ORAÇÃO PREPARATÓRIA
Com humildade e respeito aqui nos
reunimos, ó Divino Jesus, para oferecer, todos os dias deste mês, as homenagens
de nossa devoção ao glorioso Patriarca S. José. Vós nos animais a recorrer com
toda a confiança aos vossos benditos Santos, pois que as honras que lhes
tributamos revertem em vossa própria glória. Com justos motivos, portanto,
esperamos vos seja agradável o tributo quotidiano que vimos prestar ao Esposo
castíssimo de Maria, vossa divina Mãe a José, vosso amado Pai adotivo. Ó meu
Deus, concedei-nos a graça de amar e honrar a São José como o amastes na terra
e o honrais no céu. E vós, ó glorioso Patriarca, pela vossa estreita união com
Jesus e Maria; vós que, à custa de vossas abençoadas fadigas e suores,
nutristes a um e outro, desempenhando neste mundo o papel do Divino Padre
Eterno; alcançai-nos luz e graça para terminar com fruto este devoto exercício
que em vosso louvor alegremente começamos.
1ª Leitura (Is
50,4-7): O Senhor deu-me a graça de falar
como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam
abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como
escutam os discípulos. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem
recuei um passo. Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me
arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam.
Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio, e, por isso, não fiquei envergonhado;
tornei o meu rosto duro como pedra, e sei que não ficarei desiludido.
Salmo Responsorial: 21
R. Meu Deus, meu Deus, porque me
abandonastes?
Todos os
que me veem escarnecem de mim, estendem os lábios e meneiam a cabeça: «Confiou
no Senhor, Ele que o livre, Ele que o salve, se é seu amigo».
Matilhas de
cães me rodearam, cercou-me um bando de malfeitores. Trespassaram as minhas
mãos e os meus pés, posso contar todos os meus ossos.
Repartiram
entre si as minhas vestes e deitaram sortes sobre a minha túnica. Mas Vós,
Senhor, não Vos afasteis de mim, sois a minha força, apressai-Vos a
socorrer-me.
Hei de
falar do vosso nome aos meus irmãos, hei de louvar-Vos no meio da assembleia.
Vós, que temeis o Senhor, louvai-O, glorificai-O, vós todos os filhos de Jacob,
reverenciai-O, vós todos os filhos de Israel.
2ª Leitura (Flp
2,6-11): Cristo Jesus, que era de condição
divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio.
Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como
homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso
Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao
nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua
proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.
Cristo obedeceu até à
morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima
de todos os nomes.
Evangelho (Mc
14,1—15,47): Faltavam dois dias para a Páscoa e a
festa dos Pães sem fermento. Os sumos sacerdotes e os escribas procuravam um
modo de prender Jesus e matá-lo à traição, pois diziam: «Não na festa, para que
não haja tumulto entre o povo». Quando Jesus estava sentado à mesa, em Betânia,
em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher com um frasco de alabastro cheio
de perfume de nardo puro, muito caro. Ela o quebrou e derramou o conteúdo na
cabeça de Jesus. Alguns que lá estavam ficaram irritados e comentavam: «Para
que este desperdício de perfume? Este perfume poderia ter sido vendido por
trezentos denários para dar aos pobres». E se puseram a censurá-la. Jesus,
porém, lhes disse: «Deixai a em paz! Por que a incomodais? Ela praticou uma boa
ação para comigo. Os pobres sempre tendes convosco e podeis fazer-lhes o bem
quando quiserdes. Mas a mim não tereis sempre. Ela fez o que estava a seu
alcance. Com antecedência, ela embalsamou o meu corpo para a sepultura. Em
verdade vos digo: onde for anunciado o Evangelho, no mundo inteiro, será
mencionado também, em sua memória, o que ela fez». Judas Iscariotes, um dos
