Bto Aloísio Victor Stepinac, bispo e mártir
São José Sánchez del Río, mártir
Salmo
Responsorial: 105
R. Lembrai-Vos de nós, Senhor,
por amor do vosso povo.
Felizes os que observam o direito
e praticam sempre o que é justo. Lembrai-Vos de nós, Senhor, por amor do vosso
povo, visitai-nos com a vossa salvação.
Andaram com os pagãos e imitaram
os seus costumes. Prestaram culto aos seus ídolos, que foram para eles uma
armadilha.
Imolaram aos demónios seus filhos
e suas filhas. Por isso se inflamou a ira do Senhor contra o seu povo e Ele
abominou a sua herança.
Aleluia. Acolhei docilmente a
palavra em vós plantada, que pode salvar as vossas almas. Aleluia.
Evangelho
(Mc 7,24-30): Jesus se pôs a caminho e, dali, foi para a região de Tiro.
Entrou numa casa e não queria que ninguém soubesse onde ele estava. Mas não
conseguia ficar escondido. Logo, uma mulher que tinha uma filha com um espírito
impuro, ouviu falar dele. Ela foi e jogou-se a seus pés. A mulher não era
judia, mas de origem siro-fenícia, e pedia que ele expulsasse o demônio de sua
filha. Jesus lhe disse: «Deixa que os filhos se saciem primeiro; pois não fica
bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos». Ela respondeu:
«Senhor, também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que os
filhos deixam cair». Jesus, então, lhe disse: «Por causa do que acabas de
dizer, podes voltar para casa. O demônio já saiu de tua filha». Ela voltou para
casa e encontrou sua filha deitada na cama. O demônio havia saído dela.
«Ela foi e jogou-se a seus
pés. Pedia que ele expulsasse o demônio de sua filha»
Rev. D. Enric CASES i Martín (Barcelona, Espanha)
São Agostinho dizia que muitos
não conseguem o que pedem pois são «aut mali, aut male, aut mala». Ou são maus
e a primeira coisa que teriam que pedir seria ser bons; ou pedem erroneamente,
sem insistência, em vez de pedir com paciência, com humildade, com fé e por
amor; ou pedem coisas ruins que se recebessem fariam dano à alma ou ao corpo ou
aos outros. Devemos nos esforçar, pois, por pedir bem. A mulher siro-fenícia é
boa mãe, pede algo bom («que expulsasse de sua filha o demônio») e pede bem
(«veio e jogou-se aos seus a pés»).
O Senhor nos faz usar
perseverantemente a oração de petição. Certamente, existem outros tipos de
pregaria — a adoração, a expiação, a oração de agradecimento —, mas Jesus insiste
em que nós frequentemos muito a oração de petição.
Por que? Muitos poderiam ser os
motivos: porque necessitamos da ajuda de Deus para alcançar nosso fim; porque
expressa esperança e amor; porque é um clamor de fé. Mas existe um que talvez
seja pouco considerando: Deus quer que as coisas sejam um pouco como nós
queremos. Deste modo, nossa petição —que é um ato livre— unida à liberdade
onipotente de Deus, faz com que o mundo seja como Deus quer e um pouco como nós
queremos. É maravilhoso o poder da oração!
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Quando a nossa oração não é
ouvida é porque pedimos mal, com pouca fé ou sem perseverança, ou com pouca
humildade» (Santo Agostinho)
«Jesus elogia a mulher
siro-fenícia que lhe pede com insistência a cura da sua filha. Insistência que
certamente é muito estressante, mas esta é uma atitude de oração. Santa Teresa
fala da oração como negociação com o Senhor» (Francisco)
«Do mesmo modo que Jesus ora ao
Pai e Lhe dá graças antes de receber os seus dons, assim também nos ensina esta
audácia filial: ‘tudo o que pedirdes na oração, acreditai que já o alcançastes’
(Mc 11, 24). Tal é a força da oração: ‘tudo é possível a quem crê’ (Mc 9, 23),
com uma fé ‘que não hesita’ (Mt 21,22) (…)» (Catecismo da Igreja Católica, nº
2.610)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O. Carm
* Jesus vai tentando abrir a
mentalidade dos discípulos e do povo para além da visão tradicional. Na
multiplicação dos pães, ele tinha insistido na partilha (Mc 6,30-44). Na
discussão sobre o puro e o impuro, tinha declarado puros todos os alimentos (Mc
7,1-23). Agora, neste episódio da Mulher Cananéia, ele ultrapassa as fronteiras
do território nacional e acolhe uma mulher estrangeira que não era do povo e
com a qual era proibido conversar. Estas iniciativas de Jesus, nascidas da sua
experiência de Deus como Pai, eram estranhas para a mentalidade do povo da
época. Jesus ajuda o povo a abrir sua maneira de experimentar Deus na vida.
