Salmo
Responsorial: 79
R. Mostrai-nos, Senhor, o
vosso rosto e seremos salvos.
Pastor de Israel, escutai, Vós
que estais sentado sobre os Querubins, aparecei. Despertai o vosso poder e
vinde em nosso auxílio.
Deus dos Exércitos, vinde de
novo, olhai dos céus e vede, visitai esta vinha. Protegei a cepa que a vossa
mão direita plantou, o rebento que fortalecestes para Vós.
Aleluia. Está próximo o reino
de Deus: arrependei-vos e acreditai no Evangelho. Aleluia.
Evangelho
(Mt 10,7-15): Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: «No vosso
caminho, proclamai: O Reino dos Céus está próximo. Curai doentes, ressuscitai
mortos, purificai leprosos, expulsai demônios. De graça recebestes, de graça
deveis dar! Não leveis ouro, nem prata, nem dinheiro à cintura; nem sacola para
o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bastão, pois o trabalhador tem
direito a seu sustento. Em qualquer cidade ou povoado em que entrardes,
procurai saber quem ali é digno e permanecei com ele até a vossa partida. Ao
entrardes na casa, saudai-a: se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz;
se ela não for digna, volte para vós a vossa paz. Se alguém não vos receber,
nem escutar vossas palavras, saí daquela casa ou daquela cidade e sacudi a
poeira dos vossos pés. Em verdade, vos digo: no dia do juízo, a terra de Sodoma
e Gomorra receberá uma sentença menos dura do que aquela cidade».
«No vosso caminho, proclamai:
O Reino dos Céus está próximo»
Rev. D. Antonio BORDAS i Belmonte
(L’Ametlla de Mar, Tarragona, Espanha)
Jesus anunciava que «o Reino dos
Céus está próximo» (Mt 10,7). Ele anunciava o reino de Deus, que se fazia
presente entre os homens e mulheres à medida que o bem avançava e o mal
retrocedia.
Jesus quer a salvação do homem
total, seu corpo e seu espírito; mais ainda, perante o enigma que preocupa a
humanidade, que é a morte, Jesus propõe a ressurreição. Quem vive morto pelo
pecado, quando recupera a graça, experimenta uma nova vida. Este é um grande
mistério que começamos a experimentar a partir de nosso baptismo: os cristãos
estamos chamados à ressurreição.
Uma amostra de como o Papa
Francisco procura o bem do homem: «Esta ‘cultura do descarte’ tornou-nos
insensíveis também ao esbanjamento e ao desaproveitamento de alimentos.
Outrora, os nossos avós prestavam muita atenção a não perder nada da comida que
sobejava. A comida que se desaproveita é como se fosse roubada da mesa do
pobre, de quantos têm fome!».
Jesus diz-nos que sejamos sempre
portadores de paz. Quando os sacerdotes levam a Comunhão a um enfermo dizem: «A
paz do Senhor esteja nesta casa!». E a paz de Cristo permanece aí, se houver
pessoas dignas dela. Para receber os dons do reino de Deus é necessário ter boa
disposição interior. Por outro lado, também vemos como muita gente dá desculpas
para não receber o Evangelho.
Temos uma grande responsabilidade
entre os homens: é que, depois de crer, não podemos deixar de anunciar o
Evangelho, porque vivemos dele e queremos que outros também vivam.
«Não leveis nem ouro, nem
prata (...) para o caminho»
Rev. D. David COMPTE i Verdaguer (Manlleu,
Barcelona, Espanha)
Queremos prever até o
imprevisível: em breve estaremos fazendo um seguro para o caso do nosso seguro
falhar. Ou então quando comprarmos uma calça o vendedor nos vai oferecer um
modelo com manchas ou com o desbotado já incluído! O Evangelho de hoje, com a
sua proposta de irmos sem bagagem («Não leveis nem ouro nem prata...»), nos
convida à confiança e à disponibilidade. Mas nos alerta: isto não significa um
descuido nem tampouco improviso. Viver esta realidade só é possível quando
nossa vida está enraizada no fundamental: na pessoa de Cristo. Como dizia o
Papa João Paulo II, «é necessário respeitar um princípio essencial da visão
cristã de vida: a primazia da graça (...). Não se há de esquecer que, sem
Cristo, nada podemos fazer» (cf. Jo 15,5).
Também afirmamos que hoje
proliferam os serviços em domicílio: não cozinhamos mais em casa, agora o arroz
com feijão é feito para você, na sua casa, por outros. Isto é um exemplo de
como a sociedade pretende se organizar prescindindo dos outros. Hoje Jesus nos
diz: «Ide»; saí. Isto quer dizer, preocupe-se com quem está ao seu lado.
Estejamos, portanto, atentos e abertos para as necessidades dos mais próximos.
Férias! Uma paisagem tranquila...
Serão sinônimos de paz? Talvez devêssemos duvidar disto. Às vezes é um descanso
para as angústias interiores, que mais adiante voltarão a despertar. Nós
cristãos sabemos que somos portadores de paz, e mais ainda, que esta paz
impregna todo nosso ser —mesmo quando à nossa volta o ambiente seja hostil— na
medida em que seguirmos de perto a Jesus.