Doze, foi procurar os sumos sacerdotes para lhes entregar Jesus. Ouvindo isso,
eles ficaram contentes e prometeram dar-lhe dinheiro. Judas, então, procurava
uma oportunidade para entregá-lo. No primeiro dia dos Pães sem fermento, quando
se sacrificava o cordeiro pascal, os discípulos perguntaram a Jesus: «Onde
queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?». Jesus enviou então
dois dos seus discípulos, dizendo-lhes: «Ide à cidade. Um homem carregando uma
bilha de água virá ao vosso encontro. Segui-o e dizei ao dono da casa em que
ele entrar: ‘O Mestre manda perguntar: Onde está a sala em que posso comer a
ceia pascal com os meus discípulos?’ Ele, então, vos mostrará, no andar de
cima, uma grande sala, arrumada. Lá fareis os preparativos para nós!». Os
discípulos saíram e foram à cidade. Encontraram tudo como ele tinha dito e
prepararam a ceia pascal. Ao anoitecer, Jesus foi para lá com os Doze. Enquanto
estavam à mesa comendo, Jesus disse: «Em verdade vos digo, um de vós vai me
entregar, aquele que come comigo». Eles ficaram tristes e, um após o outro,
começaram a perguntar: «Acaso, serei eu?». Jesus lhes disse: “É um dos doze,
aquele que se serve comigo do prato». O Filho do Homem se vai, conforme está
escrito a seu respeito. Ai, porém, daquele por quem o Filho do Homem é
entregue. Melhor seria que tal homem nunca tivesse nascido!». Enquanto estavam
comendo, Jesus tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu-o e lhes deu, dizendo:
«Tomai, isto é o meu corpo». Depois, pegou o cálice, deu graças, passou-o a
eles, e todos beberam. E disse-lhes: «Este é o meu sangue da nova Aliança, que
é derramado por muitos. Em verdade, não beberei mais do fruto da videira até o
dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus». Depois de cantarem o salmo,
saíram para o Monte das Oliveiras Jesus disse aos discípulos: «Todos vós
caireis, pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão». Mas,
depois que eu ressuscitar, irei à vossa frente para a Galileia». Pedro, então,
disse: «Mesmo que todos venham a cair, eu não». Respondeu-lhe Jesus: «Em
verdade te digo, hoje mesmo, esta noite, antes que o galo cante duas vezes,
três vezes me negarás». Pedro voltou a insistir: «Ainda que eu tenha de morrer
contigo, não te negarei». E todos diziam a mesma coisa. Chegaram a uma
propriedade chamada Getsêmani. Jesus disse aos discípulos: «Sentai-vos aqui,
enquanto eu vou orar». Levou consigo Pedro, Tiago e João, e começou a sentir
pavor e angústia. Jesus, então, lhes disse: «Sinto uma tristeza mortal! Ficai
aqui e vigiai!». Jesus foi um pouco mais adiante, caiu por terra e orava para
que aquela hora, se fosse possível, passasse dele. Ele dizia: «Abbá! Pai! tudo
é possível para ti. Afasta de mim este cálice! Mas seja feito não o que eu
quero, porém o que tu queres». Quando voltou, encontrou os discípulos dormindo.
Então disse a Pedro: «Simão, estás dormindo? Não foste capaz de ficar vigiando
uma só hora? Vigiai e orai, para não cairdes em tentação! O espírito está
pronto, mas a carne é fraca». Jesus afastou-se outra vez e orou, repetindo as
mesmas palavras. Voltou novamente e encontrou-os dormindo, pois seus olhos
estavam pesados de sono. E eles não sabiam o que responder. Ao voltar pela
terceira vez, ele lhes disse: «Ainda dormis e descansais? Basta! Chegou a hora!
Vede, o Filho do Homem está sendo entregue às mãos dos pecadores. Levantai-vos!
Vamos! Aquele que vai me entregar está chegando». Jesus ainda falava, quando
chegou Judas, um dos Doze, acompanhado de uma multidão com espadas e paus; eles
vinham da parte dos sumos sacerdotes, escribas e anciãos. O traidor tinha
combinado com eles um sinal: “É aquele que eu vou beijar. Prendei-o e levai-o
com cautela!». Chegando, Judas logo se aproximou e disse: «Rabi!» E beijou-o.
Então, eles lançaram as mãos em Jesus e o prenderam. Um dos presentes puxou a
espada e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a ponta da orelha.
