Salmo Responsorial: 23
R. Esta é a geração
dos que procuram o Senhor.
Do Senhor é a terra e o que nela existe, o mundo e quantos
nele habitam. Ele a fundou sobre os mares e a consolidou sobre as águas.
Quem poderá subir à montanha do Senhor? Quem habitará no seu
santuário? O que tem as mãos inocentes e o coração puro, o que não invocou o
seu nome em vão.
Este será abençoado pelo Senhor e recompensado por Deus, seu
Salvador. Esta é a geração dos que O procuram, que procuram a face de Deus.
2ª Leitura (1Jo 3,1-3): Caríssimos: Vede que
admirável amor o Pai nos consagrou em nos chamar filhos de Deus. E somo-lo de
facto. Se o mundo não nos conhece, é porque não O conheceu a Ele. Caríssimos,
agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas
sabemos que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque
O veremos tal como Ele é. Todo aquele que tem n’Ele esta esperança purifica-se
a si mesmo, para ser puro, como Ele é puro.
Aleluia. Vinde a Mim, vós todos os que andais cansados e oprimidos e Eu
vos aliviarei, diz o Senhor. Aleluia.
Evangelho (Mt 5,1-12a): Naquele tempo, Vendo as
multidões, Jesus subiu à montanha e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e
ele começou a ensinar: Felizes os pobres no espírito, porque deles é o Reino
dos Céus. Felizes os que choram, porque serão consolados. Felizes os mansos,
porque receberão a terra em herança. Felizes os que têm fome e sede da justiça,
porque serão saciados. Felizes os misericordiosos, porque alcançarão
misericórdia. Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. Felizes os que
promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Felizes os que são
perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Felizes sois
vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra
vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa
nos céus. Pois foi deste modo que perseguiram os profetas que vieram antes de
vós.
«Alegrai-vos e exultai»
+ Mons. F. Xavier
CIURANETA i Aymí Bispo Emérito de Lleida (Lleida, Espanha)
Por esta profunda unidade, devemos sentir-nos perto de todos
os santos que, antes de nós, acreditaram e esperaram o mesmo que nós cremos e
esperamos e, acima de tudo, amaram Deus Pai e os seus irmãos, os homens,
procurando imitar o amor de Cristo.
Os santos apóstolos, os santos mártires, os santos
confessores que viveram ao longo da história são, portanto, nossos irmãos e
intercessores; neles se cumpriram as palavras proféticas de Jesus: Felizes sois
vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra
vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa
nos céus, (Mt 5,11-12). Os tesouros da sua santidade são bens de família, com que
podemos contar. São estes os tesouros do céu, que Jesus convida a juntar (cf.
Mt 6,20). Como afirma o Concílio Vaticano II, A nossa fraqueza é assim
grandemente ajudada pela sua solicitude de irmãos (Lumen gentium, 49). Esta
solenidade traz-nos uma notícia reconfortante, que nos convida à alegria e à
festa.
Todos estamos chamados a ser santos por ser batizados.
Pe. Antonio Rivero L.C.
Em primeiro lugar, a festa de todos os Santos nos convida a
celebrar, a princípio, dois fatos. O primeiro é que, verdadeiramente, a força
do Espírito de Jesus age em todas as partes, é uma semente capaz de arraigar em
todas as partes, que não necessita condições especiais de raça, ou de cultura,
ou de classe social. Por isso esta festa é uma festa gozosa, fundamentalmente
gozosa: o Espírito de Jesus deu, e dá, e dará fruto, e dará em todas as partes.
O segundo fato que celebramos é que todos esses homens e mulheres de todo tempo
e lugar têm algo em comum, algo que os une. Todos eles “lavaram e alvejaram as
suas vestes no sangue do Cordeiro”, mediante o batismo (1ª leitura). Todos eles
foram pobres, famintos e sedentos de justiça, limpos de coração, trabalhadores
da paz (Evangelho). E isso os une. Porque hoje não celebramos uma festa
superficial, hoje não celebramos que “no fundo, todo mundo é bom e tudo
terminará bem”, mas celebramos a vitória dolorosamente alcançada por tantos
homens e mulheres no seguimento do Evangelho (conhecendo-o explicitamente ou
sem conhecê-lo). Porque existe algo que une o santo desconhecido das selvas
amazônicas com o mártir das perseguições de Nero e com qualquer outro santo de
qualquer outro lugar: une-os a busca e a luta por uma vida mais fiel, mais
entregada, mais dedicada ao serviço dos irmãos e do mundo novo que Deus quer.
