Bta Maria da Encarnação, Viúva e Religiosa de nossa Ordem
Salmo Responsorial: 4
R. Fazei brilhar sobre nós, Senhor,
a luz do vosso rosto.
Quando Vos
invocar, ouvi-me, ó Deus de justiça. Vós que na tribulação me tendes protegido,
compadecei-Vos de mim e ouvi a minha súplica.
Sabei que o
Senhor faz maravilhas pelos seus amigos, o Senhor me atende quando O invoco.
Muitos
dizem: «Quem nos fará felizes?» Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz da vossa
face.
Em paz me
deito e adormeço tranquilo, porque só Vós, Senhor, me fazeis repousar em
segurança.
2ª Leitura (1Jo
2,1-5): Meus filhos, escrevo-vos isto, para
que não pequeis. Mas se alguém pecar, nós temos Jesus Cristo, o Justo, como
advogado junto do Pai. Ele é a vítima de propiciação pelos nossos pecados, e
não só pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro. E nós sabemos que O
conhecemos, se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz conhecê-lo e não
guarda os seus mandamentos é mentiroso e a verdade não está nele. Mas se alguém
guardar a sua palavra, nesse o amor de Deus é perfeito.
Aleluia. Senhor Jesus,
abri-nos as Escrituras, falai-nos e inflamai o nosso coração. Aleluia.
Evangelho (Lc
24,35-48): Então os dois contaram o que tinha
acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão. Ainda
estavam falando, quando o próprio Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: «A
paz esteja convosco!” Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que
estavam vendo um espírito. Mas ele disse: «Por que estais preocupados, e por
que tendes dúvidas no coração? Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai
em mim e vede! Um espírito não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu
tenho». E dizendo isso, ele mostrou-lhes as mãos e os pés. Mas eles ainda não
podiam acreditar, tanta era sua alegria e sua surpresa. Então Jesus disse: «Tendes
aqui alguma coisa para comer?» Deram-lhe um pedaço de peixe assado. Ele o tomou
e comeu diante deles. Depois disse-lhes: «São estas as coisas que eu vos falei
quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o que está
escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos». Então ele abriu
a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, e disse-lhes:
«Assim está escrito: o Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro
dia, e no seu nome será anunciada a conversão, para o perdão dos pecados, a
todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas destas
coisas».
«Vede minhas mãos e
meus pés: sou eu mesmo!»
Rev. D. Jaume GONZÁLEZ i Padrós (Barcelona, Espanha)
«Faz
brilhar sobre nós a luz do teu rosto, Senhor», canto o salmo da liturgia de
hoje. Efetivamente, Jesus, «Então ele abriu a inteligência dos discípulos para
entenderem as Escrituras» (Lc 24,45). É todo urgente. É necessário que os
discípulos tenham uma precisa e profunda compreensão das Escrituras, já que,
como disse São Jerônimo, «ignorar as Escrituras é ignorar Cristo».
Mas esta
compreensão da palavra de Deus não é um fato que se possa administrar
privadamente, ou com sua congregação de amigos e conhecidos. O Senhor desvelou
o sentido das Escrituras à Igreja naquela comunidade pascal, presidida por
Pedro e os outros Apóstolos, os quais receberam o encargo do Mestre de que «e
no seu nome para o perdão dos pecados, a todas as nações, começando por
Jerusalém» (Lc 24,47).
Para serem testemunhas, por tanto, do autêntico Cristo, é urgente que os discípulos aprendam —em primeiro lugar— a reconhecer seu Corpo marcado pela paixão. Precisamente, um autor antigo nos faz a seguinte recomendação: «Todo aquele que sabe que a Pascoa foi sacrificada para ele, entende que sua vida começa quando Cristo morre para nos salvar». Além do mais, o apóstolo tem que compreender inteligentemente as Escrituras, lidas à luz do Espírito da verdade derramado sobre a Igreja.
Depois de Emaús
O próprio Senhor ressuscitado afirma a mesma coisa no Evangelho de hoje: "Assim está escrito: 'O Messias sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia, e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações". Mas, porque deveria ser assim? Porque devia passar o plano de Deus pela cruz, tão feia, tão humilhante, dolorosa e sofrida?
