Salmo Responsorial:
109
R. O Senhor é sacerdote para sempre.
Disse o
Senhor ao meu Senhor: «Senta-te à minha direita, até que Eu faça de teus
inimigos escabelo de teus pés.
O Senhor
estenderá de Sião o ceptro do teu poder e tu dominarás no meio dos teus
inimigos.
A ti
pertence a realeza desde o dia em que nasceste nos esplendores da santidade,
antes da aurora, como orvalho, Eu te gerei».
O Senhor
jurou e não Se arrependerá: «Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de
Melquisedec».
Aleluia. A palavra de
Deus é viva e eficaz, pode discernir os pensamentos e intenções do coração.
Aleluia.
Evangelho (Mc
2,18-22): Os discípulos de João e os fariseus
estavam jejuando. Vieram então perguntar a Jesus: «Por que os discípulos de
João e os discípulos dos fariseus jejuam, e os teus discípulos não jejuam?»
Jesus respondeu: «Acaso os convidados do casamento podem jejuar enquanto o
noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem
jejuar. Dias virão em que o noivo lhes será tirado. Então, naquele dia
jejuarão. Ninguém costura remendo de pano novo em roupa velha; senão, o remendo
novo repuxa o pano velho, e o rasgão fica maior ainda. Ninguém põe vinho novo
em odres velhos, senão, o vinho arrebenta os odres, e perdem-se o vinho e os
odres. Mas, vinho novo em odres novos!»
«Acaso os convidados
podem jejuar enquanto o noivo está com eles?»
Rev. D. Joaquim VILLANUEVA i Poll (Barcelona, Espanha)
O fato de
Jesus não incutir esta prática nos seus discípulos e naqueles que O escutavam,
surpreende os discípulos de João e os fariseus. Pensam que se trata de uma
omissão importante nos Seus ensinamentos. E Jesus dá-lhes uma razão
fundamental: « Podem por acaso os convidados do casamento jejuar enquanto o
noivo está com eles?» (Mc 2,19). Segundo a interpretação dos profetas de
Israel, o esposo é o próprio Deus, e é manifestação do amor de Deus pelos
homens (Israel é a esposa, nem sempre fiel, objeto do amor fiel do esposo,
Yahvéh). Ou seja, Jesus equipara-se a Yahvéh. Declara aqui a sua divindade:
chama aos seus amigos «os amigos do esposo», os que estão com Ele, e então não
precisam de jejuar porque não estão separados dele.
A Igreja
permaneceu fiel a este ensinamento que, vindo dos profetas e sendo até uma
prática natural e espontânea em muitas religiões, é confirmado por Jesus
Cristo, que lhe dá um sentido novo: jejua no deserto como preparação para a Sua
vida pública, diz-nos que a oração se fortalece com o jejum, etc.
Entre
aqueles que escutavam o Senhor, a maioria seria constituída por pobres, que
saberiam de remendos em roupas; haveria vindimadores que saberiam o que
acontece quando o vinho novo se deita em odres velhos. Jesus recorda-lhes que
têm de receber a Sua mensagem com espírito novo, que rompa o conformismo e a
rotina das almas envelhecidas, que o que Ele propõe não é mais uma interpretação
da Lei, mas uma vida nova.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
* Jesus não insiste na prática do
jejum. O jejum é um
costume muito antigo, praticado em quase todas as religiões. O próprio Jesus
praticou-o durante quarenta dias (Mt 4,2). Mas ele não insiste com os
discípulos para que façam o mesmo. Deixa a eles a liberdade. Por isso, os
discípulos de João Batista e dos fariseus, que eram obrigados a jejuar, querem
saber por que Jesus não insiste no jejum.
* Enquanto o noivo está com eles não
precisam jejuar.
Jesus responde com uma comparação. Enquanto o noivo está com os amigos do
noivo, isto é, durante a festa do casamento, estes não precisam jejuar. Jesus
se considera o noivo. Os discípulos são os amigos do noivo. Durante o tempo em
que ele, Jesus, estiver com os discípulos, é festa de casamento. Chegará o dia
em que o noivo vai ser tirado. Aí, se eles quiserem, poderão jejuar. Jesus
alude à sua morte. Sabe e sente que, se ele continuar neste caminho de
liberdade, as autoridades religiosas vão querer matá-lo.
* Remendo novo em roupa velha, vinho
novo em barril novo.
Estas duas afirmações de Jesus, que Marcos colocou aqui, esclarecem a atitude
crítica de Jesus frente às autoridades religiosas. Não se coloca remendo de
pano novo em roupa velha. Na hora de lavar, o remendo novo repuxa o vestido velho
e o estraga mais ainda. Ninguém coloca vinho novo em barril velho, porque a
fermentação do vinho novo faz estourar o barril velho. Vinho novo em barril
novo! A religião defendida pelas autoridades religiosas era como roupa velha,
como barril velho. Não se deve querer combinar o novo que Jesus trouxe com os
costumes antigos. Nem se pode querer reduzir a novidade de Jesus ao tamanho do
judaísmo. Ou um, ou outro! O vinho novo que Jesus trouxe faz estourar o barril
velho. Tem que saber separar as coisas. Jesus não é contra o que é “velho”. O
que ele quer evitar é que o velho se imponha ao novo e, assim, o impeça de
manifestar-se. Seria o mesmo que reduzir a mensagem do Concílio Vaticano II ao
tamanho do catecismo anterior ao Concílio, como alguns estão querendo.
Para um confronto pessoal
1) A partir da experiência profunda de Deus que o animava
por dentro, Jesus tinha muita liberdade com relação às normas e práticas
religiosas. E hoje, será que temos a mesma liberdade ou será que nos falta a
liberdade dos místicos?
2) Remendo novo em roupa velha, vinho novo em barril
velho. Existe isto em minha vida?
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