Salmo Responsorial: 144
R. O Senhor é bom
para com todas as criaturas.
Quero exaltar-Vos, meu Deus e meu Rei, e bendizer o vosso
nome para sempre. Quero bendizer-Vos, dia após dia, e louvar o vosso nome para
sempre.
O Senhor é clemente e compassivo, paciente e cheio de
bondade. O Senhor é bom para com todos e a sua misericórdia se estende a todas
as criaturas.
Graças Vos deem, Senhor, todas as criaturas e bendigam-Vos
os vossos fiéis. Proclamem a glória do vosso reino e anunciem os vossos feitos
gloriosos.
Aleluia. Eu vos escolhi do mundo, para que vades e deis fruto e o vosso
fruto permaneça, diz o Senhor. Aleluia.
Evangelho (Lc 6,12-19): Naqueles dias, Jesus foi à
montanha para orar. Passou a noite toda em oração a Deus. Ao amanhecer, chamou
os discípulos e escolheu doze entre eles, aos quais deu o nome de apóstolos:
Simão, a quem chamou Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu;
Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado zelote; Judas, filho de
Tiago, e Judas Iscariotes, que se tornou o traidor. Jesus desceu com eles da
montanha e parou num lugar plano. Ali estavam muitos dos seus discípulos e uma
grande multidão de gente de toda a Judéia e de Jerusalém, e do litoral de Tiro
e Sidônia. Vieram para ouvi-lo e serem curados de suas doenças. Também os
atormentados por espíritos impuros eram curados. A multidão toda tentava tocar
nele, porque dele saía uma força que curava a todos.
«Jesus foi à montanha para orar e passou a noite toda em oração a Deus»
Frei Lluc TORCAL Monge
do Monastério de Sta. Mª de Poblet (Santa Maria de Poblet, Tarragona, Espanha)
Como era essa oração do Senhor? Do que se infere da sua
vida, deveria ser uma prece cheia de confiança no Pai, de total abandono à sua
vontade —«não procuro fazer a minha própria vontade, mas a vontade do que me
enviou» (Jo 5,30) —, de manifesta união à sua obra de salvação. Apenas desde
esta profunda, longa e constante oração, sempre sustentada pela ação do
Espírito Santo que, já presente no momento da sua Encarnação, tinha descido
sobre Jesus no seu Batismo; apenas assim, dizíamos, o Senhor podia obter a
força e a luz necessárias para continuar a sua missão de obediência ao Pai para
cumprir a sua obra vicária de salvação dos homens. A eleição subsequente dos
Apóstolos, que como nos recorda São Cirilo de Alexandria, «O próprio Cristo
afirma ter-lhes dado a mesma missão que recebera do Pai», mostra-nos como a
Igreja nascente foi fruto desta oração de Jesus ao Pai no Espírito e que,
portanto, é obra da Santíssima Trindade. «Ao amanhecer, chamou os discípulos e
escolheu doze entre eles, aos quais deu o nome de apóstolos» (Lc 6,13).
Oxalá toda a nossa vida de cristãos de — discípulos de
Cristo— esteja sempre submersa na oração e continuada por ela.
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 6,12-13: A
escolha dos 12 apóstolos. Antes de fazer a escolha definitiva dos doze
apóstolos, Jesus passou uma noite inteira em oração. Rezou para saber a quem
escolher e escolheu os Doze, cujos nomes estão nos evangelhos e que receberam o
nome de apóstolo. Apóstolo significa enviado, missionário. Eles foram chamados
para realizar uma missão, a mesma que Jesus recebeu do Pai (Jo 20,21). Marcos
concretiza mais e diz que Deus os chamou para estar com ele e enviá-los em
missão (Mc 3,14).
* Lucas 6,14-16: Os
nomes dos 12 apóstolos. Com pequenas diferenças os nomes dos Doze são
iguais nos evangelhos de Mateus (Mt 10,2-4), Marcos (Mc 3,16-19) e Lucas (Lc
6,14-16). Grande parte destes nomes vem do AT. Por exemplo, Simeão é o nome de
um dos filhos do patriarca Jacó (Gn 29,33). Tiago é o mesmo que o nome de Jacó
(Gn 25,26). Judas é o nome de outro filho de Jacó (Gn 35,23). Mateus também
tinha o nome de Levi (Mc 2,14), que foi outro filho de Jacó (Gn 35,23). Dos
doze apóstolos sete tem nome que vem do tempo dos patriarcas: duas vezes Simão,
duas vezes Tiago, duas vezes Judas, e uma vez Levi! Isto revela a sabedoria e a
pedagogia do povo. Através dos nomes dos patriarcas e das matriarcas, dados aos
filhos e filhas, eles mantinham viva a tradição dos antigos e ajudavam seus
filhos a não perder a identidade. Quais os nomes que nós damos hoje para os
nossos filhos e filhas?
