Santa Apolônia de Alexandria, virgem e mártir
Salmo Responsorial: 8
R. Como é admirável o vosso nome em
toda a terra, Senhor, nosso Deus!
Quando
contemplo os céus, obra das vossas mãos, a lua e as estrelas que lá colocastes,
Que é o homem para que Vos lembreis dele, o filho do homem para dele Vos
ocupardes?
Fizestes
dele quase um ser divino, de honra e glória o coroastes; destes-lhe poder sobre
a obra das vossas mãos, tudo submetestes a seus pés:
Ovelhas e
bois, todos os rebanhos, e até os animais selvagens, as aves do céu e os peixes
do mar, tudo o que se move nos oceanos.
Aleluia. Inclinai o
meu coração para as vossas ordens e dai-me a graça de cumprir a vossa lei.
Aleluia.
Evangelho (Mc 7,1-13):
Os fariseus e alguns escribas vindos de Jerusalém
ajuntaram-se em torno de Jesus. Eles perceberam que alguns dos seus discípulos
comiam com as mãos impuras — isto é, sem lavá-las. Ora, os fariseus e os judeus
em geral, apegados à tradição dos antigos, não comem sem terem lavado as mãos
até o cotovelo. Bem assim, chegando da praça, eles não comem nada sem a lavação
ritual. E seguem ainda outros costumes que receberam por tradição: a maneira
certa de lavar copos, jarras, vasilhas de metal, camas. Os fariseus e os
escribas perguntaram a Jesus: «Por que os teus discípulos não seguem a tradição
dos antigos, mas tomam a refeição com as mãos impuras?» Ele disse: «O profeta
Isaías bem profetizou a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: ‘Este
povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. É inútil o
culto que me prestam, as doutrinas que ensinam não passam de preceitos
humanos’. Vós abandonais o mandamento de Deus e vos apegais à tradição humana».
E dizia-lhes: «Sabeis muito bem como anular o mandamento de Deus apegando-vos à
vossa tradição. De fato, Moisés ordenou: ‘Honra teu pai e tua mãe’. E ainda:
‘Quem insulta pai ou mãe, deve morrer’. Mas vós ensinais que alguém pode dizer
a seu pai e à sua mãe: ‘O sustento que poderíeis receber de mim é destinado para oferenda’. E já não deixais tal pessoa ajudar seu pai ou
sua mãe. Assim anulais a palavra de Deus por causa da vossa tradição, que
passais uns para os outros. E fazeis ainda muitas outras coisas como essas!».
«Por que os teus
discípulos não seguem a tradição dos antigos?»
Rev. D. Iñaki BALLBÉ i Turu (Terrassa, Barcelona,
Espanha)
E Jesus
acrescentou: «Vocês são bastante espertos para deixar de lado o mandamento de
Deus a fim de guardar as tradições de vocês» (Mc 7,9): Jesus Cristo é o
intérprete autêntico da Lei; por isso explica o justo sentido do quarto
mandamento, desfazendo o lamentável erro do fanatismo judeu.
«Com
efeito, Moisés ordenou: ‘Honre seu pai e sua mãe’. E ainda: ‘Quem amaldiçoa o
pai ou a mãe, deve morrer’» (Mc 7,10): o quarto mandamento lembra aos filhos as
responsabilidades que têm com os pais. Tanto como possam, devem prestar-lhes
ajuda material e moral durante os anos da velhice e durante as épocas de
enfermidade, solidão ou angustia. Jesus lembra este dever de gratidão.
O respeito
aos pais (piedade filial) está feito da gratidão que lhes devemos pelo dom da
vida e pelos trabalhos que realizaram com esforço em seus filhos, para que
estes pudessem crescer em idade, sabedoria e graça. «Honre a seu pai de todo
coração, e não esqueça as dores de sua mãe. Lembre-se de que por eles o
geraram. O que você lhes dará em troca por tudo o que eles deram a você?» (Sir
7,27-28).
O Senhor
quer que o pai seja honrado pelos filhos, e confirma a autoridade da mãe sobre
os filhos. Quem honra o próprio pai alcança o perdão dos pecados, e quem
respeita sua mãe é como quem ajunta um tesouro. Quem honra seu pai será
respeitado pelos seus próprios filhos, e quando rezar será atendido. Quem honra
o seu pai terá vida longa, e quem obedece ao Senhor dará alegria à sua mãe. (cf.
