Salmo Responsorial Sl 14 (15), 1.2-3.4
R: Chamai-nos, ó Virgem Maria,
e seguiremos os vossos passos.
-Quem
habitará, Senhor, no vosso santuário, quem descansará na vossa montanha
sagrada?
-O que vive
sem mancha e pratica a justiça e diz a verdade que tem no seu coração,
-O que não
usa a língua para levantar calúnias e não faz o mal ao seu próximo nem ultraja
o seu semelhante.
-O que tem
por desprezível o ímpio mas estima os que temem o Senhor.
Segunda Leitura (Gal
4, 4-7)
-
«Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher» Leitura da Epístola do
apóstolo São Paulo aos Gálatas Irmãos: Quando chegou a plenitude dos tempos,
Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar
os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar seus filhos adoptivos. E porque sois
filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama:
«Abbá ! Pai !». Assim, já não és escravo, mas filho. E, se és filho, também és
herdeiro, por graça de Deus. Palavra do Senhor.
Flor do Carmelo,
Videira florescente,
Esplendor do Céu,
Virgem Mãe, singular.
Doce Mãe,
Mas sempre Virgem,
Aos teus filhos
Dá teus favores,
Ó Estrela do mar.
Aleluia. “Mulher, eis aí teu filho”. Aleluia
Evangelho
(Jo19,25-27): Naquele tempo, junto à cruz de Jesus
estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria
Madalena. Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à
sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E
dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa.
A Sagrada Escritura exalta a beleza do monte Carmelo, onde o profeta Elias, ardendo de zelo pelo Deus vivo, defendeu a pureza da fé de Israel. Neste monte, junto à fonte que tinha o nome do profeta, estabeleceram-se alguns eremitas nos finais do séc. XII, os quais, no início do século seguinte, tendo recebido de S. Alberto, Patriarca latino de Jerusalém, uma fórmula de vida, aí construíram um oratório dedicado à Mãe de Deus, ficando assim juridicamente constituídos com o título de “Santa Maria do Monte Carmelo”. Desde então experimentaram a proteção maternal da sua Senhora, a Virgem puríssima, a quem chamaram “Irmã”, primeiramente na prática da vida contemplativa e mais tarde no dom aos irmãos das riquezas recolhidas na íntima comunhão com Deus na prática da vida fraterna. Por isso começaram a intitular-se: “Irmãos de Santa Maria do Monte Carmelo”.
Esta
invocação mariana, que exprime o conjunto dos benefícios recebidos da nossa
Padroeira, começou a celebrar-se com toda a solenidade no séc. XIV em
Inglaterra, expandindo-se rapidamente por toda a Ordem, até que, em 1606, Paulo
V a reconheceu como festa principal da Confraria do Santo Escapulário e o
Capítulo Geral de 1609 a declarou como sendo a festa principal e mais solene da
Ordem.
“MULHER, EIS AÍ TEU
FILHO”
Estamos na metade do capítulo 19 do Evangelho de João, que começa com a flagelação, a coroação com a coroa de espinhos, a apresentação de Jesus por Pilatos para o povo: "Eis o homem" (Jo 19, 5), condenado à morte na cruz, a via sacra e a crucificação. Na narrativa da Paixão segundo João, Jesus tem em suas mãos o controle de sua própria vida e de tudo o que está acontecendo ao seu redor. Por esta razão, encontramos frases como: "Jesus veio para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura" (v. 5) ou as palavras a Pilatos: "Não terias nenhum poder sobre mim, se eu tivesse dado do alto "(v. 11) além disso, o texto apresentado pela liturgia de hoje mostra que Jesus não só tem o controle de tudo o que está acontecendo, mas também o que está acontecendo ao redor. É muito importante o que descreve o evangelista: “Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse …” (v. 26). As palavras de Jesus em sua simplicidade são as palavras da revelação, palavras com o que quer expressar a sua vontade: "Eis aí o teu filho" (v. 26), "Eis aí a tua mãe" (v. 27). Estas palavras de Jesus trazer à mente as palavras de Pilatos com as quais apresentou a pessoa de Jesus para o povo: "Eis o homem" (v. 5). Jesus desde seu trono, a cruz, com suas palavras, não só pronuncia a sua vontade, como também o que está verdadeiramente em seu amor por nós e qual é o fruto desse amor. É o Cordeiro de Deus, o pastor que dá a sua vida para reunir a todos em um só rebanho, a Igreja.
Nessa
passagem encontramos também uma palavra muito importante que se repete duas
vezes, quando o evangelista fala da mãe de Jesus e do discípulo amado. O
evangelista diz que a mãe de Jesus estava "junto à cruz" (v. 25) e o
discípulo amado estava "perto dela" (v. 26). Este importante detalhe
tem um significado bíblico muito profundo. Apenas o quarto evangelista diz que
a mãe de Jesus estava junto à cruz. Os outros evangelistas não especificam.
Lucas
diz-nos que “Todos os conhecidos de Jesus, bem como as mulheres que o
acompanhavam desde a Galileia, se mantinham a distância, olhando essas coisas.
” (Lc 23,49).
Mateus
escreve: "Grande número de mulheres estava ali, observando de longe. Elas
haviam acompanhado Jesus desde a Galileia, prestando-lhe serviços. Entre elas
estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de
Zebedeu. ” (Mt 27,55-56).
Marcos diz
que "Estavam ali também algumas mulheres olhando de longe; entre elas
Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago Menor e de Joset, e Salomé. Quando ele
estava na Galileia, estas o seguiam e lhe prestavam serviços. Estavam ali
também muitas outras mulheres que com ele tinham subido a Jerusalém. ” (Mc
15,40-41).