* Lucas 6,17-19:
Jesus desce da montanha e a multidão o procura. Ao descer da montanha com
os doze, Jesus encontrou uma multidão imensa de gente que o procurava para
ouvir sua palavra e tocá-lo, porque dele saía uma força de vida. Nesta multidão
havia judeus e estrangeiros, gente da Judéia e também de Tiro e Sidônia. É o
povo abandonado, desorientado. Jesus acolhe a todos que o procuram. Judeus e
pagãos! Este é um dos temas preferidos de Lucas!
* Estas doze
pessoas, chamadas por Jesus para formar a primeira comunidade, não eram santas.
Eram pessoas comuns, como todos nós. Tinham suas virtudes e seus defeitos. Os
evangelhos informam muito pouco sobre o jeito e o caráter de cada uma delas.
Mas o pouco que informam é motivo de consolo para nós.
* Pedro era uma
pessoa generosa e entusiasta (Mc 14,29.31; Mt 14,28-29), mas na hora do perigo
e da decisão, o coração dele encolhia e ele voltava atrás (Mt 14,30; Mc
14,66-72). Chegou a ser satanás para Jesus (Mc 8,33). Jesus deu a ele o apelido
de Pedra (Pedro). Pedro, ele por si mesmo, não era Pedra. Tornou-se pedra (rocha),
porque Jesus rezou por ele (Lc 22,31-32).
* Tiago e João
estavam dispostos a sofrer com e por Jesus (Mc 10,39), mas eram muito violentos
(Lc 9,54). Jesus os chamou “filhos do trovão” (Mc 3,17). João parecia ter um
certo ciúme. Queria Jesus só para o grupo dele (Mc 9,38).
* Filipe tinha um
jeito acolhedor. Sabia colocar os outros em contato com Jesus (Jo 1,45-46), mas
não era muito prático em resolver os problemas (Jo 12,20-22; 6,7). Às vezes,
era meio ingênuo. Teve hora em que Jesus perdeu a paciência com ele: “Mas
Filipe, tanto tempo que estou com vocês, e ainda não me conhece?” (Jo 14,8-9)
* André, irmão de
Pedro e amigo de Filipe, era mais prático. Filipe recorre a ele para resolver
os problemas (Jo 12,21-22). Foi André que chamou Pedro (Jo 1,40-41), e foi
André que encontrou o menino com cinco pãezinhos e dois peixes (Jo 6,8-9).
* Bartolomeu
parece ter sido o mesmo que Natanael. Este era bairrista e não podia admitir
que algo de bom pudesse vir de Nazaré (Jo 1,46).
* Tomé foi capaz
de sustentar sua opinião, uma semana inteira, contra o testemunho de todos os
outros (Jo 20,24-25). Mas quando viu que estava equivocado, não teve medo de
reconhecer seu erro (Jo 20,26-28). Era generoso, disposto a morrer com Jesus
(Jo 11,16).
* Mateus ou Levi
era publicano, cobrador de impostos, como Zaqueu (Mt 9,9; Lc 19,2). Eram
pessoas comprometidas com o sistema opressor da época.
* Simão, ao
contrário, parece ter sido do movimento que se opunha radicalmente ao sistema
que o império romano impunha ao povo judeu. Por isso tinha o apelido de Zelota
(Lc 6,15). O grupo dos Zelotas chegou a provocar uma revolta armada contra os
romanos.
* Judas Tadeu,
durante a última ceia, foi quem perguntou a Jesus: "Senhor, por que razão
hás de manifestante a nós e não ao mundo?" (Jo 14,22).
* Judas
Iscariotes era o que tomava conta do dinheiro do grupo (Jo 13,29). Ele chegou a
trair Jesus.
* Tiago de Alfeu,
deste os evangelhos nada informam a não ser o nome.
Para um confronto
pessoal
1) Jesus passou a
noite inteira em oração para saber a quem escolher, e escolheu estes doze! Qual
a lição que você tira daí?
2) Você lembra
dos nomes das pessoas que estão na origem da comunidade a que você pertence? O
que mais lembra delas: o conteúdo que lhe ensinaram ou o testemunho que deram?
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