Salmo Responsorial: 65
R. A terra inteira aclame o Senhor.
Povos da
terra, bendizei o nosso Deus, fazei ressoar os seus louvores. Foi Ele quem
conservou a nossa vida e não deixou que nossos pés vacilassem.
Todos os
que temeis a Deus, vinde e ouvi, vou narrar-vos quanto Ele fez por mim. Meus
lábios O invocaram e minha língua O louvou.
Bendito
seja Deus que não rejeitou a minha prece, nem me retirou a sua misericórdia.
Aleluia. Eu sou o pão
vivo descido do Céu, diz o Senhor. Quem comer deste pão viverá eternamente.
Aleluia.
Evangelho (Jo
6,44-51): «Ninguém pode vir a mim, se o Pai
que me enviou não o atrair. E eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito
nos Profetas: ‘Todos serão discípulos de Deus’. Ora, todo aquele que escutou o
ensinamento do Pai e o aprendeu vem a mim. Ninguém jamais viu o Pai, a não ser aquele
que vem de junto de Deus: este viu o Pai. Em verdade, em verdade, vos digo:
quem crê, tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o
maná no deserto e, no entanto, morreram. Aqui está o pão que desce do céu, para
que não morra quem dele comer. Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come
deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne, entregue
pela vida do mundo».
«Eu sou o pão vivo que
desceu do céu»
Rev. D. Pere MONTAGUT i Piquet (Barcelona, Espanha)
O pão vivo
é Jesus. Não é um alimento que assimilemos, senão que pelo contrário nos
assimila. Ele nos faz ter fome de Deus, sede de escutar sua Palavra que é gozo
e alegria do coração. A Eucaristia é antecipação da glória celestial: «Partimos
um mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto para não morrer, para
viver por sempre em Jesus Cristo» (Santo Inácio de Antioquia). A comunhão com a
carne de Cristo ressuscitado nos faz acostumar com tudo aquilo que desce do
céu, quer dizer, receber e assumir nossa verdadeira condição: Estamos feitos
para Deus e somente Ele sacia plenamente nosso espírito.
Mas esse
pão vivo não nos fará viver um dia mais além da morte física, senão que nos foi
dado agora «pela vida do mundo» (Jo 6,51). O desígnio do Pai, que não nos criou
para morrer, está ligado à fé e ao amor. Quer uma resposta atual, livre e
pessoal, a sua iniciativa. Cada vez que comemos esse pão, adentremo-nos no Amor
mesmo! Já não vivemos para nós mesmos, já não vivemos no erro. O mundo ainda é
precioso porque há quem continua amando-o até o extremo, porque há um
Sacrifício do qual se beneficiam até os que o ignoram.
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
* João 6,44-46: Quem se abre para
Deus, aceita Jesus e a sua proposta. A conversa torna-se mais exigente.
Agora são os judeus, os líderes do povo, que murmuram: "Esse não é Jesus,
o filho de José, cujo pai e mãe conhecemos? Como é que ele pode dizer que
desceu do céu?" (Jo 6,42) Eles pensavam conhecer as coisas de Deus. Na
realidade, não as conheciam. Se fossem realmente abertos e fiéis a Deus,
sentiriam dentro de si o impulso de Deus atraindo-os para Jesus e reconheceriam
que Jesus vem de Deus, pois está escrito nos Profetas: 'Todos serão instruídos
por Deus'. Todo aquele que escuta o Pai e recebe sua instrução vem a mim.
* João 6,47-50: Vossos pais comeram
o maná e morreram. Na
celebração da páscoa, os judeus lembravam o pão do deserto. Jesus os ajuda a
dar um passo. Quem celebra a páscoa, lembrando só o pão que os pais comeram no
passado, vai acabar morrendo como todos eles! O verdadeiro sentido da Páscoa
não é lembrar o maná que caiu do céu, mas sim aceitar Jesus como o novo Pão da
Vida e seguir pelo caminho que ele ensinou. Agora já não se trata de comer a
carne do cordeiro pascal, mas sim de comer a carne de Jesus, para que não
pereça quem dele comer, mas tenha a vida eterna!
* João 6,51: Quem comer deste pão
viverá eternamente. E
Jesus termina dizendo: "Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come
deste pão viverá para sempre. E o pão que eu vou dar é a minha própria carne,
para que o mundo tenha a vida." Em
vez do maná e em vez do cordeiro pascal do primeiro êxodo, somos convidados e
comer o novo maná e o novo cordeiro pascal que é o próprio Jesus que se
entregou na Cruz pela vida de todos.
* O novo Êxodo. A multiplicação dos pães aconteceu
perto da Páscoa (Jo 6,4). A festa da páscoa era a memória perigosa do Êxodo, a
libertação do povo das garras do faraó. Todo o episódio narrado neste capítulo
6 do evangelho de João tem um paralelo nos episódios relacionados com a festa
da páscoa, tanto com a libertação do Egito quanto com a caminhada do povo no
deserto em busca da terra prometida. O Discurso do Pão da Vida, feito na
sinagoga de Cafarnaum, está relacionado com o capítulo 16 do livro do Êxodo que
fala do Maná. Vale a pena ler todo este capítulo 16 de Êxodo. Percebendo as
dificuldades do povo no deserto, podemos compreender melhor os ensinamentos de
Jesus aqui no capítulo 6 do evangelho de João. Por exemplo, quando Jesus fala
de “um alimento que perece” (Jo 6,27) ele está lembrando o maná que estragava e
perecia (Ex 16,20). Da mesma forma, quando os judeus “murmuram” (Jo 6,41), eles
fazem a mesma coisa que os israelitas faziam no deserto, quando duvidavam da
presença de Deus no meio deles durante a travessia (Ex 16,2; 17,3; Nm 11,1). A
falta de alimentos fazia com que o povo duvidasse de Deus e começasse a
murmurar contra Moisés e contra Deus. Aqui também os judeus duvidam da presença
de Deus em Jesus de Nazaré e começam a murmurar (Jo 6,41-42).
Para um confronto pessoal
1) A eucaristia me ajuda a viver em estado permanente de
Êxodo? Estou conseguindo?
2) Quem é aberto para a verdade encontra em Jesus a
resposta. Hoje, muita gente se afasta e já não encontra a resposta. Culpa de
quem? Das pessoas que não quer escutar? Ou de nós cristãos que não sabemos
apresentar o evangelho como uma mensagem de vida?
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