São Gregório Magno, papa e doutor da Igreja
Salmo Responsorial: 99
R. Vinde à presença
do Senhor com cânticos de alegria.
Aclamai o Senhor, terra inteira, servi o Senhor com alegria,
vinde a Ele com cânticos de júbilo.
Sabei que o Senhor é Deus, Ele nos fez, a Ele pertencemos,
somos o seu povo, as ovelhas do seu rebanho.
Entrai pelas suas portas, dando graças, penetrai em seus
átrios com hinos de louvor, glorificai-O, bendizei o seu nome.
Porque o Senhor é bom, eterna é a sua misericórdia, a sua
fidelidade estende-se de geração em geração.
Aleluia. Eu sou a luz do mundo, diz o Senhor; quem Me segue terá a luz
da vida. Aleluia.
Evangelho (Lc 5,33-39): Naquele tempo, os fariseus
e os escribas disseram Jesus: «Os discípulos de João e os discípulos dos
fariseus jejuam com frequência e fazem orações, mas os teus discípulos comem e
bebem». Jesus, então, lhes disse: «Podeis obrigar os convidados do casamento a
jejuar, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, então, quando o noivo lhes
for tirado, naqueles dias vão jejuar». Contou-lhes ainda uma parábola: «Ninguém
corta um remendo de roupa nova para costurá-lo em roupa velha. Caso contrário,
o novo rasga o velho, e o remendo de roupa nova não combina com a roupa velha.
Ninguém põe vinho novo em odres velhos, porque o vinho novo arrebenta os odres,
e perdem-se o vinho e os odres. Vinho novo em odres novos». E disse ainda:
«Ninguém que tomou vinho envelhecido, deseja vinho novo, pois diz: O velho é
melhor».
«Podeis obrigar os convidados do casamento a jejuar, enquanto o noivo
está com eles?»
Rev. D. Frederic RÀFOLS
i Vidal (Barcelona, Espanha)
Jesus Cristo nos diz que na vida há um tempo para jejuar e
rezar, e que há um tempo de comer e beber. Isto é: a mesma pessoa que reza e
jejua é a mesma que come e bebe. Vemos na vida cotidiana: contemplamos a
alegria simples de uma família, talvez de nossa própria família. E vemos que,
em outro momento, a tribulação visita aquela família. Os sujeitos são os
mesmos, mas cada coisa ao seu tempo: «Podeis obrigar os convidados do casamento
a jejuar, enquanto o noivo está com eles? Dias virão...» (Lc 5,34).
Tudo tem seu momento; sob o céu há um tempo para cada coisa:
«Um tempo de rasgar e um tempo de coser» (Qo 3,7). Estas palavras ditas por um
sábio do Antigo Testamento, não exatamente dos mais otimistas, quase coincidem
com a simples parábola do vestido remendado. E com certeza coincide de alguma
maneira com nossa própria experiência. A equivocação é que no tempo de coser,
rasguemos, e que durante o tempo de rasgar, cosamos. É então quando nada dá
certo.
Nós sabemos que como Jesus Cristo, pela sua paixão e morte,
chegaremos à gloria da Ressurreição, e que não todo outro caminho é o caminho
de Deus. Exatamente, Simão Pedro é admoestado quando quer distanciar o Senhor
do único caminho: «Vai para trás de mim, satanás! Tu estás sendo para mim uma
pedra de tropeço, pois não tens em mente as coisas de Deus, e sim, as dos
homens!» (Mt 16,23). Se puder gozar de uns momentos de paz e de alegria,
devemos aproveitá-los. Com certeza já nos virão momentos difíceis de jejum. A
única diferença é que, felizmente, sempre teremos ao noivo conosco. E isso os
fariseus não sabiam e, talvez por isso, no Evangelho quase sempre se apresentam
como pessoas mal humoradas. Admirando a suave ironia do Senhor que se reflete
no Evangelho de hoje, sobretudo, procuremos não ser pessoas mal humoradas.
