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segunda-feira, 13 de junho de 2022

SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO - MÊS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

ORAÇÃO PREPARATÓRIA
Senhor Jesus Cristo, unindo-me à divina intenção com que na terra pelo vosso Coração Sacratíssimo rendestes louvores a Deus e ainda agora os rendeis de contínuo e em todo o mundo no Santíssimo Sacramento da Eucaristia até a consumação dos séculos, eu vos ofereço por este dia inteiro, sem exceção de um instante, à imitação do Sagrado Coração da Bem-aventurada Maria sempre Virgem Imaculada, todas as minhas intenções e pensamentos, todos os meus afetos e desejos, todas as minhas obras e palavras. Amém.

LECTIO DIVINA

1ª Leitura (Gn 14,18-20): Naqueles dias, Melquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho. Era sacerdote do Deus Altíssimo e abençoou Abraão, dizendo: «Abençoado seja Abraão pelo Deus Altíssimo, criador do céu e da terra. Bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou nas tuas mãos os teus inimigos». E Abraão deu-lhe a dízima de tudo.

Salmo Responsorial: 109
R. O Senhor é sacerdote para sempre.

Disse o Senhor ao meu Senhor: «Senta-te à minha direita, até que Eu faça de teus inimigos escabelo de teus pés.

O Senhor estenderá de Sião o cetro do teu poder e tu dominarás no meio dos teus inimigos.

A ti pertence a realeza desde o dia em que nasceste nos esplendores da santidade, antes da aurora, como orvalho, Eu te gerei».

O Senhor jurou e não Se arrependerá: «Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec».

2ª Leitura (1Cor 11,23-26): Irmãos: Eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: o Senhor Jesus, na noite em que ia ser entregue, tomou o pão e, dando graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu Corpo, entregue por vós. Fazei isto em memória de Mim». Do mesmo modo, no fim da ceia, tomou o cálice e disse: «Este cálice é a nova aliança no meu Sangue. Todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de Mim». Na verdade, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que Ele venha».

Aleluia. Eu sou o pão vivo descido do Céu, diz o Senhor. Quem comer deste pão viverá eternamente. Aleluia.

Evangelho (Lc 9,11b-17): Mas as multidões souberam disso e o seguiram. Jesus as acolheu e falava-lhes sobre o Reino de Deus; e curava todos os que precisavam. O dia já estava chegando ao fim, quando os Doze se aproximaram de Jesus e disseram: «Despede a multidão, para que possam ir aos povoados e sítios vizinhos procurar hospedagem e comida, pois estamos num lugar deserto». Mas ele disse: «Dai-lhes vós mesmos de comer». Eles responderam: «Só temos cinco pães e dois peixes — a não ser que fôssemos comprar comida para toda essa gente!». Havia mais ou menos cinco mil homens. Jesus então disse aos discípulos: «Mandai o povo sentar-se em grupos de cinquenta». Os discípulos assim fizeram, e todos se sentaram. Então ele pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, pronunciou sobre eles a bênção, partiu-os e os deu aos discípulos para que os distribuíssem à multidão. Todos comeram e se saciaram. E ainda foram recolhidos doze cestos dos pedaços que sobraram.

«Dai-lhes vós mesmos de comer»

Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje é o maior dia para o coração de um cristão, porque a Igreja, depois de comemorar a Quinta-feira Santa a instituição da Eucaristia, busca agora a exaltação deste augusto Sacramento, tratando de que todos o adoremos ilimitadamente. «Quantum potes, tantum aude...», «atreva-se a tudo o que possas»: este é o convite que nos faz santo Tomás de Aquino em um maravilhoso hino de louvor à Eucaristia. E este convite resume admiravelmente quais devem ser os sentimentos do nosso coração ante a presença real de Jesus Cristo na Eucaristia. Tudo o que possamos fazer é pouco para tentar corresponder a uma entrega tão humilde, tão escondida, tão impressionante. O Criador do céu e da terra se esconde nas espécies sacramentais e nos oferece como alimento de nossas almas. É o pano dos anjos e o alimento dos que estão em caminho. E é um pão que nos dá em abundância, como se distribuiu sem taxa o pão milagrosamente multiplicado por Jesus para evitar o desfalecimento dos que o seguiam: «E todos comeram e ficaram fartos. Do que sobrou recolheram ainda doze cestos de pedaços.» (Lc 9,17).

