S. Pedro Tomás, Patriarca Latino de Constantinopla, Bispo de nossa Ordem
Salmo Responsorial: 149
R. O Senhor ama o seu
povo.
Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor na
assembleia dos santos. Alegre-se Israel em seu Criador, rejubilem os filhos de
Sião em seu Rei.
Louvem o seu nome com danças, cantem ao som do tímpano e da
cítara, porque o Senhor ama o seu povo, coroa os humildes com a vitória.
Exultem de alegria os fiéis, cantem jubilosos em suas casas;
em sua boca os louvores de Deus. Esta é a glória de todos os seus fiéis.
Aleluia. O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; para aqueles
que habitavam na sombria região da morte uma luz se levantou. Aleluia.
Evangelho (Jo 3,22-30): Depois disso, Jesus e seus
discípulos foram para a região da Judéia. Ele ficava lá com eles e batizava.
João também estava batizando, em Enon, perto de Salim, onde havia muita água.
As pessoas iam lá para serem batizadas. João ainda não tinha sido lançado na
prisão. Surgiu então, da parte dos discípulos de João, uma discussão com um
judeu, a respeito da purificação. Eles foram falar com João: «Mestre, aquele
que estava contigo do outro lado do Jordão, e de quem tu deste testemunho, está
batizando, e todos vão a ele». João respondeu: «Ninguém pode receber coisa
alguma, se não lhe for dada do céu. Vós mesmos sois testemunhas daquilo que eu
disse: ‘Eu não sou o Cristo, mas fui enviado à sua frente’. Quem recebe a noiva
é o noivo, mas o amigo do noivo, que está presente e o escuta, enche-se de
alegria, quando ouve a voz do noivo. Esta é a minha alegria, e ela ficou
completa. É necessário que ele cresça, e eu diminua».
«É necessário que ele cresça, e eu diminua»
Rev. D. Antoni CAROL i
Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Em consequência e imediatamente João aclara o sentido do
batismo: Realmente, trata-se de uma purificação, mas «diferença-se das
acostumadas abluções religiosas» daquele tempo e, —como afirmou o papa Bento— «Deve-se
a consumação concreta de uma mudança que determina de modo novo e para sempre
toda a vida». Assim, o batismo cristão comporta uma mudança tão radical como um
novo nascimento, até o ponto de nos converter em um novo ser.
Purificação, certamente, mas, para despojar-se do
"homem velho", morrer a si mesmo e —pela graça— nascer a uma nova
vida: A vida divina, algo que «ninguém pode receber (…) se não lhe for dada do
céu» (Jo 3,28). O Concílio II de Orange ensinou que «amar a Deus é
exclusivamente um dom de Deus. Ele mesmo que, sem ser amado, ama, concedeu-nos
que lhe amássemos. Fomos amados quando ainda lhe éramos desagradáveis, para que
nos concedera algo com que agradar-lhe».
Hei aqui, então, nossa tarefa pela santidade: Aprofundar na
humildade para abrir espaço à ação de Deus e deixá-lo fazer. O importante não é
tanto o que eu faça, mas que Ele atue em mim: «É necessário que ele cresça, e
eu diminua» (Jo 3,30). E nossa alegria será tanto mais completa quanto mais desapareça
o próprio eu e, mais presente se faça o Esposo em nosso coração e nas nossas
obras.
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«É necessário que Cristo cresça em ti para que progridas no
seu conhecimento e amor: porque quanto mais O conheces e O amas, tanto mais
Cristo cresce em ti» (Santo Tomás de Aquino)
«Finalmente tinha chegado um profeta cuja vida também o
acreditava como tal e anunciava-se, de novo, a ação de Deus na história: João
batizava com agua mas, o Maior —Aquele que batizará no Espirito Santo— está
quase a chegar» (Benedito XVI)
«Cristo, Filho de Deus feito homem, é a Palavra única,
perfeita e insuperável do Pai. N'Ele, o Pai disse tudo. Não haverá outra
palavra além dessa» (Catecismo da Igreja Católica, nº 65).
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
* Jesus, o novo
pregador, estava levando uma certa vantagem sobre João Batista. Ele batizava
mais gente e atraía mais discípulos. Surgiu então uma tensão entre os
discípulos de João e os de Jesus a respeito da "purificação", isto é,
a respeito do valor do batismo. Os discípulos de João Batista sentiam uma certa
inveja e foram falar com João para informá-lo a respeito do movimento de Jesus.
* A resposta de
João aos seus discípulos é uma resposta bonita, que revela a grandeza de alma.
João ajudou seus discípulos a verem as coisas com mais objetividade. Ele usou
três argumentos: 1) Ninguém recebe nada a não ser aquilo que lhe foi dado por
Deus. Se Jesus faz coisas tão bonitas, é porque as recebeu de Deus (Jo 3,27).
Em vez de inveja, os discípulos deveriam sentir alegria. 2) João reafirma,
novamente, que ele, João, não é o Messias mas apenas o precursor (Jo 3,28). 3)
No fim, ele usa uma comparação, tirada das festas de casamento. Naquele tempo,
lá na Palestina, no dia da festa do casamento, na casa da noiva, os assim
chamados "amigos do noivo" aguardavam a chegada do noivo para poder
apresentá-lo à noiva. No caso, Jesus é o noivo, o povo é a noiva e ele, João, é
o amigo do noivo. João Batista diz que, na voz de Jesus, reconheceu a voz do
noivo e ele pôde apresentá-lo à noiva, ao povo. Neste momento, a noiva, o povo,
deixa de lado o amigo do noivo e vai atrás de Jesus, porque reconheceu nele a
voz do seu noivo! Por isso, é grande a alegria de João, "alegria
completa". João não quer nada para si! Sua missão é apresentar o noivo à
noiva! A frase final resume tudo: "É necessário que ele cresça e eu
diminua!" Esta frase é também o programa de toda pessoa seguidora de
Jesus.
* Naquele fim do
primeiro século, tanto na Palestina como na Ásia Menor, onde quer que houvesse
alguma comunidade de judeus, havia também gente que tinha estado em contato com
João Batista ou que tinha sido batizada por ele (At 19,3). Vistos do lado de
fora, o movimento de João Batista e o de Jesus eram muito semelhantes entre si.
Os dois anunciavam a chegada do Reino (cf. Mt 3,1-2; 4,17). Deve ter havido uma
certa confusão e tensão entre os seguidores de João e os de Jesus. Por isso era
tão importante o testemunho de João sobre Jesus. Todos os quatro evangelhos se
preocupam em relatar as palavras de João Batista dizendo que ele não é o
messias. Para as comunidades cristãs, a resposta de João "Ele deve crescer
e eu devo diminuir" valia não só para os discípulos de João da época de
Jesus, mas também para os discípulos das comunidades batistas do fim do primeiro
século.
Para um confronto
pessoal
1. “Ele deve
crescer e eu diminuir”. É o programa de João. É também o meu programa?
2. O que importa
é que a noiva encontre o noivo. Somos porta-vozes, nada mais. Será que eu sou?
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