São João Crisóstomo, bispo e doutor da Igreja
Salmo Responsorial: 27
R. Bendito seja o
Senhor, que ouviu a voz da minha súplica.
Ouvi, Senhor, a voz da minha súplica, quando Vos invoco,
quando ergo as minhas mãos para o vosso templo santo.
O Senhor é a minha força e o meu protetor, meu coração pôs
n’Ele a sua confiança e fui ajudado. O meu coração exultou e entoei-Lhe um
cântico de louvor.
O Senhor é a fortaleza do seu povo, a fortaleza de salvação
do seu Ungido. Salvai o vosso povo e abençoai a vossa herança, sede o seu protetor
e guia através dos tempos.
Aleluia. Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho unigénito;
quem acredita n’Ele tem a vida eterna. Aleluia.
Evangelho (Lc 7,1-10): Quando terminou de falar
estas palavras ao povo que o escutava, Jesus entrou em Cafarnaum. Havia um
centurião que tinha um servo a quem estimava muito. Estava doente, à beira da
morte. Tendo ouvido falar de Jesus, o centurião mandou alguns anciãos dos
judeus pedir-lhe que viesse curar o seu servo. Quando eles chegaram a Jesus,
recomendaram com insistência: «Ele merece este favor, porque ama o nosso povo.
Ele até construiu uma sinagoga para nós». Jesus foi com eles. Quando já estava
perto da casa, o centurião mandou alguns amigos dizer-lhe: «Senhor, não te
incomodes, pois não sou digno de que entres em minha casa. Por isso, nem fui
pessoalmente ao teu encontro. Mas dize uma palavra, e meu servo ficará curado.
Pois eu, mesmo na posição de subalterno, tenho soldados sob as minhas ordens, e
se ordeno a um: ‘Vai!’, ele vai; e a outro: ‘Vem!’, ele vem; e se digo a meu escravo:
‘Faze isto!’, ele faz». Ao ouvir isso, Jesus ficou admirado. Voltou-se para a
multidão que o seguia e disse: «Eu vos digo que nem mesmo em Israel encontrei
uma fé tão grande». Aqueles que tinham sido enviados voltaram para a casa do
centurião e encontraram o servo em perfeita saúde.
«Eu vos digo que nem mesmo em Israel encontrei uma fé tão grande»
Fr. John A. SISTARE (Cumberland,
Rhode Island, Estados Unidos)
O Centurião possuía a virtude da fé, acreditava que Jesus
poderia fazer esse milagre se estivesse de acordo com sua divina vontade. A fé
permitiu ao Centurião acreditar que onde quer que Jesus esteja, ele poderia
curar o servo doente. O Centurião acreditava que nenhuma distância poderia
impedir ou deter o Cristo de fazer sua obra de salvação.
Em nossas próprias vidas, somos chamados a ter esse mesmo
tipo de fé. Há momentos em que somos tentados a pensar que Jesus está distante
e não ouve nossas orações. Entretanto, a fé ilumina nossas mentes e corações,
para que acreditemos que Jesus está sempre ao nosso lado para nos ajudar. Em
verdade, a presença curativa de Jesus na Eucaristia é um lembrete de que Jesus
está sempre conosco. Santo Agostinho, com os olhos da fé, acreditava nesta
realidade: «O que vemos é o pão e o cálice; isso é o que nossos olhos nos
mostram. Mas o que nossa fé nos obriga a aceitar é que o pão é o Corpo de
Cristo e o cálice é o Sangue de Cristo».
A Fé ilumina nossas mentes para que possamos enxergar a
presença de Cristo em nosso meio. Como o Centurião, dizemos, «Não sou digno de
que entreis em minha morada» (Lc 7,6). Da mesma forma, nos humilhamos diante de
Nosso Senhor e Salvador e Ele ainda se aproxima para nos curar. Deixemos Jesus
entrar em nossa alma, em nossa morada, para curar e fortalecer nossa fé para
que possamos continuar nosso caminho em direção à Vida Eterna.