Tomando a palavra, Jesus disse: «Viestes com espadas e paus para me prender,
como se eu fosse um bandido? Todos os dias eu estava convosco, no templo,
ensinando, e não me prendestes. Mas, isto acontece para que se cumpram as
Escrituras”». Então, abandonando-o, todos os discípulos fugiram. Um jovem o
seguia coberto só de um lençol. Eles o pegaram, mas ele largou o lençol e fugiu
nu. Levaram Jesus ao sumo sacerdote, e reuniram-se todos os sumos sacerdotes,
os anciãos e os escribas. Pedro tinha seguido Jesus de longe até dentro do
pátio do sumo sacerdote. Sentado com os guardas, aquecia-se perto do fogo. Os
sumos sacerdotes e o sinédrio inteiro procuravam um testemunho contra Jesus
para condená-lo à morte, mas não encontravam. Muitos testemunhavam contra ele
falsamente, mas os depoimentos não concordavam entre si. Alguns se levantaram e
falsamente testemunharam contra ele: «Nós o ouvimos dizer: ‘Vou destruir este
santuário feito por mão humana, e em três dias construirei um outro, não feito
por mão humana’!”. Mas nem assim concordavam os depoimentos deles. O sumo
sacerdote se levantou no meio deles e perguntou a Jesus: «Nada tens a responder
ao que estes testemunham contra ti?». Jesus continuou calado e nada respondeu.
O sumo sacerdote perguntou de novo: «És tu o Cristo, o Filho de Deus Bendito?».
Jesus respondeu: «Eu sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do
Todo-Poderoso, vindo com as nuvens do céu». O sumo sacerdote rasgou suas vestes
e disse: «Que necessidade temos ainda de testemunhas? Ouvistes a blasfêmia! Que
vos parece?». Então, todos o sentenciaram réu de morte. Alguns começaram a
cuspir nele. Cobrindo-lhe o rosto, batiam nele e diziam: «Profetiza!» Os guardas,
também, o receberam a tapas. Pedro estava no pátio, em baixo. Veio uma criada
do sumo sacerdote e, quando viu Pedro que se aquecia, olhou bem para ele e
disse: «Tu também estavas com Jesus, esse nazareno!». Mas, Pedro negou dizendo:
«Não sei nem entendo de que estás falando!». Ele saiu e foi para a entrada do
pátio. E o galo cantou. A criada, vendo Pedro, começou outra vez a dizer, aos
que estavam por perto: «Este é um deles». Mas Pedro negou outra vez. Pouco
depois os que lá estavam diziam a Pedro: “É claro que és um deles, pois tu és
Galileu». Ele começou então a praguejar e a jurar: «Nem conheço esse homem de
quem estais falando!». E nesse instante, pela segunda vez, o galo cantou. Pedro
se lembrou da palavra que Jesus lhe tinha dito: «Antes que o galo cante duas
vezes, três vezes me negarás». E começou a chorar. Logo de manhã, os sumos
sacerdotes, com os anciãos, os escribas e o sinédrio inteiro, reuniram-se para
deliberar. Depois, amarraram Jesus, levaram-no e o entregaram a Pilatos.
Pilatos interrogou-o: «Tu és o Rei dos Judeus?» Jesus respondeu: «Tu o dizes».
Os sumos sacerdotes faziam muitas acusações contra ele. Pilatos perguntou de
novo: «Não respondes nada? Olha de quanta coisa te acusam!». Jesus, porém, não
respondeu nada, de modo que Pilatos ficou admirado. Por ocasião da festa,
Pilatos costumava soltar um preso que eles mesmos pedissem. Havia ali o chamado
Barrabás, preso com amotinados que, numa rebelião, cometeram um homicídio. A
multidão chegou e pediu que Pilatos fizesse como de costume. Pilatos
respondeu-lhes: «Quereis que eu vos solte o Rei dos Judeus?». Ele sabia que os
sumos sacerdotes o tinham entregue por inveja. Os sumos sacerdotes instigaram a
multidão para que, de preferência, lhes soltasse Barrabás. Pilatos tornou a
perguntar: «Que quereis que eu faça, então, com o Rei dos Judeus?». Eles
gritaram: «Crucifica-o!». Pilatos lhes disse: «Que mal fez ele?». Eles, porém,
gritaram com mais força: «Crucifica-o». Pilatos, querendo satisfazer a
multidão, soltou Barrabás, mandou açoitar Jesus e entregou-o para ser
crucificado. Os soldados levaram Jesus para dentro do pátio do pretório e
chamaram todo o batalhão. Vestiram Jesus com um manto de púrpura e puseram nele
uma coroa trançada de espinhos. E começaram a saudá-lo: «Salve, rei dos
judeus!». Batiam na sua cabeça com uma vara, cuspiam nele e, dobrando os
joelhos, se prostravam diante dele. Depois de zombarem dele, tiraram-lhe o
manto de púrpura e o vestiram com suas próprias roupas. Então o levaram para
crucificá-lo. Os soldados obrigaram alguém que lá passava voltando do campo,
Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo, a carregar a cruz. Levaram Jesus
para o lugar chamado Gólgota (que quer dizer Calvário). Deram-lhe vinho
misturado com mirra, mas ele não tomou. Eles o crucificaram e repartiram as
suas vestes, tirando sorte sobre elas, para ver que parte caberia a cada um.
