Beato Luis Morbioli, Terceiro carmelita,
penitente.
Santa Gertrudes de Helfa, a Magna, virgem
Sta. Margarida da Escócia, viúva
Salmo Responsorial: 3
R. O Senhor me
sustenta e ampara.
Senhor, são tantos os meus inimigos, tão numerosos os que se
levantam contra mim! Muitos são os que dizem a meu respeito: «Deus não o vai
salvar».
Vós, porém, Senhor, sois o meu protetor, a minha glória e
Aquele que me sustenta. Em altos brados clamei ao Senhor, Ele respondeu-me da
sua montanha sagrada.
Deito-me e adormeço, e me levanto: sempre o Senhor me
ampara. Não temo a multidão, que de todos os lados me cerca.
Aleluia. Deus amou-nos e enviou o seu Filho, como vítima de expiação
pelos nossos pecados. Aleluia.
Evangelho (Lc 19,1-10): Naquele tempo, Jesus tinha
entrado em Jericó e estava passando pela cidade. Havia ali um homem chamado
Zaqueu, que era chefe dos publicanos e muito rico. Ele procurava ver quem era
Jesus, mas não conseguia, por causa da multidão, pois era baixinho. Então ele
correu à frente e subiu numa árvore para ver Jesus, que devia passar por ali.
Quando Jesus chegou ao lugar, olhou para cima e disse: «Zaqueu, desce depressa!
Hoje eu devo ficar na tua casa. Ele desceu depressa, e o recebeu com alegria. Ao
ver isso, todos começaram a murmurar, dizendo: «Foi hospedar-se na casa de um
pecador!». Zaqueu pôs-se de pé, e disse ao Senhor: «Senhor, a metade dos meus
bens darei aos pobres, e se prejudiquei alguém, vou devolver quatro vezes
mais». Jesus lhe disse: «Hoje aconteceu a salvação para esta casa, porque
também este é um filho de Abraão. Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e
salvar o que estava perdido».
«O Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido»
Rev. D. Enric RIBAS i Baciana (Barcelona, Espanha)
Zaqueu deseja ver a Jesus; não o conseguirá sem esforçar-se
e sobe a árvore. Quisera eu ver tantas vezes a ação de Deus! Mas não sei se
estou verdadeiramente disposto a fazer o ridículo obrando como Zaqueu. A
disposição do chefe de publicanos de Jericó é necessária para que Jesus possa
agir; se não se apressa, pode perder a única oportunidade de ser tocado por
Deus e assim, ser salvado. Possivelmente, eu tive muitas ocasiões de
encontrar-me com Jesus, e talvez vendo que já era hora de ser corajoso, de sair
de casa, de encontrar-me com Ele e de convidá-lo a entrar no meu interior, para
que Ele possa dizer também de mim: «Hoje aconteceu a salvação para esta casa,
porque também este é um filho de Abraão. Com efeito, o Filho do Homem veio
procurar e salvar o que estava perdido» (Lc 19,9-10).
Zaqueu deixa entrar a Jesus na sua casa e no seu coração,
ainda que não se sente digno dessa visita. Nele a conversão é total: começa
pela renúncia à ambição de riquezas, continua com o propósito de partilhar os
seus bens e termina com uma vontade firme de fazer justiça, corrigir os pecados
que cometeu. Pode que Jesus me este pedindo algo parecido desde faz tempo, mas
eu não quero escutar e faço ouvidos surdos; necessito converter-me.
Dizia São Máximo: «Nada há mais querido e agradável a Deus
como a conversão dos homens a Ele com um arrependimento sincero». Que Ele me
ajude hoje a fazê-lo realidade.
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 19,1-2: A situação.
Jesus entrou em Jericó e atravessava a cidade. "Havia ali um homem,
chamado Zaqueu, muito rico, chefe dos publicanos". Publicano era a pessoa
que cobrava o imposto público sobre a circulação da mercadoria. Zaqueu era o
chefe dos publicanos da cidade. Sujeito rico e muito ligado ao sistema de
dominação dos romanos. Os judeus mais religiosos argumentavam assim: “O rei do
nosso povo é Deus. Por isso, a dominação romana sobre nós é contra Deus. Quem
colabora com os romanos peca contra Deus!” Assim, soldados que serviam no
exército romano e cobradores de impostos, como Zaqueu, eram excluídos e
evitados como pecadores e impuros.
* Lucas 19,3-4: A
atitude de Zaqueu. Zaqueu quer ver Jesus. Sendo pequeno, corre na frente,
sobe numa árvore e aguarda Jesus passar. É muita vontade de ver Jesus!
