Sta. Teresa de Calcutá, virgem
Salmo Responsorial: 145
R. Ó minha alma,
louva o Senhor.
O Senhor faz justiça aos oprimidos, dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.
O Senhor ilumina os olhos dos cegos, o Senhor levanta os
abatidos, o Senhor ama os justos.
O Senhor protege os peregrinos, ampara o órfão e a viúva e
entrava o caminho aos pecadores.
O Senhor reina eternamente; o teu Deus, ó Sião, é rei por
todas as gerações.
2ª Leitura (Tg 2,1-5): Irmãos: A fé em Nosso
Senhor Jesus Cristo não deve admitir acepção de pessoas. Pode acontecer que na
vossa assembleia entre um homem bem vestido e com anéis de ouro e entre também
um pobre e mal vestido; talvez olheis para o homem bem vestido e lhe digais:
«Tu, senta-te aqui em bom lugar», e ao pobre: «Tu, fica aí de pé», ou então:
«Senta-te aí, abaixo do estrado dos meus pés». Não estareis a estabelecer
distinções entre vós e a tornar-vos juízes com maus critérios? Escutai, meus
caríssimos irmãos: Não escolheu Deus os pobres deste mundo para serem ricos na
fé e herdeiros do reino que Ele prometeu àqueles que O amam?
Aleluia. Jesus pregava o Evangelho do reino e curava todas as
enfermidades entre o povo. Aleluia.
Evangelho (Mc 7,31-37): Jesus deixou de novo a
região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galileia,
atravessando a região da Decápole. Trouxeram-lhe, então, um homem que era surdo
e mal podia falar, e pediram que impusesse as mãos sobre ele. Levando-o à
parte, longe da multidão, Jesus pôs os dedos nos seus ouvidos, cuspiu, e com a
saliva tocou-lhe a língua. Olhando para o céu, suspirou e disse: «Efatá!» (que
quer dizer: Abre-te). Imediatamente, os ouvidos do homem se abriram, sua língua
soltou-se e ele começou a falar corretamente. Jesus recomendou, com
insistência, que não contassem o ocorrido para ninguém. Contudo, quanto mais
ele insistia, mais eles o anunciavam. Cheios de grande admiração, diziam: «Tudo
ele tem feito bem. Faz os surdos ouvirem e os mudos falarem».
«Trouxeram-lhe, então, um homem que era surdo e mal podia falar, e
pediram que impusesse as mãos sobre ele»
Pbro. Fernando MIGUENS
Dedyn (Buenos Aires, Argentina)
De fato, as curas dos doentes que Jesus realiza vão muito
mais além do mero ato de aliviar a dor ou devolver a saúde. Estão dirigidos a
conseguir a ruptura com a cegueira, a surdez ou imobilidade atrofiada do
espírito naqueles que Ele ama. Como fim último uma verdadeira comunhão de fé e
de amor.
Ao mesmo tempo vemos a reação agradecida dos receptores do
dom divino que é proclamar a misericórdia de Deus: «Contudo, quanto mais ele
insistia, mais eles o anunciavam» (Mc 7,36). Dão testemunho do dom divino,
experimentam em profundidade a sua misericórdia e enchem-se de uma profunda e
genuína gratidão.
Também para todos nós é de uma importância decisiva
saber-nos e sentir-nos amados por Deus, a certeza de ser objeto da sua
misericórdia infinita. Esse é o grande motor da generosidade e o amor que Ele
nos pede. Muitos são os caminhos pelos quais esse descobrimento há de
realizar-se em nós. Algumas vezes será uma experiência intensa e repentina do milagre
e o mais frequente, o paulatino descobrimento de que toda a nossa vida é um
milagre de amor. Em todo caso, é preciso dar-se as condições de consciência da
nossa indigência, uma verdadeira humildade e, a capacidade de escutar
reflexivamente a voz de Deus.
Jesus, rosto da bondade do Pai
«Effathá»: a
força poderosa da palavra de Jesus é de tal modo impressionante que se manteve
na tradição a própria expressão aramaica, mesmo depois de o Evangelho ter
passado a ser pregado em grego. S. Marcos, escrevendo para não judeus, tem o
cuidado de fornecer a sua tradução: «abre-te!» A ordem não é dada por Jesus aos
membros afetados pela doença, mas à pessoa do doente, o que reforça o seu
simbolismo; neste sentido, a mesma palavra passou ao rito do Baptismo,
mantendo-se ainda no Baptismo dos adultos; no das crianças temos agora apenas a
oração a pedir que os ouvidos do batizando se abram para em breve ouvir e
aceitar a palavra de Deus; nesta linha está o apelo emblemático do Papa João
Paulo II: «abri as portas a Cristo!»
