Santa Beatriz da
Silva, virgem
Beato Ângelo
Mazzinghi, presbítero de nossa Ordem
Salmo Responsorial: 84
R. O Senhor anuncia a paz ao seu
povo.
Escutemos
o que diz o Senhor: Deus fala de paz ao seu povo e aos seus fiéis e a quantos
de coração a Ele se convertem.
Encontraram-se
a misericórdia e a fidelidade, abraçaram-se a paz e a justiça. A fidelidade vai
germinar da terra e a justiça descerá do Céu.
O
Senhor dará ainda o que é bom e a nossa terra produzirá os seus frutos. A
justiça caminhará à sua frente e a paz seguirá os seus passos.
Aleluia. Jesus Cristo, sendo rico,
fez-Se pobre, para nos enriquecer na sua pobreza. Aleluia.
Evangelho (Mt 19,23-30): Naquele
tempo, disse Jesus a seus discípulos: «Em verdade vos digo, dificilmente um
rico entrará no Reino dos Céus. E digo ainda: é mais fácil um camelo passar
pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus». Ouvindo
isso, os discípulos ficaram perplexos e perguntaram: «Quem, pois, poderá
salvar-se?». Jesus olhou bem para eles e disse: «Para os homens isso é
impossível, mas para Deus tudo é possível». Em seguida, Pedro tomou a palavra e
disse-lhe: «Olha! Nós deixamos tudo e te seguimos. Que haveremos de receber?».
Jesus respondeu: «Em verdade vos digo, quando o mundo for renovado e o Filho do
Homem se sentar no trono de sua glória, também vós, que me seguistes, havereis
de sentar-vos em doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. E todo
aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos, por
causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá como herança a vida eterna.
Ora, muitos que são primeiros serão últimos, e muitos que são últimos serão
primeiros».
«Dificilmente um rico entrará no
Reino dos Céus (...) Quem, pois, poderá salvar-se?»
Rev.
D. Fernando PERALES i Madueño (Terrassa, Barcelona, Espanha)
E,
no entanto, Jesus amou e chamou homens ricos, sem lhes exigir que abandonassem
as suas responsabilidades. A riqueza em si mesma não é má, a não ser que a sua
origem tenha sido adquirida de forma injusta, ou o seu destino, que se utilize
de forma egoísta sem ter em conta os mais desfavorecidos, se fecha o coração
aos verdadeiros valores espirituais (onde não há necessidade de Deus).
«Quem,
pois, poderá salvar-se?». Jesus responde: «Para os homens isso é impossível,
mas para Deus tudo é possível». (Mt 19,26). «Senhor, tu conheces bem as
habilidades dos homens para atenuar a tua Palavra. Tenho que o dizer, Senhor
ajuda-me! Converte o meu coração».
Depois
do jovem rico ter ido embora, entristecido pelo seu apego às suas riquezas,
Pedro tomou a palavra e disse: «Concede, Senhor, à tua Igreja, aos teus
Apóstolos que sejam capazes de deixar tudo por Ti».
«Quando
o mundo for renovado e o Filho do Homem se sentar no trono de sua glória?» (Mt
19,28). O Teu pensamento dirige-se para esse “dia”, até esse futuro. Tu és um
homem com tendência para o fim do mundo, para a plenitude do homem. Nesse
tempo, Senhor, tudo será novo, renovado, belo.
Jesus
Cristo diz-nos: «Vós que deixastes tudo pelo Reino, vos sentareis com o Filho
do Homem... Recebereis cem vezes mais do que tiveres deixado... E herdareis a
vida eterna...» (cf. Mt 19,28-29).
O
futuro que Tu prometes aos teus, aos que te seguiram renunciando a todos os
obstáculos... É um futuro feliz, é a abundância da vida, é a plenitude divina.
«Obrigado,
Senhor. Conduz-me até esse dia!».
Reflexões de Frei Carlos Mesters,
O.Carm.
