Salmo
Responsorial: 88
R. Senhor, cantarei
eternamente a vossa misericórdia.
Cantarei eternamente as
misericórdias do Senhor e para sempre proclamarei a sua fidelidade. Vós
dissestes: «A bondade está estabelecida para sempre», no céu permanece firme a
vossa fidelidade.
Senhor, os céus proclamam as
vossas maravilhas e a assembleia dos santos a vossa fidelidade. Quem sobre as
nuvens se pode comparar ao Senhor? Quem entre os filhos de Deus será igual ao
Senhor?
Feliz do povo que sabe
aclamar-Vos e caminha, Senhor, à luz do vosso rosto. Todos os dias aclama o
vosso nome e se gloria com a vossa justiça.
Nós pregamos Cristo
crucificado, poder de Deus e sabedoria de Deus.
Evangelho
(Mc 16,15-20): Naquele tempo, Jesus apareceu-se aos onze e disse-lhes:
«Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura! Quem crer e for
batizado será salvo. Quem não crer será condenado. Eis os sinais que
acompanharão aqueles que crerem: expulsarão demônios em meu nome; falarão novas
línguas; se pegarem em serpentes e beberem veneno mortal, não lhes fará mal
algum; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, estes ficarão curados». Depois
de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu e sentou-se à
direita de Deus. Então, os discípulos foram anunciar a Boa Nova por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava
sua palavra pelos sinais que a acompanhavam».
«Ide pelo mundo inteiro e
anunciai a Boa Nova a toda criatura»
Mons. Agustí CORTÉS i Soriano
Bispo de Sant Feliu de Llobregat (Barcelona, Espanha)
No entanto, na festa de São
Marcos, ouvindo o Evangelho e olhando para o evangelizador, só podemos
proclamar com segurança e agradecimento onde está a fonte e em que consiste a
força de nossa palavra.
O evangelizador não fala porque
assim o recomenda um estudo sociológico do momento, nem porque o manda a
“prudência” política, nem porque “ele tem vontade de dizer o que pensa”. A ele
lhe foi imposto uma presença e um mandato, desde fora, sem coação, mas com a
autoridade de quem é digno de toda credibilidade: «E disse-lhes: Ide por todo o
mundo e pregai o Evangelho a toda criatura». (cf. Mc 16,15). Quer dizer, que
evangelizamos por obediência gozosa e confiadamente.
Nossa palavra, por outro lado,
não se apresenta como uma mais no mercado das ideias ou das opiniões, mas que
tem todo o peso das mensagens fortes e definitivas. De sua aceitação ou
rejeição dependem a vida ou a morte; e sua verdade, sua capacidade de
convicção, vem pela via testemunhal, isto é, aparece acreditada pelos signos de
poder em favor dos necessitados. Razão pela qual, é propriamente, uma
“proclamação”, uma declaração pública, feliz, entusiasmada, de um fato decisivo
e salvador.
Por que, então nosso silêncio?
Medo, timidez? Dizia São Justino que «aqueles ignorantes e incapazes de
eloquência, persuadiram pela virtude a todo o gênero humano». O signo o milagre
da virtude é nossa eloquência. Deixemos pelo menos que o Senhor no meio de nós
e conosco realize sua obra: estava «Os discípulos partiram e pregaram por toda
parte. O Senhor cooperava com eles e confirmava a sua palavra com os milagres
que a acompanhavam.» (Mc 16,20).
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Assim como o sol, criatura de
Deus, é um e o mesmo em todo o mundo, também a pregação da verdade brilha em
todos os lugares e ilumina todos aqueles que querem chegar ao conhecimento da
verdade» (Santo Irineu de Lyon)
«Todos somos chamados a ser
escritores vivos do Evangelho, portadores da Boa Nova a cada homem e mulher de hoje»
(Francisco)
«Desde a Ascensão, o plano de
Deus entrou na sua consumação. Estamos na 'última hora' (1Jn 2,18). “O fim da
história chegou para nós e a renovação do mundo já está decidida de forma
irrevogável e até de alguma forma real já antecipada neste mundo. A Igreja, de
fato, e na terra, caracteriza-se pela verdadeira santidade, ainda que
imperfeita” (Concílio Vaticano II). O Reino de Cristo manifesta a sua presença
através dos sinais milagrosos (cf. Mc 16,17-18) que acompanham o seu anúncio
pela Igreja (cf. Mc 16,20)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 670)
Reflexão de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* Marcos 16,14: Os sinais que acompanham o
anúncio da Boa Nova. - Jesus aparece aos onze discípulos e os
repreende por não terem acreditado nas pessoas que o tinham visto ressuscitado.
