Salmo Responsorial: 110
R. São grandes as
obras do Senhor.
Fiéis e justas são as obras das suas mãos, imutáveis todos
os seus preceitos, irrevogáveis pelos séculos dos séculos, estabelecidos na retidão
e na verdade.
Enviou a redenção ao seu povo, firmou com ele uma aliança
eterna: santo e venerável é o seu nome.
O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, são prudentes
todos os que a praticam. O louvor do Senhor permanece eternamente.
Aleluia. Vinde a Mim, vós todos que andais cansados e oprimidos, e Eu
vos aliviarei, diz o Senhor. Aleluia.
Evangelho (Lc 7,36-50): Naquele tempo, um fariseu
convidou Jesus para jantar. Ele entrou na casa do fariseu e sentou-se à mesa.
Uma mulher, pecadora da cidade, soube que Jesus estava à mesa na casa do
fariseu e trouxe um frasco de alabastro, cheio de perfume. Ela postou-se atrás,
aos pés de Jesus e, chorando, lavou-os com suas lágrimas. Em seguida,
enxugou-os com os seus cabelos, beijou-os e os ungiu com o perfume. Ao ver
isso, o fariseu que o tinha convidado comentou: «Se este homem fosse profeta,
saberia quem é a mulher que está tocando nele: é uma pecadora!». Então Jesus
falou: «Simão, tenho uma coisa para te dizer». Ele respondeu: «Fala, Mestre».
«Certo credor», retomou Jesus, «tinha dois devedores. Um lhe devia quinhentas
moedas de prata, e o outro cinquenta. Como não tivessem com que pagar, perdoou
a ambos. Qual deles o amará mais?». Simão respondeu: «Aquele ao qual perdoou
mais». Jesus lhe disse: «Julgaste corretamente». Voltando-se para a mulher,
disse a Simão: «Estás vendo esta mulher? Quando entrei na tua casa, não me
ofereceste água para lavar os pés; ela, porém, lavou meus pés com lágrimas e os
enxugou com seus cabelos. Não me beijaste; ela, porém, desde que cheguei, não
parou de beijar meus pés. Não derramaste óleo na minha cabeça; ela, porém,
ungiu meus pés com perfume. Por isso te digo: os muitos pecados que ela cometeu
estão perdoados, pois ela mostrou muito amor. Aquele, porém, a quem menos se
perdoa, ama menos». Em seguida, disse à mulher: «Teus pecados estão perdoados».
Os convidados começaram a comentar entre si: «Quem é este que até perdoa
pecados?». Jesus, por sua vez, disse à mulher: «Tua fé te salvou. Vai em paz!».
«Ela postou-se aos pés de Jesus chorando»
Mons. José Ignacio ALEMANY Grau, Bispo Emérito de Chachapoyas (Chachapoyas, Peru)
Enquanto ceiam, uma pecadora pública faz um grande ato de
humildade: «Pondo-se atrás, aos pés de Jesus, começou a chorar e com suas
lagrimas lhe molhava os pés e com os cabelos, os secavam, beijava seus pés e os
ungia com o perfume» (Lc 7,38).
O fariseu em troca, ao receber Jesus, não lhe deu o beijo de
saudação, água para seus pés, toalha para secá-los, nem lhe ungiu a cabeça com
azeite. Além disso, o fariseu pensa mal, «Se este fosse profeta, saberia quem e
que tipo de mulher é a que está tocando, pois é uma pecadora» (Lc 7,39). De
fato, quem não sabia com quem tratava era o fariseu!
O Papa Francisco tem insistido muito na importância de
aproximar-se dos enfermos e assim “tocar a carne de Cristo”. Ao canonizar a
santa Guadalupe García, Francisco disse: «Renunciar a uma vida cômoda para
seguir ao chamado de Jesus amar a pobreza para poder amar mais aos pobres,
enfermos e abandonados, para servir-lhes com ternura e compaixão, isto se chama
“tocar a carne de Cristo”. “Os pobres, abandonados, enfermos, e os marginais
são a carne de Cristo». Jesus tocava os enfermos e se deixava tocar por eles e
pelos pecadores.
A pecadora do Evangelho tocou Jesus e Ele estava feliz vendo
como se transformava seu coração. Por isso lhe presenteou a paz recompensando
sua fé valente. —Tu amigo, te aproximas com amor para tocar a carne de Cristo
em tantos que passam junto a ti e de ti necessitam? Si sabes fazê-lo, tua
recompensa será a paz com Deus, com os demais e contigo mesmo.
«Tua fé te salvou. Vai em paz!»
