S. Cirilo de Constantinopla, 3º Prior Geral de nossa Ordem
Com humildade e respeito aqui nos
reunimos, ó Divino Jesus, para oferecer, todos os dias deste mês, as homenagens
de nossa devoção ao glorioso Patriarca S. José. Vós nos animais a recorrer com
toda a confiança aos vossos benditos Santos, pois que as honras que lhes
tributamos revertem em vossa própria glória. Com justos motivos, portanto,
esperamos vos seja agradável o tributo quotidiano que vimos prestar ao Esposo
castíssimo de Maria, vossa divina Mãe a José, vosso amado Pai adotivo. Ó meu
Deus, concedei-nos a graça de amar e honrar a São José como o amastes na terra
e o honrais no céu. E vós, ó glorioso Patriarca, pela vossa estreita união com
Jesus e Maria; vós que, à custa de vossas abençoadas fadigas e suores,
nutristes a um e outro, desempenhando neste mundo o papel do Divino Padre
Eterno; alcançai-nos luz e graça para terminar com fruto este devoto exercício
que em vosso louvor alegremente começamos.
1ª Leitura (Miq
7,14-15.18-20): Apascentai o vosso povo com a vossa
vara, o rebanho da vossa herança, que vive isolado na selva, no meio de uma
terra frutífera, para que volte a apascentar-se em Basã e Galaad, como nos dias
de outrora; mostrai-nos prodígios, como nos dias em que saístes da terra do
Egito. Qual é o deus semelhante a Vós que perdoa o pecado e absolve a culpa
deste resto da vossa herança? Não guarda para sempre a sua ira, porque prefere
a misericórdia. Ele voltará a ter piedade de nós, pisará aos pés as nossas
faltas, lançará para o fundo do mar todos os nossos pecados. Mostrai a Jacob a
vossa fidelidade e a Abraão a vossa misericórdia, como jurastes aos nossos
pais, desde os tempos antigos.
Salmo Responsorial:
102
R. O Senhor é clemente e cheio de
compaixão.
Bendiz, ó
minha alma, o Senhor e todo o meu ser bendiga o seu nome santo. Bendiz, ó minha
alma, o Senhor e não esqueças nenhum dos seus benefícios.
Ele perdoa
todos os teus pecados e cura as tuas enfermidades. Salva da morte a tua vida e
coroa-te de graça e misericórdia.
Não está
sempre a repreender nem guarda ressentimento. Não nos tratou segundo os nossos
pecados nem nos castigou segundo as nossas culpas.
Como a
distância da terra aos céus, assim é grande a sua misericórdia para os que O
temem.
Como o
Oriente dista do Ocidente, assim Ele afasta de nós os nossos pecados.
Vou partir, vou ter
com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti.
Evangelho (Lc
15,1-3.11-32): Todos os publicanos e pecadores
aproximavam-se de Jesus para o escutar. Os fariseus e os escribas, porém,
murmuravam contra ele. «Este homem acolhe os pecadores e come com eles». Então
ele contou-lhes esta parábola: E Jesus continuou. «Um homem tinha dois filhos.
O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E
o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, o filho mais novo juntou
o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida
desenfreada. Quando tinha esbanjado tudo o que possuía, chegou uma grande fome
àquela região, e ele começou a passar necessidade. Então, foi pedir trabalho a
um homem do lugar, que o mandou para seu sítio cuidar dos porcos. Ele queria
matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam. Então
caiu em si e disse: «Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu
aqui, morrendo de fome. Vou voltar para meu pai e dizer-lhe: ‘Pai, pequei
contra Deus e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a
um dos teus empregados’. Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda
estava longe, seu pai o avistou e foi tomado de compaixão. Correu-lhe ao
encontro, abraçou-o e o cobriu de beijos. O filho, então, lhe disse: ‘Pai,
pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai
disse aos empregados: ‘Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho.
