Nossa Senhora das Mercês
Salmo Responsorial: 42
R. Espero em Deus,
meu Salvador.
Fazei-me justiça, meu Deus, defendei a minha causa contra a
gente sem piedade, livrai-me do homem desleal e perverso.
Vós, ó Deus, sois o meu refúgio: Porque me abandonastes?
Porque hei de andar triste, sob a opressão do inimigo?
Enviai a vossa luz e verdade, sejam elas o meu guia e me
conduzam à vossa montanha santa e ao vosso santuário.
E eu irei ao altar de Deus, a Deus que é a minha alegria. Ao
som da cítara Vos louvarei, Senhor, meu Deus.
Aleluia. O Filho do homem veio para servir e dar a vida pela redenção
dos homens. Aleluia.
Evangelho (Lc 9,18-22): Jesus estava orando, a
sós, e os discípulos estavam com ele. Então, perguntou-lhes: «Quem dizem as
multidões que eu sou?». Eles responderam: «Uns dizem que és João Batista;
outros, que és Elias; outros ainda acham que algum dos antigos profetas
ressuscitou». Mas Jesus perguntou: «E vós, quem dizeis que eu sou?». Pedro
respondeu: «O Cristo de Deus». Mas ele advertiu-os para que não contassem isso
a ninguém. E explicou: «É necessário o Filho do Homem sofrer muito e ser
rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, no terceiro
dia, ressuscitar».
«Quem dizem as multidões que eu sou? (...) E vós, quem dizeis que eu
sou?»
Rev. D. Pere OLIVA i March (Sant Feliu de Torelló, Barcelona, Espanha)
Hoje, no Evangelho, há dois interrogantes que o mesmo Maestro formula a todos. O primeiro interrogante pede uma resposta estatística, aproximada: «Quem dizem as multidões que eu sou?» (Lc 9,18). Faz que giremos ao redor e contemplemos como resolvem a questão os outros: os vizinhos, os colegas de trabalho, os amigos, os familiares mais próximos... Olhamos o entorno e sentimo-nos mais ou menos responsáveis ou próximos -depende dos casos- de algumas dessas respostas que formulam quem têm relação conosco e com nosso âmbito, as pessoas... E a resposta diz-nos muito, informa-nos, situa-nos e faz que tomemos consciência daquilo que desejam, precisam, buscam os que vivem ao nosso lado. Ajuda-nos a sintonizar, a descobrir com o outro, um ponto de encontro para ir além...
Há uma segunda interrogação que pede por nós: «E vós, quem
dizeis que eu sou?» (Lc 9,20). É uma questão fundamental que chama à porta, que
mendiga a cada um de nós: uma adesão ou uma rejeição; uma veneração ou uma
indiferença; caminhar com Ele e Nele ou finalizar numa aproximação de simples
simpatia... Esta questão é delicada, é determinante porque nos afeta. Que dizem
nossos lábios e nossas atitudes? Queremos ser fiéis àquele que é e dá sentido
ao nosso ser? Há em nós uma sincera disposição a segui-lo nos caminhos da vida?
Estamos dispostos a acompanhá-lo à Jerusalém da cruz e da glória?
«É um caminho de cruz e ressurreição (...). A cruz é
exaltação de Cristo. Disse-o Ele mesmo: Quando seja levantado, atrairei a todos
para mim. (...) A cruz, pois, é glória e exaltação de Cristo» (São André de
Creta). Dispostos para avançar para Jerusalém? Somente com Ele e Nele, verdade?