Sir 3,2-6). Todos estes e outros conselhos são uma luz clara para nossa vida em
relação aos nossos pais. Peçamos ao Senhor a graça para que não nos falte nunca
o verdadeiro amor que devemos aos pais e saibamos, com o exemplo, transmitir ao
próximo esta doce “obrigação”.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
* Marcos
7,1-2: Controle dos fariseus e liberdade dos discípulos.
Os fariseus
e alguns escribas, vindos de Jerusalém, observavam como os discípulos de Jesus
comiam pão com mãos impuras. Aqui há três pontos que merecem ser assinalados:
1) Os escribas eram de Jerusalém, da capital! Significa que tinham vindo para
observar e controlar os passos de Jesus. 2) Os discípulos não lavavam as mãos
para comer! Significa que a convivência com Jesus os levou a criar coragem para
transgredir normas que a tradição impunha ao povo, mas que já não tinham
sentido para a vida. 3) O costume de lavar as mãos, que, até hoje, continua
sendo uma norma importante de higiene, tinha tomado para eles um significado
religioso que servia para controlar e discriminar as pessoas.
* Marcos 7,3-4: A Tradição dos
Antigos
“A Tradição
dos Antigos” transmitia as normas que deviam ser observadas pelo povo para
conseguir a pureza exigida pela lei. A observância da pureza era um assunto
muito sério para o povo daquele tempo. Eles achavam que uma pessoa impura não
podia receber a bênção prometida por Deus a Abraão. As normas de pureza eram
ensinadas para abrir o caminho até Deus, fonte da paz. Na realidade, porém, em
vez de serem uma fonte de paz, as normas eram uma prisão, um cativeiro. Para os
pobres, era praticamente impossível observar as centenas de normas, costumes e
leis. Por isso, eles eram desprezados como gente ignorante e maldita que não
conhece a lei (Jo 7,49).
* Marcos 7,5: Escribas e fariseus
criticam o comportamento dos discípulos de Jesus
Os escribas
e fariseus perguntam a Jesus: Por que os teus discípulos não se comportam
conforme a tradição dos antigos e comem o pão com as mãos impuras? Eles fingem
estar interessados em conhecer o porquê do comportamento dos discípulos. Na
realidade, criticam Jesus por ele permitir que os discípulos transgridam as
normas da pureza. Os fariseus formavam uma espécie de irmandade, cuja principal
preocupação era observar todas as leis da pureza. Os escribas eram os
responsáveis pela doutrina. Ensinavam as leis referentes à observância da
pureza.
* Marcos 7,6-13 Jesus critica a
incoerência dos fariseus
Jesus
responde citando Isaías: Este povo me honra só com os lábios, mas o seu coração
está longe de mim (cf. Is 29,13). Insistindo nas normas da pureza, os fariseus
esvaziavam os mandamentos da lei de Deus. Jesus cita um exemplo concreto. Eles
diziam: a pessoa que oferecer ao Templo os seus bens, não pode usar esses bens
para ajudar os pais necessitados. Assim, em nome da tradição esvaziavam o
quarto mandamento que manda amar pai e mãe. Tais pessoas pareciam muito
observantes, mas era só por fora. Por dentro, o coração delas fica longe de
Deus! Como diz o canto: “Seu nome é Jesus Cristo e passa fome, e vive à beira
das calçadas. E a gente quando vê passa adiante, às vezes, para chegar depressa
à igreja!”. No tempo de Jesus, o povo, na sua sabedoria, não concordava com
tudo que se ensinava. Esperava que, um dia, o messias viesse indicar um outro
caminho para alcançar a pureza. Em Jesus se realiza esta esperança.
Para um confronto pessoal
1. Conhece algum costume religioso de hoje que já não tem
muito sentido, mas que continua sendo ensinado?
2. Os fariseus eram judeus praticantes mas sua fé estava
desligada da vida da vida do povo. Por isso, Jesus os criticou. E hoje, Jesus nos
criticaria? Em que?
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