Colocai-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei um novilho gordo e
matai-o, para comermos e festejarmos. Pois este meu filho estava morto e tornou
a viver; estava perdido e foi encontrado’. E começaram a festa. O filho mais
velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de
dança. Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. Ele
respondeu: ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque
recuperou seu filho são e salvo’. Mas ele ficou com raiva e não queria entrar.
O pai, saindo, insistiu com ele. Ele, porém, respondeu ao pai: ‘Eu trabalho
para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E nunca me
deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. Mas quando chegou esse teu
filho, que esbanjou teus bens com as prostitutas, matas para ele o novilho
gordo’. Então o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é
meu é teu. Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava
morto e tornou a viver, estava perdido e foi encontrado».
«Vou voltar para meu
pai e dizer-lhe: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès,
Barcelona, Espanha)
Recorda-nos
aquele quadro de Rembrandt, no qual se vê como o filho que regressa,
fragilizado e esfomeado, é abraçado por um ancião, com duas mãos diferentes:
uma mão de pai, que o abraça com força; uma outra de mãe, afetuosa e doce, que
o acaricia. Deus é pai e mãe...
«Pai,
pequei» (cf. Lc 15,21), queremos nós também dizer, e sentir o abraço de Deus no
sacramento da confissão, e participar na festa da Eucaristia: «Mas era preciso
festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver» (Lc
15,23-24). Assim sendo, já que «Deus nos espera —em cada dia— como aquele pai
da parábola esperava o seu filho pródigo» (São Josemaria), percorramos o
caminho com Jesus, ao encontro do Pai, onde tudo se torna claro: «o mistério do
homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente» (Concílio
Vaticano II).
O
protagonista é sempre o Pai. Que o deserto da Quaresma nos leve a interiorizar
esta chamada a participar na misericórdia divina, já que viver é regressar ao
Pai.
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm
* Lucas 15,11-13: A decisão do filho
mais novo. Um homem tinha dois filhos. O mais novo pede
a parte da herança que lhe toca. O pai divide tudo entre os dois. Tanto o mais
velho como o mais novo, ambos recebem a sua parte. Receber herança não é
mérito. É um dom gratuito. A herança dos dons de Deus está distribuída entre
todos os seres humanos, tanto judeus como pagãos, tanto cristãos como não
cristãos. Todos têm algo da herança do Pai. Mas nem todos cuidam da mesma
maneira. Assim, o filho mais novo parte para longe e gasta a sua herança numa
vida dissipada, esquecendo-se do Pai. No tempo de Lucas, o mais velho
representava as comunidades vindas do judaísmo, e o mais novo, as comunidades
vindas do paganismo. E hoje, quem é o mais velho e o mais novo?
* Lucas 15,14-19: A desilusão e a
vontade de voltar para a casa do Pai. A necessidade de ter o que comer faz com que
o mais novo perca a sua liberdade e se torne escravo para cuidar dos porcos.
Recebe tratamento pior que os porcos. Esta era a condição de vida de milhões de
escravos no império romano no tempo de Lucas. A situação em que está faz o mais
novo cair em si e lembrar-se da casa do Pai. Ele faz uma revisão de vida e
decide voltar para casa. Prepara até as palavras que vai dizer ao Pai: “Já não
mereço ser teu filho! Trata-me como um dos teus empregados!” Empregado executa
ordens, cumpre a lei da servidão. O filho mais novo quer ser cumpridor da lei,
como o queriam os fariseus e os escribas no tempo de Jesus (Lc 15,1). Era isto
que os missionários dos fariseus impunham aos pagãos que se convertiam ao Deus
de Abraão (Mt 23,15). No tempo de Lucas, cristãos vindos do judaísmo
conseguiram que alguns cristãos, convertidos do paganismo, se submetessem ao
jugo da lei (Gl 1,6-10).