Com piedade e
unção, procuremos contemplar um pouquinho este tão grande e santo mistério. A
cruz fazia parte do plano de Deus, primeiramente porque nela se manifesta o que
o pecado fez com o homem e do que o homem pecador se tornou capaz: de matar a
Deus e se desgraçar. A humanidade pecadora esta, que vemos hoje de tal modo se
fechou para Deus que o continua a matar. Desde o início da história temos
matado Deus, renegando-o, desobedecendo-lhe, colocando- O em último lugar...
Mas, quando fazemos isso, destruímo-nos, desfiguramo-nos, edificamos a nossa
vida pessoal e social sobre a areia. Na cruz de Jesus, Deus mostra-nos isso: a
gravidade do nosso pecado, o desastre que é fechar-se para o Senhor.
Num mundo
que brinca com o pecado e já não leva a sério a gravidade de pecar, olhemos a
cruz e veremos o que nosso pecado provoca! Não deixará nunca de impressionar a
frase de São Pedro na primeira leitura de hoje: "Vós matastes o Autor da
Vida!" Com o nosso pecado, matamos Aquele que é a Vida e matamo-nos a nós!
Mas, a cruz
revela também, com toda a força, até onde Deus é capaz de ir por nós: ele é
capaz de se entregar, de dar sua vida por nós! No seu Filho o Pai entrega-nos
tudo o que de precioso que Ele tem! No Filho feito homem de dores, humilhado e
derrotado, nós podemos compreender o quanto somos amados por Deus, o quanto Ele
nos leva a sério, o quanto é capaz de descer para nos procurar! Contemplemos a
cruz e sejamos gratos a Deus que se entrega assim!
Finalmente,
a cruz revela a desconcertante, fidelidade de Deus: nela descobrimos o
verdadeiro nome do nosso Deus. E o Seu nome é Fidelidade, o Seu nome é Amor.
Primeiro fidelidade e amor do Pai em relação ao Filho. Ao Filho amado que se
entregou ao Pai por nós, Deus-Pai ressuscitou-o e deu-lhe toda a glória.
É o que anuncia a primeira leitura de hoje: "O Deus de nossos Pais glorificou o seu servo Jesus. Vós matastes o Autor da Vida, mas Deus ressuscitou-o dos mortos!" Que mistério, meus irmãos! O Filho, entregue ao Pai com toda a confiança e todo o abandono, o Filho, feito homem de dores, agora é glorificado pelo Pai e colocado no mais alto da glória. Deus jamais abandona os que a Ele se confiam.
E o próprio
Jesus afirma no Evangelho que "no seu nome serão anunciados a conversão e
o perdão dos pecados a todas as nações". Na cruz e ressurreição do Senhor,
Deus, amorosamente concedeu-nos o perdão dos pecados! Então, que temos de fazer
para corresponder a tanto amor, a tão grande graça? Três coisas: primeira crer
em Jesus, o Enviado do Pai, que por nós morreu e ressuscitou: "Convertei-vos
para que os vossos pecados sejam perdoados!" Quem crer em Jesus, quem
diante d Ele reconhecer-se pecador e O acolher como o Salvador e n Ele colocar
a vida, n Ele encontrará o perdão que vem pela cruz e a ressurreição. Segundo
viver na Palavra do Senhor: "Para saber se O conhecemos, vejamos se
guardamos os seus mandamentos.
Naquele que
guarda a Sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado". A fé não é
um sentimento nem uma teoria. A nossa fé em Jesus morto e ressuscitado deve
levar a um compromisso sério e radical com o Senhor na nossa vida concreta.
Quem não guarda os mandamentos, não crê! Quem não crê, fecha-se à salvação!
Terceiro testemunhar Jesus morto e ressuscitado: "Vós matastes o Autor da
vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos. Disso nós somos testemunhas!" E
Jesus diz: "Vós sereis testemunhas de tudo isso!" Nós não conhecemos
Jesus de um modo teórico. Nós experimentamo-lo na força da Sua Palavra e na
graça dos seus sacramentos, sobretudo na participação na Eucaristia.
Jesus, para
nós, não é um fantasma! "Por que estais preocupados tendes dúvidas no
coração? Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo!" Sim, quantas vezes
tocamos Jesus, sentimo-lo vivo, caminhando conosco! Tenhamos, então a coragem
de n Ele acreditar, de n Ele viver e d Ele dar testemunho onde quer que
estejamos e onde quer que vivamos. Jesus não é um fantasma! Jesus está vivo!
Jesus é Senhor! Que a sua paz, a sua vitória e o seu perdão estejam sempre conosco.
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