Fiéis defuntos da Ordem do Carmo
Santo Alberto Magno, bispo e doutor da
Igreja
Salmo Responsorial: 118
R. Dai-me a vida,
Senhor, e guardarei os vossos mandamentos.
Fico indignado à vista dos ímpios, que desertam da vossa
lei.
Cercaram-me os laços dos ímpios, mas não esqueci a vossa
lei.
Livrai-me da violência dos homens, para que eu guarde os
vossos preceitos.
Aproximam-se os meus iníquos perseguidores, que estão longe
da vossa lei.
Longe dos ímpios está a salvação, porque não observam os
vossos preceitos.
Ao ver os pecadores, sinto-me triste, porque não guardam a
vossa promessa.
Aleluia. Eu sou a luz do mundo, diz o Senhor; quem Me segue terá a luz
da vida. Aleluia.
Evangelho (Lc
18,35-43): Naquele tempo, quando Jesus se aproximou de Jericó, um cego estava
sentado à beira do caminho, pedindo esmola. Ouvindo a multidão passar,
perguntou o que estava acontecendo. Disseram-lhe: «Jesus Nazareno está
passando». O cego então gritou: «Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!»
As pessoas que iam na frente mandavam que ele ficasse calado. Mas ele gritava
mais ainda: «Filho de Davi, tem compaixão de mim!» Jesus parou e mandou que lhe
trouxessem o cego. Quando ele chegou perto, Jesus perguntou: «Que queres que eu
te faça?» O cego respondeu: «Senhor, que eu veja». Jesus disse: «Vê! A tua fé
te salvou». No mesmo instante, o cego começou a enxergar de novo e foi seguindo
Jesus, glorificando a Deus. Vendo isso, todo o povo deu glória a Deus».
«A tua fé te salvou»
Rev. D. Antoni CAROL i
Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Bartimeu não tem vergonha de se sentir assim. Em não poucas
ocasiões, a sociedade, a cultura do politicamente correto querem fazer-nos
calar: com Bartimeu não o conseguiram. Ele não se encolheu. Apesar de o
«mandarem ficar calado, (...) ele gritava mais ainda: Filho de Davi, tem compaixão
de mim!» (Lc 18,39). Que maravilha! Apetece dizer: Obrigado, Bartimeu, por
esse exemplo.
E vale a pena fazê-lo como ele, porque Jesus ouve. E ouve
sempre! Por mais confusão que alguns organizem à nossa roda. A confiança
simples -sem preconceitos - de Bartimeu desarma Jesus e rouba-lhe o coração:
«Mandou que lhe trouxessem o cego e (...) perguntou-lhe: «Que queres que eu te
faça?» (Lc 18,40-41). Perante tanta fé, Jesus não anda com rodeios! E Bartimeu
também não: «Senhor, que eu veja!». (Lc 18,41). Dito e feito: «Vê! A tua fé te
salvou» (Lc 18,42). Assim, pois, —a fé, se é forte, defende toda a casa — (Santo
Ambrósio), quer dizer, tudo pode.
Ele é tudo; Ele dá-nos tudo. Então, que outra coisa podemos
fazer perante Ele, se não lhe dar uma resposta de fé? E esta resposta de fé
equivale a deixar-se encontrar por este Deus que — movido pelo afeto de Pai — nos
procura sempre. Deus não se impõe, mas passa frequentemente muito perto de nós:
aprendamos a lição de Bartimeu e ... Não o deixemos passar ao largo!
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 18,35-37: O
cego à beira da estrada. “Quando Jesus se aproximava de Jericó, um cego
estava sentado à beira do caminho, pedindo esmolas. Ouvindo a multidão passar,
ele perguntou o que estava acontecendo. Disseram-lhe que Jesus Nazareno passava
por ali”. No evangelho de Marcos, o cego se chama Bartimeu (Mc 10,46). Por ser
cego, ele não podia participar da procissão que acompanhava Jesus. Naquele
tempo, havia muitos cegos na Palestina, pois o sol forte que bate na terra
pedregosa embranquecida fazia mal aos olhos sem proteção.
* Lucas 18,38-39: O grito
do cego e a reação do povo. “Então o cego gritou: "Jesus, filho de
Davi, tem piedade de mim!" Ele invoca Jesus sob o título de “Filho de
Davi”. O catecismo daquela época ensinava que o messias seria da descendência
de Davi, “filho de Davi”, messias glorioso. Jesus não gostava deste título.