Deixemos que Jesus nos toque,
pela força do Cristo de Hoje! E..., «quem encontrou verdadeiramente a Cristo
não deve guardá-Lo só para si, deve anunciá-Lo» (João Paulo II).
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Os milagres visíveis brilham
para atrair os corações daqueles que os admiram pela fé nas coisas invisíveis,
muito mais admiráveis» (São Gregório Magno)
«Os santos são os que mais podem
nos ajudar a compreender o sentido profundo das Bem-aventuranças» (Francisco)
«(…) É impossível alguém
apropriar-se dos bens espirituais e comportar-se a respeito deles como
proprietário ou dono, pois eles têm a sua fonte em Deus, e só d'Ele se podem
receber gratuitamente» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.121)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* Mateus 10,7: O objetivo da
missão: revelar a presença do Reino. “Vão e anunciem: O Reino do Céu está
próximo”. O objetivo principal é anunciar a proximidade do Reino. Aqui está a
novidade trazida por Jesus. Para os outros judeus ainda faltava muito para o
Reino poder chegar. Só chegaria, depois que eles tivessem realizado a sua
parte. A chegada do Reino dependia do esforço deles. Para os fariseus, por
exemplo, o Reino só chegaria quando a observância da Lei fosse perfeita. Para
os Essênios, quando o país fosse purificado. Jesus pensa diferente. Ele tem
outra maneira de ler os fatos. Ele diz que o prazo já se esgotou (Mc 1,15).
Quando ele diz que o Reino está próximo ou que o Reino chegou, Jesus não quer
dizer que o Reino estava chegando só naquele momento, mas sim que já estava aí,
independentemente do esforço feito pelo povo. Aquilo que todos esperavam, já
estava presente no meio do povo, gratuitamente, mas o povo não o sabia, nem o
percebia (cf. Lc 17,21). Jesus o percebeu! Pois ele lia a realidade com um
olhar diferente. E é esta presença escondida do Reino no meio do povo, que ele
vai revelar e anunciar aos pobres da sua terra (Lc 4,18). Esta é a semente de
mostarda que vai receber a chuva da sua palavra e o calor do seu amor.
* Mateus 10,8: Os sinais da
presença do Reino: acolher os excluídos. Como anunciar a presença do Reino?
Só por meio de palavras e discursos? Não! Os sinais da presença do Reino são
antes de tudo gestos concretos, realizados de graça: “Curem os doentes,
ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês
receberam de graça, deem também de graça”. Isto significa que os discípulos
devem acolher para dentro da comunidade os que dela foram excluídos. Esta
prática solidária critica tanto a religião como a sociedade excludente, e
aponta saídas concretas.
* Mateus 10,9-10: Não levar
nada no caminho. Ao contrário dos outros missionários, os discípulos e as
discípulas de Jesus não podem levar nada: “Não levem nos cintos moedas de ouro,
de prata ou de cobre; nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem
calçados, nem bastão, porque o operário tem direito ao seu alimento”. Isto
significa que devem confiar na hospitalidade do povo. Pois o discípulo que vai
sem nada levando apenas a paz (Mc 10,13), mostra que confia no povo. Acredita
que vai ser acolhido, que vai poder participar da vida e do trabalho do povo do
lugar e que vai poder sobreviver com aquilo que receberá em troca, pois o
operário direito ao seu alimento. Isto significa que os discípulos devem
confiar na partilha Por meio desta prática eles criticam as leis de exclusão e resgatam
os antigos valores da convivência comunitária.
* Mateus 10,11-13: Partilhar a
paz na comunidade. Os discípulos não devem andar de casa em casa, mas devem
procurar uma pessoa de Paz e permanecer nesta casa. Isto é, devem conviver de
maneira estável. Assim, por meio desta nova prática, criticam a cultura de
acumulação que marcava a política do Império Romano, e anunciam um novo modelo
de convivência. Caso todas estas exigências forem preenchidas, os discípulos
podem gritar: O Reino chegou! Anunciar o Reino não consiste, em primeiro lugar,
em ensinar verdades e doutrinas, mas sim em provocar a uma nova maneira
fraterna de viver e de conviver a partir da Boa Nova que Jesus nos trouxe de
que Deus é Pai e Mãe de todos e de todas.
* Mateus 10,14-15: A severidade
da ameaça. Como entender esta ameaça tão severa? É que Jesus não veio
trazer uma coisa totalmente nova. Ele veio resgatar os valores comunitários do
passado: a hospitalidade, a partilha, a comunhão de mesa, a acolhida aos
excluídos. Isto explica a severidade contra os que recusam a mensagem. Pois
eles não recusam algo novo, mas sim o seu próprio passado, a sua própria
cultura e sabedoria! A pedagogia de Jesus tem por objetivo desenterrar a
memória, resgatar a sabedoria do povo, reconstruir a comunidade, renovar a
Aliança, refazer a vida.
Para um confronto pessoal
1) Como realizar hoje a
recomendação de não levar nada no caminho quando se vai em missão?
2) Jesus manda procurar
uma pessoa de paz, para poder viver na casa dela. Quais seria hoje uma pessoa
de paz a quem nos dirigir no anúncio da Boa Nova?
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