Em segundo lugar, celebramos, portanto, esses dois fatos:
que com Deus vivem já homens e mulheres de todo tempo e lugar, e que esses
homens e mulheres lutaram com esforço no caminho do amor, que é o caminho de Deus.
Mas ai podemos acrescentar também um terceiro aspecto: Santo Agostinho, na
homilia que a Liturgia das Horas oferece para o dia de São Lourenço, explica
isso deste modo: “Os santos mártires imitaram Cristo até o derramamento de seu
sangue, até a semelhança da sua paixão. Imitaram-no os mártires, mas não só
eles. A ponte não caiu depois deles terem passado; a fonte não se secou depois
deles terem bebido nela”. Santo Agostinho se dirigia a uns cristãos que
acreditavam que talvez só os mártires, os que nas perseguições tinham derramado
o sangue pela fé, compartilhariam a gloria de Cristo. E às vezes nós também
pensamos a mesma coisa: que a santidade é um heroísmo próprio só de alguns. E
ano é assim. A santidade, o seguimento fiel e esforçado de Jesus Cristo, é
também para nós: para todos nós e para cada um de nós. É algo exigente, sem
dúvida; é algo para gente entregada, que leva as coisas à sério, não para gente
superficial e que se limita a ir empurrando as coisas com a barriga. Porém somos nós, cada um de nós, os chamados
a essa santidade, a esse seguimento. Como dizia Santo Agostinho na homilia
citada antes: “Nenhum homem, seja qual for o seu gênero de vida, deve
desesperar da sua vocação” (...). “Entendamos, pois, de que maneira o cristão
tem que seguir Cristo, ademais do derramamento de sangue, ademais do martírio”.
E hoje, na festa de Todos os Santos, somos convidados a celebrar que também nós
podemos entender e descobrir a nossa maneira de seguir Cristo.
Finalmente, portanto, a festa de hoje é um chamado à
santidade para todos nós. Ser santos não é fazer necessariamente milagres, nem
deixar obras surpreendentes para a história. É difícil definir o que é a
santidade, mas todos esses santos que hoje celebramos nos demonstram que seguir
Cristo é possível, e que isso é santidade. Tiveram defeitos. Não eram
perfeitos. Cometeram pecados. Foram “normais”. Porém creram no Evangelho e o
cumpriram. Alguns deixaram uma pegada profunda. Outros passaram despercebidos.
E hoje honramos todos. E aceitamos o seu convite para seguir o seu caminho.
Aqui também recomendaria ler a “Lumen Gentium” do Concilio Vaticano II, nos
seus números 39-41, que faz um chamamento à santidade aos cristãos de todos os
estados: jerarquia, leigos, religiosos.
Para refletir: Realmente estou convencido de
que não só posso ser santo, mas que devo ser santo, por ser batizado? Peço a
intercessão dos meus irmãos santos que já gozam da amizade eterna com Deus no
céu, ou nem sequer me lembro deles? Quais são os santos da minha devoção e por
que?
Para rezar: Senhor,
meu Deus, ajudai-me a ser santo. Santo sem prêmio, santo para não vos ofender,
santo para servir melhor os demais. Senhor, no dia de hoje, que recorramos e
celebramos a memória de todos os Santos, ajudai-me a me aproximar mais de Vós. A
eles rogo que peça ao Espírito, que conceda os dons necessários para ser
melhor. Não porque eu mereça algo, mas para que o meu louvor chegue a Vós, mais
pleno. Senhor, perdoai-me, pelas minhas faltas e pecados, por tudo o que podia
ter feito e não fiz, por tudo o que podia ter servido e não servi, por tudo o
que desperdicei. Dai-me a vossa benção para que o resto da minha vida, seja
fiel e caridoso, luz vossa e servidor de todos. Segundo Vós me peçais em cada
momento. Obrigado, Senhor, pela vossa Misericórdia para comigo. Amém.
Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o
padre Antonio neste e-mail:
arivero@legionaries.org
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