Não acreditaram em Madalena (Mc 16,11), nem nos dois a caminho do campo (Mc
16,13). Várias vezes, Marcos se refere à resistência dos discípulos em crer no
testemunho daqueles e daquelas que experimentaram a ressurreição de Jesus. Por
que será que Marcos insiste tanto na falta de fé dos discípulos? Provavelmente,
para ensinar duas coisas. Primeiro, que a fé em Jesus passa pela fé nas pessoas
que dão testemunho dele. Segundo, que ninguém deve desanimar quando a descrença
nasce no coração. Até os onze discípulos tiveram dúvidas!
* Marcos 16,15-18: A missão de
anunciar a Boa Nova a toda a criatura. - Depois de ter criticado a falta de
fé dos discípulos, Jesus lhes confere a missão: "Vão pelo mundo inteiro e
anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade. Quem acreditar e for batizado,
será salvo. Quem não acreditar, será condenado”. Aos que tiverem a coragem de
crer na Boa Nova e que são batizados, Jesus promete os seguintes sinais:
expulsarão demônios, falarão línguas novas, pegarão em serpentes e não serão
molestados pelo veneno, imporão as mãos aos doentes e eles ficarão curados.
Isto acontece até hoje:
* expulsar os demônios: é combater o poder do mal que estraga a
vida. A vida de muitas pessoas ficou melhor pelo fato de terem entrado na
comunidade e de terem começado a viver a Boa Nova da presença de Deus em sua
vida.
* falar línguas novas: é começar a comunicar-se com os outros de
maneira nova. Às vezes, encontramos uma pessoa que nunca vimos antes, mas
parece que já a conhecemos há muito tempo. É porque falamos a mesma língua, a
linguagem do amor.
* vencer o veneno: há muita coisa que envenena a convivência.
Muita fofoca que estraga o relacionamento entre as pessoas. Quem vive a
presença de Deus supera as dificuldades e consegue não ser molestado por este
veneno terrível.
* curar doentes: em todo canto, onde aparece uma consciência
mais clara e mais viva da presença de Deus, aparece também um cuidado especial
para com as pessoas excluídas e marginalizadas, sobretudo para com os doentes.
Aquilo que mais favorece a cura é a pessoa sentir-se acolhida e amada.
* Marcos 16,19-20: Através da
comunidade Jesus continua a sua missão. - O mesmo Jesus que viveu na Palestina, e
acolhia os pobres do seu tempo, revelando assim o amor do Pai, este mesmo Jesus
continua vivo no meio de nós, nas nossas comunidades. É através de nós, que ele
quer continuar a sua missão para revelar a Boa Nova do amor de Deus aos pobres.
Até hoje, a ressurreição acontece. Ela nos leva a cantar: "Quem nos
separará, quem vai nos separar, do amor de Cristo, quem nos separará?"
Poder nenhum deste mundo é capaz de neutralizar a força que vem da fé na
ressurreição (Rm 8,35-39). Uma comunidade que quiser ser testemunha da
Ressurreição deve ser sinal de vida, deve lutar contra as forças da morte, para
que o mundo seja um lugar favorável à vida, deve crer que um outro mundo é
possível. Sobretudo aqui na América Latina, onde a vida do povo corre perigo
por causa do sistema de morte que nos foi imposto, as comunidades devem ser uma
prova viva da esperança que vence o mundo, sem medo de ser feliz!
Para confronto pessoal
1. Como estes sinais da
presença de Jesus acontecem na minha vida?
2. Quais são, hoje, os
sinais que mais convencem as pessoas da presença de Jesus no nosso meio?
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