Eram nove horas da manhã quando o crucificaram. O letreiro com o motivo da
condenação dizia: «O Rei dos Judeus!». Com ele crucificaram dois ladrões, um à
direita e outro à esquerda. Os que passavam por ali o insultavam, balançando a
cabeça e dizendo: «Ah! Tu que destróis o templo e o reconstróis em três dias,
salva-te a ti mesmo, descendo da cruz». Do mesmo modo, também os sumos
sacerdotes zombavam dele entre si e, com os escribas, diziam: «A outros salvou,
a si mesmo não pode salvar. O Messias, o rei de Israel desça agora da cruz,
para que vejamos e acreditemos!». Os que foram crucificados com ele também o
insultavam. Quando chegou o meio-dia, uma escuridão cobriu toda a terra até às
três horas da tarde. Às três da tarde, Jesus gritou com voz forte: «Eloí, Eloí,
lemá sabactâni? — que quer dizer «Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?».
Alguns dos que estavam ali perto, ouvindo-o, disseram: «Vede, ele está chamando
por Elias!». Alguém correu e ensopou uma esponja com vinagre, colocou-a na
ponta de uma vara e lhe deu de beber, dizendo: “Deixai! Vejamos se Elias vem
tirá-lo da cruz. Então Jesus deu um forte grito e expirou. Nesse mesmo
instante, o véu do Santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes. Quando
o centurião, que estava em frente dele, viu que Jesus assim tinha expirado,
disse: «Na verdade, este homem era Filho de Deus». Estavam ali também algumas
mulheres olhando de longe; entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago Menor
e de Joset, e Salomé. Quando ele estava na Galileia, estas o seguiam e lhe
prestavam serviços. Estavam ali também muitas outras mulheres que com ele
tinham subido a Jerusalém. Já caíra a tarde. Era o dia de preparação (isto é, a
véspera do sábado). Por isso, José de Arimatéia, membro respeitável do
sinédrio, que também esperava o Reino de Deus, cheio de coragem foi a Pilatos
pedir o corpo de Jesus. Pilatos ficou admirado quando soube que Jesus estava
morto. Chamou o centurião e perguntou se tinha morrido havia muito tempo.
Informado pelo centurião, Pilatos entregou o corpo a José. José comprou um
lençol de linho, desceu Jesus da cruz, envolveu-o no lençol e colocou-o num
túmulo escavado na rocha; depois, rolou uma pedra na entrada do túmulo. Maria
Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde ele era colocado.
«Na verdade, este
homem era Filho de Deus»
Rev. D. Fidel CATALÁN i Catalán (Terrassa, Barcelona,
Espanha)
Não deve
ser fácil perguntar-se o que viu naquele rosto - tão desfigurado - para
proferir semelhante declaração. De qualquer modo deve ter descoberto um rosto
inocente; alguém abandonado e talvez atraiçoado, à mercê de interesses
particulares; ou talvez alguém que era objeto de uma injustiça no meio de uma
sociedade não muito justa; alguém que cala, suporta e até aceita
misteriosamente tudo o que lhe está a cair em cima. Talvez até se tenha sentido
colaborar numa injustiça diante da qual não move nem um dedo para a impedir,
como tantos que lavam as mãos diante dos problemas dos outros.