Anteriormente, na parábola do pobre Lázaro e do rico sem nome (Lc 16,19-31),
Jesus mostrava como é difícil um rico se converter e abrir a porta de separação
para acolher o pobre Lázaro. Aqui aparece o caso de um rico que não se fecha na
sua riqueza. Zaqueu quer algo mais. Quando um adulto, pessoa de destaque na
cidade, trepa numa árvore, é porque já nem liga para a opinião dos outros. Algo
mais importante o move por dentro. Ele está querendo abrir a porta para o pobre
Lázaro.
* Lucas 19,5-7:
Atitude de Jesus, reação do povo e de Zaqueu. Chegando perto e vendo Zaqueu
na árvore, Jesus não pergunta nem exige nada. Apenas responde ao desejo do
homem e diz: "Zaqueu, desça depressa! Hoje devo ficar em sua casa!"
Zaqueu desceu e recebeu Jesus em sua casa, com muita alegria. Todos murmuravam:
"Foi hospedar-se na casa de um pecador!" Lucas diz que todos
murmuravam! Isto significa que Jesus estava ficando sozinho na sua atitude de
dar acolhida aos excluídos, sobretudo aos colaboradores do sistema. Mas Jesus
não se importa com as críticas. Ele vai na casa de Zaqueu e o defende contra as
críticas. Em vez de pecador, o chama de “filho de Abraão” (Lc 19,9).
* Lucas 19,8: Decisão
de Zaqueu. "Dou a metade dos meus bens aos pobres e restituo quatro
vezes o que roubei!" Esta é a conversão, produzida em Zaqueu pela acolhida
que Jesus lhe deu. Restituir quatro vezes era o que a lei mandava em alguns casos
(Ex 21,37; 22,3). Dar a metade dos bens aos pobres era a novidade que o contato
com Jesus nele produziu. Era a partilha acontecendo de fato!
* Lucas 19,9-10:
Palavra final de Jesus. "Hoje, a salvação entrou nesta casa, porque
ele também é um filho de Abraão!" A interpretação da Lei pela Tradição
antiga excluía os publicanos da raça de Abraão. Jesus diz que veio procurar e
salvar o que estava perdido. O Reino é para todos. Ninguém pode ser excluído. A
opção de Jesus é clara, seu apelo também: não é possível ser amigo de Jesus e
continuar apoiando um sistema que marginaliza e exclui tanta gente. Denunciando
as divisões injustas, Jesus abre o espaço para uma nova convivência, regida
pelos novos valores da verdade, da justiça e do amor.
* Filho de Abraão. "Hoje,
a salvação entrou nesta casa, porque ele também é um filho de Abraão!"
Através da descendência de Abraão, todas as nações da terra serão benditas (Gn
12,3; 22,18). Para as comunidades de Lucas, formadas por cristãos tanto de
origem judaica como de origem pagã, a afirmação de Jesus chamando Zaqueu de
“filho de Abraão”, era muito importante. Nela encontravam a confirmação de que,
em Jesus, Deus estava cumprindo as promessas feitas a Abraão, dirigidas a todas
as nações, tanto judeus como gentios. Estes são também filhos de Abraão e
herdeiros das promessas. Jesus acolhe os que não eram acolhidos. Oferece lugar
aos que não tinham lugar. Recebe como irmão e irmã as pessoas que a religião e
o governo excluíam e rotulavam como:
* imorais: prostitutas e pecadores (Mt 21,31-32; Mc 2,15; Lc
7,37-50; Jo 8,2-11),
* hereges: pagãos e samaritanos (Lc 7,2-10; 17,16; Mc
7,24-30; Jo 4,7-42),
* impuras: leprosos e possessos (Mt 8,2-4; Lc 17,12-14; Mc
1,25-26),
* marginalizadas: mulheres, crianças e doentes (Mc 1,32; Mt
8,16;19,13-15; Lc 8,2-3),
* pelegos: publicanos e soldados (Lc 18,9-14;19,1-10);
* pobres: o povo da terra e os pobres sem poder (Mt 5,3; Lc
6,20; Mt 11,25-26).
Para um confronto
pessoal
1. Como nossa
comunidade acolhe as pessoas desprezadas e marginalizadas? Somos capazes, como
Jesus, de perceber os problemas das pessoas e dar atenção a elas?
2. Como
percebemos a salvação entrando hoje na nossa casa e na nossa comunidade? A
ternura acolhedora de Jesus provocou uma mudança total na vida de Zaqueu. A
ternura acolhedora da nossa comunidade está provocando alguma mudança no
bairro? Qual?
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