Salmo Responsorial: 143
R. Bendito seja o
Senhor, que é o rochedo do meu refúgio.
Bendito seja o Senhor, o meu refúgio, que adestra as minhas
mãos para a luta e os meus dedos para o combate.
O Senhor é meu amparo e minha cidadela, meu baluarte e meu
libertador. O Senhor é meu escudo e meu abrigo: Ele submete os povos ao meu
poder.
Vou cantar-Vos, meu Deus, um cântico novo, vou celebrar-Vos
ao som da harpa, a Vós que dais aos reis a vitória e salvastes David, vosso
servo.
Aleluia. Jesus proclamava o Evangelho do reino e curava todas as
doenças entre o povo. Aleluia.
Evangelho (Mc 3,1-6): Outra vez, Jesus entrou na
sinagoga, e lá estava um homem com a mão seca. Eles observavam se o curaria num
dia de sábado, a fim de acusá-lo. Jesus disse ao homem da mão seca:
«Levanta-te! Vem para o meio!» E perguntou-lhes: «Em dia de sábado, o que é
permitido: fazer o bem ou fazer o mal, salvar uma vida ou matar?» Eles ficaram
calados. Passando sobre eles um olhar irado, e entristecido pela dureza de seus
corações, disse ao homem: «Estende a mão!» Ele estendeu a mão, que ficou
curada. Saindo daí, imediatamente os fariseus, com os herodianos, tomaram a
decisão de eliminar Jesus.
«Em dia de sábado, o que é permitido: fazer o bem ou fazer o mal,
salvar uma vida ou matar?»
Rev. D. Joaquim
MESEGUER García (Rubí, Barcelona, Espanha)
Jesus Cristo veio proclamar o Evangelho da salvação, mas
seus adversários, longe de deixar-se persuadir, procuram pretextos contra Ele;
«Outra vez, Jesus entrou na sinagoga, e lá estava um homem com a mão seca. Eles
observavam se o curaria num dia de sábado, a fim de acusá-lo» (Mc 3,1). Ao
mesmo tempo que vemos a ação da graça, constatamos a dureza do coração de uns
homens orgulhosos que acreditam ter a verdade do seu lado. Experimentaram
alegria os fariseus ao ver aquele pobre homem com a saúde restabelecida? Não,
pelo contrário, obcecaram-se ainda mais, até o ponto de fazer acordos com o
herodianos —seus inimigos naturais— para ver perder a Jesus, curiosa aliança!
Com sua ação, Jesus libera também o sábado das cadeias com
as que o tinham amarrado os mestres da Lei e os fariseus e, lhe restituem seu
verdadeiro sentido: dia de comunhão entre Deus e o homem, dia de liberação da
escravidão, dia da salvação das forças do mal. Santo Agostinho disse: «Quem tem
a consciência em paz, está tranquilo e, essa mesma tranquilidade é o sábado do
coração». Em Jesus Cristo, o sábado abre-se já o dom do domingo.
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«Porque a verdade é que n´Ele, que tinha verdadeiro corpo e
verdadeira alma de homem, essa afeição [entristecido] não era falsa. Por isso
diz-se a verdade quando se afirma que Ele se indignou com ira perante a dureza
de coração dos judeus» (Santo Agostinho)
«Outro motivo pelo qual se endurece o coração é o fechar-se
sobre si mesmo; construir um mundo sobre si próprio. Estes “narcisistas religiosos”,
que têm o coração duro, procuram defender-se com os muros que constroem ao seu
redor» (Francisco)
«O Evangelho relata numerosos incidentes em que Jesus é
acusado de violar a lei do sábado. Mas Jesus nunca viola a santidade deste dia
(cf. Mc 1,21; Jo 9,16). É com autoridade que Ele dá a sua interpretação
autêntica desta lei: «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o
sábado» (Mc 2, 27) (...)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.173).
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
* Jesus na sinagoga
em dia de sábado. Jesus entra na sinagoga. Ele tinha o costume de
participar das celebrações do povo. Havia ali um homem com a mão atrofiada. Um
deficiente físico não podia participar plenamente, pois era considerado impuro.
Mesmo presente na comunidade, era marginalizado. Devia manter-se afastado.
* A preocupação dos
adversários de Jesus. Os adversários observam para ver se Jesus faz curas
em dia de sábado. Querem acusá-lo. O segundo mandamento da Lei de Deus mandava
“santificar o sábado”. Era proibido trabalhar nesse dia (Ex 20,8-11). Os
fariseus diziam que curar um doente era o mesmo que trabalhar. Por isso
ensinavam: “É proibido curar em dia de sábado!” Colocavam a lei acima do
bem-estar das pessoas. Jesus os incomodava, porque ele colocava o bem-estar das
pessoas acima das normas e das leis. A preocupação dos fariseus e dos
herodianos não era o zelo pela lei, mas sim a vontade de acusar e de eliminar
Jesus.
* Levanta-te e vem
aqui para o meio! Jesus pede duas coisas ao deficiente físico: Levanta-te e
vem aqui para o meio! A palavra “levanta-te” é a mesma que as comunidades do
tempo de Marcos usavam para dizer “ressuscitar”. O deficiente deve
“ressuscitar”, levantar-se, vir para o meio e ocupar o seu lugar no centro da
comunidade! Os marginalizados, os excluídos, devem vir para o meio! Não podem
ser excluídos. Devem ser incluídos e acolhidos. Devem estar junto com todo
mundo! Jesus chamou o excluído para ficar no meio.
* A pergunta de Jesus
deixa os outros sem resposta. Jesus pergunta: Em dia de sábado é permitido
fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou matá-la? Ele podia ter perguntado:”
Em dia de sábado é permitido curar: sim ou não?” Aí, todos teriam respondido:
“Não é permitido!” Mas Jesus mudou a pergunta. Para ele, naquele caso concreto,
“curar” era o mesmo que “fazer o bem” ou “salvar uma vida”, e “não curar” era o
mesmo que “fazer o mal” ou “matar uma vida”! Com a sua pergunta Jesus colocou o
dedo na ferida. Denunciou a proibição de curar em dia de sábado como sendo um
sistema de morte. Pergunta sábia! Os adversários ficaram sem resposta.
* Jesus fica
indignado diante do fechamento dos adversários. Jesus reage com indignação
e tristeza diante da atitude dos fariseus e herodianos. Ele manda o homem
estender a mão, e ela ficou curada. Curando o deficiente, Jesus mostrou que ele
não estava de acordo com o sistema que colocava a lei acima da vida. Em
resposta à ação de Jesus, os fariseus e os herodianos decidem matá-lo. Com esta
decisão eles confirmam que são, de fato, defensores de um sistema de morte!
Eles não têm medo de matar para defender o sistema contra Jesus que os ataca e
critica em nome da vida.
Para um confronto
pessoal
1) O deficiente
foi chamado para estar no centro da comunidade. Na nossa comunidade, os pobres
e os excluídos têm um lugar privilegiado?
2) Você já se
confrontou alguma vez com pessoas que, como os herodianos e os fariseus,
colocam a lei acima do bem-estar das pessoas? O que você sentiu naquele
momento? Deu razão a eles ou os criticou?
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