A imagem
daquele centurião romano é a imagem da Humanidade que contempla. É, ao mesmo
tempo, a profissão de fé de um pagão. Jesus morre só, inocente, ferido,
abandonado e ao mesmo tempo confiante, com um profundo sentido da sua missão,
com os "restos de amor” que os golpes deixaram no seu corpo.
Mas, antes
- na sua entrada em Jerusalém – tinham-no aclamado como Aquele que vem em nome
do Senhor (cf. Mc 11,9). Agora a nossa aclamação não é de expectativa,
entusiasmada e desconhecedora, como a daqueles habitantes de Jerusalém. A nossa
aclamação dirige-se Àquele que já passou pela entrega total e que saiu
vitorioso. Finalmente, «deveríamos prostrar-nos aos pés de Cristo, não pondo
sob os seus pés as nossas túnicas ou ramos inertes, que muito rapidamente
perderiam o seu vigor, o seu fruto e o seu aspecto agradável, mas antes
revestindo-nos da sua graça» (Santo André de Creta).
Cruz e glória vão
juntos na nossa vida, como na vida de Cristo.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Em primeiro
lugar, a Cruz está ai pendente, como espada de Damocles, desde que nascemos até
a nossa morte, porque somos seguidores de Cristo e o único sinal do cristão é a
santa Cruz. Assim aprendemos no catecismo da nossa infância. O lema dos
cartuxos nos confirma que muitas coisas mudarão, mas ai está a Cruz sempre firme:
“Stat Crux dum volvitur orbis” (a Cruz está constante e de pé, enquanto o mundo
muda). O nosso mundo é um bosque de cruzes morais, físicas, afetivas…, diárias,
pessoais, familiares, sociais, políticas…, nacionais, internacionais,
planetárias. E em cada uma, um cristo: o prisioneiro sem esperança, o
revolucionário fracassado, o condenado por Aids, o mártir das estruturas
opressoras sem poder revolucioná-las, a mãe do drogado, o filho abusado por um
pedófilo, o moribundo por falta de um diagnóstico. Cruzes e mais cruzes: os 15
milhões e algo mais de leprosos; os 800 milhões de analfabetos, os 1.500
milhões sem direitos humanos, os 3.500 milhões de famintos no mundo de hoje com
5.800 milhões de inquilinos. A terrível história da cruz do sofrimento humano:
injustiça, desigualdade, miséria social, doenças, culpas, destino cego, maldade
absurda. Ondas sem fim de sangue, suor e lágrimas, dor, tristeza e medo,
abandono, desesperação e morte. E, Vós, Cristo, o que nos dizeis, o que fazeis?
Só o Pai responde: “Olha o meu Filho na cruz, e atreve-te a rezar gritando, mas
não blasfemar”.
Em segundo
lugar, mas essa Cruz é a Árvore da Vida, da qual pendeu Cristo Redentor,
Vitorioso e Salvador. Cruz para chegar à Glória. Tem uma cruz ciclope e cinza
em Califórnia, levantada nas colinas de Los Angeles: o nascer do sol pelas
montanhas alarga a sua sombra sobre as praias mundanais de Malibu e, no
pôr-do-sol em direção do Havaí, Samoa e Pago-Pago, projeta a sua sombra
perdoadora sobre os chalés dos deuses e deusas de Hollywood. Tem uma cruz de
cobre, fincada no topo fronteiriço da Suíça, Alemanha e Áustria- no Zugspitze,
2.960 metros-, que no verão reluz debaixo do sol e no inverno se abriga do
gelo, e que ali sinala para os alpinistas da vida o topo por conquistar: o céu.
O navegante português Vasco da Gama em 1498 fincou uma cruz vermelha nas costas
do Quênia, e quando Francisco Xavier viu a cruz de caminho para a Índia
escreveu aos seus irmãos jesuítas de Roma: “Só de vê-la, só Deus sabe quanta
consolação recebemos, conhecendo quão grande é a virtude da cruz, vendo-a assim
somente e com tanta vitória entre tanta mouraria (muitos mouros ou
muçulmanos)”. Sim, a cruz nos traz a vitória de Cristo sobre o pecado, o
demônio e a morte. Por isso podemos cantar “Hosanas”, embora a cruz penda do
teto da nossa vida, porque a cruz é remédio e medicina, é alivio e consolo, se
a levarmos com Cristo. A cruz virá acompanhada de Páscoa, não esqueçamos isso.