Ante essa superabundância de amor, deveria ser impossível não ter uma resposta. Um olhar de fé, atento e profundo, a este divino Sacramento, deixa passo necessariamente a uma oração agradecida e a um despertar do coração. São Josemaria acostumava fazer eco em sua prédica das palavras que um ancião e piedoso prelado dirigia aos seus sacerdotes: «Trate-o bem».

Um rápido exame de consciência nos ajudará a advertir que devemos fazer para tratar com mais delicadeza a Jesus Sacramentado: a limpeza de nossa alma —sempre deve estar em estado de graça para recebê-lo—, a correção no modo de vestir —como sinal exterior de amor e reverência—, a frequência com a que nos aproximamos a recebê-lo, quando vamos visitá-lo no Sacrário... Deveriam ser incontáveis os detalhes com o Senhor na Eucaristia. Lutemos por receber e por tratar a Jesus Sacramentado com a pureza, humildade e devoção de sua Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos santos.

“Ele pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, pronunciou sobre eles a bênção”

Diácono Orlando Fernández.

«Alimentou à multidão quando já declinava a tarde, isto é, quando já se acerca o final dos tempos, o quando o Sol de Justiça ia morrer por nós» (São Beda o Venerável)

«O Senhor deseja que todos os seres humanos se alimentem da Eucaristia. Hoje, festa do Corpus Christi, com a processão e a adoração comum da Eucaristia, se chama a atenção para o fato de que Cristo se imolou pela humanidade inteira» (Bento XVI)

«Os milagres da multiplicação dos pães, quando o Senhor disse a benção, partiu e distribuiu os pães pelos seus discípulos para alimentar a multidão, prefiguram a superabundância deste pão único de sua Eucaristia» (Catecismo da Igreja Católica, n° 1335)

No evangelho de hoje, Jesus convida seus discípulos a aplacar a fome daqueles que tinham estado a escutá-lo: “Deem vocês mesmos comida a eles”. Eles, porém, queriam escapar mandando as pessoas ir embora a fim de que se arranjassem como pudessem: “Só temos cinco pães e dois peixes”. O Senhor havia falado e curado muitas pessoas daquela multidão; agora também as alimenta, multiplicando os poucos víveres que alguns trazem consigo.

O evangelista diz-nos que só dispõem de cinco pães e de dois peixes, ou seja, que, no total, são sete os alimentos dos quais, em seguida, sobrarão doze cestos. O uso desses números parece ter um caráter simbólico, visto que o número sete, na Escritura, costuma estar associado à ideia de consumação, cumprimento e perfeição. São exemplos: o dia do repouso, o ano sabático, a duração de algumas festas, a quantidade de animais para o holocausto, alguns símbolos litúrgicos (tabernáculos, trombetas) e as vezes que o salmista louva a Deus estão organizados em torno do número sete (cf. Gn 2.2-3; Êx 20.10; Lv 25.2-6; Nm 28.11; Sl 119.164).

O número doze, por sua vez, associa-se aos propósitos de Deus para Israel: Jacó teve doze filhos (Gn 35.22-27; 42.13,32), as tribos de Israel foram doze (Gn 49.28; Êx 24.4), doze era o número de certos sacrifícios (Nm 7.3), dos pães que se conservavam no lugar mais sagrado do tempo (Lv 24.5); Jesus escolheu como discípulos seus doze pessoas (Mt 10.1ss; 26.14; At 6.2), e a Igreja é descrita com doze atributos (Ap 21.12,14,16,20).

Ter abençoado sete alimentos para que sobrassem, a seguir, doze cestos, põe este acontecimento em relação com as obras realizadas por Deus na história da salvação, dando caráter de saliência divina ao gesto de Jesus. Em todo caso, resta evidente que tal acontecimento deve ter provocado grande impressão nos apóstolos e na comunidade cristã primitiva, uma vez que é o único milagre que se repete em todos os evangelhos (Mt 14.13-21 / Mc 6.30-44 / Lc 9.11-17 / Jo 6.1-12). Ademais, Mateus narra uma segunda multiplicação, com o mesmo sentido (Mt 15.32-38).

