Salmo
Responsorial: 140
R. Suba até Vós, Senhor, a
minha oração, como fumo de incenso.
Senhor, a Vós clamo, socorrei-me
sem demora, escutai a minha voz quando Vos invoco. Suba até Vós a minha oração
como incenso, elevem-se as minhas mãos como oblação da tarde.
Guardai, Senhor, a minha boca,
defendei a porta dos meus lábios. Para Vós, Senhor, se voltam os meus olhos: em
Vós me refúgio, não me desampareis. me refugio, não me desampareis.
Aleluia. Bendito sejais, ó
Pai, Senhor do céu e da terra, porque revelastes aos pequeninos os mistérios do
reino. Aleluia.
Evangelho
(Mc 10,13-16): Algumas pessoas traziam crianças para que Jesus as
tocasse. Os discípulos, porém, as repreenderam. Vendo isso, Jesus se aborreceu
e disse: «Deixai as crianças virem a mim. Não as impeçais, porque a pessoas
assim é que pertence o Reino de Deus. Em verdade vos digo: quem não receber o
Reino de Deus como uma criança, não entrará nele!». E abraçava as crianças e,
impondo as mãos sobre elas, as abençoava.
«Deixai as crianças virem a
mim»
Rev. D. Josep Lluís SOCÍAS i
Bruguera (Badalona, Barcelona, Espanha)
No fragmento do Evangelho de
Marcos encontramos várias considerações. «Algumas pessoas traziam crianças para
que Jesus as tocasse. Os discípulos, porém, as repreenderam» (Mc 10,13). Mas o
Senhor, a quem no Evangelho lido nos últimos dias o vimos fazer de tudo para
todos, com maior certeza se faz com as crianças. Assim, «Vendo isso, Jesus se
aborreceu e disse: ‘Deixai as crianças virem a mim. Não as impeçais, porque a
pessoas assim é que pertence o Reino de Deus´» (Mc 10,14).
A caridade é ordenada: começa
pelo mais necessitado. Quem está, pois, mais necessitado, mais
"pobre" do que uma criança? Todo mundo tem direito a aproximar-se a
Jesus; e a criança é a primeira que gozara deste direito: «Deixai as crianças
virem a mim» (Mc 10,14).
Mas vejamos que, ao acolher aos
mais necessitados, nós somos os primeiros beneficiados. Por isto, o Mestre
adverte: «Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma
criança, não entrará nele!» (Mc 10,15). E, correspondendo ao talante simples e
aberto das crianças, Ele as «abraçava (...) e, impondo as mãos sobre elas, as
abençoava» (Mc 10,16).
Temos de aprender a arte de
acolher o Reino de Deus. Quem for como uma criança — como os antigos
"pobres de Yaveh"— percebe com facilidade que tudo é um dom, tudo é
uma graça. E, para "receber" o favor de Deus, ouvir e contemplar com
"silêncio receptivo". Segundo São Inácio de Antioquia, «vale mais
calar e ser, do que falar e não ser (...). Aquele que possui a palavra de Jesus
pode também, em verdade, escutar o silêncio de Jesus».
