Beata Lindalva Justo de Oliveira, Virgem e Mártir
Salmo Responsorial: 147
R. Jerusalém, louva o
teu Senhor.
Glorifica, Jerusalém, o Senhor, louva, Sião, o teu Deus. Ele
reforçou as tuas portas e abençoou os teus filhos.
Estabeleceu a paz nas tuas fronteiras e saciou-te com a flor
da farinha. Envia à terra a sua palavra, corre veloz a sua mensagem.
Revelou a sua palavra a Jacob, suas leis e preceitos a
Israel. Não fez assim com nenhum outro povo, a nenhum outro manifestou os seus
juízos.
Aleluia. Jesus proclamava o Evangelho do reino e curava todas as
doenças entre o povo. Aleluia.
Evangelho (Lc 5,12-16): Estando Jesus numa das
cidades, apareceu um homem coberto de lepra. Ao ver Jesus, ele caiu com o rosto
em terra e suplicou-lhe: «Senhor, se queres, tens o poder de purificar-me».
Estendendo a mão, Jesus tocou nele e disse: «Quero, fica purificado». E
imediatamente a lepra desapareceu. E ordenou-lhe que não o contasse a ninguém.
«Mas», disse, «vai mostrar-te ao sacerdote e apresenta por tua purificação a
oferenda prescrita por Moisés. Isso lhes servirá de testemunho». Cada vez mais,
sua fama se espalhava, e as multidões acorriam para ouvi-lo e para serem
curadas de suas doenças. Ele, porém, se retirava para lugares desertos, onde se
entregava à oração.
«Cada vez mais, sua fama se espalhava»
Rev. D. Santi COLLELL i
Aguirre (La Garriga, Barcelona, Espanha)
Mas, este contágio não será possível se antes nós não temos
sido capazes de reconhecer nossas próprias “lepras” particulares e de nos
acercar a Cristo tendo consciência de que somente Ele nos pode liberar de
maneira eficaz de todos nossos egoísmos, invejas, orgulhos e rancores...
Que a fama de Cristo se estenda a todos os cantos de nossa
sociedade depende, em grande medida, dos ”encontros particulares” que tivemos
com Ele. Quanto mais e mais intensamente nos impregnemos de seu Evangelho, de
seu amor, de sua capacidade de escutar, de acolher, de perdoar, de aceitar o
outro (por diferente que seja), mais capazes seremos nós de dá-lo a conhecer a
nosso entorno.
O leproso do Evangelho que hoje se lê na Eucaristia é alguém
que tem feito um duplo exercício de humildade. O de reconhecer qual é seu mal
e, o de aceitar a Jesus como seu Salvador. Cristo é quem nos dá a oportunidade
de fazer uma mudança radical e profunda na nossa vida. Diante de tudo aquilo
que é impedimento para o amor e que tem se enquistado nos nossos corações e em
nossas vidas, Cristo, com seu testemunho de vida e de Vida Nova, propõem-nos
uma alternativa totalmente real e possível. A alternativa do amor, da ternura
da misericórdia. Jesus, diante de quem é diferente a Ele (o leproso) não
escapa, não o ignora, não o “despacha” à administração, nem às instituições ou
às “ong’s”. Cristo aceita o reto do encontro e, ao “enfermo” lhe oferece aquilo
que necessita, a cura/purificação.
Nós temos que ser capazes de oferecer aos que se aproximam a
nossas vidas aquilo que recebemos do Senhor. Mas, antes será necessário
encontrar-nos com Ele e renovar nosso compromisso de viver seu Evangelho nos
pequenos detalhes de cada dia.
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«Aquele homem se ajoelha prostrando-se no chão —o que é um
sinal de humildade e de vergonha— para que cada um se envergonhe das nódoas da
sua vida. A sua confissão está cheia de piedade y de fé: esto é, reconheceu que
curar-se estava nas mãos do Senhor» (Santo Beda o Venerável)
«Através da sua Mãe é sempre Jesus quem sai ao nosso
encontro para liberar-nos de toda doença do corpo e da alma. ¡Deixemo-nos tocar
e purificar por Ele!» (Bento XVI)
«Jesus acompanha as suas palavras com numerosos ‘milagres,
prodígios e sinais, (Act 2,22), os quais manifestam que o Reino está presente n'Ele.
Comprovam que Ele é o Messias anunciado (289)» (Catecismo da Igreja Católica,
nº 547).
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
* O leproso, para
poder entrar em contato com Jesus, tinha transgredido as normas da lei. Da
mesma forma, Jesus, para poder ajudar aquele excluído e, assim, revelar um
rosto novo de Deus, transgride as normas da sua religião e toca no leproso.
Naquele tempo, quem tocava num leproso tornava-se um impuro perante as
autoridades religiosas e perante a lei da época.
* Jesus não só
cura, mas também quer que a pessoa curada possa conviver. Ele reintegra a
pessoa na convivência. Naquele tempo, para um leproso ser novamente acolhido na
comunidade, ele precisava ter um atestado de cura assinado por um sacerdote. É
como hoje. O doente só sai do hospital com o documento assinado pelo médico de
plantão. Jesus obrigou o fulano a buscar o documento, para que ele pudesse
conviver normalmente. Obrigou as autoridades a reconhecer que o homem tinha
sido curado.
* Jesus tinha
proibido o leproso de falar sobre a cura. O Evangelho de Marcos informa que
esta proibição não adiantou nada. O leproso, assim que partiu, começou a
divulgar a notícia, de modo que Jesus já não podia entrar publicamente numa
cidade. Permanecia fora, em lugares desertos (Mc 1,45). Por que? É que Jesus
tinha tocado no leproso. Por isso, na opinião da religião daquele tempo, agora
ele mesmo era um impuro e devia viver afastado de todos. Já não podia entrar
nas cidades. E Marcos mostra ainda que o povo pouco se importava com estas
normas oficiais, pois de toda a parte vinham a ele (Mc 1,45). Subversão total!
* O duplo recado
que Lucas e Marcos dão às comunidades do seu tempo e a todos nós é este: 1) anunciar a Boa Nova é dar testemunho da
experiência concreta que se tem de Jesus. O leproso, o que ele anuncia? Ele
conta aos outros o bem que Jesus lhe fez. Só isso! Tudo isso! E é este
testemunho que leva os outros a aceitar a Boa Nova de Deus que Jesus nos
trouxe. 2)
Para levar a Boa Nova de Deus ao povo, não se deve ter medo de transgredir
normas religiosas que são contrárias ao projeto de Deus e que dificultam a
comunicação, o diálogo e a vivência do amor. Mesmo que isto traga dificuldades
para a gente, como trouxe para Jesus.
Para um confronto
pessoal
1. Para ajudar o
próximo, Jesus transgrediu a lei da pureza. Existem hoje leis na igreja que
dificultam ou impedem a prática do amor ao próximo?
2. O leproso para
poder ser curado teve coragem a opinião pública do seu tempo. E eu?
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