Bta Maria Sacrário de São Luís Gonzaga, virgem e mártir de nossa Ordem
S. Helena, Imperatriz Romana e viúva
Salmo Responsorial: 105
R.
Lembrai-Vos de nós, Senhor, por amor do vosso povo.
Não exterminaram os povos, como o
Senhor lhes tinha mandado, mas misturaram-se com os pagãos e imitaram os seus
costumes.
Prestaram culto aos seus ídolos, que
foram para eles uma armadilha; e imolaram seus filhos e suas filhas aos
demónios.
Contaminaram-se com as suas próprias
obras, prostituiram-se com seus crimes. Por isso se inflamou a ira do Senhor
contra o seu povo e Ele abominou a sua herança.
Aleluia.
Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus.
Aleluia.
Evangelho (Mt 19,16-22): Naquele tempo, alguém
aproximou-se de Jesus e disse: «Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida
eterna?» Ele respondeu: «Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é bom.
Se queres entrar na vida, observa os mandamentos»? «Quais?» - perguntou ele. Jesus respondeu: «Não matarás,
não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honra
pai e mãe, ama teu próximo como a ti mesmo». O jovem disse-lhe: «Já observo tudo
isso. Que me falta ainda?» Jesus respondeu: «Se queres ser perfeito, vai, vende
os teus bens, dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem
e segue-me». Quando ouviu esta palavra, o jovem foi embora cheio de tristeza,
pois possuía muitos bens.
«Que
tenho que fazer de bom para ter a vida eterna?»
Rev. D. Óscar MAIXÉ i Altés (Roma, Itália)
Hoje, há muitas pessoas que também
fazem, no seu íntimo, esta pergunta! Se olharmos à nossa volta, talvez pensemos
que são poucas as pessoas que veem algo a mais, ou que o homem do século XXI
não precisa se fazer este tipo de pergunta, pois não encontrará respostas que
lhe sirvam.
Jesus respondeu ao jovem: «Por que
me perguntas sobre o que é bom? Um só é bom. Se queres entrar na vida, observa
os mandamentos» (Mt 19,17). É legítimo perguntar-se sobre o sentido da vida,
pois, hoje é necessário fazê-lo! O jovem lhe perguntou o que tem que fazer de
bom para chegar à vida eterna, e Cristo respondeu-lhe que tem que ser bom.
Nos dias de hoje, para alguns ou
para muitos? Tanto faz! Parece ser impossível? Ser bom? ... Ou melhor, pode
parecer até algo sem sentido: uma bobagem! Hoje, como há vinte séculos, Jesus
Cristo segue nos lembrando que para entrar na vida eterna é necessário cumprir
os mandamentos da Lei de Deus: não se trata do “ótimo”, mas de seguir o caminho
necessário para que o homem se assemelhe a Deus e assim possa entrar na vida
eterna de mãos dadas com seu Pai-Deus. Efetivamente, «Jesus mostra que os
mandamentos não devem ser entendidos como um limite mínimo que não se deve
ultrapassar, mas como uma vereda aberta para um caminho moral e espiritual de
perfeição, cujo impulso interior é o amor» (São João Paulo II).
Reflexões
de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
*
Mateus 19,16-19: Os mandamentos e a vida eterna. Alguém
chega perto de Jesus e pergunta: "Mestre, que devo fazer de bom para
possuir a vida eterna?" Alguns manuscritos informam que se tratava de um
jovem. Jesus responde bruscamente: "Por que você me pergunta sobre o que é
bom? Um só é o bom!” Em seguida, ele responde à pergunta e diz: “Se você quer
entrar para a vida, guarde os mandamentos". O jovem reage e pergunta:
“Quais mandamentos?” Jesus tem a bondade
de enumerar os mandamentos que o rapaz já devia conhecer: "Não mate; não
cometa adultério; não roube; não levante falso testemunho; honre seu pai e sua
mãe; e ame seu próximo como a si mesmo".
É muito significativa a resposta de Jesus. O jovem tinha perguntado pela
vida eterna. Queria a vida junto de Deus! Mas Jesus só lembrou os mandamentos
que dizem respeito à vida junto do próximo! Não mencionou os três primeiros
mandamentos que definem nosso relacionamento com Deus! Para Jesus, só conseguiremos
estar bem com Deus, se soubermos estar bem com o próximo. Não adianta se
enganar. A porta para chegar até Deus é o próximo.
