S. Pedro de Alcântara, presbítero
S. Paulo da Cruz, presbítero
São João de Brébeuf e companheiros,
mártires
Salmo Responsorial: 39
R. Eu venho, Senhor,
para fazer a vossa vontade.
Não Vos agradaram sacrifícios nem oblações, mas abristes-me
os ouvidos; não pedistes holocaustos nem expiações, então clamei: «Aqui estou».
«De mim está escrito no livro da Lei que faça a vossa
vontade. Assim o quero, ó meu Deus, a vossa lei está no meu coração».
Proclamarei a justiça na grande assembleia, não fechei os
meus lábios, Senhor, bem o sabeis.
Alegrem-se e exultem em Vós todos os que Vos procuram. Digam
sempre: «Grande é o Senhor» os que desejam a vossa salvação.
Aleluia. Vigiai e orai em todo o tempo, para vos apresentardes sem
temor diante do Filho do homem. Aleluia.
Evangelho (Lc 12,35-38): Naquele tempo, o Senhor
disse aos seus discípulos: Ficai de prontidão, com o cinto amarrado e as
lâmpadas acesas. Sede como pessoas que estão esperando seu senhor voltar de uma
festa de casamento, para lhe abrir a porta, logo que ele chegar e bater.
Felizes os servos que o Senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade,
vos digo: ele mesmo vai arregaçar sua veste, os fará sentar à mesa e passará
para servi-los. E caso ele chegue pela meia-noite ou já perto da madrugada,
felizes serão, se assim os encontrar!.
«Sede como pessoas que estão esperando seu senhor voltar de uma festa
de casamento»
Rev. D. Miquel VENQUE i
To (Solsona, Lleida, Espanha)
Estar à porta e com os olhos abertos é uma orientação-chave
e, ao meu alcance. Não me posso distrair. Estar distraído é esquecer o
objetivo, querer ir para o céu mas sem uma vontade operativa; é fazer bolas de
sabão sem um desejo comprometido e avaliável. Ter posto um avental significa
estar na cozinha, preparado até ao último detalhe. O meu pai, que era
agricultor, dizia que não se pode semear se a terra não está no momento; para
fazer uma boa semeadura é necessário passear pelo campo e tocar nas sementes
com atenção.
O cristão não é um náufrago sem bússola, ele sabe de onde
vem, para onde vai e como chegar; conhece o objetivo os meios para ir e as
dificuldades. Ter isto em conta nos ajudará a vigiar e a abrir a porta quando o
Senhor nos avise. A exortação à vigilância e à responsabilidade repetem-se com frequência
na predicação de Jesus por duas razões óbvias: porque Jesus nos ama e nos vela;
o que ama não adormece. E, porque o inimigo, o diabo, não para de nos tentar. O
pensamento do céu e do inferno não nos poderá distrair nunca das nossas
obrigações da vida presente, mas é um pensamento saudável e encarnado, e merece
a felicitação do Senhor: E caso ele chegue pela meia-noite ou já perto da
madrugada, felizes serão, se assim os encontrar! (Lc 12,38). Jesus, ajuda-me a
viver atento e vigilante cada dia, amando-te sempre.
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 12,35:
Exortação à vigilância. "Estejam com os rins cingidos e com as
lâmpadas acesas”. Cingir-se significava amarrar um pano ou uma corda ao redor
da veste talar, para que ela não atrapalhasse os movimentos do corpo. Estar
cingido significava estar preparado, pronto para ação imediata. Na véspera da
saída do Egito, na hora de celebrar a páscoa, os israelitas deviam estar
cingidos, isto é, preparados, prontos para poder partir imediatamente (Ex
12,11). Quando alguém ia trabalhar, lutar ou executar uma tarefa ele se cingia
(Ct 3,8). Na carta aos Efésios, Paulo descreve a armadura de Deus e diz que os
rins devem estar cingidos com o cíngulo da verdade (Ef 6,14). As lâmpadas
deviam estar acesas, pois a vigilância é tarefa tanto para o dia como para a
noite. Sem luz não se anda na escuridão da noite.
* Lucas 12,36: A
parábola. Para explicar o que significa de estar cingido, Jesus conta uma
pequena parábola. “Sejam como homens que estão esperando o seu senhor voltar da
festa de casamento: tão logo ele chega e bate, eles imediatamente vão abrir a
porta”. A tarefa de aguardar a chegada do patrão exige uma vigilância constante
e permanente, sobretudo quando é de noite, pois, o patrão não tem hora marcada.
Ele pode voltar a qualquer momento. O empregado deve estar atento, vigilante
sempre!
* Lucas 12,37:
Promessa de felicidade. “Felizes dos empregados que o senhor encontra
acordados quando chega. Eu garanto a vocês: ele mesmo se cingirá, os fará
sentar à mesa, e, passando, os servirá”. Aqui, nesta promessa de felicidade, os
papéis se invertem. O patrão se torna empregado e começa a servir ao empregado
que virou patrão. Evoca Jesus na última ceia que, mesmo sendo senhor e mestre,
se fez servidor e empregado de todos (Jo 13,4-17). A felicidade prometida tem a
ver com o futuro, com a felicidade no fim dos tempos, e é o oposto daquilo que
Jesus prometeu numa outra parábola que dizia: “Se alguém de vocês tem um
empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe,
quando ele volta do campo: Venha depressa para a mesa? Pelo contrário, não vai
dizer ao empregado: 'Prepare-me o jantar, cinja-se e sirva-me, enquanto eu como
e bebo; depois disso você vai comer e beber'? Será que vai agradecer ao
empregado, porque este fez o que lhe havia mandado? Assim também vocês: quando
tiverem cumprido tudo o que lhes mandarem fazer, digam: Somos empregados
inúteis; fizemos o que devíamos fazer" (Lc 17,7-10).
* Lucas 12,38: Repete
a promessa de felicidade. “E caso ele chegue à meia-noite ou às três da
madrugada, felizes serão se assim os encontra!” Repete a promessa de felicidade
que exige vigilância total. O patrão pode voltar meia noite, três da madrugada,
ou qualquer outra hora. O empregado deve estar acordado, cingido, pronto para
poder entrar em ação.
Para um confronto
pessoal
1) Somos
empregados de Deus. Devemos estar cingidos, de prontidão, atentos e vigilantes,
vinte e quatro horas por dia. Você está conseguindo? Como faz?
2) A promessa de
felicidade futura é a inversão do presente. O que isto nos revela sobre a
bondade de Deus para conosco, para comigo?
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