São Francisco de Paola, religioso
Salmo
Responsorial: 7
R. Senhor, meu Deus, em Vós
espero.
Senhor, meu Deus, em Vós me refúgio,
livrai-me de quantos me perseguem e salvai-me. Não me arrebatem como o leão e
me dilacerem sem ter quem me salve.
Julgai-me, Senhor, segundo a
minha justiça, segundo a minha inocência. Acabe a malícia dos ímpios e
confortai o justo, Vós, Deus de justiça, que sondais o íntimo dos corações.
A minha proteção está em Deus,
que salva os homens retos de coração. Deus é o juiz justo, um Deus que pode
castigar todos os dias.
Felizes os que recebem a
palavra de Deus de coração sincero e generoso e produzem fruto pela
perseverança.
Evangelho
(Jo 7,40-53): Ouvindo estas palavras, alguns da multidão afirmavam:
«Verdadeiramente, ele é o profeta!». Outros diziam: «Ele é o Cristo!» Mas
outros discordavam: “O Cristo pode vir da Galileia? Não está na Escritura que o
Cristo será da descendência de Davi e virá de Belém, o povoado de Davi?». Surgiu,
assim, uma divisão entre o povo por causa dele. Alguns queriam prendê-lo, mas
ninguém lhe pôs as mãos. Os guardas então voltaram aos sumos sacerdotes e aos
fariseus, que lhes perguntaram: «Por que não o trouxestes?». Responderam:
«Ninguém jamais falou como este homem». Os fariseus disseram a eles: «Vós
também vos deixastes iludir? Acaso algum dos chefes ou dos fariseus acreditou
nele? Mas essa gente que não conhece a Lei são uns malditos!». Nicodemos,
porém, um dos fariseus, aquele que tinha ido a Jesus anteriormente, disse:
«Será que a nossa Lei julga alguém antes de ouvir ou saber o que ele fez?».
Eles responderam: «Tu também és da Galileia? Examina as Escrituras, e verás que
da Galileia não surge profeta». Depois que cada um voltou para sua casa.
«Ninguém jamais falou como
este homem»
Abbé Fernand ARÉVALO (Bruxelles, Bélgica)
Verdadeiramente, Jesus Cristo é
esse “sinal de contradição” que Simeão havia anunciado a Maria (cf. Lc 2,34).
Jesus não deixava indiferentes aos que lhe escutavam, até o ponto em que nesta
ocasião e em muitas outras «surgiu uma divisão entre o povo por causa dele» (Jo
7,46). A resposta dos guardas, que pretendiam prender o Senhor, centraliza a
questão e nos mostra a força das palavras de Cristo: «Ninguém jamais falou como
este homem» (Jo 7,46). É como dizer: suas palavras são diferentes; não são
palavras ocas, cheias de soberba e falsidade. Ele é a “Verdade” e seu modo de
falar reflete este fato.
E se isto acontecia com relação
aos seus ouvintes, com maior razão suas obras provocavam muitas vezes o
assombro, a admiração; e, também, a crítica, a murmuração, o ódio… Jesus falava
a “linguagem da caridade”: suas obras e palavras manifestavam o profundo amor
que sentia por todos os homens, especialmente pelos mais necessitados.
Hoje como então, os cristãos
somos —temos de ser— “sinal de contradição”, porque não falamos e atuamos como
os demais. Nós, imitando e seguindo a Jesus Cristo, temos de empregar
igualmente “a linguagem da caridade e do carinho”, linguagem necessária que,
definitivamente, todos são capazes de compreender. Como escreveu o Santo Padre
Bento XVI na sua encíclica Deus caritas est, «o amor —caritas— sempre será
necessário, mesmo na sociedade mais justa (…). Quem quer desfazer-se do amor,
prepara-se para se desfazer do homem enquanto homem».
«Ninguém jamais falou como
este homem»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
E não é que o Redentor deseje a
controvérsia e a divisão, e sim que ante Deus não valem as “meias tintas”:
«Quem não está comigo é contra mim; e quem não recolhe comigo, espalha»(Lc
11,23). É inevitável! Diante Dele não há nenhuma postura neutra: ou existe, ou
não existe; é meu Senhor, ou não é meu Senhor. Ninguém pode servir a dois
senhores (cf. Mt 6,24).