Assim,
apenas João enfatiza que a mãe de Jesus estava lá, não seguindo-o de longe, mas
sim junto à cruz, na companhia de outras mulheres. De pé, como uma mulher forte
que continua a crendo, esperando e tendo confiança em Deus, mesmo neste momento
tão difícil. A mãe de Jesus está naquele momento importante no qual "tudo
está consumado" (v. 30) na missão de Jesus. Além disso, o evangelista
ressalta a presença da mãe de Jesus, no início de sua missão, nas bodas de
Cana, onde João usa quase a mesma expressão: "Eu estava ali a mãe de
Jesus" (Jo 2,1)
Nas bodas
de Caná e na cruz, Jesus mostra a sua glória e sua mãe está presente de uma
forma ativa. Nas bodas de Caná é evidente, de uma forma simbólica, o que
aconteceu na cruz. Durante a festa de casamento em Caná, Jesus transformou a
água contida em seis potes (Jo 2,6). O número seis simboliza a imperfeição. O
número perfeito é o sete. Por esta razão, Jesus responde à sua mãe: "Minha
hora ainda não chegou" (Jo 2,04).
A hora em
que Jesus renovou tudo, foi a hora da cruz. Os discípulos lhe perguntaram:
"Senhor, é este o momento de reconstruir o reino de Israel?" (Atos
1,6). Na cruz, com água e sangue, Jesus faz nascer a Igreja e, ao mesmo tempo,
ela torna-se sua esposa. É o início de um novo tempo. Tanto nas bodas de Caná
como na cruz, Jesus não chama sua mãe pelo próprio nome, mas dá-lhe o belo título
de "Mulher" (Jo 2,4 e 19,26). Na cruz, Jesus não está falando com sua
mãe movido apenas por um sentimento natural, de filho com sua mãe. O título de
"Mulher" deixa claro que no momento em que Jesus estava abrindo o
coração de sua mãe para a maternidade espiritual de seus discípulos,
representados na pessoa do discípulo amado, que está sempre perto de Jesus, o
discípulo que no último jantar reclinou a cabeça sobre o peito de Jesus (Jo
13,23-26).
O discípulo
que compreendeu o mistério de Jesus e manteve-se fiel ao seu mestre até a
crucificação, e, posteriormente, deveria ser o primeiro discípulo a acreditar
que Cristo tinha ressuscitado ao ver o túmulo vazio e os panos no chão (João
20,4-8) enquanto Maria de Magdala garante que haviam tirado o corpo de Jesus (Jo
20,2). Portanto, o discípulo é aquele que acredita e mantém-se fiel ao seu
Senhor em todas as provações da vida.
O discípulo
a quem Jesus amava, não tem nome, porque ele representa a você e a mim, e a
todos os que são verdadeiros discípulos. A mulher torna-se mãe do discípulo. A
mulher, que nunca é chamada pelo evangelista com o nome próprio, não apenas a
mãe de Jesus, mas também a Igreja. O evangelista João gosta de chamar a Igreja
de "mulher" ou "senhora". Este título está na segunda Carta
de João (2 Jo 1,5) e no livro do Apocalipse: "Então apareceu no céu um
grande sinal: uma mulher vestida com o sol, tendo a lua debaixo dos pés e,
sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas. Estava grávida e gritava em dores
de parto, atormentada para dar à luz. "(Ap 12,1-2) A mulher, então, é a
imagem da Igreja Mãe que está com dores de parto para gerar a Deus novos
filhos. A mãe de Jesus é a imagem perfeita da Igreja esposa de Cristo em
trabalho de parto para gerar novos filhos ao esposo.
Se Jesus
deixou nas mãos da Mulher (sua Mãe e a Igreja) os seus discípulos representados
na pessoa do discípulo amado, também deixou nas mãos dos discípulos a Mulher
(sua mãe e da Igreja). O evangelista diz que quando Jesus viu o discípulo a
quem ele amava com sua mãe lhe disse: "Eis a tua mãe" (V. 27)
O
evangelista continua: “E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua
casa" (v. 27). Isto significa que o discípulo recebeu a mulher como uma
valiosa e querida pessoa. Isso novamente nos recorda quando João diz em suas
cartas, quando ele chama a si mesmo o presbítero que ama a Senhora eleita (2
João 1), que reza por ela (2 Jo 5) para que a cuide e a defenda contra
anticristo, isto é, aqueles que não reconhecem a Cristo e tentam perturbar os
filhos da Igreja, os discípulos de Jesus (2 Jo 7,10).
As palavras
do versículo 27: “E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua
casa", nos lembra que também aquilo que encontramos no início do Evangelho
de Mateus. O evangelista abre sua narrativa com a visão do anjo no sonho de
José, o esposo de Maria. Nesta visão, o anjo diz a José: "José, filho de
David, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do
Espírito Santo" (Mt 1,20). Mateus abre o seu Evangelho com o Senhor, confiando
Maria e Jesus a José, enquanto João conclui seu relato com Jesus confiando sua
Mãe e a Igreja nas mãos do discípulo amado.
Para um confronto pessoal
● O que é
que você mais atenção nesta passagem e na reflexão?
● Na cruz,
Jesus nos deu tudo: sua vida e sua Mãe. E você, você está preparado para dar
algo para o Senhor? Você é capaz de renunciar a suas coisas, a seus gostos,
etc. para servir a Deus e ajudar o próximo?
● “E dessa
hora em diante o discípulo a levou para a sua casa". Você acha que as
famílias de hoje seguem o exemplo do discípulo
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