A Igreja sempre leu este relato como símbolo da Eucaristia, por isso é proclamado na Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Jesus Cristo. É, de fato, o único milagre que são narrados pelos quatro evangelistas. E isto, sem dúvida, porque os apóstolos descobriram naqueles gestos e palavras de Jesus uma profunda significação litúrgica. O pão, partido e repartido, converteu-se, depois da páscoa, no memorial da Paixão, morte e ressurreição do Senhor, e no sacramento por excelência de nossa redenção, e fundamento da vida da Igreja.

Hoje o evangelho nos convida a colocar-nos na atitude da multidão que escutava Jesus e precisava ser saciada, ou na atitude dos discípulos, que apresentam a necessidade e recebem de Jesus a ordem de dar de comer à multidão. Qualquer que seja a atitude que assumamos, seremos saciados por Jesus se lhe apresentarmos nossa fome e sede. A Eucaristia é o banquete que hoje nos sacia, e nela o próprio Jesus se oferece como comida e bebida.

Reflitamos juntamente com São João Paulo II com a seguinte mensagem: “Elevemos juntos o olhar para Jesus Eucaristia; contemplemo-lo e repitamos juntos estas palavras de São Tomás de Aquino, que manifestam toda a nossa fé e todo o nosso amor: Jesus, adoro-te escondido na Hóstia!

“Numa época marcada por ódios, egoísmos, desejos de falsas felicidades, pela decadência dos costumes, ausência de figuras paternas e maternas, instabilidade em tantas jovens famílias e por numerosas fragilidades e mal-estar dos quais não poucos jovens são vítimas, nós olhamos para ti, Jesus Eucaristia, com renovada esperança. Apesar dos nossos pecados, confiamos na Tua misericórdia divina. A ti repetimos com os discípulos de Emaús: ‘Permanecei conosco Senhor!’

“Nós Te adoramos, Jesus, e agradecemos-te porque na Eucaristia se torna atual o mistério daquela oferenda ao Pai que tu realizaste há dois mil anos com o sacrifício da Cruz; sacrifício que redimiu a humanidade inteira e toda a criação.

“Adoramos-te, Jesus Eucaristia! Adoramos o teu corpo e o teu sangue oferecidos por nós e por todos em remissão dos pecados: o Sacramento da nova e eterna Aliança!

“Enquanto te adoramos, como não pensar nas numerosas coisas que deveríamos fazer para te glorificar? Mas, ao mesmo tempo, não podemos deixar de dar razão a São João da Cruz, que costumava dizer: ‘Aqueles que são muito ativos e que pensam abraçar o mundo com as suas pregações e com as suas obras exteriores recordem-se de que seriam de maior proveito para a Igreja e muito mais aceites por Deus, sem falar do bom exemplo que dariam, se usassem pelo menos metade do tempo para estar com Ele em oração’.

“Ajuda-nos, Jesus, a compreender que para ‘fazer’ na tua Igreja, também no campo tão urgente da nova evangelização, é preciso antes de tudo aprender a ‘ser’, isto é, a estar contigo em adoração, na tua doce companhia. Só de uma íntima comunhão contigo brota a ação apostólica autêntica, eficaz e verdadeira”.

Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1 - Estou consciente de que quando comungo em cada Eucaristia me converto em sacrário vivo? 
2 - Jesus Eucaristia é o centro de minha vida cristã? 
3 - Visito Jesus no Sacramento do altar em um dia diferente do domingo?

“Dai-lhes vós de comer”.

Pe. Joaquim Domingos Luís

Há muitas maneiras de explicar o que é a Eucaristia. Paulo escolhe contar a sua instituição durante a Última Ceia ((1 Cor 11, 23-26); Lucas, porém, escolhe outra: pega num episódio da vida de Jesus – o da multiplicação dos pães – e lê-o na óptica eucarística. Isto é, utiliza-o para dar a entender aos cristãos das suas comunidades o que significa o gesto de partir o pão que eles repetem regularmente, todas as semanas, no dia do Senhor.

O relato da multiplicação de cinco pães e dois peixes por Jesus, segundo Lucas, é o conteúdo do evangelho de hoje. A multidão que segue Cristo arrisca a sua própria segurança e a sua comida só para O ouvir falar do reino de Deus. Jesus vai ao encontro da necessidade da multidão, mas não realiza um simples ato de demagogia. Aquela ceia improvisada converteu-se em sinal do reino que Ele acaba de anunciar, e que, com tanta frequência nas parábolas evangélicas, é comparado a um banquete. O pão é repartido pelos pobres de Deus e os famintos deste mundo, mas na fraternidade e não com filantropia paternalista.