Rev. D. Ferran JARABO i
Carbonell (Agullana, Girona, Espanha)
«Quando alguém lhe insulte, não lhe jogue a culpa, jogue-a
ao demônio que, em todo caso, é quem faz insultar, e descarregue nele toda sua
ira; em troca, compadeça ao desgraçado que faz o que o diabo lhe mandar» (São
João Crisóstomo). Não se deve julgar à pessoa mas reprovar a má ação. A pessoa
é um objeto continuado do amor do Senhor, são as ações que nos distanciam de
Deus. Nós, então, devemos estar sempre dispostos a perdoar, acolher e amar a
pessoa, mas a rejeitar aquelas ações contrarias ao amor de Deus.
«Quem peca fere a honra de Deus e o seu amor, sua própria dignidade
de homem chamado a ser filho de Deus e o bem espiritual da Igreja, da qual cada
cristão deve ser pedra viva» (Catecismo da Igreja, n. 1487). Através do
Sacramento da Penitência, a pessoa tem a possibilidade e a oportunidade de
refazer sua relação com Deus e com toda a Igreja. A resposta ao perdão
recebido, só pode ser o amor. A recuperação da graça e a reconciliação nos
levará à amar com um amor divinizado. Somos chamados para amar como Deus ama!
Perguntemo-nos hoje, especialmente, se somos conscientes da
grandeza do perdão de Deus, se somos aqueles que amam à pessoa e lutam contra o
pecado e, finalmente, se acudimos com confiança ao Sacramento da Reconciliação.
Tudo o podemos com o auxílio de Deus. Que nossa humilde oração nos ajude.
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 7,36-38: A
situação que provocou o debate. Três pessoas totalmente diferentes se
encontram: Jesus, Simão, o fariseu, um judeu praticante, e a moça, da qual
diziam que era pecadora. Jesus está na casa de Simão que o convidou para um
jantar. A moça entra, coloca-se aos pés de Jesus, começa a chorar, molha os pés
de Jesus com as lágrimas, solta os cabelos para enxugá-los, beija e unge os pés
com perfume. Soltar os cabelos em público era um gesto de independência. Jesus
não se retrai nem afasta a moça, mas acolhe o gesto dela.
* Lucas 7,39-40: A
reação do fariseu e a resposta de Jesus. Jesus estava acolhendo uma pessoa
que, conforme os costumes da época, não podia ser acolhida, pois era pecadora.
O fariseu, observando tudo, critica Jesus e condena a mulher: "Se este
homem fosse um profeta, saberia que tipo de mulher é esta que o toca, pois é
uma pecadora!" Jesus usa uma parábola para responder à provocação do
fariseu.
* Lucas 7,41-43: A
parábola dos dois devedores. Um devia 500 denários, o outro, 50. Nenhum dos
dois tinha como pagar. Ambos foram perdoados. Qual dos dois terá mais amor?
Resposta do fariseu: "Amará mais aquele a quem mais se perdoa!". A
parábola supõe que os dois, tanto o fariseu como a moça, tinham recebido algum
favor de Jesus. Na atitude que os dois tomam diante de Jesus, mostram como
apreciam o favor recebido. O fariseu mostra o seu amor, a sua gratidão,
convidando Jesus para o jantar. A moça mostra o seu amor, a sua gratidão,
através das lágrimas, dos beijos e do perfume.
* Lucas 7,44-47: O recado
de Jesus para o fariseu. Depois de receber a resposta do fariseu, Jesus
aplica a parábola. Mesmo estando na casa do próprio fariseu, a convite do
mesmo, Jesus não perde a liberdade de falar e de agir. Defende a moça contra a
crítica do judeu praticante. O recado de Jesus para os fariseus de todos os
tempos é este: "Aquele, a quem pouco foi perdoado, mostra pouco
amor!" Um fariseu acha que ele não tem pecado, porque observa em tudo a
lei. A segurança pessoal que eu, fariseu, crio para mim pela observância das
leis de Deus e da Igreja, muitas vezes, me impede de experimentar a gratuidade do
amor de Deus. O que importa não é a observância da lei em si, mas sim o amor
com que observo a lei. E usando os símbolos do amor da moça, Jesus dá a
resposta ao fariseu que se considerava em paz com Deus: "Você não me deu
água para lavar os pés, não me deu o beijo de acolhida, não me deu água de
cheiro! Simão, apesar de todo o banquete que me ofereceu, você tem pouco
amor!"
* Lucas 7,48-50:
Palavra de Jesus para a moça. Jesus declara a moça perdoada e acrescenta:
"Tua fé te salvou! Vai em paz!" Aqui transparece a novidade da
atitude de Jesus. Ele não condena, mas acolhe. E foi a fé que ajudou a moça a
se recompor e a se reencontrar consigo mesma e com Deus. No relacionamento com
Jesus, uma força nova despertou dentro dela e a fez renascer.
Para um confronto
pessoal
1) Onde, quando e
como as moças são desprezadas pelos fariseus de hoje?
2) A moça
certamente não teria feito o que fez, se não tivesse antes a certeza absoluta
de ser acolhida por Jesus. Será que os marginalizados e os pecadores de hoje
têm a mesma certeza a nosso respeito?
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