Reflexão
* Talvez um
primeiro aspecto, que emerge da leitura do trecho, é a situação de sofrimento
em que se encontra o centurião. Tento ouvir mais atentamente todas as palavras
que iluminam esta realidade. Cafarnaum, cidade de fronteira, fora de mão, à
margem, cidade onde a bênção de Deus parece difícil de chegar. A doença grave;
a morte iminente de um ente querido.
* Mas vejo
imediatamente que o Senhor entra nesta situação, para compartilhá-la, para
vivê-la com sua presença amorosa. Sublinho todos os verbos que confirmam esta
verdade: "pedindo-lhe para ir", "foi com eles", "não
era muito distante." É maravilhoso ver este movimento de Jesus, que vai
para aquele que o chama, que o busca e lhe pede salvação. Assim Ele faz com
cada um de nós.
* Mas, para mim,
é muito útil entrar em contato com a figura do centurião, que aqui é um pouco
como o meu mestre, meu guia no caminho da fé. "Tendo ouvido falar de
Jesus." Ele recebeu o anúncio, ouviu a boa notícia e a guardou em seu
coração, se não a deixou fugir, não fechou os ouvidos e a vida. Lembrou-se de
Jesus e agora o busca.
* "Mandou."
Por duas vezes ele executa essa ação, primeiro para enviar a Jesus os anciãos
do povo, pessoas importantes, depois para enviar alguns de seus amigos. Lucas
usa dois verbos diferentes e isso ajuda-me ainda mais para perceber que algo
aconteceu neste homem, havia uma mudança: ele foi gradualmente se abrindo para
o encontro com Jesus. Mandar os amigos é um pouco como enviar a si mesmo.
"Para pedir-lhe para vir e salvar." Dois belíssimos verbos que
expressam a intensidade de seu pedido a Jesus. Quer que Jesus venha, que se
aproxime, que entre em sua pobre vida, que venha visitar a sua dor. É uma
declaração de amor, de grande fé, porque é como se lhe dissesse: “Eu sem você
não posso mais viver. Venha!” Ele não pede uma salvação qualquer, a cura
superficial, como nos faz entender o verbo que Lucas escolhe. Na verdade, aqui
se fala de uma salvação transversal, capaz de atravessar toda a vida, toda a
pessoa e capaz de levar a pessoa mais, mais além de qualquer obstáculo,
dificuldade ou prova, além de até mesmo a morte.
* "Não sou
digno". Duas vezes Lucas coloca nos lábios do centurião estas
palavras, que ajudam a compreender a grande mudança acontecida dentro dele. Ele
se sente indigno, incapaz, insuficiente, como eles expressam os dois termos
gregos aqui utilizados. Talvez a primeira conquista na caminhada de fé com
Jesus é esta: a descoberta de nossa grande necessidade dele, da sua presença e
consciência cada vez mais certa que sozinhos não podemos fazer nada, porque
somos pobres, somos pecadores. Mas justamente por isso somos amados de modo
infinito!
* "Dize uma palavra." Aqui está o grande salto, o grande passo para a fé. O centurião agora acredita de uma maneira clara, serena, confiante. Enquanto Jesus caminhava em direção a ele, ele também estava fazendo seu caminho interior, estava mudando, estava se tornando um novo homem. Antes aceitou a pessoa de Jesus e depois a sua palavra. Para ele é o Senhor e, como tal, a sua palavra é eficaz, verdadeira, poderosa, capaz de operar o que ele diz. Todas as dúvidas desabam; só resta é a fé e a confiança certa na salvação em Jesus.
Para um confronto
pessoal
1) Faço minha a
oração do centurião dirigida a Jesus para vir e salvá-lo? Eu estou pronto para
expressar ao Senhor que tenho necessidade dele?
2) E se eu abro o
meu coração à oração, à invocação, se convido o Senhor para vir, qual é a
atitude profunda do meu coração? Há também em mim, como no centurião, a
consciência de ser indigno/a?
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