Surpreende que Jesus tenha dito aos Doze: «Dai-lhes vós de comer». Se antes os tinha enviado a partilhar o pão da palavra, agora confia-lhes o pão material. De facto, está a convidá-los a servir e partilhar com os mais pobres a sua própria pobreza, isto é, os cinco pães e os dois peixes que têm. A colaboração dos apóstolos com Jesus no anúncio do reino de Deus e na alimentação da multidão faminta aponta neste sentido: o compromisso eclesial com a libertação humana.

Não está na nossa mão o milagre de multiplicar os pães, mas de partilhar o que é nosso com os outros, multiplicar o pão do amor e do carinho que falta a tantos, e praticar a solidariedade com os mais deserdados. Pôr-se ao lado de quantos necessitam do pão de cada dia quer dizer empenhar-se para que seja realidade no nosso meio tudo quanto o termo «pão» encerra: alimento, habitação, família, trabalho, cultura, liberdade, religião, dignidade pessoal e direitos humanos.

É possível resumir num só gesto toda a vida, toda a obra, toda a pessoa de Jesus? Sim, é possível; e o gesto foi escolhido e realizado por Ele, na vigília da sua paixão. Durante a Última Ceia tomou o pão, partiu-o e disse: este é o meu corpo partido; depois tomou o vinho e disse: este é o meu sangue derramado.

Aos seus discípulos Jesus queria dizer: toda a minha existência foi um dom para as pessoas; para mim não fiquei nem com um instante da minha vida, nem com uma célula do meu corpo, nem com uma gota do meu sangue. Ofereci-me completamente, dei-me completamente.

Jesus quis continuar a estar presente entre os seus discípulos como alimento para ser comido e tornar-se parte de nós mesmos. Comendo o corpo e bebendo o sangue de Cristo, aceitamos o seu convite a que nos identifiquemos com Ele. Dizemos a Deus e à comunidade que queremos formar com Cristo um só corpo, desejamos assimilar o seu gesto de amor e queremos doar a nossa vida aos irmãos, como Ele fez. A Eucaristia não é um alimento que se come em solidão: é pão partido e partilhado entre irmãos.

A Eucaristia torna-me atento a todas as formas de fome dos irmãos: fome de pão, fome de amor, fome de compreensão, fome de perdão e, sobretudo, fome de Deus.

Qual a minha preocupação com os mais necessitados que me rodeiam?

Na primeira carta aos Coríntios, Paulo corrige os abusos do ágape que precedia a Eucaristia na comunidade de Corinto (1 Cor 11, 28-29 – 2ª leitura de hoje).

Não se pode conceber que, por um lado, seja feito o gesto que indica unidade, partilha, igualdade, doação recíproca e, por outro, seja tolerado o perpetuar-se de contrastes, ódios, ciúmes, açambarcamento de bens, prepotência. Uma comunidade que celebra o rito do «partir do pão» nestas condições indignas come e bebe a própria condenação.

A opção dos cristãos pela justiça e pelo amor, ou seja, o trabalho da igualdade, fraternidade e participação, é o compromisso mais sério que temos para uma celebração digna e autêntica da ceia do Senhor.

Neste dia em que celebramos o Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, renovemos e aprofundemos a nossa Fé na Presença Real de Cristo sob as espécies do pão e do vinho consagrados e tomemos a resolução de nos alimentarmos mais d’Ele, na Palavra, na oração e, sobretudo, na Comunhão do Seu Corpo e do Seu Sangue.

Bendizemos-Te, Pai, porque hoje nos convidas por Cristo a sentarmo-nos à mesa da Eucaristia. Dá-nos, Senhor Jesus, fome do pão da vida que és Tu, e sacia-nos abundantemente com o teu corpo imolado por nós. Faz, Senhor, que sejamos generosos em servir os mais pobres e estejamos dispostos a partilhar tudo o que temos com os nossos irmãos mais necessitados, como Tu fizeste.

O sentido duma festa

Pe. Américo no site Domus Iesu

Pelo menos à primeira vista, pode dar a impressão de que não há diferença nenhuma entre a Festa do Corpo de Cristo (também conhecida por Festa do «Corpo de Deus») e a Instituição da Eucaristia por ocasião da Última Ceia (Quinta-Feira Santa). E, com efeito, para sermos rigorosos, há que afirmar que a realidade que se celebra é a mesma: a presença real de Jesus na Eucaristia. De qualquer forma, pode haver nuances que têm por objetivo ajudar-nos a «privilegiar», digamos assim, mais um que outro aspecto.