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 5,33: Jesus
não insiste na prática do jejum. Aqui, o conflito é em torno da prática do
jejum. O jejum é um costume muito antigo, pregado por quase todas as religiões.
O próprio Jesus o praticou durante quarenta dias (Mt 4,2). Mas ele não insiste
com os discípulos para que façam o mesmo. Deixa a eles a liberdade. Por isso,
os discípulos de João Batista e dos fariseus, que eram obrigados a jejuar,
querem saber por que motivo Jesus não insiste no jejum.
* Lucas 5,34-35:
Enquanto o noivo está com eles não precisam jejuar. Jesus responde com uma
comparação. Enquanto o noivo está com os amigos do noivo, isto é, durante a
festa do casamento, estes não precisam jejuar. Jesus se considera o noivo.
Durante o tempo em que ele, Jesus, estiver com os discípulos, é festa de
casamento. Um dia, porém, o noivo vai ser tirado. Aí, se quiserem, podem
jejuar. Jesus alude à sua morte. Ele sabe e sente que, se ele continuar neste
caminho de liberdade, as autoridades vão querer matá-lo.
* No Antigo Testamento, várias vezes, o próprio Deus se apresenta
como sendo o noivo do povo (Is 49,15; 54, 5.8; 62,4-5; Os 2,16-25). No Novo
Testamento, Jesus é visto como o noivo do seu povo (Ef 5,25). O Apocalipse faz
o convite para a celebração das núpcias do Cordeiro com sua esposa a Jerusalém
celeste (Ap 19,7-8; 21,2.9).
* Lucas 5,36-39:
Vinho novo em odre novo! Estas palavras meio soltas sobre o remendo novo em
pano velho e sobre o vinho novo em odre novo devem ser entendidas como uma luz
que joga sua claridade sobre os vários conflitos, relatados por Lucas, antes e
depois da discussão em torno do jejum. Elas esclarecem a atitude de Jesus com
relação a todos os conflitos com as autoridades religiosas. Colocados em termos
de hoje seriam conflitos como estes: casamento de pessoas divorciadas, amizade
com prostitutas e homossexuais, comungar sem estar casado na igreja, faltar à
missa no domingo, não fazer jejum na Sexta-feira Santa, etc.
Não se coloca remendo de pano novo em roupa velha. Na hora
de lavar, o remendo novo repuxa o vestido velho e o estraga mais ainda. Ninguém
coloca vinho novo em odre velho, porque o vinho novo pela fermentação faz
estourar o odre velho. Vinho novo em odre novo! A religião defendida pelas
autoridades religiosas era como roupa velha, como odre velho. Não se deve
querer combinar o novo que Jesus trouxe com os costumes antigos. Ou um, ou
outro! O vinho novo que Jesus trouxe faz estourar o odre velho. Tem que saber
separar as coisas. Muito provavelmente, Lucas traz estas palavras de Jesus para
orientar as comunidades dos anos 80. Havia um grupo de judeu-cristãos que
queriam reduzir a novidade de Jesus ao tamanho do judaísmo de antes. Jesus não
é contra o que é “velho”. O que ele não quer é que o velho se imponha ao novo
e, assim, o impeça de manifestar-se. Seria o mesmo que, na Igreja Católica,
reduzir a mensagem do Concílio Vaticano II ao tamanho da igreja de antes do
concílio, como hoje muita gente parece estar querendo.
Para um confronto
pessoal
1. Quais os
conflitos em torno de práticas religiosas que, hoje, trazem sofrimento para as
pessoas e são motivo de muita discussão e polêmica? Qual a imagem de Deus que
está por trás de todos estes preconceitos, normas e proibições?
2. Como entender
hoje a frase de Jesus: “Não colocar remendo de pano novo em roupa velha”? Qual a mensagem que você tira de tudo isto
para a sua vida e a vida da sua comunidade?
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