João Paulo II considerava que
ante Deus temos que optar. A fé simples que nosso bom Deus nos pede implica uma
opção. Devemos optar porque Ele não que nos impor; veio à Terra de maneira
discreta; morreu humilhado, sem chamar a atenção de sua condição divina (Flp
2,6). É o que expressa maravilhosamente são Tomás de Aquino no Adoro Te devote:
«Na cruz se escondia só a divindade, aqui [na Eucaristia] se esconde também a
humanidade».
Devemos optar! Deus não se impõe;
se oferece. E fica para nós a decisão de optar a favor Dele ou de não fazê-lo.
É uma questão pessoal que cada um —com a ajuda do Espírito Santo— há de se
resolver. De nada servem os milagres, se as disposições do homem não são de
humildade e de simplicidade. Diante dos mesmos fatos, vemos aos judeus
divididos. E é que em questões de amor não se pode dar uma resposta morna, pela
metade: a vocação cristã comporta uma resposta radical, tão radical como foi o
testemunho de entrega e obediência de Cristo na Cruz.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«O Verbo de Deus se fez homem e o
Filho de Deus se fez Filho do homem para que o homem, intimamente unido à
Palavra de Deus, pudesse se tornar filho de Deus por adoção» (Santo Irineu de
Lyon)
«Na raiz do mistério da salvação
está, de fato, a vontade de um Deus misericordioso, que não quer se entregar à
incompreensão, à culpa e à miséria do homem» (Francisco)
«Entre as autoridades religiosas
de Jerusalém, não somente se encontravam o fariseu Nicodemos e o notável José
de Arimateia, discípulos ocultos de Jesus, mas também, durante muito tempo,
houve dissensões a respeito d'Ele ao ponto de, na própria véspera da paixão,
João poder dizer deles que ‘um bom número acreditou n' Ele’, embora de modo
assaz imperfeito (Jo 12, 42); o que não é nada de admirar, tendo-se presente que,
no dia seguinte ao de Pentecostes, ‘um grande número de sacerdotes se submetia
à fé’ (At 6, 7) e ‘alguns homens do partido dos fariseus tinham abraçado a fé’
(…)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 595)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* João 7,40-44: A confusão no
meio do povo. A reação do povo é a mais variada possível. Uns dizem: é o
profeta. Outros: é o Messias, o Cristo. Outros rebatem: não pode ser, porque o
messias virá de Belém e esse aí vem da Galileia! Estas várias ideias sobre o
Messias provocavam divisão e briga. Havia até gente que queria prendê-lo, mas
não o fizeram. Provavelmente, porque tinham medo do povo (cf. Mc 14,2).
* João 7,45-49: Os argumentos
das autoridades. Anteriormente, diante das reações do povo favoráveis a
Jesus, os fariseus tinham mandado guardas para prendê-lo (Jo 7,32). Mas os
guardas voltaram ao quartel sem Jesus. Tinham ficado impressionados com a fala
tão bonita: "Ninguém jamais falou como esse homem!" Os fariseus
reagiram: "Até vocês se deixaram enganar!" Para os fariseus, só mesmo
"esse povinho que não conhece a lei" se deixa enganar por Jesus. É
como se dissessem: "Nós, os chefes, conhecemos melhor as coisas e não nos
deixamos enganar!" Eles chamam o povo de "maldito"! As
autoridades religiosas da época tratavam o povo com muito desprezo.
* João 7,50-52: A defesa de
Jesus por Nicodemos. Diante deste argumento estúpido, a honestidade de
Nicodemos se revolta e ele levanta a voz para defender Jesus: "Desde
quando a nossa lei condena alguém sem primeiro ouvi-lo para saber o que
fez?" A reação dos outros é de deboche: "Até você, Nicodemos, virou
Galileu, hein!? Dê uma olhada na Bíblia e verá que da Galileia não pode vir
nenhum profeta!" Eles estão seguros! Com o livrinho do passado na mão se
defendem contra o futuro que chega incomodando. Assim muita gente faz até hoje!
Só aceito o novo se ele estiver de acordo com as ideias deles que são do
passado.
Para um confronto pessoal
1. Quais são hoje as
diferentes opiniões sobre Jesus que existem no meio do povo? E na sua
comunidade, existem diferentes opiniões que geram confusão? Quais? Conte.
2. Há pessoas que só
aceitam o novo se ele estiver de acordo com as ideias deles que são do passado.
E eu?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO