27), expulsou os
demônios (Mt 8,28-34) e tantos outros milagres. O povo, vendo os sinais
reconheceu em Jesus o Servo de Javé (Mt 8,17; 12,17-21). Mas os doutores e os
fariseus não foram capazes de perceber o significado de tantos sinais que Jesus
já tinha realizado. Eles queriam algo diferente.
* Mateus 12,38: O pedido de
doutores e fariseus por um sinal. Os fariseus chegam e dizem a Jesus:
"Mestre, queremos ver um sinal realizado por ti". Querem que Jesus realize para eles um sinal,
um milagre, para que eles possam examinar e verificar se Jesus é ou não o
enviado por Deus conforme eles o imaginavam e esperavam. Querem prová-lo.
Querem que se Jesus se submeta aos critérios deles, para que possam enquadrá-lo
dentro do esquema do messianismo deles. Não há neles abertura para uma possível
conversão. Não tinham entendido nada de tudo que Jesus tinha feito.
* Mateus 12,41: Aqui está mais do que Jonas. Jesus aponta para o futuro: “Assim como Jonas passou três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem passará três dias e três noites no seio da terra”. Ou seja, o único sinal será a ressurreição de Jesus que se prolongará na ressurreição de seus seguidores. Este é o sinal que, futuramente, vai ser dado aos doutores e fariseus. Eles serão confrontados com o fato de que Jesus, por eles condenado à morte de cruz, será ressuscitado por Deus e continuará ressuscitando de muitas maneiras naqueles que nele acreditarem, por exemplo, ele ressuscitará no testemunho dos apóstolos “pessoas iletradas” que terão a coragem de enfrentar as autoridades anunciando a ressurreição de Jesus (At 4,13). O que converte é o testemunho! Não os milagres. “No dia do julgamento, os homens da cidade de Nínive ficarão de pé contra esta geração, e a condenarão. Porque eles fizeram penitência quando ouviram Jonas pregar”. O povo de Nínive se converteu diante do testemunho da pregação de Jonas e vai denunciar a incredulidade dos doutores e dos fariseus. Pois “aqui está quem é maior do que Jonas”.
* Mateus 12,42: Aqui está mais do que Salomão. A alusão à conversão do povo de Nínive associou e fez lembrar o episódio da Rainha de Sabá: “No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará contra esta geração, e a condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão". Esta evocação quase ocasional do episódio da Rainha de Sabá que reconheceu a sabedoria de Salomão, mostra como se usava a Bíblia naquele tempo. Era por associação. A regra principal da interpretação era esta: “A Bíblia se explica pela Bíblia”. Até hoje, esta é uma das normas mais importantes para a interpretação da Bíblia, sobretudo para a Leitura Orante da Palavra de Deus.
Para um confronto pessoal
1) Converter-se é mudar não só de comportamento moral, mas também de ideias e de modo de pensar. Moralista é quem muda de comportamento, mas mantém seu modo de pensar inalterável. E eu, quem sou?
2) Diante da atual renovação da Igreja, sou fariseu que pede mais um sinal ou sou como o povo que reconhece que este é o caminho que Deus quer?
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