Na Sua vida pública, Jesus passa distribuindo às mãos cheias
os milagres. Eles manifestam o poder, a bondade e a solicitude de Deus por nós.
a) Deus vem ao nosso
encontro. «Jesus deixou de novo a região de Tiro e, passando por Sidónia, veio
para o mar da Galileia, atravessando o território da Decápole.»
Jesus Cristo apresenta-Se no mundo como o rosto visível do
Pai. Na última Ceia responde a um dos Doze: «Filipe: Há tanto tempo que estás
comigo e não me conheces? Quem me vê, vê o Pai.»
Onde verdadeiramente se realiza a profecia de Isaías é na
vinda de Jesus, no mistério da Encarnação. «Ele próprio vem salvar-nos».
Ele quer estar presente e atuante na Igreja até ao fim dos
tempos. Nela Se torna acessível a todos.
Os milagres que faz na vida pública são uma alusão velada
aos Sacramentos:
– a ressurreição dos mortos, pelos Sacramentos do baptismo e
da Reconciliação e Penitência;
– a multiplicação dos pães e dos peixes, na Eucaristia;
– à cura dos cegos, leprosos, paralíticos, etc., respondem
os Sacramentos da Igreja onde encontramos remédio para os nossos males.
Ao mesmo tempo que lança à terra dos corações a semente
abundante da Boa Nova, Jesus realiza com gestos proféticos a riqueza dos
Sacramentos – fontes da Graça – que nos vai oferecer na Sua Igreja.
b) Nós caminhamos ao
encontro de Jesus. «Trouxeram-Lhe então um surdo que mal podia falar e
suplicaram-Lhe que impusesse as mãos sobre ele.»
As pessoas trazem a Jesus um surdo-mudo para que lhe
restitua as condições de normalidade de vida. Ele quer deixar uma parte da
Redenção para nós, associando-nos à alegria de espalhar o bem.
Muitos caminharão ao encontro de Jesus pelo seu próprio pé,
inspirados pelo Espírito Santo. Mas, na economia normal da redenção, tem de ser
cada um de nós a levar alguém ao encontro d’Ele, para que o cure.
É-nos pedido um pouco de esforço humano, para que tenhamos
algum merecimento em nosso caminhar para Ele. Ouvir e ler a palavra de Deus,
abeirar-se dos Sacramentos, participar na vida litúrgica são outros tantos
modos de ir ao encontro de Jesus, para que nos conceda as Suas graças.
Não podemos, contudo, pensar apenas em nós. Temos de começar
na terra a vida em comunhão que será o nosso prémio no Céu, para sempre,
ajudando os outros a caminhar ao encontro do Senhor.
Fazemo-lo pelo testemunho de vida que lança interrogações
nas pessoas; pela amizade sincera que se traduz numa palavra amiga que ajuda
alguém a tomar norte e alento na vida.
c) Deus tudo faz bem
feito. «Cheios de assombro, diziam:
‘Tudo o que faz é admirável: faz que os surdos ouçam e que os mudos falem‘.»
Somos tentados algumas vezes, perante os acontecimentos que
nos ultrapassam, a pensar que as coisas não têm lógica.
É necessário ter presente que Deus sabe infinitamente mais
do que nós e conhece aquilo de que precisamos. Pelos caminhos mais
desconhecidos leva-nos ao encontro das Suas maravilhas.
Foi assim com a Sua Paixão, Morte e Ressurreição. O que
pareceu uma derrota avassaladora na Sua missão transformou-se numa vitória
retumbante e para sempre.
Celebramos todos os dias e, com especial solenidade aos
Domingos, a Santa Missa, mistério de fé, para que tenhamos presente esta
sabedoria infinita de Deus.
Ela é um convite permanente a que nos entreguemos ao Senhor,
confiando inteiramente n’Ele.
Nossa Senhora dá-nos o exemplo deste abandono nas mãos de Deus, pela sua entrega filial, embora o que Deus lhe pede seja um mistério profundo que só no decorrer dos tempos vai desvendar.
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