Em Marcos a pergunta do jovem é
diferente: "Bom Mestre, que devo fazer para herdar a vida
eterna?" Jesus respondeu: "Por
que você me chama de bom? Só Deus é bom, e ninguém mais!” (Mc 10,17-18). Jesus
desvia a atenção de si mesmo para Deus, pois o que importa é fazer a vontade do
Deus, revelar o Projeto do Pai.
*
Mateus 19,20: Observar os mandamentos, para que serve? O jovem respondeu: "Tenho
observado todas essas coisas. O que é que ainda me falta fazer?" O curioso
é o seguinte. O jovem queria conhecer o caminho que o levasse à vida eterna.
Ora, o caminho da vida eterna era e continua sendo: fazer a vontade de Deus,
expressa nos mandamentos. Com outras palavras, o jovem observava os mandamentos
sem saber para que serviam! Se o soubesse, não teria feito a pergunta. É como
muitos católicos que não sabem por que motivo são católicos. ”Nasci católico,
por isso sou católico!” Coisa de costume!
*
Mateus 19,21-22: A proposta de Jesus e a resposta do jovem. Jesus respondeu: "Se você quer
ser perfeito, vá, venda tudo o que tem, dê o dinheiro aos pobres, e você terá
um tesouro no céu. Depois venha, e siga-me". Quando ouviu isso, o jovem foi
embora cheio de tristeza, porque era muito rico. A observância dos mandamentos
é apenas o primeiro degrau de uma escada que vai mais longe e mais alto. Jesus
pede mais! A observância dos mandamentos prepara a pessoa para ela poder chegar
à doação total de si em favor do próximo. Marcos diz que Jesus olhou para o
jovem com amor (Mc 10,21). Jesus pede muito, mas ele o pede com muito amor. O
moço não aceitou a proposta de Jesus e foi embora, “pois era muito rico”.
*
Jesus e a opção pelos pobres. Um
duplo cativeiro marcava a situação do povo na época de Jesus: o cativeiro da
política de Herodes, apoiada pelo Império Romano e mantida por todo um sistema
bem organizado de exploração e de repressão, e o cativeiro da religião oficial,
mantida pelas autoridades religiosas da época. Por causa disso, o clã, a
família, a comunidade, estava sendo desintegrada e uma grande parte do povo
vivia excluída, marginalizada, sem lugar, nem na religião, nem na sociedade.
Por isso, havia vários movimentos que, como Jesus, procuravam refazer a vida em
comunidade: essênios, fariseus e, mais tarde, os zelotes. Dentro da comunidade
de Jesus, porém, havia algo novo que a diferenciava dos outros grupos. Era a
atitude frente aos pobres e excluídos. As comunidades dos fariseus viviam separadas.
A palavra “fariseu” quer dizer “separado”. Viviam separadas do povo impuro.
Alguns fariseus consideravam o povo como ignorante e maldito (Jo 7,49), cheio
de pecado (Jo 9,34). Não aprendiam nada do povo (Jo 9,34). Jesus e a sua
comunidade, ao contrário, viviam misturados com as pessoas excluídas,
consideradas impuras: publicanos, pecadores, prostitutas, leprosos (Mc 2,16;
1,41; Lc 7,37). Jesus reconhece a riqueza e o valor que os pobres possuem (Mt
11,25-26; Lc 21,1-4). Proclama-os felizes, porque o Reino é deles, dos pobres
(Lc 6,20; Mt 5,3). Define sua própria missão como “anunciar a Boa Nova aos
pobres” (Lc 4, 18). Ele mesmo vive como pobre. Não possui nada para si, nem
mesmo uma pedra para reclinar a cabeça (Lc 9,58). E a quem quer segui-lo para conviver
com ele, manda escolher: ou Deus, ou o dinheiro! (Mt 6,24). Manda fazer opção
pelos pobres como propôs ao jovem rico! (Mc 10,21) Esta maneira diferente de
acolher os pobres e de conviver com eles era uma amostra do Reino de Deus.
Para
um confronto pessoal
1. Uma pessoa que vive preocupada com
a sua riqueza ou com a aquisição dos bens que a propaganda do consumismo lhe
oferece, será que ela pode libertar-se de tudo isto para seguir Jesus e viver
em paz numa comunidade cristã? É possível? O que você acha?
2. O que significa para nós hoje: “Vai
vende tudo, dá aos pobres”? É possível
tomar isto ao pé da letra? Conhece alguém que conseguiu largar tudo por causa
do Reino?
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