Salmo Responsorial: 94
R. Se hoje ouvirdes a voz do Senhor,
não fecheis os vossos corações.
Vinde,
prostremo-nos em terra, adoremos o Senhor que nos criou. Pois Ele é o nosso
Deus e nós o seu povo, as ovelhas do seu rebanho.
Quem dera
ouvísseis hoje a sua voz: «Não endureçais os vossos corações, como em Meriba,
como no dia de Massa no deserto, onde vossos pais Me tentaram e provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras.
Durante
quarenta anos essa geração Me desgostou e Eu disse: É um povo de coração
transviado, que não conheceu os meus caminhos. Por isso jurei na minha ira: Não
entrarão no meu repouso».
Aleluia. Jesus pregava
o Evangelho do reino e curava todas as enfermidades entre o povo. Aleluia.
Evangelho (Mc 1,40-45):
Um leproso aproximou-se de Jesus e, de joelhos,
suplicava-lhe: «Se queres, tens o poder de purificar-me!». Jesus encheu-se de
compaixão, e estendendo a mão sobre ele, o tocou, dizendo: «Eu quero, fica
purificado». Imediatamente a lepra desapareceu, e ele ficou purificado. Jesus,
com severidade, despediu-o e recomendou-lhe: «Não contes nada a ninguém! Mas
vai mostrar-te ao sacerdote e apresenta, por tua purificação, a oferenda
prescrita por Moisés. Isso lhes servirá de testemunho”. Ele, porém, assim que partiu,
começou a proclamar e a divulgar muito este acontecimento, de modo que Jesus já
não podia entrar, publicamente, na cidade. Ele ficava fora, em lugares
desertos, mas de toda parte vinham a ele».
«‘Se queres, tens o
poder de purificar-me’(...)‘Eu quero, fica purificado’!»
Rev. D. Xavier PAGÉS i Castañer (Barcelona, Espanha)
Durante o
nosso tempo diário de oração desejamos e pedimos para ouvirmos a voz do Senhor.
Mas, provavelmente, com demasiada frequência preocupamo-nos em preencher esse
tempo com as palavras que Lhe queremos dizer e não deixamos tempo para ouvir o
que Deus nos quer comunicar. Velemos pois para cuidarmos o silêncio interior
que — evitando distrações e concentrando a nossa atenção— abre um espaço para
acolhermos os afetos, inspirações… que o Senhor, certamente, quer suscitar nos
nossos corações.
Um risco
que não podemos esquecer, é o perigo de que o nosso coração — com o tempo — se vá
endurecendo. Por vezes, os golpes da vida podem-nos converter, mesmo sem nos
darmos conta, numa pessoa mais desconfiada, insensível, pessimista, sem
esperança… Devemos pedir ao Senhor que nos torne conscientes desta possível
deterioração interior. A oração é uma ótima ocasião para dar uma olhadela
serena à nossa vida e a todas as circunstâncias que a rodeiam. Devemos ler os
diversos acontecimentos à luz dos Evangelhos, para descobrirmos que aspectos
necessitam uma verdadeira conversão.
Tomara que
peçamos a nossa conversão com a mesma fé e confiança com que o leproso se
apresentou a Jesus! «De joelhos, suplicava-lhe: “Se queres, tens o poder de
purificar-me”!». (Mc 1,40). Ele é o único que pode tornar possível aquilo que
por nós próprios resultaria impossível. Desejamos que Deus atue com a sua graça
em nós, para que o nosso coração seja purificado e, dócil no seu agir, seja
cada dia mais um coração à imagem e semelhança do coração de Jesus. Ele, com
confiança, diz-nos: «‘Eu quero, fica purificado’» (Mc 1,41).
Reflexões de Frei Carlos Mesters, OCarm
* Reintegrar os excluídos na
convivência fraterna. Jesus
não só cura, mas também quer que a pessoa curada possa conviver novamente. Reintegra
a pessoa na convivência. Naquele tempo, para um leproso ser novamente acolhido
na comunidade, ele precisava ter um atestado de cura assinado por um sacerdote.
É como hoje. O doente só sai do hospital com o documento assinado pelo médico.
Jesus obrigou o leproso a buscar o documento, para que ele pudesse conviver
normalmente. Obrigou as autoridades a reconhecer que o homem tinha sido curado.
* O leproso anuncia o bem que
Jesus fez a ele, e Jesus se torna um excluído. Jesus tinha proibido o leproso
de falar sobre a cura. Mas não adiantou. O leproso, assim que partiu,
começou a divulgar a notícia, de modo que Jesus já não podia entrar
publicamente numa cidade. Permanecia fora, em lugares desertos. Por que? É que
Jesus tinha tocado no leproso. Por isso, na opinião pública daquele tempo,
Jesus, ele mesmo, era agora um impuro e devia viver afastado de todos. Já não
podia entrar nas cidades. Mas Marcos mostra que o povo pouco se importava com
estas normas oficiais, pois de toda a parte vinham a ele! Subversão
total!
* Resumindo. Tanto nos anos 70, época em que Marcos escreve, como hoje, época em que nós vivemos, era e continua sendo importante ter diante de nós modelos de como viver e anunciar a Boa Nova de Deus e de como avaliar a nossa missão. Nos versículos 16 a 45 do primeiro capítulo do seu evangelho, Marcos descreve a missão da comunidade e apresenta oito critérios para as comunidades do seu tempo poderem avaliar a sua missão. Eis o esquema:
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Para um confronto pessoal
1) Anunciar a Boa Nova é dar testemunho da
experiência concreta que se tem de Jesus. O leproso, o que ele anuncia? Ele
conta aos outros o bem que Jesus lhe fez. Só isso! Tudo isso! E é este
testemunho que leva os outros a aceitar a Boa Nova de Deus que Jesus nos
trouxe. Qual o testemunho que você dá?
2) Para levar a Boa Nova de Deus ao povo, não se
deve ter medo de transgredir normas religiosas que são contrárias ao projeto de
Deus e que dificultam a comunicação, o diálogo e a vivência do amor. Mesmo que
isto traga dificuldades para a gente, como trouxe para Jesus. Já tive esta
coragem?
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