São Nicolau de Bari, Bispo
Salmo Responsorial: 84
R. O Senhor, nosso
Deus, vem salvar-nos.
Escutemos o que diz o Senhor: Deus fala de paz ao seu povo e
aos seus fiéis. A sua salvação está perto dos que O temem e a sua glória
habitará na nossa terra.
Encontraram-se a misericórdia e a fidelidade, abraçaram-se a
paz e a justiça. A fidelidade vai germinar da terra e a justiça descerá do Céu.
O Senhor dará ainda o que é bom e a nossa terra produzirá os
seus frutos. A justiça caminhará à sua frente e a paz seguirá os seus passos.
Aleluia. Eis que vem o Rei, Senhor de toda a terra, libertar-nos do
jugo do nosso cativeiro. Aleluia.
Evangelho (Lc 5,17-26): Num desses dias, ele
estava ensinando na presença de fariseus e mestres da Lei, que tinham vindo de
todos os povoados da Galileia, da Judeia e de Jerusalém. O poder do Senhor
estava nele para fazer curas. Vieram alguns homens carregando um paralítico
sobre uma maca. Eles tentavam introduzi-lo e colocá-lo diante dele. Como não
encontrassem um modo de introduzi-lo, por causa da multidão, subiram ao telhado
e, pelas telhas, desceram o paralítico, com a maca, no meio, diante de Jesus.
Vendo a fé que tinham, ele disse: «Homem, teus pecados são perdoados». Os
escribas e os fariseus começaram a pensar: «Quem é este que fala blasfêmias?
Quem pode perdoar pecados, a não ser Deus?». Jesus, penetrando-lhes os
pensamentos, perguntou: «Que estais pensando no vosso íntimo? Que é mais fácil,
dizer: ‘Teus pecados são perdoados’, ou: ‘Levanta-te e anda?’ Ora, para que
saibais que o Filho do Homem tem poder de perdoar pecados na terra, — e
dirigiu-se ao paralítico — eu te digo: levanta-te, pega tua maca e vai para
casa». No mesmo instante, levantando-se diante de todos, pegou a maca e foi
para casa, glorificando a Deus. Todos ficaram admirados e glorificavam Deus,
cheios de temor, dizendo: «Vimos hoje coisas maravilhosas».
«Teus pecados são perdoados»
Rev. D. Joan Carles MONTSERRAT i Pulido (Cerdanyola del Vallès, Barcelona, Espanha)
Na atitude dos que querem a cura de seu amigo vemos os
esforços humanos para conseguir aquilo que verdadeiramente desejam. O que
queriam era algo muito bom: que o doente pudesse levantar-se. Mas isso não é
suficiente. Nosso Senhor deseja fazer conosco uma cura completa. E por isso
começa com o que Ele tinha vindo fazer neste mundo, o que significa o Seu santo
nome: Salvar o homem de seus pecados.
A fonte mais profunda de meus males são sempre os meus
pecados: «Homem, teus pecados são perdoados» (Lc 5,20). Frequentemente, nossa
oração ou nosso interesse é só material, mas o Senhor sabe o que mais nos convém.
Como naqueles tempos os consultórios dos médicos estão lotados de doentes. Mas,
como aqueles homens, corremos o risco de não ir com tanta diligência ao lugar
onde de verdade nos restabelecemos inteiramente: ao encontro com o Senhor no
sacramento da Penitência.
É fundamental em todo o tempo para o crente, o encontro sincero
com Jesus Cristo misericordioso. Ele, rico em misericórdia, recorda-nos
especialmente hoje que neste Advento não podemos desatender o perdão que Ele
nos dá de mãos cheias. E, se for preciso, joguemos fora os impedimentos — o
telhado — que nos impedem de O ver. —Eu também preciso de retirar as telhas de
meus preconceitos, das minhas comodidades, das minhas ocupações, das
desconfianças, que são um impedimento para "olhar acima das telhas".
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«Quão grande é o Senhor, que pelos méritos de alguns perdoa
a outros» (Santo Ambrósio)
«Vamos sempre seguir, procurando o Senhor, em busca de novos
caminhos. E se é preciso abrir um buraco no teto, que a nossa imaginação
criadora de caridade nos leve a isso: encontrar e abrir caminhos de encontro,
caminhos de fraternidade, caminhos de paz» (Francisco)
«Jesus escuta a oração da fé expressa em palavras (o
leproso; Jairo: o cananeu: o bom ladrão), ou em silêncio (os portadores do
paralítico: a mulher hemorroisa que tocou em seu vestido). Jesus sempre
responde à oração que imploramos a ele com fé» (Catecismo da Igreja Católica,
nº 2.616).
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
* Sentado, Jesus
ensinava. O povo gostava de ouvi-lo. Qual era o assunto do ensino de Jesus?
Ele sempre falava de Deus, seu Pai, mas dele falava de um jeito novo e
atraente, diferente dos escribas e fariseus (Mc 1,22.27). Jesus apresentava
Deus como a grande Boa Notícia para a vida humana; um Deus Pai/Mãe que ama e
acolhe as pessoas, e não um Deus que nos ameaça e condena.
* Um paralítico é
carregado por quatro pessoas. Jesus é a única esperança deles. Vendo a fé,
ele diz ao paralítico: Teus pecados estão perdoados! Naquele tempo, o povo
achava que defeitos físicos (paralisia, etc) fossem castigo de Deus por algum
pecado. Por isso, os paralíticos e tantos outros deficientes físicos sentiam-se
rejeitados e excluídos por Deus! Jesus ensinava o contrário. A fé tão grande do
paralítico era um sinal evidente de que ele e seus carregadores estavam sendo
acolhidos por Deus. Por isso, Jesus declara: Teus pecados estão perdoados! Ou
seja: “Você não está afastado de Deus!”
* A afirmação de
Jesus não combinava com a ideia que os doutores da lei tinham de Deus. Por
isso, eles reagem: Ele blasfema! Conforme o ensinamento deles, só Deus podia
perdoar os pecados. E só o sacerdote podia declarar uma pessoa perdoada e
purificada. Como é que Jesus, homem sem estudo, um leigo, podia declarar o
paralítico como perdoado e purificado dos pecados? Pois, se um simples leigo
podia perdoar os pecados, os doutores e os sacerdotes perderiam o seu poder e
também a sua fonte de renda! Por isso reagem e se defendem.
* Jesus justifica a
sua ação: O que é mais fácil dizer: ‘Teus pecados estão perdoados!’ ou
dizer: ‘Levanta-te e anda!’? Evidentemente, é muito mais fácil dizer: “Teus
pecados estão perdoados”. Pois ninguém pode verificar se, de fato, o pecado foi
ou não foi perdoado. Mas se eu digo: “Levanta-te e anda!”, aí todos poderão
verificar se tenho ou não esse poder de curar. Por isso, para mostrar que, em
nome de Deus, tinha o poder de perdoar os pecados, Jesus disse ao paralítico: ”Levanta-te,
toma teu leito e vá para casa!” Curou o homem! Provou que a paralisia não é um
castigo de Deus pelo pecado, e mostrou que a fé dos pobres é uma prova de que
Deus os acolhe no seu amor.
Para um confronto
pessoal
1. Colocando-me
na posição dos carregadores: será que eu seria capaz de carregar o doente,
subir no telhado e fazer o que os quatro fizeram? Será que eu tenho tanta fé?
2. Qual a imagem
de Deus que está em mim e que se irradia nos outros? A dos doutores ou a de
Jesus? Deus compassivo ou ameaçador?
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