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sábado, 16 de janeiro de 2021

Segunda-feira da 2ª semana


1ª Leitura (Heb 5,1-10): Todo o sumo sacerdote, escolhido de entre os homens, é constituído em favor dos homens, nas suas relações com Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Ele pode ser compreensivo para com os ignorantes e os transviados, porque também ele está revestido de fraqueza; e, por isso, deve oferecer sacrifícios pelos próprios pecados e pelos do seu povo. Ninguém pode atribuir a si próprio esta honra, senão quem foi chamado por Deus, como Aarão. Assim também, não foi Cristo que tomou para Si a glória de Se tornar sumo sacerdote; deu-lhe Aquele que Lhe disse: «Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei», e como disse ainda noutro lugar: «Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec». Nos dias da sua vida mortal, Cristo dirigiu preces e súplicas, com grandes clamores e lágrimas, Àquele que O podia livrar da morte e foi atendido por causa da sua piedade. Apesar de ser Filho, aprendeu a obediência no sofrimento e, tendo atingido a sua plenitude, tornou-Se para todos os que Lhe obedecem causa de salvação eterna, Ele que foi proclamado por Deus sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedec.

Salmo Responsorial: 109

R. O Senhor é sacerdote para sempre.

Disse o Senhor ao meu Senhor: «Senta-te à minha direita, até que Eu faça de teus inimigos escabelo de teus pés.

O Senhor estenderá de Sião o ceptro do teu poder e tu dominarás no meio dos teus inimigos.

A ti pertence a realeza desde o dia em que nasceste nos esplendores da santidade, antes da aurora, como orvalho, Eu te gerei».

O Senhor jurou e não Se arrependerá: «Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec».

Aleluia. A palavra de Deus é viva e eficaz, pode discernir os pensamentos e intenções do coração. Aleluia.

Evangelho (Mc 2,18-22): Os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando. Vieram então perguntar a Jesus: «Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, e os teus discípulos não jejuam?» Jesus respondeu: «Acaso os convidados do casamento podem jejuar enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem jejuar. Dias virão em que o noivo lhes será tirado. Então, naquele dia jejuarão. Ninguém costura remendo de pano novo em roupa velha; senão, o remendo novo repuxa o pano velho, e o rasgão fica maior ainda. Ninguém põe vinho novo em odres velhos, senão, o vinho arrebenta os odres, e perdem-se o vinho e os odres. Mas, vinho novo em odres novos!»

«Acaso os convidados podem jejuar enquanto o noivo está com eles?»

Rev. D. Joaquim VILLANUEVA i Poll (Barcelona, Espanha)

Hoje, vemos como os judeus, além do jejum prescrito para o Dia da Expiação (cf. Lev 16,29-34), observavam muitos outros jejuns, tanto públicos como privados. Eram expressão de dor, de penitência, de purificação, de preparação para uma festa ou uma missão, de pedido a Deus de uma graça, etc. Os judeus piedosos consideravam o jejum como um ato próprio da virtude da religião e algo muito grato a Deus: aquele que jejua dirige-se a Deus em atitude de humildade, pede-lhe perdão, privando-se de algo que, causando-lhe satisfação, o iria afastar dele.

O fato de Jesus não incutir esta prática nos seus discípulos e naqueles que O escutavam, surpreende os discípulos de João e os fariseus. Pensam que se trata de uma omissão importante nos Seus ensinamentos. E Jesus dá-lhes uma razão fundamental: « Podem por acaso os convidados do casamento jejuar enquanto o noivo está com eles?» (Mc 2,19). Segundo a interpretação dos profetas de Israel, o esposo é o próprio Deus, e é manifestação do amor de Deus pelos homens (Israel é a esposa, nem sempre fiel, objeto do amor fiel do esposo, Yahvéh). Ou seja, Jesus equipara-se a Yahvéh. Declara aqui a sua divindade: chama aos seus amigos «os amigos do esposo», os que estão com Ele, e então não precisam de jejuar porque não estão separados dele.