Citando o salmo messiânico, ele chegou a perguntar: “Como é que o messias pode
ser filho de Davi se até o próprio Davi o chama de “meu Senhor”? (Lc 20,41-44)
O grito do cego incomodava o povo que acompanhava Jesus. Por isso, “as pessoas
que iam na frente mandavam que ele ficasse quieto. Elas tentavam abafar o
grito. Mas ele gritava mais ainda: "Filho de Davi, tem piedade de
mim!" Até hoje, o grito dos pobres incomoda a sociedade estabelecida:
migrantes, aidéticos, mendigos, refugiados, tantos!
* Lucas 18,40-41: A
reação de Jesus diante do grito do cego. E Jesus, o que faz? “Parou, e
mandou que levassem o cego até ele. Os que queriam abafar o grito incômodo do
pobre, agora, a pedido de Jesus, são obrigados a ajudar o pobre a chegar até
Jesus. O evangelho de Marcos acrescenta que o cego largou tudo e foi até Jesus.
Não tinha muito. Apenas um manto. Mas era o que tinha para cobrir o seu corpo
(cf. Ex 22,25-26). Era a sua segurança, o seu chão! Também hoje Jesus escuta o
grito calado dos pobres que nós, às vezes, não queremos escutar. Quando o cego
chegou perto, Jesus perguntou: "O que quer que eu faça por você?" Não
basta gritar. Tem que saber por que grita!
O cego respondeu: "Senhor, eu quero ver de novo."
* Lucas 18,42-43:
“Veja! Sua fé curou você!” ”Jesus disse: "Veja. A sua fé curou
você." No mesmo instante, o cego começou a ver e seguia Jesus,
glorificando a Deus. Vendo isso, todo o povo louvou a Deus”. O cego tinha
invocado Jesus com ideias não inteiramente corretas, pois o título “Filho de
Davi” não era muito bom. Mas ele teve mais fé em Jesus, do que nas suas
próprias ideias sobre Jesus. Assinou em branco. Não fez exigências como Pedro
(Mc 8,32-33). Soube entregar sua vida aceitando Jesus sem impor condições. A
cura é fruto da sua fé em Jesus. Curado, ele segue Jesus e sobe com ele para
Jerusalém. Deste modo, tornou-se discípulo modelo para todos nós que queremos
“seguir Jesus no caminho” em direção a Jerusalém: acreditar mais em Jesus do
que nas nossas ideias sobre Jesus! Nesta decisão de caminhar com Jesus está a
fonte da coragem e a semente da vitória sobre a cruz. Pois a cruz não é uma
fatalidade, nem uma exigência de Deus. Ela é a consequência do compromisso de
Jesus, em obediência ao Pai, de servir aos irmãos e de recusar o privilégio.
* A fé é uma força
que transforma as pessoas. A Boa Nova do Reino anunciada por Jesus era como
um fertilizante. Fazia crescer a semente da vida que estava escondida no povo,
escondida como fogo debaixo das cinzas das observâncias sem vida. Jesus soprou
nas cinzas e o fogo acendeu, o Reino desabrochou e o povo se alegrou. A
condição era sempre a mesma: crer em Jesus. A cura do cego esclarece um aspecto
muito importante da nossa fé. Mesmo invocando Jesus com ideias não inteiramente
corretas, o cego teve fé e foi curado! Converteu-se, largou tudo e seguiu Jesus
no caminho para o Calvário! A compreensão plena do seguimento de Jesus não se
obtém pela instrução teórica, mas sim pelo compromisso prático, caminhando com
ele no caminho do serviço, desde a Galileia até Jerusalém. Quem insiste em
manter a ideia de Pedro, isto é, do Messias glorioso sem a cruz, nada vai
entender de Jesus e nunca chegará a tomar a atitude do verdadeiro discípulo.
Quem souber crer em Jesus e fazer a entrega de si (Lc 9,23-24), aceitar ser o
último (Lc 22,26), beber o cálice e carregar sua cruz (Mt 20,22; Mc 10,38),
este, como o cego, mesmo tendo ideias não inteiramente corretas, conseguirá
enxergar e “seguirá Jesus no caminho” (Lc 18,43). Nesta certeza de caminhar com
Jesus está a fonte da coragem e a semente da vitória sobre a cruz.
Para um confronto
pessoal
1) Como vejo e
sinto o grito dos pobres: migrantes, negros, aidéticos, mendigos, refugiados,
tantos?
2) Como é a minha
fé: fixo-me mais nas minhas ideias sobre Jesus ou em Jesus?
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