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 9,18: A pergunta
de Jesus depois da oração. “Certo dia, Jesus estava rezando num lugar
retirado, e os discípulos estavam com ele. Então Jesus perguntou: Quem dizem as
multidões que eu sou?". No evangelho de Lucas, em várias oportunidades
importantes e decisivas Jesus aparece rezando: no batismo quando assume sua
missão (Lc 3,21); nos 40 dias no deserto, quando vence as tentações do diabo
com a luz da Palavra de Deus (Lc 4,1-13); na noite antes de escolher os doze
apóstolos (Lc 6,12); na transfiguração, quando com Moisés e Elias conversa
sobre a paixão em Jerusalém (Lc 9,29); no horto, quando enfrenta a agonia (Lc
22,39-46); na cruz, quando pede perdão pelo soldado (Lc 23,34) e entrega o
espírito a Deus (Lc 23,46).
* Lucas 9,19: A
opinião do povo sobre Jesus. “Eles responderam: "Alguns dizem que tu
és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que tu és algum dos
antigos profetas que ressuscitou." Como Herodes, muitos achavam que João
Batista tivesse ressuscitado em Jesus. Era crença comum que o profeta Elias
devia voltar (Mt 17,10-13; Mc 9,11-12; Ml 3,23-24; Eclo 48,10). E todos alimentavam
a esperança da vinda do profeta prometido por Moisés (Dt 18,15). Resposta
insuficientes.
* Lucas 9,20: A pergunta
de Jesus aos discípulos. Depois de ouvir as opiniões dos outros, Jesus
perguntou: “E vocês, quem dizem que eu sou?”. Pedro respondeu: “O Messias de
Deus!” Pedro reconhece que Jesus é aquele que o povo está esperando e que vem
realizar as promessas. Lucas omite a reação de Pedro tentando dissuadir Jesus
de seguir pelo caminho da cruz e omite também a dura crítica de Jesus a Pedro
(Mc 8,32-33; Mt 16,22-23).
* Lucas 9,21: A
proibição de revelar que Jesus é o Messias de Deus
“Então Jesus proibiu severamente que eles contassem isso a
alguém”. Eles estão proibidos de revelar ao povo que Jesus é o Messias de Deus.
Por que Jesus proibiu? É que naquele tempo, como já vimos, todos esperavam a
vinda do Messias, mas cada um do seu jeito: uns como rei, outros como
sacerdote, outros como doutor, guerreiro, juiz, ou profeta! Ninguém parecia
estar esperando o messias servidor, anunciado por Isaías (Is 42,1-9). Quem
insiste em manter a ideia de Pedro, isto é, do Messias glorioso sem a cruz,
nada vai entender e nunca chegará a tomar a atitude do verdadeiro discípulo.
Continuará cego, como Pedro, trocando gente por árvore (cf. Mc 8,24). Pois sem
a cruz é impossível entender quem é Jesus e o que significa seguir Jesus. Por
isso, Jesus insiste novamente na Cruz e faz o segundo anúncio da sua paixão,
morte e ressurreição.
* Lucas 9,22: O
segundo anúncio da paixão. E Jesus acrescentou: "O Filho do Homem deve
sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e
doutores da Lei, deve ser morto, e ressuscitar no terceiro dia". A
compreensão plena do seguimento de Jesus não se obtém pela instrução teórica,
mas sim pelo compromisso prático, caminhando com ele no caminho do serviço,
desde a Galileia até Jerusalém. O Caminho do seguimento é o caminho da entrega,
do abandono, do serviço, da disponibilidade, da aceitação do conflito, sabendo
que haverá ressurreição. A cruz não é um acidente de percurso, mas faz parte
deste caminho. Pois num mundo, organizado a partir do egoísmo, o amor e o
serviço só podem existir crucificados! Quem faz da sua vida um serviço aos
outros, incomoda os que vivem agarrados aos privilégios, e sofre.
Para um confronto pessoal
1) Acreditamos
todos em Jesus. Mas um entende Jesus de um jeito, outro o entende de outro
jeito. Qual é, hoje, o Jesus mais comum no modo de pensar do povo?
2) Como a
propaganda interfere no meu modo de ver Jesus? O que faço para não cair na
arapuca da propaganda? O que, hoje, nos impede de reconhecer e de assumir o
projeto de Jesus?
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