São Manuel Gonzalez Garcia, Bispo
Salmo Responsorial: 71
R. Virão adorar-Vos,
Senhor, todos os povos da terra.
Deus, concedei ao rei o poder de julgar e a vossa justiça ao
filho do rei. Ele governará o vosso povo com justiça e os vossos pobres com
equidade.
Os montes trarão a paz ao povo e as colinas a justiça. Ele
fará justiça aos humildes e salvará os indigentes.
Florescerá a justiça nos seus dias e uma grande paz até ao
fim dos tempos. Ele dominará de um ao outro mar, do grande rio até aos confins
da terra.
Aleluia. O Senhor
enviou-me a anunciar aos pobres a boa nova, a proclamar aos cativos a redenção.
Aleluia.
Evangelho (Mc 6, 34-44): Ao sair do barco, Jesus
viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão por eles, porque eram como
ovelhas que não têm pastor. E começou, então, a ensinar-lhes muitas coisas. Já
estava ficando tarde, quando os discípulos se aproximaram de Jesus e disseram:
«Este lugar é deserto e já é tarde. Despede-os, para que possam ir aos sítios e
povoados vizinhos e comprar algo para comer» Mas ele respondeu: «Vós mesmos,
dai-lhes de comer»! Os discípulos perguntaram: «Queres que gastemos duzentos
denários para comprar pão e dar de comer a toda essa gente?» Jesus perguntou:
«Quantos pães tendes? Ide ver». Eles foram ver e disseram: «Cinco pães e dois
peixes». Então, Jesus mandou que todos se sentassem, na relva verde, em grupos
para a refeição. Todos se sentaram, em grupos de cem e de cinquenta. Em
seguida, Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu,
pronunciou a bênção, partiu os pães e ia dando-os aos discípulos, para que os
distribuíssem. Dividiu, também, entre todos, os dois peixes. Todos comeram e
ficaram saciados, e ainda encheram doze cestos de pedaços dos pães e dos peixes.
Os que comeram dos pães foram cinco mil homens».
«Porque eram como ovelhas que não têm pastor»
Rev. D. Xavier SOBREVÍA
i Vidal (Sant Just Desvern, Barcelona, Espanha)
O tempo passa depressa. Quando você ama é fácil que o tempo
passe muito depressa. E Jesus, que ama muito, está explicando a doutrina de uma
maneira prolongada. Estava ficando tarde, os discípulos lhe avisaram ao Mestre,
lhes preocupa que a multidão possa comer. Então Jesus faz uma proposta
incrível: «Vós mesmos, dai-lhes de comer» (Mc 6,37). Não somente lhe preocupa
dar o alimento espiritual com seus ensinos, senão também o alimento do corpo.
Os discípulos põe dificuldades, que são reais, muito reais: Os pães custam
muito dinheiro (cf. Mc 6,37). Veem as dificuldades materiais, mas seus olhos
ainda não reconhecem que quem lhes fala o pode tudo; lhes falta fé.
Jesus não manda fazer uma fila; faz sentar às pessoas em
grupos. Comunitariamente descansarão e compartilharão. Pediu aos discípulos a
comida que levavam: somente são cinco pães e dois peixes. Jesus os pega, invoca
a benza de Deus e os reparte. Uma comida tão escassa que servirá para alimentar
milhares de homens e ainda restarão doze cestas. Milagre que prefigura o
alimento espiritual da Eucaristia, Pão de vida que se estende gratuitamente a
todos os povos da Terra para dar vida e vida eterna.
