Salmo Responsorial: 95
R. Alegrem-se os
céus, exulte a terra.
Dai ao Senhor, ó família dos povos, dai ao Senhor glória e
poder, dai ao Senhor a glória do seu nome.
Levai-Lhe oferendas e entrai nos seus átrios, adorai o
Senhor com ornamentos sagrados, trema diante d’Ele a terra inteira.
Dizei entre as nações: «O Senhor é Rei», sustenta o mundo e
ele não vacila, governa os povos com equidade.
Aleluia. Santo é o dia que nos trouxe a luz. Vinde adorar o Senhor.
Hoje, uma grande luz desceu sobre a terra. Aleluia.
Evangelho (Lc 2,36-40): Havia também uma
profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Ela era de idade
avançada. Quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido.
Depois ficara viúva e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do
templo; dia e noite servia a Deus com jejuns e orações. Naquela hora, Ana
chegou e se pôs a louvar Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a
libertação de Jerusalém. Depois de cumprirem tudo conforme a Lei do Senhor,
eles voltaram para Nazaré, sua cidade, na Galileia. O menino foi crescendo,
ficando forte e cheio de sabedoria. A graça de Deus estava com ele.
«Se pôs a louvar Deus e a falar do menino a todos »
Rev. D. Joaquim
FLURIACH i Dominguez (St. Esteve de P., Barcelona, Espanha)
Desde que nasceu o seu filho —e filho de Deus —, José e
Maria experimentam maravilha atrás de maravilha: os pastores, os magos do
Oriente, anjos… Não somente acontecimentos exteriores extraordinários, mas
também interiores, no coração das pessoas que têm algum contato com este
Menino.
Hoje, aparece Ana, uma senhora de idade, viúva, que num
determinado momento tomou a decisão de dedicar toda a sua vida ao Senhor, com
jejuns e oração. Não nos equivocamos se dissermos que esta mulher era uma das
“virgens prudentes” da parábola do Senhor (cf. Mt 25,1-13): zelando sempre
fielmente por tudo o que lhe parece ser a vontade de Deus. E, é claro: quando
chega o momento, o Senhor encontra-a preparada. Todo o tempo que dedicou ao
Senhor é recompensado com juros por aquele Menino. — Perguntai-lhe, perguntai a
Ana se valeu a pena tanta oração e tanto jejum, tanta generosidade!
Diz o texto que «louvava Deus e falava do Menino a todos os
que esperavam a libertação de Jerusalém» (Lc 2,38). A alegria transforma-se em
apostolado determinado: ela é o motivo e a raiz. O Senhor é imensamente
generoso com os que são generosos com Ele.
Jesus, Deus Encarnado, vive a vida de Família em Nazaré,
como todas as famílias: crescer, trabalhar, aprender, rezar, brincar… “Santa
normalidade”, bendita rotina onde crescem e se fortalecem, quase sem dar por
isso, as almas dos homens de Deus! Como são importantes as coisas pequenas de
cada dia!
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«Acorda: Deus se fez homem por ti. Acorda, tu que dormes,
levanta-te de entre os mortos, e Cristo será a tua luz. Foi por ti
precisamente, que Deus se fez homem» (Santo Agostinho)
«Ana é “profetisa”, mulher sábia e piedosa. Sua larga
viuvez, dedicada ao culto no Templo e a sua participação na espera do resgate
de Israel concluem no encontro com o Menino Jesus» (Bento XVI)
«Com Simeão e Ana, é toda a expectativa de Israel que vem ao
encontro do seu Salvador (a tradição bizantina designa por encontro este
acontecimento). Jesus é reconhecido como o Messias tão longamente esperado»
(Catecismo da Igreja Católica, nº 529)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
* Os capítulos 1
e 2 do Evangelho de Lucas são muito conhecidos, mas pouco aprofundados. Lucas
escreve imitando os escritos do AT. É como se os primeiros dois capítulos do
seu evangelho fossem o último capítulo do AT que abre a porta para a chegada do
Novo. Estes dois capítulos são a dobradiça entre o AT e o NT. Lucas quer
mostrar como as profecias estão se realizando. João e Jesus cumprem o Antigo e
iniciam o Novo.