* Lucas 15,20-24: A alegria do Pai
ao reencontrar o filho mais novo. A parábola diz que o filho mais novo ainda
estava longe de casa e o Pai já o viu, corre ao seu encontro e o cumula de
beijos. A impressão que Jesus nos dá é que o Pai ficou o tempo todo na janela
olhando a estrada para ver o filho apontar lá longe na esquina! Conforme o
nosso modo humano de pensar e de sentir, a alegria do Pai parece exagerada. Nem
deixa o filho terminar as palavras que tinha preparado. Nem escuta! O Pai não
quer que o filho seja seu escravo. Quer que seja filho! Esta é a grande Boa
Nova que Jesus nos trouxe! Túnica nova, sandálias novas, anel no dedo,
churrasco, festa! Nesta alegria imensa do reencontro, Jesus deixa transparecer
como era grande a tristeza do Pai pela perda do filho. Deus estava muito triste
e isto a gente só fica sabendo agora, vendo o tamanho da alegria do Pai quando
reencontra o filho! E é uma alegria partilhada com todo mundo na festa que ele
manda preparar
* Lucas 15,25-28b: A reação do filho
mais velho. O filho mais velho volta do serviço no campo
e encontra a casa em festa. Não entra. Quer saber de que se trata. Quando soube
do motivo da festa, ficou com muita raiva e não quis entrar. Fechado em si
mesmo, ele pensa ter o seu direito. Não gostou da festa e não entendeu a
alegria do Pai. Sinal de que não tinha muita intimidade com o Pai, apesar de
viver na mesma casa. Pois, se tivesse, teria notado a imensa tristeza do Pai
pela perda do filho mais novo e teria entendido a alegria dele pela volta do
filho. Quem vive muito preocupado em observar a lei de Deus, corre o perigo de
esquecer o próprio Deus! O filho mais novo, mesmo longe de casa, parecia
conhecer o Pai melhor que o filho mais velho, que morava com ele na mesma casa!
Pois o mais novo teve a coragem de voltar para a casa do Pai, enquanto o mais
velho não quer mais entrar na casa do Pai! Ele não se dá conta de que o Pai,
sem ele, vai perder a alegria. Pois também ele, o mais velho, é filho do mesmo
jeito que o novo!
* Lucas 15,28a-30: A atitude do Pai
e a resposta do filho mais velho. O pai sai de casa e suplica ao filho mais
velho para entrar. Mas este responde: "Pai, tantos anos que eu sirvo ao
senhor. Jamais transgredi um só dos seus mandamentos, e o senhor nunca me deu
um cabrito sequer para festejar com meus amigos. E vem esse seu filho, que devorou
seus bens com prostitutas e o senhor manda matar até o novilho gordo!" O
mais velho também quer festa e alegria, mas só com os amigos. Não com o irmão,
nem com o pai. Ele nem sequer chama o mais novo de irmão, mas "esse seu
filho", como se não fosse mais irmão dele. E é ele, o mais velho, que fala
em prostitutas. É a malícia dele que interpretou assim a vida do irmão mais
novo. Quantas vezes o irmão mais velho não interpreta mal a vida do irmão mais
novo! Quantas vezes nós católicos interpretamos mal a vida e a religião dos
outros! A atitude do Pai é outra. Ele acolheu o filho mais novo, mas também não
quer perder o filho mais velho. Os dois fazem parte da família. Um não pode
excluir o outro!
* Lucas 15,31-32: A resposta final
do Pai. Da mesma maneira como o Pai não deu atenção
aos argumentos do filho mais novo, assim também não dá atenção aos argumentos
do mais velho e lhe diz: "Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu
é teu! Mas esse teu irmão estava morto e tornou a viver. Estava perdido e foi
reencontrado!" Será que o mais velho tinha realmente consciência de estar
sempre com o Pai e de encontrar nesta presença a causa da sua alegria? A
expressão do Pai "Tudo que é meu é teu!" inclui também o filho mais
novo que voltou! O mais velho não tem o direito de fazer distinção. Se ele quer
ser mesmo filho do Pai, terá que aceitá-lo do jeito que ele é e não do jeito
que ele gostaria que o Pai fosse! A parábola não diz qual foi a resposta final
do irmão mais velho. Isto fica por conta do próprio irmão mais velho que somos
nós!