A Igreja permaneceu fiel a este ensinamento que, vindo dos profetas e sendo até uma prática natural e espontânea em muitas religiões, é confirmado por Jesus Cristo, que lhe dá um sentido novo: jejua no deserto como preparação para a Sua vida pública, diz-nos que a oração se fortalece com o jejum, etc.

Entre aqueles que escutavam o Senhor, a maioria seria constituída por pobres, que saberiam de remendos em roupas; haveria vindimadores que saberiam o que acontece quando o vinho novo se deita em odres velhos. Jesus recorda-lhes que têm de receber a Sua mensagem com espírito novo, que rompa o conformismo e a rotina das almas envelhecidas, que o que Ele propõe não é mais uma interpretação da Lei, mas uma vida nova.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

* Os cinco conflitos entre Jesus e as autoridades religiosas. Em Mc 2,1-12 vimos o primeiro conflito. Era em torno do perdão dos pecados. Em Mac 2,13-17, o segundo conflito tratava da comunhão de mesa com pecadores. O evangelho de hoje traz o terceiro conflito sobre o jejum. Amanhã, teremos o quarto conflito em torno da observância do sábado (Mc 2,13-28). Depois de amanhã, o último dos cinco conflitos será em torno da cura em dia de sábado (Mc 3,1-6). O conflito sobre o jejum ocupa o lugar central. Por isso, as palavras meio soltas sobre o remendo novo em pano velho e sobre o vinho novo em barril novo (Mc 2,21-22) devem ser entendidas como uma luz que joga sua claridade também sobre os outros quatro conflitos, dois antes e dois depois.

* Jesus não insiste na prática do jejum. O jejum é um costume muito antigo, praticado em quase todas as religiões. O próprio Jesus praticou-o durante quarenta dias (Mt 4,2). Mas ele não insiste com os discípulos para que façam o mesmo. Deixa a eles a liberdade. Por isso, os discípulos de João Batista e dos fariseus, que eram obrigados a jejuar, querem saber por que Jesus não insiste no jejum.

* Enquanto o noivo está com eles não precisam jejuar. Jesus responde com uma comparação. Enquanto o noivo está com os amigos do noivo, isto é, durante a festa do casamento, estes não precisam jejuar. Jesus se considera o noivo. Os discípulos são os amigos do noivo. Durante o tempo em que ele, Jesus, estiver com os discípulos, é festa de casamento. Chegará o dia em que o noivo vai ser tirado. Aí, se eles quiserem, poderão jejuar. Jesus alude à sua morte. Sabe e sente que, se ele continuar neste caminho de liberdade, as autoridades religiosas vão querer matá-lo.

* Remendo novo em roupa velha, vinho novo em barril novo. Estas duas afirmações de Jesus, que Marcos colocou aqui, esclarecem a atitude crítica de Jesus frente às autoridades religiosas. Não se coloca remendo de pano novo em roupa velha. Na hora de lavar, o remendo novo repuxa o vestido velho e o estraga mais ainda. Ninguém coloca vinho novo em barril velho, porque a fermentação do vinho novo faz estourar o barril velho. Vinho novo em barril novo! A religião defendida pelas autoridades religiosas era como roupa velha, como barril velho. Não se deve querer combinar o novo que Jesus trouxe com os costumes antigos. Nem se pode querer reduzir a novidade de Jesus ao tamanho do judaísmo. Ou um, ou outro! O vinho novo que Jesus trouxe faz estourar o barril velho. Tem que saber separar as coisas. Jesus não é contra o que é “velho”. O que ele quer evitar é que o velho se imponha ao novo e, assim, o impeça de manifestar-se. Seria o mesmo que reduzir a mensagem do Concílio Vaticano II ao tamanho do catecismo anterior ao Concílio, como alguns estão querendo.

Para um confronto pessoal

1) A partir da experiência profunda de Deus que o animava por dentro, Jesus tinha muita liberdade com relação às normas e práticas religiosas. E hoje, será que temos a mesma liberdade ou será que nos falta a liberdade dos místicos?

2) Remendo novo em roupa velha, vinho novo em barril velho. Existe isto em minha vida?

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