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«É mais fácil zangar-se do que
aguentar, é mais cómodo castigar os rebeldes do que corrigi-los, suportando-os
ao mesmo tempo com firmeza e suavidade. Recomendo que imitem a caridade que
usava Paulo com os neófitos» (São João Bosco)
«Desde o ventre de sua Mãe, Jesus
aceita correr todos os riscos do egoísmo. Hoje também as crianças e os
nascituros são ameaçados pelo egoísmo. Também hoje a nossa cultura
individualista se recusa a ser fértil, refugia-se numa permissividade que a
nivela até abaixo, ainda que o preço dessa não fecundidade seja o sangue
inocente» (Francisco)
«Mantém-te na simplicidade, na
inocência, e serás como as criancinhas que ignoram o mal, destruidor da vida
dos homens» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2517)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* Marcos 10,13-16: Receber o
Reino como uma criança. - Trouxeram crianças para que Jesus as tocasse. Os
discípulos tentam impedir. Por que impedem? O texto não diz. Talvez seja pelo
fato de, conforme as normas rituais da época, crianças pequenas com suas mães,
viverem quase constantemente na impureza legal. Tocar nelas significaria
contrair impureza! Elas tocando em Jesus, ele também ficaria impuro! Mas Jesus
não se incomoda com estas normas rituais da pureza legal. Ele corrige os
discípulos e acolhe as mães com as crianças. Toca nelas, lhes dá um abraço
dizendo: "Deixem as crianças vir a mim. Não lhes proíbam, porque o Reino
de Deus pertence a elas”. E ele comenta: “Eu garanto a vocês: quem não receber
como criança o Reino de Deus, nunca entrará nele." Então Jesus abraçou as
crianças e abençoou-as, pondo a mão sobre elas. O que significa esta frase? 1)
A criança recebe tudo dos pais. Ela não consegue merecer o que recebe, mas vive
do amor gratuito. 2) Os pais recebem a criança como um dom de Deus e cuidam
dela com todo carinho. A preocupação dos pais não é dominar a criança, mas sim
amá-la e educá-la, para que cresça e se realize!
* Um sinal do Reino: Acolher
os pequenos e os excluídos - Há muitos sinais da presença atuante do Reino
na vida e na atividade de Jesus. Um deles é a sua maneira de acolher as
crianças e os pequenos. Além do episódio do evangelho de hoje, eis uma lista de
alguns outros momentos de acolhida aos pequenos e crianças:
1.
Acolher e não escandalizar. Uma das palavras mais duras de Jesus é contra
aqueles que causam escândalo nos pequenos, isto é, que são o motivo pelo qual
os pequenos deixam de crer em Deus. Para estes, melhor seria ter uma pedra de
moinho amarrada no pescoço e ser jogado nas profundezas do mar (Mc 9,42; Lc
17,2; Mt 18,6).
2.
Identificar-se com os pequenos. Jesus abraça as crianças e identifica-se
com elas. Quem recebe uma criança, é a "mim que recebe" (Mc 9,37). “E
tudo que vocês fizerem a um destes mais pequenos foi a mim que o fizeram” (Mt
25,40).
3.
Tornar-se como criança. Jesus pede que os discípulos se tornem como criança
e aceitem o Reino como criança. Sem isso não é possível entrar no Reino (Mc
10,15; Mt 18,3; Lc 9,46-48). Ele coloca a criança como professor de adulto! O
que não era normal. Costumamos fazer o contrário.
4.
Defender o direito da criança de gritar. Quando Jesus, entrando no
Templo, derruba as mesas dos cambistas, são as crianças as que mais gritam.
“Hosana ao filho de Davi!” (Mt 21,15). Criticadas pelos chefes dos sacerdotes e
escribas, Jesus as defende e, em sua defesa, invoca até as Escrituras (Mt
21,16).
5.
Agradecer pelo Reino presente nos pequenos. A alegria de Jesus é grande,
quando percebe que as crianças, os pequenos, entendem as coisas do Reino que
ele anunciava ao povo. “Pai, eu te agradeço!” (Mt 11,25-26) Jesus reconhece que
os pequenos entendem melhor as coisas do Reino do que os doutores!
6.
Acolher e curar. São muitas as crianças e jovens que ele acolhe, cura ou
ressuscita: a filha do Jairo de 12 anos (Mc 5,41-42), a filha da mulher cananeia
(Mc 7,29-30), o filho da viúva de Naim (Lc 7, 14-15), o menino epilético (Mc
9,25-26), o filho do Centurião (Lc 7,9-10), o filho do funcionário público (Jo
4,50), o menino dos cinco pães e dois peixes (Jo 6,9).
Para um confronto pessoal
1) Na nossa sociedade e na
nossa comunidade, quem são os pequenos e os excluídos? Como está sendo o
acolhimento que nós damos a eles?
2) Na minha vida, o que já
aprendi das crianças sobre o Reino de Deus?
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