* Lucas 2,36-37: A
vida da profetisa Ana. “Havia também uma profetisa chamada Ana, de idade
muito avançada. Ela era filha de Fanuel, da tribo de Aser. Tinha-se casado bem
jovem, e vivera sete anos com o marido. Depois ficou viúva, e viveu assim até
os oitenta e quatro anos. Nunca deixava o Templo, servindo a Deus noite e dia,
com jejuns e orações”. Como Judite (Jd 8,1-6), Ana é viúva. Como Débora (Jz
4,4), ela é profetisa. Isto é, pessoa que comunica algo de Deus e que tem uma
abertura especial para as coisas da fé a ponto de poder comunicá-las aos
outros. Ana casou jovem, viveu em casamento durante sete anos, ficou viúva e
continuou dedicada a Deus até oitenta e quatro anos. Hoje, em quase todas as
nossas comunidades, no mundo inteiro, você encontra um grupo de senhoras de
idade, muitas delas viúvas, cuja vida se resume em rezar e marcar presença nas
celebrações e em servir ao próximo.
* Lucas 2,38: Ana e o
menino Jesus. “Ela chegou nesse instante, louvava a Deus, e falava do
menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém”. Chegou ao templo no
momento em que Simeão abraçava o menino e conversava com Maria sobre o futuro
do menino (Lc 2,25-35). Lucas sugere que Ana participou neste gesto. O olhar de
Ana é um olhar de fé. Ela vê um menino nos braços de sua mãe, e descobre nele o
Salvador do mundo.
* Lucas 2,39-40: A
vida de Jesus em Nazaré. ”Quando acabaram de cumprir todas as coisas,
conforme a Lei do Senhor, voltaram para Nazaré, sua cidade, que ficava na Galileia.
O menino crescia e ficava forte, cheio de sabedoria. E a graça de Deus estava
com ele”. Nestas poucas palavras, Lucas comunica algo do mistério da
encarnação. “A Palavra de fez carne e veio morar entre nós” (Jo 1,14). O Filho
de Deus tornou-se igual a nós em tudo e assumiu a condição de servo (Fl 2,7).
Foi obediente até a morte e morte de cruz (Fl 2,8). Dos trinta e três anos que
viveu entre nós, trinta foram vividos em Nazaré. Se você quiser saber como foi
a vida do Filho de Deus durante os anos que ele viveu em Nazaré, procure
conhecer a vida de qualquer nazareno daquele época, mude o nome, coloque Jesus
e você terá a vida do Filho de Deus durante trinta dos trinta e três anos da
sua vida, igual a nós em tudo, menos no pecado (Hb 4,15). Nestes trinta anos da
sua vida, “o menino crescia e ficava forte, cheio de sabedoria. E a graça de
Deus estava com ele”. Em outro lugar Lucas afirma a mesma coisa com outras
palavras. Ele diz que o menino “crescia em sabedoria, idade e tamanho diante de
Deus e dos homens” (Lc 2,52). Crescer em Sabedoria significa assimilar os
conhecimentos, a experiência humana acumulada ao longo dos séculos: os tempos,
as festas, os remédios, as plantas, as orações, os costumes, etc. Isto se
aprende vivendo e convivendo na comunidade natural do povoado. Crescer em
Tamanho significa nascer pequeno, crescer aos poucos e ficar adulto. É o
processo de cada ser humano com suas alegrias e tristezas, descobertas e
frustrações, raivas e amores. Isto se aprende vivendo e convivendo na família
com os pais, os irmãos e irmãs, os tios, os parentes. Crescer em Graça
significa: descobrir a presença de Deus na vida, a sua ação em tudo que
acontece, a vocação, o chamado dele. A carta aos hebreus diz que: “Embora fosse
filho de Deus, Jesus teve que aprender a ser obediente através dos seus
sofrimentos” (Hb 4,8).
Para um confronto
pessoal
1. Conhece
pessoas como Ana, que tem um olhar de fé sobre as coisas da vida?
2. Crescer em sabedoria, tamanho e graça: como isto acontece em minha vida?
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