Assim, pode-se dizer que, na Quinta-Feira Santa, o acento vai claramente para a íntima conexão entre a Eucaristia e a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Privilegia-se, portanto, o aspecto da entrega e do sacrifício. Daí a expressão tão conhecida de «Sacrifício da Missa». Por isso, não é por nada que nesse dia se celebra também a «instituição do sacerdócio». Por seu lado, na Festa do Corpo de Deus, como que se acentua mais a ideia do Pão que nos dá vida, privilegiando, portanto, mais a presença eucarística de Jesus. Daí que se convidem os fiéis, sobretudo neste dia, a adorar a Jesus e, para o efeito, se façam as tradicionais procissões do Corpo de Deus.

A festa como «memória» do sacrifício de Cristo poderia levar a que se pensasse tratar-se apenas de uma recordação e de uma presença desencarnada. Ora, a verdade é que se trata de uma memória que, através dos sinais do pão e do vinho, tomados e partilhados em comunidade, torna presente Cristo na sua realidade de Filho de Deus, que não cessa de se entregar sempre aos homens, para que estes tenham a vida e a tenham em abundância.

* Alguns dados úteis. A Festa do «Corpus Christi» foi instituída por Bula papal de Urbano IV em 1264, de modo a agradecer, de modo visível, a Deus o Sacramento da Eucaristia. Esta festa propagou-se em pouco tempo a todo o mundo católico. E também não foi preciso esperar muito para que fosse proposta como dia santo de guarda, ficando logo marcada para a quinta-feira depois da solenidade da SS. Trindade. A esta celebração está associada a Procissão Eucarística pelas vias públicas.

Pelo que se sabe, terá chegado a Portugal provavelmente já nos finais do século XIII e ficou com a denominação de Festa de Corpo de Deus (naturalmente o corpo de Jesus, o Deus feito homem ou um de nós). Esta devoção popular à Eucaristia tem, pois, lugar 60 dias depois da Páscoa, numa quinta-feira, ficando assim intimamente ligada à Última Ceia, cuja instituição é tradicionalmente colocada na Quinta-Feira Santa.

* Mais que entender, é preciso contemplar. O santo papa Paulo VI, na homilia da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo de 12 de junho de 1977, fazia referência ao facto de que, muitas vezes, as pessoas se habituam de tal maneira às coisas que acabam por não as apreciar. E acrescentava que é, por vezes, o que acontece com os cristãos no caso da Eucaristia. Falta-lhes a capacidade de se maravilharem perante o mistério; enfim, quase poderíamos dizer que lhes falta a capacidade de «se escandalizarem». Isso no sentido positivo do  termo e não como sucedeu aos judeus ao ouvirem as palavras de Jesus: «Esta linguagem é dura. Quem é que a pode entender?» (cf. Jo 6,60).

Quer dizer, estamos de tal maneira habituados às «grandes coisas» (e, no que a nós diz respeito, o mistério da Eucaristia é uma delas) que parece que já não nos dizem nada, ou, por outras palavras, como que se tornaram coisas ordinárias; quase corriqueiras. Nesse sentido, esta solenidade é então uma ótima oportunidade para refletir sobre o assunto e para ver até que ponto muitos cristãos de hoje não se admirariam nada se, por hipótese, a Eucaristia nem sequer existisse.

O cristão que não tenha descoberto a novidade da presença de Jesus na Eucaristia não merece verdadeiramente esse nome. Jesus assumiu no meio de nós a imagem visível do Deus invisível, mas isso não podem ser apenas palavras. É sintomático que Jesus Cristo tenha instituído a Eucaristia antes do seu regresso ao Pai. De alguma forma, Ele quis também dar a entender que esta imagem não devia ser apagada do nosso horizonte. Sim, Ele continua a ser a imagem de Deus, através dos sinais do pão e do vinho; através destes sinais, não nos abandona, mas continua a estar conosco até ao fim do mundo.

