São John Henry Newman, presbítero e cardeal
Salmo Responsorial: 96
R. Alegrai-vos,
justos, no Senhor.
O Senhor é rei: exulte a terra, rejubile a multidão das
ilhas. Ao seu redor, nuvens e trevas; a justiça e o direito são a base do seu
trono.
Derretem-se os montes como cera diante do Senhor de toda a
terra. Os céus proclamam a sua justiça e todos os povos contemplam a sua
glória.
A luz resplandece para os justos e a alegria para os
corações retos. Alegrai-vos, justos, no Senhor e louvai o seu nome santo.
Aleluia. Felizes os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática.
Aleluia.
Evangelho (Lc 11,27-28): Naquele tempo, enquanto
Jesus assim falava, uma mulher levantou a voz no meio da multidão e lhe disse:
Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram. Ele respondeu:
Felizes, sobretudo, são os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática.
«Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram»
Rev. D. Jaume AYMAR i
Ragolta (Badalona, Barcelona, Espanha)
Às vezes me perguntam se os cristãos acreditam na
predestinação, como acreditam outras religiões. Não! Os cristãos acreditamos
que Deus tem reservado um destino de felicidade para nós. Deus quer que sejamos
felizes, afortunados, bem-aventurados. Prestemos atenção em como essa palavra
vai se repetindo nos ensinos de Jesus: Felizes, felizes, felizes.... Felizes os
pobres, os mansos, os que têm fome e sede da justiça, os que não viram, e creram!
(cf. Mt 5,3-12; Jo 20,29). Deus quer nossa felicidade, uma felicidade que
começa já neste mundo, apesar de que os caminhos para chegar lá, não sejam nem
a riqueza, nem o poder, nem o êxito fácil, nem a fama, senão o amor pobre e
humilde de quem tudo o espera. A alegria de acreditar! Aquela da que falava o
converso Jacques Maritain.
Trata-se de uma felicidade que é ainda maior do que a
alegria de viver, porque acreditamos em uma vida sem fim, eterna. Maria, a Mãe
de Jesus, não é somente afortunada por tê-lo trazido ao mundo, por tê-lo
amamentado e criado; como percebia aquela espontânea mulher do povoado, senão,
sobretudo, por ter sido ouvinte da Palavra e, por pô-la em prática: por ter
amado e, por deixar se amar por seu Filho Jesus. Como escrevia o poeta: Poder
dizer mãe e ouvir-se dizer filho meu / é a sorte que nos invejava Deus. Que
Maria, Mãe do Amor Perfeito, rogue por nós.
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 11,27: A
exclamação da mulher. “Enquanto Jesus dizia essas coisas, uma mulher
levantou a voz no meio da multidão, e lhe disse: "Feliz o ventre que te
carregou, e os seios que te amamentaram”. A imaginação criativa de alguns
apócrifos sugere que aquela senhora era uma vizinha de Nossa Senhora lá em
Nazaré. Tinha um filho, chamado Dimas, que, como tantos outros rapazes da Galileia
daquela época, entrou na guerrilha contra os romanos, foi preso e executado
junto com Jesus. Era o bom ladrão (Lc 23,39-43). A mãe dele, ouvindo Jesus
falar tão bonito ao povo, lembrou de Maria, sua vizinha, e disse: “Como Maria
deve ser feliz tendo um filho assim!”.
* Lucas 11,28: A
resposta de Jesus. Jesus responde, fazendo o maior elogio à sua mãe: “Mais
felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”. Lucas
fala pouco de Maria: aqui (Lc 11,28) e no Evangelho da Infância (Lc 1 e 2).
Para ele, Lucas, Maria é a Filha de Sião, imagem do novo povo de Deus. Ele
apresenta Maria como modelo para a vida das comunidades. No Concílio Vaticano
II, o documento preparado sobre Maria foi inserido como capítulo final no
documento Lumen Gentium sobre a Igreja. Maria é modelo para a Igreja. É
sobretudo na maneira de Maria relacionar-se com a Palavra de Deus que Lucas vê
o exemplo dela para a vida das comunidades: “Felizes os que ouvem a palavra de
Deus e a põem em prática”. Maria nos ensina como acolher a Palavra de Deus,
como encarná-la, vivê-la, aprofundá-la, ruminá-la, fazê-la nascer e crescer,
deixar-nos moldar por ela, mesmo quando não a entendemos ou quando ela nos faz
sofrer. Esta é a visão que está por de trás do Evangelho de Infância (Lc 1 e
2). A chave para entender estes dois capítulos nos é dada no evangelho de hoje:
“Felizes os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”. Veja como nestes
capítulos Maria se relaciona com a Palavra de Deus.
1. Lucas 1,26-38:
A Anunciação: "Faça-se em mim segundo a tua
palavra!"
Saber abrir-se, para que a Palavra de Deus seja acolhida e
se encarne.
2. Lucas 1,39-45:
A Visitação: "Bem-aventurada aquela que
acreditou!"
Saber reconhecer a Palavra de Deus numa visita e em tantos
outros fatos da vida.
3. Lucas 1,46-56:
O Magnificat: “O Senhor fez em mim maravilhas!”
Reconhecer a Palavra na história do povo e produzir um canto
de resistência e de esperança
4. Lucas 2,1-20:
O Nascimento: "Ela meditava sobre os fatos em seu
coração"
Não havia lugar para eles. Os marginalizados acolhem a
Palavra.
5. Lucas 2,21-32:
A Apresentação: "Meus olhos viram a tua salvação!"
Os muitos anos de vida purificam os olhos.
6. Lucas 2,33-38:
Simeão e Ana: "Uma espada vai atravessar sua alma"
Acolher e encarnar a palavra na vida, ser sinal de
contradição.
7. Lucas 2,39-52:
Aos doze anos no templo: "Então, não sabiam que devo
estar com o Pai?"
Eles não compreenderam a Palavras que lhes foi dita!
8. Lucas 11,27-28:
O Elogio à mãe: "Feliz o ventre que te carregou!"
Feliz quem ouve e pratica a Palavra
Para um confronto
pessoal
1) Vocês consegue
descobrir a Palavra viva de Deus em sua vida?
2) Como você vive
a devoção à Maria, a mãe de Jesus?
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