Assim lemos na antífona de entrada de hoje, antes da procissão: “recordando com
fé e devoção a entrada triunfal de Jesus Cristo na cidade santa, queremos
acompanhá-lo com os nossos cantos, para que, participando agora da sua cruz,
mereçamos um dia ter parte na sua ressurreição e na sua vida”. Cantamos hosanas
quando alguém se casa diante do altar do Senhor, ou quando um casal tem um
bebê, ou esse matrimônio se reconcilia, ou esse jovem se gradua com excelente
nota ou se ordena sacerdote, ou supera uma operação complicada, ou essa
religiosa entra no convento depois de algumas dificuldades ou faz os seus votos
solenes. Hosanas devemos entoar quando um pecador volta para Deus ou perdoa o
seu inimigo.
Finalmente,
comecemos esta Semana Santa com os mesmos sentimentos de Cristo Jesus, como nos
lembra são Paulo na segunda leitura de hoje. Levemos a nossa cruz olhando de
soslaio a Cristo, que caminha do nosso lado, compartilhando a sua cruz com os
nossos irmãos que também sofrem e levam a sua cruz, da mesma forma que cada um
de nós.
Para refletir: Como levo a minha cruz? De má
vontade e protestando por todos os cantos, com paciência e resignação, com amor
e unido a Cristo?
Para rezar: Saúdo-vos, ó cruz, minha única
esperança. Na vossa cruz, Senhor, quero colocar as minhas farpas e as minhas
pequenas cruzes, consciente de que chegarei à Glória através da cruz.
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
ORAÇÃO
Ó glorioso S. José, a bondade de
vosso coração é sem limites e indizível, e neste mês que a piedade dos fiéis
vos consagrou mais generosas do que nunca se abrem as vossas mãos benfazejas.
Distribui entre nós, ó nosso amado Pai, os dons preciosíssimos da graça
celestial da qual sois ecônomo e o tesoureiro; Deus vos criou para seu primeiro
esmoler. Ah! que nem um só de vossos servos possa dizer que vos invocou em vão
nestes dias. Que todos venham, que todos se apresentem ante vosso trono e
invoquem vossa intercessão, a fim de viverem e morrerem santamente, a vosso
exemplo nos braços de Jesus e no ósculo beatíssimo de Maria. Amém.
LADAINHA
DE SÃO JOSÉ
Senhor,
tende piedade de nós.
Jesus
Cristo, tende piedade de nós.
Senhor,
tende piedade de nós.
Jesus
Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo,
escutai-nos.
Pai
Celestial, que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho,
Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito
Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima
Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Santa Maria,
rogai por nós.
São José,
rogai por nós.
Ilustre
Filho de Davi, ...
Luz dos
Patriarcas, ...
Esposo da
Mãe de Deus, ...
Guarda da
puríssima Virgem, ...
Sustentador
do Filho de Deus, ...
Estrênuo
defensor de Jesus Cristo, ...
Chefe da
Sagrada Família, ...
José
justíssimo, ...
José
castíssimo, ...
José
prudentíssimo, ...
José
fortíssimo, ...
José
obedientíssimo, ...
José
fidelíssimo, ...
Espelho de
paciência, ...
Amante da
pobreza, ...
Modelo dos
artistas, ...
Honra da
vida de família, ...
Guarda das virgens,
...
Sustentáculo
das famílias, ...
Alívio dos
miseráveis, ...
Esperança
dos doentes, ...
Patrono dos
moribundos, ...
Terror dos
demônios, ...
Protetor da
Santa Igreja, ...
Patrono da
Ordem Carmelita, ...
Cordeiro de
Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de
Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de
Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade nós.
V. - O
Senhor o constituiu dono de sua casa.
R. - E fê-lo príncipe
de todas as suas possessões.
ORAÇÃO
Deus, que
por vossa inefável Providência vos dignastes eleger o bem-aventurado São José
para Esposo de vossa Mãe Santíssima concedei-nos, nós vos pedimos, que
mereçamos ter como intercessor no céu aquele a quem veneramos na terra como
nosso Protetor. Vós que viveis e reinais com Deus Padre na unidade do Espírito
Santo. Amém.
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