* Quem experimenta a gratuita e
surpreendente entrada do amor de Deus em sua vida torna-se alegre e quer
comunicar esta alegria aos outros.
A ação salvadora de Deus é fonte de alegria: “Alegrem-se comigo!” (Lc 15,6.9) É
desta experiência da gratuidade de Deus que nasce o sentido da festa e da
alegria (Lc 15,32). No fim da parábola, o Pai manda ser alegre e fazer festa. A
alegria ficou ameaçada por causa do filho mais velho que se recusa a entrar.
Ele pensa ter direito a uma alegria só com os seus amigos e não quer a alegria
com todos da mesma família humana. Ele representa os que se consideram justos e
observantes e acham que não precisam de conversão.
Para um confronto pessoal
1. Qual a imagem de Deus que está em mim desde a minha infância?
Ela mudou ao longo dos anos? Se mudou, por que mudou?
2. Eu me identifico com qual dos dois filhos: com o mais
novo ou com o mais velho? Por que?
ORAÇÃO
Ó glorioso S. José, a bondade de
vosso coração é sem limites e indizível, e neste mês que a piedade dos fiéis
vos consagrou mais generosas do que nunca se abrem as vossas mãos benfazejas.
Distribui entre nós, ó nosso amado Pai, os dons preciosíssimos da graça
celestial da qual sois ecônomo e o tesoureiro; Deus vos criou para seu primeiro
esmoler. Ah! que nem um só de vossos servos possa dizer que vos invocou em vão
nestes dias. Que todos venham, que todos se apresentem ante vosso trono e
invoquem vossa intercessão, a fim de viverem e morrerem santamente, a vosso
exemplo nos braços de Jesus e no ósculo beatíssimo de Maria. Amém.
LADAINHA
DE SÃO JOSÉ
Senhor,
tende piedade de nós.
Jesus
Cristo, tende piedade de nós.
Senhor,
tende piedade de nós.
Jesus
Cristo, ouvi-nos.
Jesus
Cristo, escutai-nos.
Pai
Celestial, que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho,
Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito
Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima
Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Santa
Maria, rogai por nós.
São José,
rogai por nós.
Ilustre
Filho de Davi, ...
Luz dos
Patriarcas, ...
Esposo da
Mãe de Deus, ...
Guarda da
puríssima Virgem, ...
Sustentador
do Filho de Deus, ...
Estrênuo
defensor de Jesus Cristo, ...
Chefe da
Sagrada Família, ...
José
justíssimo, ...
José
castíssimo, ...
José
prudentíssimo, ...
José
fortíssimo, ...
José
obedientíssimo, ...
José
fidelíssimo, ...
Espelho de
paciência, ...
Amante da
pobreza, ...
Modelo dos
artistas, ...
Honra da
vida de família, ...
Guarda das
virgens, ...
Sustentáculo
das famílias, ...
Alívio dos
miseráveis, ...
Esperança
dos doentes, ...
Patrono dos
moribundos, ...
Terror dos
demônios, ...
Protetor da
Santa Igreja, ...
Patrono da
Ordem Carmelita, ...
Cordeiro de Deus, que tirais os
pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os
pecados do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os
pecados do mundo, tende piedade nós.
V. - O
Senhor o constituiu dono de sua casa.
R. - E fê-lo príncipe de todas as
suas possessões.
ORAÇÃO
Deus, que
por vossa inefável Providência vos dignastes eleger o bem-aventurado São José
para Esposo de vossa Mãe Santíssima concedei-nos, nós vos pedimos, que
mereçamos ter como intercessor no céu aquele a quem veneramos na terra como
nosso Protetor. Vós que viveis e reinais com Deus Padre na unidade do Espírito
Santo. Amém.
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