* A Eucaristia é o novo maná. O maná, como sabemos, serviu para manter em vida o povo peregrino pelo deserto rumo à Terra Prometida. Mas, como é óbvio, tratava-se de um alimento cuja utilidade era só manter a vida que designamos como perecível. Mas é preciso muito mais do que isso, porque a vida não se reduz à dimensão terrena. Já a primeira leitura nos diz que «nem só de pão vive o homem, mas também de toda a palavra que sai da boca de Deus» (Lc 4,4).

Com muito maior razão, o novo povo de Deus tem necessidade de algo mais do que o pão material para ter a vida. Sendo assim, o pão que é partilhado na mesa eucarística é o único que pode garantir um tipo de vida que dura para sempre. No fundo, através da partilha do pão e do vinho, feitos corpo e sangue do Senhor, é a própria vida de Deus que «encarna» na vida daqueles que se alimentam do próprio Filho de Deus. É o próprio Jesus que, através deste sinal eficaz, continua a viver o mistério da encarnação, digamos assim, na comunidade que se reúne em seu nome.

LADAINHA DO SAGRADO CORAÇÃO

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.

Deus Pai dos Céu, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do mundo, tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo Paráclito, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, Filho do Pai Eterno, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe,...
Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus,...
Coração de Jesus, de majestade infinita,...
Coração de Jesus, templo santo de Deus,...
Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo,...
Coração de Jesus, casa de Deus e porta do céu,...
Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade,...
Coração de Jesus, receptáculo de justiça e amor,...
Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes,...
Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor,...
Coração de Jesus, rei e centro de todos os corações,...
Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da sabedoria e ciência,...
Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade,...
Coração de Jesus, no qual o Pai celeste põe as suas complacências,...
Coração de Jesus, de cuja plenitude nós todos participamos,...
Coração de Jesus, desejo das colinas eternas,...
Coração de Jesus, paciente e misericordioso,...
Coração de Jesus, rico para todos os que vos invocam,...
Coração de Jesus, fonte de vida e santidade,...
Coração de Jesus, propiciação para os nossos pecados,...
Coração de Jesus, saturado de sofrimentos,...
Coração de Jesus, atribulado por causa de nossos crimes,...
Coração de Jesus, feito obediente até a morte,...
Coração de Jesus, atravessado pela lança,...
Coração de Jesus, fonte de toda a consolação,...
Coração de Jesus, nossa vida e ressurreição,...
Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação,...
Coração de Jesus, vítima dos pecadores,...
Coração de Jesus, salvação dos que em vós esperam,...
Coração de Jesus, esperança dos que em vós expiram,...
Coração de Jesus, delícia de todos os Santos,...

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.

V. — Jesus, manso e humilde de coração,
R. — Fazei o nosso coração semelhante ao vosso.

ORAÇÃO
Onipotente e eterno Deus, olhai para o Coração de vosso diletíssimo Filho e para os louvores e satisfações que ele vos tributa em nome dos pecadores, e àqueles que invocam vossa misericórdia, concedei benigno o perdão, em nome do mesmo Jesus Cristo, vosso Filho, que convosco vive e reina juntamente com o Espírito Santo por todos os séculos dos séculos. Amém.

CONSAGRAÇÃO AO CORAÇÃO DE JESUS (composta por Sta. Margarida Maria)
Eu...(nome), dou e consagro ao Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo a minha pessoa e minha vida, minhas ações, penas e dores, não querendo servir-me de parte alguma de meu ser, senão para honrá-lo, amar e glorificar É esta a minha vontade irrevogável - pertencer-lhe e fazer tudo por seu amor, renunciando completamente ao que não for do seu agrado. Eu vos tomo, pois, ó Sagrado Coração, por único objeto de meu amor, protetor de minha vida, segurança da minha salvação, remédio da minha fragilidade e inconstância, reparador de todos os meus defeitos e asilo seguro na hora da morte. Sede, ó Coração de bondade, minha justificação para com Deus, vosso Pai, e afastai de mim os castigos de sua cólera. Ó Coração de amor, ponho em vós toda a minha confiança, pois tudo receio de minha fraqueza e malícia, mas tudo espero da vossa bondade. Destruí em mim tudo o que vos possa desagradar ou resistir. Que o vosso puro amor se grave tão profundamente no meu coração, que eu não possa jamais me esquecer, nem me separar de Vós. Suplico-vos, também, por vossa suma bondade, que o meu nome seja escrito em vós, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e minha glória em viver e morrer convosco, na qualidade de vossa (o) escrava (o). Assim seja.

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