BB. João
Baptista Duverneil, Miguel Luís Brulard e Tiago Gagnot, presbíteros e mártires
de nossa Ordem
Santa
Helena, imperatriz e viúva.
Salmo
Responsorial: 20
R. O vosso triunfo,
Senhor, é a alegria do rei.
Senhor,
o rei alegra-se com o vosso poder e exulta de contente com o vosso auxílio.
Satisfizestes os anseios do seu coração, não rejeitastes o pedido de seus
lábios.
Vós
o cumulastes de bênçãos preciosas, cingistes sua fronte com uma coroa de ouro
fino. Pediu-vos a vida e Vós lha concedestes, uma vida longa para muitos anos.
Graças
à vossa proteção, é grande a sua glória, Vós o revestistes de esplendor e
majestade. Para sempre o abençoastes e enchestes de alegria na vossa presença.
Aleluia. A palavra de
Deus é viva e eficaz, conhece os pensamentos e intenções do coração. Aleluia.
Evangelho
(Mt 20,1-16): Naquele tempo, disse Jesus a seus
discípulos esta parábola: «Pois o Reino dos Céus é como o proprietário que saiu
de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. Combinou com os
trabalhadores a diária e os mandou para a vinha. Em plena manhã, saiu de novo,
viu outros que estavam na praça, desocupados, e lhes disse: ‘Ide também vós
para a minha vinha. Eu pagarei o que for justo’. E eles foram. Ao meio-dia e em
plena tarde, ele saiu novamente e fez a mesma coisa. Saindo outra vez pelo fim
da tarde, encontrou outros que estavam na praça e lhes disse: ‘Por que estais
aí o dia inteiro desocupados?’. Eles responderam: ‘Porque ninguém nos
contratou’. E ele lhes disse: ‘Ide vós também para a minha vinha’. Ao
anoitecer, o dono da vinha disse ao administrador: ‘Chama os trabalhadores e
faze o pagamento, começando pelos últimos até os primeiros!’. Vieram os que
tinham sido contratados no final da tarde, cada qual recebendo a diária. Em
seguida vieram os que foram contratados primeiro, pensando que iam receber
mais. Porém, cada um deles também recebeu apenas a diária. Ao receberem o
pagamento, começaram a murmurar contra o proprietário: ‘Estes últimos
trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o peso do dia
e o calor ardente’. Então, ele respondeu a um deles: ‘Companheiro, não estou
sendo injusto contigo. Não combinamos a diária? Toma o que é teu e vai! Eu
quero dar a este último o mesmo que dei a ti. Acaso não tenho o direito de
fazer o que quero com aquilo que me pertence? Ou estás com inveja porque estou
sendo bom?’. Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os
últimos».
«Assim, os últimos
serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès,
Barcelona, Espanha)
Mas
isso não torna a justiça inútil: «Eu pagarei o que for justo» (Mt 20,4). Deus
não é arbitrário e quer nos tratar como filhos inteligentes: por isso é lógico
que tenha “acordos” conosco. De fato, em outros momentos, os ensinamentos de
Jesus deixam claro que quem recebe mais também será mais exigido (lembremos da
parábola dos talentos). Enfim, Deus é justo, mas a caridade não se desentende
da justiça, mas sim, a supera. (cf. 1Cor 13,5).
Um
ditado popular afirma que «a justiça por justiça é a pior das injustiças».
Felizmente para nós, a justiça de Deus —repitamos, transbordante de seu Amor—
supera nossos esquemas. Se unicamente se tratasse de estrita justiça, nós,
então, estaríamos pendentes de redenção. Além disso, não teríamos nenhuma
esperança de redenção. Em justiça estrita não mereceríamos nenhuma redenção:
simplesmente, ficaríamos despossuídos daquilo que se nos tinha dado no momento
da criação e que rejeitamos no momento do pecado original. Examinemo-nos,
portanto, como agimos nos julgamentos, comparações e cálculos quando tratamos
os demais.
Além
disso, se falarmos de santidade, temos que partir da base de que tudo é graça.
A mostra mais clara é o caso de Dimas, o bom ladrão. Inclusive a possibilidade
de merecer diante de Deus, é também uma graça (algo que nos é concedido
gratuitamente). Deus é o amo, nosso «proprietário que saiu de madrugada para
contratar trabalhadores para a sua vinha» (Mt 20,1). A vinha (quer dizer, a
vida, o céu...) é dele; nós somos convidados, e não de qualquer maneira: é uma
honra poder trabalhar aí e, assim “ganhar” o céu.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Mateus 20,1-7: As
cinco vezes que o patrão sai em busca de operários. "O Reino do Céu é como um
patrão, que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha.