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«Pedimos-te, Senhor, que sejas a nossa ajuda e amparo. Que
todos os povos da terra saibam que Tu és Deus e que não há outro, e que Jesus
Cristo é Teu servo e que nós somos o Teu povo, o rebanho que Tu guias» (São
Clemente Romano)
«Apenas a misericórdia de Deus pode libertar a humanidade de
tantas formas do mal, por vezes monstruosas, que o egoísmo nela gera. Ele traz
a esperança: onde Deus nasce, nasce a paz, não há lugar nem para o ódio nem
para a guerra» (Francisco)
«A compaixão de Cristo para com os doentes e as suas
numerosas curas de enfermos de toda a espécie são um sinal claro de que «Deus
visitou o seu povo» (Lc 7,16) e de que o Reino de Deus está próximo» (Catecismo
da Igreja Católica, nº 1.503)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
* No evangelho de
Marcos a multiplicação dos pães é muito importante. Ela aparece duas vezes:
aqui em Mc 6,35-44 e em Mc 8,1-9. E o próprio Jesus faz questão de interrogar o
discípulos a respeito da multiplicação dos pães (Mc 8,14-21). Por isso, vale a
pena você pesquisar e refletir até descobrir em que consiste exatamente esta
importância da multiplicação dos pães.
* Jesus tinha
convidado os discípulos para descansar um pouco num lugar deserto (Mc 6,31). O
povo percebeu que Jesus tinha ido para o outro lado do lago, foi atrás dele e
chegou antes (Mc 6,33). Quando Jesus, ao descer do barco, viu aquela multidão
esperando por ele, ficou com dó, “pois eles estavam como ovelhas sem pastor”.
Esta frase evoca o salmo do bom pastor (Sl 23). Diante do povo sem pastor, Jesus
esquece o descanso e começa a ensinar, começa a ser pastor. Com suas palavras
ele orienta e guia o povo no deserto da vida, e o povo podia cantar: “O Senhor
é meu pastor! Nada me falta!” (Sl 23,1).
* O tempo foi
passando e começava a escurecer. Os discípulos estavam preocupados e pedem a
Jesus para despedir o povo. Acham que lá no deserto não é possível conseguir
comida para tanta gente. Jesus diz: “Deem vocês de comer ao povo!” Eles levam
susto: “Então quer que vamos comprar pão por 200 denários?” (i.é, salário de
200 dias!) Os discípulos procuram a solução fora do povo e para o povo. Jesus
não busca solução fora, mas dentro do povo e a partir do povo, pois pergunta:
“Quantos pães vocês têm? Vão verificar!” A resposta é: “Cinco pães e dois
peixes!” É pouco para tanta gente! Jesus manda o povo se acomodar em grupos e
pede aos discípulos para distribuir os pães e os peixes. Todos comeram à
vontade!
* É importante
notar como Marcos descreve o fato. Ele diz: “Jesus tomou os cinco pães e os
dois peixes, olhou para o céu, abençoou os pães e os partiu e deu aos seus
discípulos, para que os distribuíssem”. Esta maneira de falar faz as
comunidades pensar em que? Sem dúvida nenhuma, fazia pensar na eucaristia. Pois
estas mesmas palavras eram usadas (até hoje) na celebração da Ceia do Senhor.
Assim, Marcos sugere que a eucaristia deve levar à partilha. Ela é o pão da
vida que dá coragem e leva a enfrentar os problemas do povo de maneira
diferente, não a partir de fora, mas a partir de dentro do povo.
* Na maneira de
descrever os fatos, Marcos evoca a Bíblia para iluminar o sentido dos fatos.
Dar de comer ao povo faminto no deserto, foi Moisés quem o fez por primeiro
(cf. Ex 16,1-36). E pedir para o povo se organizar em grupos de 50 e 100 lembra
o recenseamento do povo no deserto depois da saída do Egito (cf. Nm, cap. 1 a
4). Marcos sugere assim que Jesus é o novo Moisés. O povo das comunidades
conhecia o Antigo Testamento, e para o bom entendedor meia palavra já bastava.
Assim, eles iam descobrindo, aos poucos, o mistério que envolvia a pessoa de
Jesus.
Para um confronto
pessoal
1. Jesus esqueceu
o descanso para poder servir ao povo. Que mensagem eu encontro aqui para mim?
2. Se houvesse partilha hoje, não haveria fome no mundo. Que posso fazer eu?
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