* Mateus 19,23-24: O camelo e o
fundo da agulha. Depois
que o jovem foi embora, Jesus comentou a decisão dele e disse: "Eu garanto
a vocês: um rico dificilmente entrará no Reino do Céu. E digo ainda: é mais
fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no
Reino de Deus". Duas observações a respeito desta afirmação de Jesus: 1) O
provérbio do camelo e do buraco da agulha se usava para dizer que uma coisa era
impossível e inviável, humanamente falando. 2) A expressão “um rico entrar
no Reino” trata, não em primeiro lugar da entrada no céu depois da morte, mas
sim da entrada na comunidade ao redor de Jesus. E até hoje é assim. Os ricos
dificilmente entram e se sentem em casa nas comunidades que tentam viver o
evangelho de acordo com as exigências de Jesus e que procuram abrir-se para os
pobres, os migrantes e os excluídos da sociedade.
* Mateus 19,25-26: O espanto dos
discípulos. O jovem
tinha observado os mandamentos, mas sem entender o porquê da observância. Algo
semelhante estava acontecendo com os discípulos. Quando Jesus os chamou, fizeram
exatamente o que Jesus tinha pedido ao jovem: largaram tudo e foram atrás de
Jesus (Mt 4,20.22). Mesmo assim, ficaram espantados com a afirmação de Jesus
sobre a quase impossibilidade de um rico entrar no Reino de Deus. Sinal de que
não tinham entendido bem a resposta de Jesus ao moço rico: “Vai vende tudo, dá
para os pobres e vem e segue-me!” Pois, se o tivessem entendido, não teriam
ficado tão chocados com a exigência de Jesus. Quando a riqueza ou o desejo da
riqueza ocupa o coração e o olhar, a pessoa já não consegue perceber o sentido
da vida e do evangelho. Só Deus mesmo para ajudar! "Para os homens isso é
impossível, mas para Deus tudo é possível."
* Mateus 19,27: A pergunta de Pedro.
O pano de fundo da
incompreensão dos discípulos transparece na pergunta de Pedro: “Olhe, nós
deixamos tudo e te seguimos. O que é que vamos receber?” Apesar da generosidade
tão bonita do abandono de tudo, eles mantinham a mentalidade anterior.
Abandonaram tudo para receber algo em troca. Ainda não entendiam bem o sentido
do serviço e da gratuidade.
* Mateus 19,28-30: A resposta de
Jesus. "Eu
garanto a vocês: no mundo novo, quando o Filho do Homem se sentar no trono de
sua glória, vocês, que me seguiram, também se sentarão em doze tronos para
julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos,
irmãs, pai, mãe, filhos, campos, por causa do meu nome, receberá muitas vezes
mais, e terá como herança a vida eterna. Muitos que agora são os primeiros,
serão os últimos; e muitos que agora são os últimos, serão os
primeiros". Nesta resposta, Jesus
descreve o mundo novo, cujos fundamentos estavam sendo lançados pelo trabalho
dele e dos discípulos. Jesus acentua três pontos importantes: (1) Os discípulos vão sentar nos doze tronos junto
com Jesus para julgar as doze tribos de Israel (cf. Ap 4,4). (2) Vão receber em troca muitas vezes aquilo que
tinham abandonado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, e terão a
herança da vida eterna garantida. (3) O mundo
futuro será a inversão do mundo atual. Nele os últimos serão os primeiros e os
primeiros serão os últimos. A comunidade ao redor de Jesus é semente e amostra
deste mundo novo. Até hoje as pequenas comunidades dos pobres continuam sendo
semente e amostra do Reino.
* Cada vez que, na história do povo da Bíblia, surge um
movimento para renovar a Aliança, ele começa restabelecendo os direitos dos
pobres, dos excluídos. Sem isto, a Aliança não se refaz! Assim faziam os
profetas, assim faz Jesus. Ele denuncia o sistema antigo que, em nome de Deus,
excluía os pobres. Jesus anuncia um novo começo que, em nome de Deus, acolhe os
excluídos. Este é o sentido e o motivo da inserção e da missão da comunidade de
Jesus no meio dos pobres. Ela atinge a raiz e inaugura a Nova Aliança.
Para um confronto pessoal
1) Abandonar casas, irmãos, irmãs, pai,
mãe, filhos, campos, por causa do nome de Jesus. Como isto acontece na sua vida? O que já
recebeu de volta?
2) Hoje, a maioria dos países pobres
não é da religião cristã, enquanto a maioria dos países ricos é da religião
cristã. Como se aplica hoje o provérbio do camelo que não passa pelo fundo de
uma agulha?
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