Combinou com os trabalhadores uma moeda de prata por dia, e os mandou para a
vinha” Assim começa a história que fala por si e nem precisaria de muito
comentário. No que segue, o patrão sai mais quatro vezes chamando operários
para trabalhar na sua vinha. Jesus alude ao terrível desemprego daquela época.
Alguns detalhes da história: (1) O
próprio patrão sai pessoalmente cinco vezes para contratar operários. (2) Na hora de contratar os operários, é só com o
primeiro grupo que ele acerta o salário: um denário por dia. Com os da nona
hora ele diz: Eu lhes pagarei o que for justo. Com os outros ele não acertou
nada. Apenas os contratou para trabalhar na vinha. (3) No
fim do dia, na hora de acertar as contas com os operários, o patrão manda que o
administrador faça o serviço.
* Mateus 20,8-10: A
estranha maneira de acertar as contas no fim do dia. Quando chegou a tarde, o patrão
disse ao administrador: Chame os trabalhadores, e pague uma diária a todos.
Comece pelos últimos, e termine pelos primeiros. Aqui, na hora de acertar as
contas, acontece algo estranho que não acontece na vida comum. Parece a
inversão das coisas. O pagamento começa com os que foram contratados por último
e que trabalharam apenas uma única hora. O pagamento é o mesmo para todos: um
denário, como tinha sido combinado com os que foram contratados no começo do
dia. No fim, chegaram os que foram contratados primeiro, e pensavam que iam
receber mais. No entanto, cada um deles recebeu também uma moeda de prata. Por que o patrão faz isso? Você faria assim?
É aqui neste gesto surpreendente do patrão que está escondida a chave da
mensagem desta parábola.
* Mateus 20,11-12: A
reação normal dos operários diante da estranha atitude do patrão. Os últimos a receber o salário eram
os que foram contratados por primeiro. Estes, assim diz a história, ao
receberem o pagamento, começaram a resmungar contra o patrão e disseram: “Esses
últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o
cansaço e o calor do dia inteiro!” É a
reação normal do bom senso. Creio que todos nós teríamos a mesma reação e
diríamos a mesma coisa ao patrão. Ou não?
* Mateus 20,13-16: A
explicação surpreendente do Patrão que fornece a chave da parábola. A resposta do patrão é esta: “Amigo,
eu não fui injusto com você. Não combinamos uma moeda de prata? Tome o que é
seu, e volte para casa. Eu quero dar também a esse, que foi contratado por
último, o mesmo que dei a você. Por acaso não tenho o direito de fazer o que eu
quero com aquilo que me pertence? Ou você está com ciúme porque estou sendo
generoso?” Estas palavras trazem a chave
que explica a atitude do patrão e aponta a mensagem que Jesus quer comunicar: (1) O patrão não foi injusto, pois ele agiu de acordo
com o que tinha sido combinado com o primeiro grupo de operários: um denário
por dia. (2) É decisão soberano do patrão de dar aos últimos o
mesmo que tinha sido combinado com os da primeira hora. Estes não têm direito
de reclamar. (3) Atuando dentro da justiça, o patrão tem o direito
de fazer o bem que ele quer com as coisas que lhe pertencem. O operário da
parte dele tem este mesmo direito. (4) A
pergunta final toca no ponto central: Ou você está com ciúme porque estou sendo
generoso?' Deus é diferente mesmo! Ele não cabe nos nossos pensamentos (Is
55,8-9).
* O pano de fundo da
parábola é a conjuntura daquela época, tanto de Jesus como de Mateus. Os operários da primeira hora são o
povo judeu, chamado por Deus para trabalhar em sua vinha. Eles sustentaram o
peso do dia, desde Abraão e Moisés, bem mais de mil anos. Agora, na undécima
hora, Jesus chama os pagãos para ir trabalhar na sua vinha e eles chegam a ter
a preferência do coração de Deus. “Assim, os últimos serão os primeiros, e os
primeiros serão os últimos”.
Para um confronto
pessoal
1) Os da undécima hora chegam, levam
vantagem e recebem prioridade na fila diante da entrada do Reino de Deus.
Quando você espera duas horas numa fila e chega alguém que, sem mais, se coloca
na frente de você, você aceitaria? Dá para comparar as duas situações?
2) A ação de Deus ultrapassa nossos
cálculos e nosso jeito humano de atuar. Ele surpreende e às vezes incomoda.
Isto já aconteceu alguma vez na sua vida? Qual a lição que tirou?
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