* Marcos 7.24: Jesus sai do território
- No texto diretamente anterior a este (Mc 7,1-23), Jesus tinha criticado a
incoerência da “Tradição dos Antigos” e tinha ajudado o povo e os discípulos a
sair da prisão das leis da pureza. Aqui, em Mc 7,24, ele sai da Galileia.
Parece querer sair da prisão do território e da raça. Estando no estrangeiro,
ele não quer ser conhecido. Mas a sua fama já tinha chegado antes. O povo ficou
sabendo e faz apelo a Jesus.
* Marcos 7.25-26: A situação -
Uma mulher chega perto e começa a pedir pela filha doente. - Marcos diz
explicitamente que ela era de outra raça e de outra religião. Isto é, era uma
pagã. Ela se lança aos pés de Jesus e começa a suplicar pela cura da filha que
estava possuída por um espírito impuro. Os pagãos não tinham problema em
recorrer a Jesus. Os judeus é que tinham problemas em conviver com os pagãos!
* Marcos 7.27: A resposta de
Jesus - Fiel às normas da sua religião, Jesus diz que não convém tirar o
pão dos filhos e dar aos cachorrinhos. Frase dura. A comparação vinha da vida
em família. Até hoje, criança e cachorro é o que mais tem nos bairros pobres.
Jesus afirma uma coisa certa: nenhuma mãe tira o pão da boca dos filhos para
dar aos cachorrinhos. No caso, os filhos eram o povo judeu e os cachorrinhos,
os pagãos. Na época do AT, por causa da rivalidade entre os povos, um povo
costumava chamar o outro povo de “cachorro” (1Sam 17,43). Nos outros evangelhos
Jesus explica o porque da sua recusa: “Não fui enviado a não ser para as
ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 15,24). Ou seja: “O Pai não quer que eu
atenda à senhora!”
* Marcos 7,28: A reação da mulher
- Ela concorda com Jesus, mas amplia a comparação e a aplica ao caso dela:
“É verdade, Jesus! Mas também os cachorrinhos comem as migalhas que caem da
mesa das crianças!” É como se dissesse: “Se sou cachorrinho, então tenho o
direito dos cachorrinhos, a saber, as migalhas me pertencem!” Ela simplesmente
tirou as conclusões da parábola que Jesus contou e mostrou que, até na casa de
Jesus, os cachorrinhos comiam das migalhas que caíam da mesa das crianças. E na
“casa de Jesus”, isto é, na comunidade cristã, a multiplicação do pão para os
filhos foi tão abundante que estavam sobrando doze cestos (Mc 6,42) para os
“cachorrinhos”, isto é, para ela, para os pagãos!
* Marcos 7,29-30: A reação de
Jesus: “Pelo que disseste: Vai! O demônio saiu da tua filha!” Nos outros
evangelhos se explicita: “Grande é a tua fé! Seja feito como queres!” (Mt
15,28). Se Jesus atende ao pedido da mulher, é porque compreendeu que, agora, o
Pai queria que ele acolhesse o pedido dela. Este episódio ajuda a perceber algo
do mistério que envolvia a pessoa de Jesus e como ele convivia com o Pai. Era
observando as reações e as atitudes das pessoas, que Jesus descobria a vontade
do Pai nos acontecimentos da vida. A atitude da mulher abriu um novo horizonte
na vida de Jesus. Através dela, ele descobriu melhor que o projeto do Pai é
para todos os que buscam a vida e procuram libertá-la das cadeias que
aprisionam a sua energia. Assim, ao longo das páginas do evangelho de Marcos há
uma abertura crescente em direção aos outros povos. Deste modo, Marcos leva os
leitores e as leitoras a abrir-se, aos poucos, para a realidade do mundo ao
redor e a superar os preconceitos que impediam a convivência pacífica entre os
povos. Esta abertura para os pagãos aparece de maneira muito clara na ordem
final dada por Jesus aos discípulos, depois da sua ressurreição:” Ide por todo
o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).
Para um confronto pessoal
1. Como você faz,
concretamente, para conviver em paz com pessoas de outras igrejas cristãs ou
com espíritas? No bairro onde você vive tem gente de outras religiões? Quais?
Você conversa normalmente com pessoas de outra religião?
2. Qual a abertura que este texto pede de nós, hoje, na família e na comunidade?
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